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DIVERSIDADE MINEIRA

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Esquerda: Fabiano Rocha
Direita: Kolley Nardi

Há sempre uma dupla atividade artística em Minas. A que mantém as raízes e se esforça para manter as tradições e aquela que busca novos horizontes e amplia as manifestações culturais. Isso acontece em todos os segmentos, basta ver na música, que sempre se reinventa com novos grupos de rock, mas que cultiva um certo saudosismo na MPB. Nas artes plásticas não é diferente. O tradicionalismo, principalmente pictórico, é inerente ao artista mineiro, que mesmo buscando novos temas e técnicas, ainda se remete a ele. Isso é um ponto a favor de uma identidade que é típica do povo daqui. Ver nascer movimentos como os liderados por Guinard, Amílcar de Castro e Inimá de Paula, é confirmar que mesmo nas vanguardas, há um vínculo com a essência do “ser mineiro”.
A presente matéria vem mostrar os trabalhos de dois novos artistas, um com os pés na tradicional representação paisagística do estado e outro com novas possibilidades do fazer artístico: Fabiano Rocha e Kolley Nardi.

FABIANO ROCHA: Essência Negra 1 e 2
Óleo sobre tela - 80 x 60


FABIANO ROCHA
Fabiano Rocha Santiago nasceu na cidade de Timóteo/MG, em 1979. Desde a infância manifestou um grande interesse pelo desenho, curiosidade alimentada pelo bisavô Jovino Araújo, artista plástico da família. Começou suas primeiras experiências com telas em 1998, utilizando primeiramente o óleo e assimilando aprendizados por conta própria. O grande interesse pela arte renascentista e barroca surgiu das influências de Veláquez, Caravaggio, Leonardo da Vinci, Rembrandt e Carl Bloch e logo veio influenciar os trabalhos de Fabiano no uso dos contrastes e das cores. Além do óleo, passou também a desenvolver trabalhos com carvão e pastel.

FABIANO ROCHA - Jardim do Eden
Óleo sobre tela - 1,10 x 1,85

FABIANO ROCHA - Canto do galo
Óleo sobre tela - 80 x 60

A primeira década de 2000 trouxe novas possibilidades para a carreira de Fabiano Rocha, que forma em Educação Física e Enfermagem, aguçando ainda mais o seu interesse por anatomia. É também nessa fase que começa a comercializar os seus primeiros trabalhos. O estilo Pós-moderno, que permeia grande parte de sua produção, é a linguagem que considerou mais adequada para fazer o casamento entre a arte tradicional que tanto admira e os experimentos contemporâneos que tanto o seduzem. Tem abordado, com grande frequência, a representação da cultura africana e sua influência na cultura brasileira.

FABIANO ROCHA - Humanidade forte
Óleo sobre tela - 100 x 80

FABIANO ROCHA - Descendência Africana
Óleo sobre tela - 80 x 60


A temática de Fabiano Rocha é, segundo ele próprio, escolhida sempre pensando na evolução da sociedade, das crenças religiosas e da inserção de cada indivíduo nessa mesma sociedade. Quer que sua obra seja uma mensagem questionadora.


KOLLEY NARDI - Carro de Boi- Óleo sobre tela - 60 x 80

KOLLEY NARDI
Outro artista mineiro, da cidade de Uberaba (1983), Kolley Nardi segue sua produção baseada na tradicional representação mineira de paisagens. Por influência dos primeiros ensinos em desenhos, que teve com Itamara Ruas de Oliveira, aos 16 anos, Kolley assimilou ainda mais o gosto pela paisagem mineira, continuando a explorar essa temática com os seus posteriores professores, Dulce Fernandes e Reginaldo Pereira. Continua suas pesquisas e cada vez mais se identifica com os artistas que considera suas maiores referências: João Bosco Campos, Wilson Vicente, Cláudio Vinícius e Túlio Dias.

KOLLEY NARDI - Maternidade
Óleo sobre tela - 60 x 80

KOLLEY NARDI - Vaca no Pasto
Óleo sobre tela - 60 x 80

Observar ao natural e se orientar pelo trabalho de outros artistas é o que impulsiona o aprendizado desse jovem artista. A internet também se tornou uma fonte de pesquisa muito importante para ampliar suas pesquisas.

KOLLEY NARDI - Gado no Cocho- Óleo sobre tela - 60 x 80


Explora uma variada temática, sempre em óleo sobre tela. A pintura de cavalos é que lhe trouxe um maior conhecimento do grande público, quando veio comercializar esse segmento em leilões virtuais. A temática rural tornou-se então, quase que a totalidade de sua produção.

KOLLEY NARDI - Chegando na Cidade
Óleo sobre tela - 60 x 80


PARA SABER MAIS:




ANNA MARINOVA

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ANNA MARINOVA - E as janelas, o jardim... - Óleo sobre tela - 73 x 100 - 2013

Felizmente, a arte figurativa realista atravessa uma boa fase em todo o mundo. Não que seja praticada unicamente por velhos mestres atravessando um bom período, até porque os artistas mais velhos da atualidade começaram suas carreiras no pós-guerra do século passado, com a liberdade de estilos e técnicas se impondo como uma obrigação. Não, a nova arte figurativa está se impondo e conquistando respeito exatamente pela nova geração, por vários jovens artistas, de todas as partes do planeta, que resolveram frequentar as tradicionais escolas de desenho e pintura e se esforçam diariamente para representar uma arte realizada com muita qualidade.

ANNA MARINOVA - O sol da manhã
Óleo sobre tela - 80 x 85 - 2012

ANNA MARINOVA - Robe de seda
Óleo sobre tela - 65 x 90 - 2013

Anna Ivanovna Marinova é um desses gratos exemplos de como a Arte Realista se recicla, se reinventa e se mostra cada vez mais promissora. Essa jovem artista nasceu em São Petersburgo, Rússia, no ano de 1983. Em 2010 ela graduou-se pelo Instituto Repin de Pintura, Escultura e Arquitetura, sob a orientação do Professor Sokolov. O Realismo Contemporâneo que se apresenta em seus trabalhos nos dá uma exata noção de como essa nova tendência mundial vem se impondo e conquistando muitos adeptos. Sua obra tem, certamente, um apelo realista, mas também está dotado de um lirismo que nos convida a lembrar de outros estilos.

ANNA MARINOVA - Bouquet de flores- Óleo sobre tela - 70 x 50 - 2009

Desde 2005, vem realizando regulares exposições, tanto em seu país quanto outros países europeus. À partir de 2010 começou a expor regularmente suas obras nos leilões da Christies, em Londres.
ANNA MARINOVA - Asters
Óleo sobre tela - 60 x 50 - 2012

ANNA MARINOVA - Rosas em azul
Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2012

Tanta dedicação concedeu à jovem artista uma medalha pelo rigoroso Instituto Repin, em 2008. Premiação que abriu as portas para que suas obras fossem logo aceitas em diversas galerias e leilões da Rússia, Estados Unidos, Inglaterra e Japão.
Muito bom ver a Arte Realista cada vez mais em ótimas mãos.

ANNA MARINOVA - Campo de papoulas - Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2009

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PARA SABER MAIS:



JOHN POTOTSCHNIK

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JOHN POTOTSCHNIK - Beijado pelo sol - Óleo sobre tela - 30,48 x 40,64

JOHN POTOTSCHNIK - Estrada do Texas
Óleo sobre tela - 40,64 x 50,8

A preferência por uma arte simples, que fale diretamente do coração, sem “frescuras”, como ele mesmo costuma afirmar, é o que objetiva primeiramente em seu trabalho o artista John Pototschnik, que nasceu em St. Ives, na Inglaterra, mas que ainda bem jovem se mudou para Wichita, no estado norte-americano do Kansas. Essa busca pela simplicidade está mesmo confirmada nos mestres que considera como referência: os pintores da Escola de Barbizon, em especial Corot, Millet e Daubiny; e também um artista norte-americano tonalista, George Inness, que também teve uma forte influência do naturalismo francês de Barbizon.

JOHN POTOTSCHNIK - O tempo voa
Óleo sobre tela - 40,64 x 60,96

JOHN POTOTSCHNIK - Ao sul do México - Óleo sobre tela - 60,96 x 91,44

Primeiramente se formou em desenho publicitário, pela Universidade Estadual de Wichita e especializou em desenho de ilustração no Art Center College, em Los Angeles. Asua formação não parou por aí e logo em seguida concluiu uma importante etapa de sua carreira, formando-se em Anatomia na Academia de Belas Artes de Lyme, em Old Lyme, no estado de Connecticut. De posse dessa boa formação, iniciou-se profissionalmente no mundo das artes no ano de 1982.

JOHN POTOTSCHNIK - Mistérios da noite
Óleo sobre tela - 30,48 x 40,64

JOHN POTOTSCHNIK - Moinho Wenston Grist
Óleo sobre tela - 40,64 x 68,58

Não diferente dos muitos artistas em início de carreira, John Pototschnik galgou com dificuldade os seus primeiros degraus, ora trabalhando como ilustrador freelancer em muitas agências da região de Dallas, ora participando ativamente de eventos que o promoveram, seja como orador e até mesmo jurado em salões e exposições. O envolvimento com associações e grupos especializados em arte também sempre foram atividades das quais não abriu mão.

JOHN POTOTSCHNIK - Verdes pastagens
Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6

JOHN POTOTSCHNIK - Morador de Boston
Óleo sobre tela - 27,94 x 22,86

Os vários anos de dedicação e insistência naquilo que perseguia, renderam as participações em diversas revistas e livros especializados em arte, bem como o convite pra integrar movimentos importantes como o Oil Painters of América e o Outdoor Painters Society. É um artista que não abre mão de uma boa seção ao ar livre, confirmando ainda mais o seu interesse por aquilo que sempre o moveu desde o início de carreira, a admiração pelos artistas de Barbizon.

JOHN POTOTSCHNIK - Lanchonete ao longo do rio 
Óleo sobre tela - 40,64 x 76,2

JOHN POTOTSCHNIK - Cair da tarde
Óleo sobre tela - 30,48 x 45,72

É um artista que persegue, acima de tudo, a verdade sobre a vida, sobre as coisas que vê e sente, procurando ao máximo, fazer uma arte direta e que dispense grandes discursos e explicações. Uma meta que confirmamos, certamente, em todos os seus trabalhos.


PARA SABER MAIS:


PAULO TOSTA

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PAULO TOSTA - Contemplação(Mãe do Artista)
Óleo sobre tela - 70 x 50
Medalha de Bronze no Salão de Belas Artes de Piracicaba - 2012

No final do ano passado, um amigo me presenteou com um catálogo de 2012 do Salão de Artes de Piracicaba. Esse respeitado salão do interior do estado de São Paulo é um dos mais tradicionais do país e já conta com uma longa existência, sempre pautando em revelar excelentes nomes da arte figurativa brasileira. O trabalho que ilustra o início da matéria foi premiado com medalha de bronze naquele ano e muito me chamou a atenção pela sua qualidade técnica e pela serenidade da cena. O artista que realizou o trabalho é o Paulo Tosta.

PAULO TOSTA - Gustavo
Óleo sobre tela

PAULO TOSTA - Rosas- Óleo sobre tela

PAULO TOSTA - Cozinha mineira
Óleo sobre tela

Paulo Antônio Tosta nasceu em Orindiúva, no estado de São Paulo, em 1960. Aos sete anos de idade ele se muda para outra cidade paulista, Jaboticabal, que adota como terra natal e onde conclui os seus estudos. Começou cedo na arte, e também bem cedo vieram os primeiros prêmios em desenho e pintura.

PAULO TOSTA - Escalda-pés
Óleo sobre tela

PAULO TOSTA - Paisagem Mineira (Rio do Quebra Azol)
Óleo sobre tela

PAULO TOSTA - VELHO DE ASSIS
Óleo sobre tela - 60 x 80

A necessidade de ampliar o conhecimento e ver de perto os trabalhos de outros artistas, com os quais se identificava, levou Paulo Tosta a visitar vários museus e galerias, nacionais e internacionais. Dessas visitas veio a decisão de dedicar-se mais profundamente à pintura a óleo, quando então recebe os ensinamentos de vários mestres: Phillip Halawell, Zeni Sbile, Ary Salles, Ronaldo Boner Júnior, Clodoaldo Martins e Dante Veloni.

PAULO TOSTA - Conhecimento e Pesquisa
Óleo sobre tela - 80 x 100
Prêmio aquisitivo em Araras

PAULO TOSTA - copos de leite amarelos
Óleo sobre tela

Considera como principal fonte de inspiração e meta a perseguir, os trabalhos do holandês Rembrandt. Formado pela Faculdade São Luís de Jaboticabal, em Matemática e Desenho, Paulo Tosta ainda concluiu mestrado em Desenho Industrialna Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp de Bauru. Além de pintar, atua como professor universitário no curso de Artes da Faculdade São Luís de Jaboticabal e na FCAV, ele é Assistente de Suporte Acadêmico III do Departamento de Zootecnia.

PAULO TOSTA - Natureza Morta
Óleo sobre tela

PAULO TOSTA - Pêssegos e uvas
Óleo sobre tela

O artista vem colecionando, há anos, vários prêmios e diversas medalhas em muitos salões dos quais participa. Suas obras podem ser encontradas em diversos países: Argentina, Colômbia, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Itália e Peru. 

PAULO TOSTA - Autorretrato
Óleo sobre tela - 70 x 90

PARA SABER MAIS:


SALÃO DE BELAS ARTES DE PIRACICABA

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Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, Piracicaba/SP.

Começa hoje, à partir das 20 horas, o Salão de Belas Artes de Piracicaba, na Pinacoteca Municipal Miguel Dutra. É uma promoção da SEMAC (Secretaria Municipal de Ação Cultural) e chega nesse ano à sua 61ª edição. O evento desse ano ocupará ainda mais três espaços na cidade: o Armazém 14A "Eugênio Nardin" do Engenho Central, o Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes e o Centro Cultural Martha Watts.
“Tanto no Museu Prudente de Moraes como no Centro Martha Watts e no Engenho Central, as exposições não serão paralelas e sim incorporadas ao salão, que se faz necessário devido ao objetivo de darmos mais espaço para as obras, além de, com isso, podermos atingir um público maior”, explica o diretor da Pinacoteca, Eduardo Borges de Araújo.


Criado em 1953, por Archimedes Dutra, o Salão de Belas Artes de Piracicaba é uma prova da maturidade e persistência de uma população que acredita na Arte como promoção humana, exemplo que deveria ser seguido por muitas outras cidades Brasil afora. É certo que não aconteça; em nenhum outro lugar do Brasil; um evento feito de maneira ininterrupta e durante tanto tempo. O Salão de Belas Artes de Piracicaba já é considerado um patrimônio da cidade.
A programação deste ano inclui ainda uma atividade em 27 de julho, sábado, dia seguinte à abertura oficial. Às 10h o Armazém 14A do Engenho Central receberá “Pintura ao Ar Livre”, evento que contará com a participação de grupo de artistas de Piracicaba, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.


Foram selecionadas para o 61ª SBA, 122 obras, compostas por 59 artistas, o que representa um aumento com relação aos números de 2012, que contou com 96 trabalhos compostos por 51 artistas. No total, foram inscritas 475 obras produzidas por 149 artistas. A edição de 2013 do Salão de Belas Artes terá trabalhos de artistas oriundos de 51 cidades e oito estados.
Serão premiados 26 artistas com 38 obras, sendo 21 pinturas, 08 esculturas, 06 aquarelas, 02 pastel seco e 01 desenho.


A Comissão Organizadora é formada por Tarciso de Barros Lorena (Presidente), Renata M. Ghirotto Nunes, Zelinda Jordão, Miguel Angelo Sanches e Eduardo Borges de Araujo. A Comissão de Seleção e Premiação foi composta por Ademar Costa Simões, Athayde Lopes, Carmelo Gentil Filho, José Claudio De Lascio Canato e Paulo Fernando Campinho de Carvalho.

 Seguem as programações do evento:

LXI Salão de Belas Artes - Piracicaba 2013

SOLENIDADE DE ABERTURA E PREMIAÇÃO
Dia: 26 de julho de 2013, sexta-feira
Horário: 20h
Local: Pinacoteca Municipal “Miguel Dutra”
Rua Moraes Barros 233 – Centro
Fone: (19) 3433-4930

PINTURA AO AR LIVRE
Dia: 27 de julho de 2013, sábado
Horário: 10h
Local: Espaço Cultural “Eugenio Nardin”
Armazém 14A – Engenho Central
Participação de grupo de artistas de Piracicaba,
Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

EXPOSIÇÕES:

PINACOTECA MUNICIPAL “MIGUEL DUTRA”
Abertura: 26 de julho de 2013, sexta-feira, às 20h
Visitação: de 27 de julho a 25 de agosto de 2013
Horário de visitação:
de segunda a sexta-feira das 8h às 17h,
sábados, domingos e feriados das 14h às 18h

MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO “PRUDENTE DE MORAES”
Rua Santo Antonio, 641 – Centro – Fone (19) 3422-3069
Visitação: de 1 de agosto a 1 de setembro de 2013
Horário de visitação:
de terça-feira à domingo, das 9h às 17h

CENTRO CULTURAL “MARTHA WATTS”
Rua Boa Morte, 1257 – Fone (19) 3124-1889
Visitação: de 2 a 30 de agosto de 2013
Horário de visitação:
de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

ESPAÇO CULTURAL “EUGÊNIO NARDIN” - ARMAZÉM 14A
Avenida Maurice Allain, 454 – Engenho Central
Fone (19) 3403-2600
Abertura: 27 de julho de 2013, sábado, às 10h
Visitação: de 28 de julho a 18 de agosto de 2013
Horário de visitação: diariamente, das 10h às 17h

 

RUBENS VARGAS

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RUBENS VARGAS - Rio Pará / MG
Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Casario 
Óleo sobre tela - 70 x 90

Minha admiração pelo paisagismo cresceu no início da década de 90, quando comecei a conhecer mais acuradamente os trabalhos de vários artistas mineiros. Evidente que Edgar Walter encabeçasse uma lista que seguia com todos os seus discípulos. Não era uma época de facilidades para obter informações como hoje, onde bastam alguns toques no teclado e é possível estar em contato com vários artistas em várias partes do mundo. Conhecer pessoalmente algum artista era uma atividade quase desumana, ainda mais em se tratando que sempre vivi longe dos grandes centros. Ter acesso a imagens de trabalhos de outros artistas só era possível através de visitas a museus e galerias, ou adquirindo raros livros, onde os de melhor qualidade quase sempre eram importados e com valores bem elevados. Os tempos mudaram e hoje felizmente é possível conhecer uma boa parte do mundo, mesmo estando no conforto de nossas casas.

RUBENS VARGAS - Burrinho - Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Beira de rio -óleo sobre tela - 60 x 90

Eu me lembro de ter conhecido os trabalhos do Rubens Vargas ainda naquela época. Via algumas pouquíssimas obras suas através de leilões virtuais e quando possível, através de algum catálogo de exposição. Sempre associei sua trajetória e suas obras ao grupo de discípulos de Edgar Walter, pois sempre o vi próximo aos seguidores daquele mestre. Apenas recentemente pude fazer contato mais direto com o artista.

RUBENS VARGAS - Galinhas - Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Paiol
Óleo sobre tela

Rubens Vargas nasceu na cidade mineira de Curvelo, no ano de 1948 e reside atualmente em Belo Horizonte. Um artista com temática voltada quase que exclusivamente para a pintura regionalista mineira, com exceção das marinhas que executa ocasionalmente. Sua pintura tem uma paleta característica, quase sempre suave e com contornos bem esmaecidos, com uma sensação constante de bruma no ar. As cores também são bem próprias e com contrastes sempre bem dosados.

RUBENS VARGAS - Córrego
Óleo sobre tela - 30 x 40

RUBENS VARGAS - Fundo de fazenda
Óleo sobre tela - 40 x 60

É um artista que presa pela simplicidade da execução e faz isso com muita propriedade, explorando temas aparentemente comuns, mas resgatando deles sempre um toque de nobreza.
O artista continua produzindo seus trabalhos voltados para a temática que sempre explorou.

RUBENS VARGAS - Litoral
Óleo sobre tela - 60 x 90

RUBENS VARGAS - Paisagem
Óleo sobre tela - 47 x 63

PARA SABER MAIS:


ARTE EM ANGOLA E AS TRILHAS PARA A ARTE MODERNA

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Quero ressaltar logo de início que essa matéria não teria sido composta sem a ajuda inestimável de Urânia Dias, uma angolana que nasceu em Lubango, mas que atualmente reside na cidade portuguesa de Sesimbra. Urânia foi me apresentando alguns artistas angolanos e me direcionando para alguns sites específicos da cultura daquele povo, bem como colaborando com o envio de algumas imagens. Foi através dela que cheguei a Adriano Mixingue, cuja publicação na página do Consulado de Angola também foi de extrema valia. Muito ajudaram também as lembranças da visita que fiz ao Museu do Homem, em Paris, no ano de 1995. Impossível ter saído indiferente de lá e acredito que os mesmos sentimentos em mim despertados naquele lugar, também foram compartilhados por todos os artistas do início do século XX, que se inspiraram nos objetos daquelas coleções, para conceberem a revolucionária mudança que nos viria permitir a Arte Moderna, ainda antes de esses objetos estarem reunidos naquele espaço. Nos tempos atuais, as peças que eu havia visto no Museu do Homem, foram agrupadas às outras vindas do Museu Nacional das Artes da África e Oceania, formando o Musée Quai-Branly, organizado e criado no mandato do presidente Jacques Chirac exatamente naquele ano, em 1995. Poderia ter escolhido várias outras manifestações culturais africanas para tema principal dessa matéria, mas Angola tem uma afinidade bem especial para mim: a língua herdada de nossos colonizadores portugueses, que acabou nos tornando, por assim dizer, meio cúmplices na caminhada de nossas histórias.

Figura masculina em madeira. Costa ocidental africana.

Se hoje falamos claramente sobre os objetos produzidos por todos os povos africanos como “obras de arte”, o mesmo não se podia dizer há cerca de 120 anos, quando esses objetos foram considerados pela primeira vez como material artístico. Evidentemente que a Arte, tanto como conceito como instituição é um produto do mundo ocidental, particularmente europeu. Eram os europeus então, quem determinavam, até o início do século XX, o que poderia ser enquadrado dentro do termo “Arte”, principalmente se fosse uma produção externa ao continente europeu. Foi em 1915, que os primeiros objetos angolanos receberam a atribuição de “Arte” dada pelos europeus, como nos conta Carl Einstein, no livro A Escultura Negra e Outros Escritos. Entre elas, estavam principalmente as peças de origem Bakongo e Cokwé. As primeiras vanguardas artísticas do século XX viram e se encantaram com a grande quantidade de objetos que chegavam de todas as colônias da África e Oceania. Na linha de frente dessa vanguarda estavam nomes como Pablo Picasso, Fernand Leger, André Derain, Charles Braque e Henri Matisse.

Máscara facial da costa ocidental africana.

Praticamente todas as coleções de arte primitiva africana foram saqueadas durante as expedições de países europeus, feitas principalmente nos séculos XVIII, XIX e até algumas décadas do século XX. Se por um lado evidenciam um ultraje ao patrimônio cultural daquelas nações, por outro trouxeram para o conhecimento do resto do mundo, uma arte que viria revolucionar e alterar definitivamente o fazer artístico dos novos tempos. A grande ruptura da arte acadêmica que se realizava em quase todo o continente europeu para uma arte dita hoje como “moderna”, só teve maior êxito com as muitas experiências expressivas realizadas pela vanguarda citada anteriormente, principalmente por Pablo Picasso. Em “As donzelas de Avignon”, por exemplo, é marcante a influência da arte estatuária africana nas fisionomias das banhistas representadas na cena. A simplicidade das linhas e a expressividade que emanavam tais peças oriundas de território africano foram um fator determinante para os experimentos que se estenderiam a muitas vertentes da Arte Moderna (com todas as suas variantes). Não é exagero afirmar, então, que a arte africana primitiva abriu os caminhos para uma nova arte que se irrompeu por todo o século XX. Todas as peças que foram levadas para a Europa, vindas de Gana, Gabão, Angola, Sudão, Zâmbia e todas as outras regiões africanas influentes naquele período, carregavam consigo um estímulo para uma nova visão artística, mais simplificada e objetiva.

Certamente, essa máscara Babangue, originária do Congo,
tenha influenciado enormemente Pablo Picasso na composição de
As Donzelas de Avignon, abaixo.

PABLO PICASSO - As donzelas de Avignon
Óleo sobre tela - 243 x 233
Museu de Arte Moderna, Nova York.


A Arte Primitiva Africana é basicamente estatuária ou composta de objetos (máscaras, potes, armas, adornos, colares...). Há nos povos africanos, de uma maneira geral, a necessidade de uma arte mais tátil, palpável no sentido mais amplo da palavra. Parece uma unanimidade de todo o continente, a necessidade intensa de volumes, que constituem massas quase agressivas. Essas obras incorporam uma intensa energia, que parece avançar para cima de quem as observa. Todos os artistas africanos, mesmo os mais remotos, já tinham uma habilidade nata no domínio da tridimensionalidade, passando da escultura propriamente dita para o entalhe, tanto em baixo quanto em alto relevo. E faziam e fazem isso com a maior facilidade. Mas é Valdomiro Santana Júnior, quem nos empresta uma bela definição para a Arte Africana: “Se desejarmos compreender a expressão artística africana, precisamos nos reputar as reflexões da alma humana em sua busca pela essência das coisas, tão "subliminarmente" contidas na simplicidade destas, seja, um pedaço de madeira, pedra, marfim, metal, etc. Objetos feitos de materiais naturais embutidos de valores arquetípicos que velam o seu simbolismo. Apenas um olhar e a audição puros, não serão suficientes para extrair-lhes os significados implícitos nas obras Africanos. São obras que estimulam a imaginação e nos remetem à leitura de outros universos, uma linguagem primordial inerente à natureza que expressa o elo de comunicação com o infinito. Elas nos introduzem a reflexão e se nos despirmos das sofisticações do nosso tempo poderemos mergulhar num instante imemoriável, pois nos impõe seu caráter postulante e empírico implícitos na excitação exterior de suas formas.
O virtual é como o corpo, um elemento intermediário entre a essência de sua significação e sua representação física na forma. O elemento virtual, a imagem, representa esse conteúdo essencial e cumpre muito mais com o que se espera abstrair, por exemplo, num trabalho artístico. A arte espontânea que brota na simplicidade desse povo, em suas várias concepções, vela o aspecto que nos intriga inconscientemente, enquanto buscamos abstrair a essência, nos restam apenas a intelecção e beleza. 
Obras cuja natureza evocam uma metafísica, suscitando atender a parte mais ínfima, orgânica e complexa da psique que lhes representam "bens de ordem moral, política e cultural". Uma clara expressão de respeito aos valores naturais e ambientais, concebidos como "bens da alma", emergem da terra - Mãe África.”

Bantu Tabasisa e Tandu, artistas primitivistas angolanos, em exposição em São Paulo.

A divisão política atual do continente africano nem sempre insere dentro de cada país apenas as manifestações culturais daquele país. São divisões que não respeitam as abrangências culturais de cada cultura, muitas delas criadas em meados do século XX. Sendo assim, as mesmas atividades culturais de um povo podem ser praticadas em territórios políticos diferentes. Em todas as culturas africanas, a arte é sempre exercida por uma influência muito forte de apelos religiosos, sociais e políticos. Os objetos tem então essa função de estabilidade, ordem e segurança. Não é diferente na arte de Angola.
Dezoito províncias formam a República de Angola. Como ocupam regiões bem distintas, cada uma delas possui suas particularidades, mesmo que não tão relevantes, mas fazendo com que cada grupo etno-linguístico do país tenha a sua própria expressão artística. A arte angolana utiliza como principais materiais a madeira, bronze, marfim, malachite e vários tipos de cerâmica.

Exposição de arte angolana na Hungria.

O texto seguinte é de Adriano Mixingue e faz compreender muito bem o significado que possui o aspecto religioso na arte africana: “Na busca pelo divino, o ser humano precisa lidar ao mesmo tempo com o mundo real. Em decorrência da conscientização, influi no comportamento no que se pressupõem existir entre o plano visível e o plano espiritual. O africano, geralmente acredita que Deus não opera sozinho, pois estaria ocupado demais para fazê-lo, e compreendem que as entidades nas quais acreditam trabalham para Deus, e que se lutarem contra essa manifestação espiritual não seriam dignos da proteção ou respeito dos espíritos que os chamam, pois estariam lidando com forças que desconhecem. Eles se deixam penetrar pelos espíritos na busca por uma segurança maior, alguma garantia de sustentação de sua saúde, de seu caminho de vida, de seus valores materiais, morais, políticos e emocionais, e reagem ao "chamado espiritual" numa mescla de respeito e medo às ameaças inerentes na vida. Ora, independente de primordialidade e contemporaneidade, tais aspirações são suscitadas pelos seres humanos de qualquer lugar do planeta. Uma postura primordial, encerrada na psique do homem em tudo que possa representar o desconhecido, observado em todas as culturas em sua história original.” Só assim é possível entender o grande apelo à produção artística de estátuas, pois elas parecem ligar ao poder de um outro mundo. O aspecto negativo de uma globalização excessiva dessa arte estatuária importante do país, é que a produção começou a ter uma “escala industrial”, pronta para atender ao turista de todas as partes do mundo, ávido por um pouco daquela produção artística do país. Muitas obras já não possuem a ligação cultural que tinham no passado. Certamente, a arte angolana mais famosa é o “Pensador de Cokwe”, uma obra com simetria perfeita e grande harmonia.

O Pensador de Cokwe, importante manifestação
da escultura angolana.

Há três períodos muito distintos da arte em Angola: O primeiro deles nos remete a pesquisas arqueológicas, revelando obras rupestres, principalmente de grutas. O segundo, de caráter mais nacionalista, se deu logo após a independência do país, ocorrida em 1975. Foi nesse período que formou um grande número de artistas plásticos. O período contemporâneo, marcado principalmente por uma era de paz no país, após longos conflitos internos, é também um período onde os artistas voltam novamente os olhos para as origens artísticas do país, reinterpretando antigos temas e trazendo todos eles para seus experimentos atuais.  Não é exagero afirmar que Angola assume hoje, um dos postos de destaque da arte contemporânea africana, com vários artistas conhecidos em diversas partes do mundo. É importante afirmar que nesses três períodos, a arte do país sempre manteve uma unidade em sua linguagem.
Veja sobre os artistas contemporâneos angolanos mais influentes na próxima matéria.

RODRIGO ZANIBONI

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RODRIGO ZANIBONI - A Pelada- Óleo sobre tela - 110 x 170 - 2013

Há bem no fundo de todos nós, espaços guardados que jamais sofrem a ameaça do esquecimento. Espaços que contém cenas, pessoas, aromas, sabores... Que quase sempre nos ressuscitam boas lembranças do passado e nos fazem ficar por lá, por um breve intervalo de tempo, no aconchego de nossas memórias. Nessas lembranças, há sempre a presença prazerosa das pessoas que mais nos significam, que fazem confirmar que somos seres de saudades e que nos fazem gostar muito disso. Quase toda a produção artística de Rodrigo Zaniboni está repleta desses espaços revisitados, herança da infância que passou no sítio dos avós e do estreito convívio com familiares e amigos.

RODRIGO ZANIBONI - O Olhar de Elisa
Óleo sobre tela - 120 x 100 - 2012

RODRIGO ZANIBONI - O Criador e a Criação
Óleo sobre tela - 120 x 100 - 2012

Rodrigo Zaniboni nasceu em Fernando Prestes, cidade do interior de São Paulo. Até a sua adolescência, a vida no campo serviu como um estímulo nato para impulsionar seu desejo pelo desenho. Começou a potencializar o seu talento em 1998, quando toma suas primeiras aulas de desenho com Luís Dotto. A paixão pela pintura viria a se firmar logo adiante, quando recebe aulas de Celso Bayo e se confirmar ainda mais em alguns ensinamentos com Reinaldo Jeron. Foi com Washington Maguetas, em 2001, que traria a prática da pintura ao vivo como atividade, e que muda radicalmente sua paleta e sua percepção da luz. Morgilli viria logo a seguir, servindo como suporte amigo e com dicas sempre valiosas. Atualmente, a parceria com Ernandes Silva abriu um novo leque de opções em sua produção, com a prática da pintura em plein air, reafirmando ainda mais esses ensinamentos iniciados com Maguetas.

RODRIGO ZANIBONI - A Canção de Joanna
Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2013

RODRIGO ZANIBONI - Vó Zenaide e suas abóboras- Óleo sobre tela  - 84 x 90 - 2005

Há uma evolução latente nos trabalhos desse artista paulista, desde o início de sua produção. Experimentos técnicos também não faltam, e são sempre conduzidos por um mestre ou uma referência que ele não abre mão. E, no entanto, lá continuam suas memórias, visitadas e incansavelmente perseguidas, revelando o quanto o aconchego do lar e das boas lembranças fazem tão bem à sua obra. Uma dessas memórias, que se eternizou em obra é a tela “Vó Zenaide e suas abóboras” (ilustração acima), que foi premiada no Salão Brasileiro de Belas Artes de Ribeirão Preto, em 2005 e que também obteve o 1° lugar no 1° Salão de Artes Plásticas em Homenagem a Luís Dotto, em Catanduva, no ano de 2007. Essa obra também ilustrou o Calendário Internacional da Acrilex, em 2006, percorrendo cerca de 30 países.

RODRIGO ZANIBONI - Frutas e objetos- Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2013

RODRIGO ZANIBONI - A Dança
Óleo sobre tela - 100 x 60 - 2013

Já possui obras em diversos países, a citar especialmente Estados Unidos, Itália e Colômbia.
A trajetória rápida e tão bem construída vai demonstrando que raízes e boas lembranças se transformaram num forte alicerce para esse artista. Que elas persistam e venham nos brindar ainda mais com suas futuras produções.


PARA FALAR COM O ARTISTA:



NOVOS OLHARES

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Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes "Luiz de Queiroz" 
ESALQ - Piracicaba, São Paulo

O mundo caminha numa velocidade incrível, estimulado por tecnologias que facilitam e resumem tudo. No afã de acompanhar os sinais do tempo, a arte também mudou sua face. São exploradas as mais diversas técnicas, mídias e expressões. O homem é o foco principal disso tudo, seja em seu ambiente urbano ou nos afazeres de seu cotidiano, tentando se entender e se analisando dentro das neuroses que ele mesmo cria e dos desafios que ele mesmo se propõe.
Concomitante a isso tudo que acontece na arte, muitos artistas ainda buscam inspiração em mestres passados e traduzem para o hoje a linguagem de seu tempo. As referências clássicas orientam no sentido de melhor observar o que está a sua volta e reinterpretá-las para a nova realidade em que se vive. Essa é a principal proposta que também pratica esse grupo de artistas, que ora vem apresentar a exposição NOVOS OLHARES. Uma visão do que é desse tempo, falando e mostrando o que é de hoje, mas sem esquecer os caminhos de grandes mestres que orientaram todos os movimentos até aqui. É possível ver nitidamente em suas expressões, forte influência impressionista, naturalista e realista, traduzida numa linguagem bem atual e que inaugura um novo realismo.


São artistas ainda iniciantes de uma jornada, mas que já trazem certa experiência no convívio com essa nova tendência, inspirados por grandes nomes da arte americana e europeia. Também são de regiões distintas do país, de modo que suas abrangências narrativas variam e tornam possível um diálogo em escala maior. Falam do homem e de seu tempo, do ambiente em que ele vive e de todas as coisas que ele produz e o ajuda a caminhar. Exploram técnicas variadas e apontam novas propostas de como fazer e visitar velhos temas. Estão por aí, vendo as mesmas coisas, mas com novos olhares.
Douglas Okada, Eduardo Borges de Araújo, Ernandes Silva, José Rosário, Juliana Limeira, Rodrigo Zaniboni e Vinícius Silva já vem explorando e mostrando os resultados dessas suas novas experiências. Os caminhos vão estreitando o convívio do grupo e afinando o diálogo cada vez mais presente em suas propostas. Parecem estar à procura de uma sintonia que os equilibra e os ajuda a caminhar com mais força e unidade.


A proposta da exposição NOVOS OLHARES para o espaço cedido no Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes da ESALQ (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz") é apresentar os trabalhos produzidos por esses 7 artistas, dentro da tendência do novo realismo que eles vem desenvolvendo nos últimos tempos. Com temática livre e também liberdade técnica, cada artista trará as novas visões inspiradas na realidade de cada um. A exposição terá abertura no dia 6 de setembro de 2013 e poderá ser visitada até o dia 27 de setembro do mesmo mês. Para os dias 7 e 8, está programada uma seção de pintura ao ar livre com os artistas participantes, nas dependências da ESALQ.

UM PEQUENO RESUMO SOBRE CADA ARTISTA:

DOUGLAS OKADA - No sítio pela manhã - Óleo sobre tela - 40 x 50

Douglas Okada:
Paulista, da cidade de Araraquara, mas morando atualmente em Jaboticabal, Douglas Okada começou bem cedo, orientando-se pelo desejo nato de desenhar incessantemente. Foi polindo o dom com orientações muito bem conduzidas e trilhando pelos caminhos dos mestres do passado que tanto admirou. Já coleciona uma extensa lista de prêmios em várias participações em diversos salões. Buscar a “essência das coisas”, essa é sua maior meta.

EDUARDO BORGES - Beira de rio - Óleo sobre tela

Eduardo Borges de Araújo:
Aluno formado pela ESALQ, Eduardo Borges é o artista do grupo que está no ramo há mais tempo. Lembra principalmente dos ensinamentos que obteve com Archimedes Dutra, pintando exatamente nas dependências da ESALQ. Atualmente é diretor da Pinacoteca de Piracicaba e divide o tempo com experimentos que vem fazendo dentro da sua nova proposta realista, principalmente explorando um pouco mais a pintura em plein air.

ERNANDES SILVA - Estudo com animais- Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2013

Ernandes Silva:
Ernandes nasceu em Palmares/PE e por lá começou os primeiros estudos na arte. Foi em São Paulo, que poliu sua técnica e encontrou grandes referências para sua proposta. Dedicação e disciplina técnica são palavras de ordem na carreira desse jovem artista, um fã inveterado dos estudos ao ar livre. Novas parcerias artísticas tem lhe proporcionado um envolvimento ainda maior com a arte.

JOSÉ ROSÁRIO - Pegando água, Jequitinhonha - Óleo sobre tela - 40 x 60 - 2013

José Rosário:
Único mineiro do grupo, José Rosário explora principalmente em sua obra o cotidiano de sua terra natal, a cidade de Dionísio. Admirador confesso de mestres paisagistas brasileiros, vem agregando novas experiências à sua tradicional referência temática. Também desenvolve uma página virtual, onde divulga constantemente seus trabalhos e de seus amigos artistas.

JULIANA LIMEIRA - Sonho de primavera - Óleo sobre tela - 40,7 x 30,6

Juliana Limeira:
Natural de Brasília/DF, Juliana vai buscar inspiração para sua produção nos mestres do Realismo americano, onde assimilou não só a técnica, mas principalmente o gosto pelo trabalho realizado no local. Formada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, é uma das artistas brasileiras mais envolvidas com a proposta do resgate a um realismo voltado às origens clássicas.

RODRIGO ZANIBONI - A Canção de Joanna - Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2013

Rodrigo Zaniboni:
Rodrigo Zaniboni mora numa das regiões mais prolíficas da arte realista brasileira na atualidade, a cidade de Catanduva/SP. Há uma influência impressionista latente em sua obra e uma constante inspiração nos anos de infância, trazendo para sua temática muitas referências dessa fase para a sua produção. Atualmente, o exercício ao ar livre tem sido largamente explorado em seus novos trabalhos.

VINÍCIUS SILVA - No alto do Japi- Óleo sobre tela - 80 x 100

Vinícius Silva:
Natural de São Paulo, mas morando atualmente no cerrado mineiro, Vinícius considera-se praticamente em casa. A natureza intocada dos grandes espaços mineiros é a busca que mais o impulsiona. O artista tem uma atração declarada pelas paisagens selvagens de reservas e faz do exercício ao ar livre uma atividade constante. Referências do passado e técnicas arrojadas do presente são suas orientações principais.

EVENTOS RECENTES E FUTUROS

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SEGUE A PROGRAMAÇÃO DE ALGUNS EVENTOS, RECENTES E FUTUROS:




Começou no dia 30 de agosto, mas seguirá até o dia 2 de outubro, a exposição INTENSE COLORS, das artistas Du Ramos e Izabel Pariz, ambas da cidade mineira de Timóteo. 
Com grande influência da Pop Art, as duas artistas ainda passeiam por experimentos abstratos e estilizações bem contemporâneas.
A mostra ainda traz comentários e textos do escritor José Maria Honorato.
Essa exposição se encontra no museu da Fundação Aperam Acesita, na cidade de Timóteo/MG e pode ser visitada todos os dias úteis da semana, nos horários de 10 às 12 h e de 13:30 às 17 h.
Izabel Pariz, José Maria Honorato e Du Ramos, na noite
de abertura da Exposição Intense Colors.




Firmado como um dos maiores eventos de artes visuais do interior de São Paulo, o Território da Arte de Araraquara terá sua abertura realizada em uma solenidade no Teatro Municipal, na terça-feira, dia 03 de setembro, às 19h30.
Participam 75 artistas selecionados e premiados, com um total de 142 obras; além de 90 obras premiadas no Salão Internacional de Humor de Piracicaba e uma Sala Especial na Casa da Cultura que irá homenagear o grande artista araraquarense Sebastião Seabra com 20 de suas obras. Ao todo, são 332 obras expostas de 123 artistas.
São artistas de vários Estados do Brasil: São Paulo, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Também marcam presença artistas dos Estados Unidos, França, Itália e Japão.


Na abertura do Território – que conta com uma intervenção realizada pelos alunos das Oficinas Culturais Municipais – será realizada a premiação das artistas Wanda Salgado, de Araraquara, com o Prêmio Aquisição pela obra “Nós em nós”, escultura em pedra sabão; e de Paloma Cristina Vieira dos Santos, de Matão, com o Prêmio Incentivo (pelo conjunto das obras: “Paloma”, “Mercury” e “Che”). As artistas foram selecionadas pelo júri, formado por Juty Oliveira e Ruy Cesar da Silva.
As obras dos artistas premiados, selecionados e convidados estarão em exposição na Casa da Cultura Luiz Antônio Martinez Corrêa, Teatro Municipal e Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva.
A exposição de caricaturas e cartuns do Salão Internacional de Humor de Piracicaba – assim como as obras de Arte Moderna e Arte Contemporânea – estarão disponíveis no Teatro Municipal. Já a Mostra dos Cartunistas Convidados Nacionais e Internacionais ficará em exposição no Palacete das Rosas (sede da Secretaria Municipal da Cultura, ao lado da Prefeitura). A homenagem do Território da Arte ao grande artista araraquarense Sebastião Seabra, apresenta uma Sala Especial na Casa da Cultura, onde também serão apresentadas as obras de Arte Acadêmica, Perspectiva Futura e Território Aberto.

JOSÉ ROSÁRIO - Descanso - Óleo sobre tela - 50 x 60 - 2009
Estarei participando com essa obra, como artista convidado.

Com o objetivo de promover a visibilidade e produção das artes visuais, o Território estimula e fomenta a produção e o mercado nesta linguagem, além de proporcionar ações educativas e formação de público. Entre os objetivos do Território da Arte destacam-se: dar visibilidade à produção das artes visuais; estimular, promover e premiar o artista; e proporcionar ações educativas e formação de público. A mostra se encerra no dia 27 de setembro.

Abertura do XI Território da Arte de Araraquara
Local: Teatro Municipal de Araraquara (Av. Bento de Abreu, s/nº - Fonte Luminosa)
Data: terça-feira (03 de setembro)
Horário: 19h30
Entrada franca 





Mostra que acontecerá na cidade paulista de Piracicaba e que traz a participação de sete artistas: Douglas Okada, Eduardo Bordes, Ernandes Silva, José Rosário, Juliana Limeira, Rodrigo Zaniboni e Vinícius Silva.
Abertura dia 6 de setembro.
Sessões de pintura ao ar livre dias 7 e 8 de setembro.
Término: dia 30 de setembro de 2013.
Local: Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes da ESALQ, em Piracicaba/SP.












ARTE REALISTA E O INTERIOR DE SÃO PAULO

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Jardim em torno do Museu da ESALQ, Piracicaba/SP.

Museu da ESALQ, Piracicaba/SP.

O convite feito pelo artista Ernandes Silva, para expor no Museu da ESALQ, em Piracicaba/SP, juntamente com outros artistas amigos, foi o motivo mais que tentador para que eu pudesse fazer o que desejava já fazia tempos: conhecer um pouco da vasta safra de artistas realistas que se localizam no interior do estado de São Paulo. Essa oportunidade de estar próximo daqueles que sempre foram gratas referências e parceiros de uma mesma proposta e temática não poderia passar em vão.









José Rosário, Rodrigo Zaniboni e Ernandes Silva.

Com o amigo Waiderson Liberato.

Com Douglas Okada e sua esposa Raquel.

José Rosário, Douglas Okada, Rodrigo Zaniboni e Ernandes Silva.

Artistas que participam da mostra NOVOS OLHARES: Douglas Okada, Eduardo Borges de Araújo, Ernandes Silva, José Rosário, Juliana Limeira, Rodrigo Zaniboni e Vinícius Silva. Alguns dos artistas que estão participando da mostra já eram conhecidos de oportunidades anteriores, mas, a maioria ainda me era contato apenas por aqui. O amigo Waiderson Liberato, grande incentivador da arte como só ele, também por lá esteve dando a honra de sua presença! Além de conhecer novos artistas daquela cidade, havia também a possibilidade de ir a outras cidades e encontrar muitos outros companheiros de caminhada. E assim aconteceu!


Artistas presentes na sessão de pintura ao ar livre, realizada nos jardins da ESALQ, Piracicaba/SP:
Alzira Ballestero, Douglas Okada, Eduardo Borges, Gracia Nepomuceno, Guida Aversa, João Ovídio Caravita, José Rosário, Laura Pezzoto, Leda Senatori, Liliana Menegali, Luísa Libardi, Marcelo Romani Borges, Marcos Sabbadin, Renata Andia Amalfi, Rodrigo Zaniboni, Sonia Piedade e Vera Gutierrez.





O museu localizado na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” é uma construção fantástica, situado num espaço ainda mais fantástico. Abriga uma coleção valiosa de peças que conta a história de todas as conquistas já feitas até aqui pelo setor agrícola do país. No entorno do museu, uma grande área verde abriga diversas espécies vegetais de diversas regiões do país. Foi exatamente nessa grande área verde, que passamos uma manhã inteira em uma sessão de plein air. Estiveram conosco os “Caipiras do Prené”, como gostam de ser chamados vários componentes de um grande movimento que começa a ganhar força na região. Gente fantástica, acolhedora e com os olhos focados naquilo que a arte nos proporciona de melhor: a oportunidade de nos tornarmos melhores seres humanos, pelo convívio com aqueles que dividem nossos mesmos objetivos. Impossível deixar de citar a acolhida feita naquele dia por Marcelo Romani Borges, um dos primeiros que por lá chegou. Ficaria ali muitas outras sessões, não fossem os compromissos de uma agenda cheia, organizada pelo Ernandes e Rodrigo Zaniboni. Aquele final de semana estava apenas começando!



ARTE REALISTA E O INTERIOR DE SÃO PAULO - Parte 2

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Corredeira do Rio Piracicaba, em pleno centro da cidade de Piracicaba/SP.

Ernandes Silva, Douglas Okada, Rodrigo Zaniboni e José Rosário

Ernandes Silva e Douglas Okada em sessão de plein air no mirante do Aquário Municipal.

A tarde do sábado (7 de setembro) ainda seria reservada para uma sessão de pintura ao ar livre. Dessa vez, resolvi apenas acompanhar os estudos feitos por Ernandes Silva e Douglas Okada, do mirante do Aquário Municipal, nas margens do Rio Piracicaba. Incrível como é possível existir uma corredeira com aquela intensidade em pleno centro da cidade. Só estando lá pra acreditar. É um cenário belíssimo, que dispensa muitas apresentações.
Também dei umas voltas pelas margens do rio juntamente com Rodrigo Zaniboni, que também resolveu não pintar. Fotografamos bastante e colhemos um bom material para estudos futuros.

Douglas Okada

Ernandes Silva

Obra ainda inacabada de Ernandes Silva.

O domingo (8 de setembro) foi reservado para mais viagens a cidades próximas e consequentemente mais sessões de pintura ao ar livre. A primeira parada foi o mirante no alto da Serra de São Pedro, uma cidade com tradição em esportes radicais. Uma paisagem de tirar o fôlego, num dia de sol muito quente e brisa fresca. Não me lembro de ter avistado nenhuma nuvem naquele dia.

Rodrigo Zaniboni

Ernandes Silva

Douglas Okada

Douglas Okada e Raquel.

Não me cansava do visual.

Arredores de Águas de São Pedro.

Depois de uma parada necessária para um almoço bem típico, saímos para mais uma sessão de fotos nos arredores de Águas de São Pedro (outra cidade turística), que recebia naquele dia uma exposição de carros antigos. Encontramos por lá com João Ovídio Caravita, pintor e escultor contemporâneo, que mora na cidade. João Caravita desenvolve belos trabalhos, tanto em pinturas como em esculturas de material reciclado. Belas obras soldadas, que tendem ao Realismo, mas com uma leitura bem atual.

João Ovídio Caravita

JOÃO OVÍDIO CARAVITA - Estrada
Óleo sobre tela

JOÃO OVÍDIO CARAVITA - Cavaleiro
Escultura com material reciclado

Pra variar, Ernandes Silva não resistiu ao por de sol no lago ao redor da cidade e fez mais uma breve “manchinha”.

Ernandes Silva


O próximo dia traria ainda muitas surpresas.

ARTE REALISTA E O INTERIOR DE SÃO PAULO - Parte 3

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Casa de Cultura Luiz Antônio Martinez Correa, em Araraquara/SP.

Na segunda-feira (9 de setembro) fomos até Catanduva, cidade localizada a mais de 300 km de Piracicaba, um grande reduto da arte realista no estado. Matheus Cruz (um artista de horas vagas, como ele mesmo gosta de afirmar) juntou-se a nós (Rodrigo Zaniboni, Ernandes Silva e eu) nessa caminhada. Interessante como a velocidade dos dias, naquela semana, fez com que o calendário não parecesse algo tão importante. Eu já não tinha mais a noção exata em qual dia do mês estava e isso é, às vezes, algo bem confortável.

MATHEUS CRUZ - Estrada - Óleo sobre tela - 30 x 40

Não partimos sem antes fazer uma rápida visita à Maria José Rodrigues (Masé), que nos recebeu muito carinhosamente em sua galeria, mostrando o acervo variado e apresentando seu espaço, que também abriga uma escola de cursos diversos.
O dia estava ainda mais quente que o anterior. Não era apenas uma percepção minha, era uma constatação. À medida que avançávamos para o interior do estado, o ar se tornava bem mais quente e seco. Uma parada ligeira para almoçar, em Rio Claro e seguimos novamente viagem até Araraquara.

José Rosário e a obra Descanso.

Rodrigo Zaniboni e a obra Dança.

Ernandes Silva e as obras Bifurcação e Litoral.

A visita à Araraquara tinha como endereço principal a exposição acadêmica que acontecia na Casa de Cultura Luiz Antônio Martinez Correa. Ernandes Silva, Douglas Okada, Rodrigo Zaniboni e eu estávamos com trabalhos expostos nesse espaço. Fomos muito bem recebidos por Milton Najm, que nos levou também até o Palacete das Rosas, onde acontecia a Mostra dos Cartunistas Convidados, nacionais e internacionais. Num outro espaço, no Teatro Municipal, estavam as obras de caricaturas e cartuns, cedidas pelo Salão Internacional do Humor de Piracicaba, bem como as obras modernas e contemporâneas.

OUTRAS OBRAS DA EXPOSIÇÃO:


DOUGLAS OKADA - Cozinhando no quintal
Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2013

EDUARDO BORGES - Oficina do Sr Eugênio Nardin
Óleo sobre duratex

MARCOS SABBADIN - Leitura
Óleo sobre tela

JESSER VALZACCHI - Comerciante marroquino
Óleo sobre tela

Terá um grande desafio, a Prefeitura de Araraquara, para resgatar o salão de belas artes para o próximo ano. Interrompido em algumas temporadas, a mostra desse ano, com artistas convidados, visa exatamente incentivar o público regional para edições futuras.

José Rosário, Washington Maguetas, Ernandes Silva e Matheus Cruz.

Washington Maguetas em seu ateliê.

WASHINGTON MAGUETAS - A família e o cãozinho
Óleo sobre tela - 12 x 30

WASHINGTON MAGUETAS - Gisele na ponte do meu jardim
Óleo sobre tela - 80 x 110

WASHINGTON MAGUETAS - No jardim
Óleo sobre tela

Na próxima parada, na cidade de Taguaritinga, estivemos no ateliê de Washington Maguetas, o artista mais ilustre da cidade. Conheço o trabalho de Maguetas há anos e a sua produção tem uma fatia de grande importância no cenário da pintura nacional. Sempre tive um fascínio pelo seu colorido e a proposta impressionista que é o carro-chefe de sua produção. Fomos recebidos com uma hospitalidade rara e convidados por ele a conhecer o jardim que ele mesmo concebeu, nos fundos da residência. Conversamos por um longo tempo, ele sempre solícito, nos apresentando e explicando alguns de seus novos trabalhos, garimpando nos cantos do ateliê, algumas obras começadas e outras concluídas. Trabalhos antigos e alguns experimentos atuais que vem realizando. Não saímos sem antes fazer uma tradicional foto em frente à ponte japonesa, que já proporcionou inspiração para tantos trabalhos.

Em pé: Ernandes Silva e José Rosário.
Sentados: Clodoaldo Martins e Rodrigo Zaniboni.

Agulha é um pequeno povoado, distrito pertencente ao município de Fernando Prestes. Local onde mora a família do artista Clodoaldo Martins e também onde fica seu ateliê. Tivemos a sorte de ainda encontrá-lo por lá, já que passa toda a semana na cidade de São Paulo. Depois de um dia de aula inaugural em Monte Alto, ele nos recebeu para uma ligeira visita. É um jovem artista, de fala macia e olhar seguro, já consciente do grande potencial que tem em mãos. Dono de um realismo acadêmico refinado, cada vez mais sólido em suas propostas. Saímos dali com uma vontade de ficar mais, o sol já exibindo suas últimas luzes e a noite chegando mansa.

CLODOALDO MARTINS - No sítio da vovó
Óleo sobre tela

CLODOALDO MARTINS - A refeição da pequena Mariana
Óleo sobre tela - 60 x 80

Terminamos o dia com um jantar especialmente oferecido pelo Sr José e Sra. Edna Zaniboni, pais de Rodrigo. Quero deixar a eles um agradecimento especial pelo calor da acolhida. É tão bom quando nos sentimos em casa... Ainda guardo o sabor dos pães caseiros, feitos pela Sra. Edna, e que nos acompanhou por todos aqueles dias.
Chegamos finalmente à Catanduva. Se havia cansaço já nem me lembro. O dia havia trazido muitas emoções e a noite preparava outras tantas para o próximo dia.

ARTE REALISTA E O INTERIOR DE SÃO PAULO - Parte 4

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Reinaldo Mendes, Ernandes Silva, Rodrigo Zaniboni, José Rosário, Álvaro Jara, Jesser Valzacchi, JB Oliveira e Matheus Cruz.

Tempos atrás, o imprevisível era algo que me amedrontava. Queria ter sempre o controle e a certeza sobre algo, como se isso fosse realmente possível. Não há fórmulas para a vida e o controle não está em nossas mãos. Todos os dias começam mergulhados em um mistério e com o tempo a gente aprende que isso é o que há de mais valioso. Comentei com o amigo Waiderson, logo no início dessa viagem pelo interior de São Paulo: “Estava chegando sem a menor certeza do roteiro. Sabia apenas o dia e horário da abertura da exposição, o resto ficaria por conta do imprevisível”. E como foi bom não ter o leme nas mãos, deixar que o acaso desse um rumo próprio para cada momento!...
A manhã de terça (10 de setembro) começou exatamente assim: imprevisível. Sem os medos do passado, felizmente.


JESSER VALZACCHI - O banho de Júlia - Óleo sobre tela - 120 x 140

Jesser Valzacchi, artista da cidade de Catanduva, convidou-nos para um café da manhã em sua casa. Foi um momento especial porque reuniu outros artistas da cidade: além de Rodrigo Zaniboni, Ernandes Silva, Matheus Cruz e eu, apareceram também por lá o JB Oliveira, Reinaldo Mendes e Álvaro Jara. Todos moradores e artistas de Catanduva, fazendo confirmar que a cidade se tornou mesmo um celeiro da arte realista. Alguns, como o Jesser, acompanho os trabalhos há um bom tempo. Muito bom o bate-papo daquela manhã e o entrosamento com artistas que estão numa procura cada vez mais constante pelo aperfeiçoamento da técnica. O encontro se estendeu pelo almoço em um restaurante e assim ficamos até o início da tarde. Já deixamos programados um novo encontro à noite, em um bar, e uma sessão de anatomia para a manhã do dia seguinte.

Ernandes Silva, Morgilli, Rodrigo Zaniboni e José Rosário.

MORGILLI - Paraty - Óleo sobre tela

A tarde teria mais algumas boas surpresas e a primeira delas foi a visita à Morgilli. Tenho uma admiração especial pelo Morgilli e seu trabalho. Não só porque me identifico imensamente com eles, mas principalmente pelo que eles representam. Já ouvia muito sobre esse artista nas conversas que fiz há tempos com o João Bosco Campos. Nasceu daí minha admiração, tanto pelo artista como pela sua obra. Passaria horas ali, apenas ouvindo e vendo os frutos de tantos anos de experiência. Impossível esquecer sua conversa pausada, centrada naquilo que foi a dedicação de toda uma vida: a pintura. Falou-nos do período na Itália e do começo que não foi fácil. A dificuldade dos contatos, colocar os trabalhos debaixo do braço e procurar alguma galeria, num tempo onde internet ainda nem era coisa de ficção. Bom que os tempos mudaram! Foi graças à facilidade da comunicação nos tempos atuais que nos reunimos tão facilmente. Ele nos recebeu e nos levou até o portão, com a amabilidade e o sorriso de sempre. Saí de lá com a proposta de que retornarei um dia.

Rodrigo Zaniboni, Reinaldo Jeron, José Rosário, Ernandes Silva e Matheus Cruz.

REINALDO JERON - Marina em Portugal- Óleo sobre tela - 150 x 200

A segunda surpresa daquela tarde, tão imprevisível como improvável foi o encontro com Reinaldo Jeron, outro grande nome da arte realista da cidade de Catanduva. Agradável acima de tudo, que gosta de dividir suas histórias com entusiasmo e saudosismo. Deixou-me emocionado ao comentar sobre a dura trajetória do início de carreira, por vencer preconceitos e conseguir impor seu trabalho pela excelência que ele contém. Um fato curioso é o seu gosto pelos trabalhos de grandes dimensões. No dia de nossa visita, estava, segundo ele, “divertindo com uma telinha”. Uma enorme cena marítima de 1,50 x 2,00m. Foi praticamente o pano de fundo da foto que fizemos. Também levarei muitas boas lembranças de nossas conversas e o desejo de nos encontrarmos mais um dia.




A manhã do meu último dia de viagem ainda teria uma sessão de anatomia, marcada para o ateliê de Júlio César, que assina JB Oliveira. O Matheus Cruz já havia retornado para compromissos em Piracicaba, mas a sessão ainda ficou bem frequentada, com as presenças de Ernandes Silva, Rodrigo Zaniboni, JB Oliveira, Reinaldo Mendes, Cassiano Pereira, Jesser Valzacchi, Álvaro Jara e minha. Foi um momento bem divertido, com alguns artistas se revezando como modelo e assim passamos toda aquela manhã, entre desenhos e lanches. Todos, artistas já de longa data. Alguns com atividades paralelas à pintura e na procura constante pelo aperfeiçoamento, coisa que nunca finda, para aqueles que não cansam de aprender.

JB OLIBEIRA - Maracujás
Óleo sobre tela

Reinaldo Mendes

CASSIANO PEREIRA - Paisagem
Óleo sobre tela

ÁLVAO JARA - Pedreiro
Óleo sobre tela - 90 x 70

Bons momentos não deveriam acabar, mas isso é impossível. A eternidade sobrevive apenas na lembrança desses bons momentos. E para quem chegou a vivê-los, nada mais importa. Vou guardar para sempre, a lembrança do carinho que recebi nessa minha curta passagem pelo interior de São Paulo. Fiz vários amigos e desafio a qualquer um, dizer se há algo mais importante que isso nessa vida.
Essa viagem começou a se idealizar há cerca de seis meses, no agendamento da exposição entre o Ernandes e o Patacho (membro da ESALQ), dos quais serei eternamente grato.

Voltei para Dionísio com uma certeza: o imprevisível é a minha mais nova morada!

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA

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EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - A visita inoportuna
Óleo sobre madeira - 23 x 29.5 - 1868 - Museu de Belas Artes de Bilbao

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - Batismo de um pobre
Óleo sobre tela

Há certos artistas que seguem suas influências com fidelidade e não se desvencilham delas, por todas suas vidas. Eduardo Zamacois y Zabala se encaixa nesse grupo, se compararmos seus trabalhos mais maduros com o grande mestre que encontrou em Paris, Ernest Meissonier. Nascido em Bilbao, Espanha, a 2 de julho de 1841 e falecido em Madri, em 12 de janeiro de 1878, é daqueles artistas que teve uma curta trajetória produtiva, mas que se dedicou ao máximo para valoriza-la. Faleceu cedo, deixando uma produção escassa, mas provida de muito preciosismo e altíssima qualidade de trabalho.

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - Regresso ao convento
Óleo sobre linho - 54.5 x 100.5 - 1868 - Museu Carmen Thyssen, Málaga

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - Bufões jogando bocha 
Óleo sobre madeira - 46 x 35.6 - 1868 - Museu de Belas Artes de Bilbao

Recebeu suas primeiras lições de arte em sua própria cidade natal com os professores Joaquín Balaca e Cosme Duñabeitia. Os ensinamentos desse período também incluíam uma esmerada educação em diversos outros campos, como música e outros idiomas. Em 1856, quando já se encontrava em Madri com sua família, ingressa na Real Academia de Belas Artes de San Fernando, vindo a fazer aulas com Federico de Madrazo. Já em 1860, muda-se para Paris e se instala no Hotel Garni, no bairro de Montmartre, endereço muito disputado pelos artistas da época. Depois de algumas tentativas frustradas para entrar na Escola de Belas Artes, consegue ser aceito no ateliê de Ernest Meissonier, quem seria sua grande referência dali em diante.

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - A educação de um príncipe - Óleo sobre tela

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - Amor platônico
Óleo sobre tela - 1870

Mesmo que todas as suas primeiras referências sejam de artistas retratistas, Zamacois prefere a pintura de gênero, que executa com um preciosismo maduro e quase sempre em pequenos formatos. Por toda a Europa, havia uma tendência muito grande para obras históricas e na Espanha, terra de Zamacois, elas eram executadas sempre em grandes dimensões. Ele, porém, segue mais uma vez a preferência francesa de executar uma pintura mais íntima, de pequenas dimensões, mas sempre muito elaboradas. Talvez a chave para o sucesso de suas obras sejam esses atributos: cores puras, composições equilibradas e um detalhismo minucioso.

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - Espanha 1812, ocupação francesa
Óleo sobre tela - 44,3 x 52 - 1866

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - O favorito do rei
Óleo sobre painel - 55,9 x 45,1 - Coleção particular


Uma grande amizade com o artista Mariano Fortuny, viria a ser estabelecida à partir de 1866, tendo inclusive um retrato seu executado por esse outro grande artista espanhol. Muitos esforços não tardaram em render o merecido reconhecimento, vindo Zamacois a obter a Medalha de Ouro no Salão Oficial, com a obra Educação de um príncipe. A guerra franco-prussiana obrigou o seu retorno à Madri, e logo depois de sua chegada, ele falece com apenas 37 anos de idade, devido a sérios problemas de saúde, que já o acompanhavam desde Paris. Não chega a ver os trabalhos que enviara para o salão de Paris, naquele ano. Uma homenagem especial foi realizada para ele naquele salão, inclusive com a publicação de fotos de suas melhores obras.

Eduardo Zamacois y Zabala, num óleo sobre tela do artista Raimundo de Madrazo y Garreta
80,5 x 65 - 1863


POR DENTRO DE UMA OBRA - Mariano Fortuny

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MARIANO FORTUNY - La Vicaría
Óleo sobre madeira - 60 x 93,5 - 1870 - Museu Nacional de Arte da Catalunha

Uma grande obra de arte não precisa ser necessariamente grande. Evidentemente que o impacto produzido por um trabalho de grandes dimensões é algo que não se pode desprezar, mas certos trabalhos fazem confirmar aquela velha máxima de que “os melhores perfumes estão em pequenos frascos”. Quando deixamos o Museu Nacional de Arte da Catalunha, em Barcelona, é esta a impressão que nos marca mais forte: há o impacto e o deslumbramento com trabalhos de dimensões enormes, mas o que nos aprisiona mesmo não é um trabalho de grandes dimensões. La Vicaríaé a pequena grande obra que nos arrebata logo na primeira olhada. A imagem que guardamos dela nos acompanhará sempre.


É, sem dúvida, a obra-prima da carreira do artista espanhol Mariano Fortuny, e um dos mais importantes trabalhos europeus do século XIX. Uma verdadeira preciosidade do Realismo de todos os tempos.


Muitos fatores tornam uma obra algo inestimável, referência ou simplesmente adorada. Não só a beleza plástica, a precisão da técnica ou o histórico do artista. No caso de La Vicaría, há todos esses indicadores e ainda o fato de o artista ter condensado em seu trabalho todos os símbolos de seu país. Nessa cena, que representa a assinatura de um contrato de casamento, há espaço para todas as classes sociais mais comuns em sua época. A burguesia, tão bem representada na suntuosidade das indumentárias; o grupo familiar e os amigos, mais próximos do casal; manola e toureiro, representando as classes mais baixas do povo, mas também integrados numa mesma confraternização. Em todos os personagens, há uma acurada representação de detalhes para cada tipo de traje, onde é possível visualizar texturas de tecidos, brilhos e movimentos. Ele capta as expressões com tanta naturalidade, que cada personagem ali contido parece uma figura viva.


Conta-se que a origem do quadro se deu quando, no dia de seu próprio casamento, Mariano Fortuny havia visitado a sacristia da Igreja de San Sebastian, em Madri, e se encantou pelo lugar. À partir daí, começou a fazer vários estudos que acabaram levando à composição dessa obra. Diversos amigos foram modelos que ele acabou utilizando para a composição final, como por exemplo o toureiro, cuja pose foi extraída de outro artista espanhol, Eduardo Zamacois y Zabala.


Fortuny era fascinado pela pintura de Goya e essa composição é uma declarada admiração por ele. Vários elementos remetem à influência de seu admirado conterrâneo. Impossível ficar indiferente à qualidade pictórica da grade, do lustre pendurado do teto, da biblioteca ao fundo e do braseiro, tão bem localizado como equilíbrio de um espaço vazio importante no primeiro plano. Todo o trabalho faz jus ao ditado de que “tamanho nem sempre é documento”. O quadro, pintado em óleo sobre madeira, mede não mais que 60 x 93,5 cm. O trabalho foi iniciado em 1863, quando o artista tinha 25 anos de idade, e concluído em 1870.




Essa pintura foi adquirida do artista por 25.000 francos pelo marchand Goupil, que logo a vendeu por 70.000 francos.

JAMES ROBINSON

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JAMES ROBINSON - Novembro - Acrílica sobre tela - 76,2 x 101,6

JAMES ROBINSON - Atravessando o rio
Acrílica sobre tela - 50,8 x 76,2

A tinta acrílica é uma combinação de pigmentos com uma resina sintética (resina acrílica ou acetato de polivinila, PVA) e é certamente a primeira técnica realmente nova depois do óleo. Ela foi criada para a cobertura de murais externos, que exigem uma tinta mais resistente a intempéries. A característica mais notável da acrílica é o seu rápido tempo de secagem. Sendo solúvel em água, seca em poucos minutos, tornando-se então, impermeável. A partir desse momento, não há mais mudanças na sua composição química. É por esse motivo, temida por muitos artistas acostumados ao óleo, e adorada, principalmente por artistas com propostas mais contemporâneas.

JAMES ROBINSON - Luz da manhã - Acrílica sobre tela - 60,96 x 91,44

JAMES ROBINSON - Beira de rio
Acrílica sobre tela - 60,96 x 91,44

James Robinson é um desses artistas que soube, como poucos, aliar os resultados tradicionais do óleo com os audaciosos processos de execução da acrílica. Ele consegue conciliar detalhamentos e efeitos próprios da tinta a óleo aos rápidos e eficientes resultados com acrílica.
Nascido em Houston, Texas, em 1944, soube desde cedo que se tornaria um artista. Recebeu os primeiros estudos, bem jovem, e soube tirar bastante proveito deles. Estudou desenho publicitário e belas artes e seguia sua carreira em paralelo como freelancer e ilustrador. Depois que apresentou seus trabalhos pela primeira vez em uma galeria local, e obteve retorno favorável por suas obras, decidiu que nunca mais sairia desse caminho.

JAMES ROBINSON - Através do Canyon Sabinal - Acrílica sobre tela - 101,6 x 121,92

JAMES ROBINSON - No Texas 
Acrílica sobre tela - 60,96 x 91,44

A paisagem local e a tradicional vida dos moradores do seu estado de origem influenciaram bastante sua obra. Ele tem orgulho de ter herdado boas histórias inspiradas na vida de seus antepassados. Os artistas com temática parecida são os seus mais fortes inspiradores: James Reynolds, Frank Tenney Johnson e Howard Terpning. Mas também se condidera influenciado pelos trabalhos de impressionistas como John Singer Sargent e Joaquín Sorolla, de quem herdou o gosto por intensas luminosidades. Há em suas obras, principalmente, uma combinação muito bem equilibrada de luz, cor e ação, o que transmitem um impacto muito grande a qualquer observador.

JAMES ROBINSON - Grous ao por de sol- Acrílica sobre tela - 45,72 x 60,96

JAMES ROBINSON - Beira de rio
Acrílica sobre tela

Vários prêmios já fazem parte de sua carreira. Continua com aquela que talvez seja sua grande marca de identidade, produzir exclusivamente trabalhos em acrílica. E faz isso como poucos!

JAMES ROBINSON - O único caminho - Acrílica sobre tela - 60,96 x 71,12

JAMES ROBINSON - Chegando ao destino
Acrílica sobre tela - 45,72 x 60,96

PARA SABER MAIS:

IDENTIDADE

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Uma das características principais da Arte Urbana ou Street Art é levar a arte em contato direto com o público, tirando o expor artístico das instituições e galerias. De caráter inicialmente anárquico, esse tipo de expressão tem ganhado cada vez mais adeptos em todo o mundo, que não vêem nela apenas como uma forma de vandalismo (típico das pichações do passado), mas como uma nova expressão artística, adaptada para a realidade e a linguagem dos tempos atuais. É uma arte atemporal, que aproveita dos espaços disponíveis para se criar e expressar. Encontramos Arte Urbana nos lugares mais inusitados, com expressões artísticas que vão desde as estátuas vivas até manifestações teatrais e circenses.


O que já foi no passado um movimento underground, acabou se disseminando em inúmeras formas de expressão e conquistando o respeito de críticos e público. Prova disso é que muitos artistas da street art também estão migrando com suas técnicas e propostas para espaços nunca antes pensados. Não que isso venha em desencontro aos intuitos do movimento, mas porque é sempre bom aproveitar o bom momento que ele está passando. Adaptar o que se faz em outdoor para uma linguagem de galerias e instituições tem surtido um grande efeito e conquistado novos públicos. Mostrando a linguagem da rua dentro de espaços fechados, os artistas da street art revelam suas técnicas e propostas, e acabam conquistando o público acostumado apenas com esses espaços para irem visitar mais sobre esse movimento em espaços abertos.

Gerziel Araújo, Vyrus e Dodô 153.

Na exposição Identidade, realizada na Fundação Aperam Acesita, em Timóteo/MG, três artistas trazem a linguagem e as propostas da rua para o espaço fechado. Numa concepção bem diferente das já realizadas até hoje na instituição, há, além das obras tradicionais, dois grandes murais, pintados especialmente para o espaço e confeccionados dois dias antes da abertura. Característica marcante na exposição é a individualidade das técnicas e estilos, mostrando que a identidade própria e cultural de cada artista está inserida em qualquer tipo de movimento. Todos os três artistas tem grande atividade artística em diversos segmentos: pintura, escultura, mural, instalação e intervenção urbana.
Veja um pouco sobre cada artista:

DODÔ 153

Douglas Fellipe T. de Araújo nasceu na cidade de Timóteo/MG no ano de 1989. Seus trabalhos tem uma identidade direta com a street art, sendo suas expressões bem variadas: intervenções urbanas, pinturas em telas, fotografia, instalação, escultura e ilustração. Há em sua proposta artística, temas que despertam para a espiritualidade e questionamentos da existência humana, visando provocar e apontar soluções sobre o ser humano e o seu papel dentro da sociedade. O artista tem participado continuamente de exposições e acontecimentos em diversas partes do país.







GERZIEL ARAÚJO

Nascido em 1945 e criado na cidade paranaense de Cornélio Procópio, o artista Gerziel Araújo é bem versátil, tendo formações em Educação Física, Química, Língua Espanhola e Artes Gráficas. A arte é constante em sua vida, mas sempre fez isso de maneira despretensiosa e casual. Mais recentemente vem apurando a técnica do nanquim sobre papel couché, que está presente em toda sua produção dessa exposição. Com finos traços e linguagem bem despojada, ele brinca com a arte e convida a todos os seus expectadores para fazerem o mesmo.




VYRUS

Edvandro de Oliveira é o nome do artista Vyrus, que nasceu na cidade de Vila Velha/ES, no ano de 1985. Começou no universo artístico em 1998, com o grafite, passando por vários segmentos paralelos e várias modalidades artísticas até se aperfeiçoar no street art. Tem uma grande atividade artística, vindo a participar continuamente de diversos eventos e exposições em várias regiões do país. Seu trabalho tem um estilo bem marcante, com a exploração constante do ser humano e todas as suas tragédias, fobias, histórias e lutas.




A EXPOSIÇÃO IDENTIDADE PODERÁ SER VISITADA ATÉ O DIA 31 DE OUTUBRO, NO ESPAÇO CULTURAL DA FUNDAÇÃO APERAM ACESITA, NA CIDADE DE TIMÓTEO/MG.

DANIEL GERHARTZ

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DANIEL GERHARTZ - No paraíso das águas - Óleo sobre tela - 101,6 x 152,4

DANIEL GERHARTZ - Minha sobrinha ao cavalete - Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2

Entre tantos artistas americanos da atualidade, um deles se destaca especialmente pela sua proposta, pela sua técnica e acima de tudo pela dedicação com que abraça sua profissão e a deixa transparecer em cada obra que assina. Dono de uma técnica hábil e de um trabalho refinado, Daniel Gerhartz é daqueles artistas que nos aprisiona com suas obras, logo na primeira olhada. Diz muito em poucas pinceladas e nos convida a mergulhar num mundo de poesia e beleza.

DANIEL GERHARTZ - Direto da horta
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2

DANIEL GERHARTZ - Nos seus sonhos
Óleo sobre tela 

Nascido em Wisconsin, no ano de 1965, despertou o interesse pelo desenho logo cedo. O primeiro passo para sua aprendizagem técnica se deu na Academia Americana de Arte de Chicago, onde fez questão de afirmar seus estudos dentro da tradição clássica de pintura e desenho, polindo seu aprendizado com as mais diferentes técnicas.

DANIEL GERHARTZ - Com o avô
Óleo sobre tela

DANIEL GERHARTZ - Maravilha
Óleo sobre tela - 101,6 x 152,4

Depois de passar um período com arte publicitária, começou a perseguir seu sonho com mais afinco, visitando vários museus, com o intuito de estudar os trabalhos dos vários mestres que sempre tanto admirou. E procurou fazer isso ao lado de amigos artistas contemporâneos, com os quais sempre dividiu e compartilhou aprendizados e ensinamentos.

DANIEL GERHARTZ - Com o jarro - Óleo sobre tela - Detalhe

DANIEL GERHARTZ - Tresses
Óleo sobre tela - Início de trabalho

Daniel Gerhartz, após longos anos de estudos, acabou aderindo a uma técnica de abordagem direta, com um trabalho quase em alla prima, mas captando tantas nuances com tanta sutileza e precisão, que seus trabalhos remetem a técnicas esmeradas em muitas seções e etapas. A anatomia é estudada com uma rigorosa precisão, não no sentido apenas físico. Ele capta sentimentos em seus personagens, com um domínio absoluto de suas expressões e emoções.

DANIEL GERHARTZ - Todas as novidades - Óleo sobre tela - 101,6 x 152,4

DANIEL GERHARTZ - Um dia com a mãe
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2

É um artista que louva a natureza criada, na forma como o homem se relaciona com o ambiente que o cerca, e com a conexão que existe nesse relacionamento. Suas obras nos transmitem magia, pois são atemporais e nos transportam para mundos idealizados. Cenas onde gostaríamos de estar e de lá não sair. Produtos de sua introspecção de artista, resultados da tranqüilidade e repouso com as quais são criadas.

DANIEL GERHARTZ - Uma brisa morna - Óleo sobre tela - 101,6 x 152,4


Palavras do próprio artista: “Meu objetivo é captar a riqueza de nossa experiência humana, os contrastes entre a vida e morte, o belo e o comum, a tristeza e a alegria, a esperança e o desespero. Quero oferecer, no final, uma mensagem que aponte esperança e nos faça sentir eternos”. 


PARA SABER MAIS:

IMAGENS E PALAVRAS

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Ganhei um livro de poemas, que me foi enviado com muito apreço pelo escritor Naelson Almeida. Daqueles, com direito à dedicatória (sincera), escrita em letra tão bem desenhada, como não via há tempos. Envolvido com as artes como sou, logo me vi ilustrando (mentalmente) suas páginas. Para mim, há uma relação intrínseca entre imagens e palavras. Palavras, tanto ditas quanto escritas, sempre me despertam algumas imagens. Imagens, por conseqüência, trazem todas as palavras inerentes a elas.
Aconteceu de as minhas imagens despertarem algumas palavras ao Naelson e cá estamos nós. Não é por coincidência que sintonizamos as mesmas imagens e palavras. Lá pelos arredores de Catu/BA, a paisagem é muito parecida com a minha, e é por onde anda e vive o Naelson. Segundo o próprio, minhas imagens despertaram sentimentos do convívio dele e esta cumplicidade fica bem nítida em muito do que ele escreve. Sinto já ter pintado algo do que ele descreve, assim como ainda pintarei algumas palavras que o inspirarão no futuro.
Actus Nefandus tornou-se assim, meu livro de cabeceira dos últimos tempos. Já li e reli vários poemas antes que o sono chegasse, e separei 4, entre as muitas preciosidades que por lá estão.

JOSÉ ROSÁRIO - De volta pra casa - Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2010

VESPERTINO

Tarde que passa a sombra, o sol, o açoite,
Tarde afastada da podre contaminação,
Tarde molhada de orvalho pela manhã já longe,
Tarde, somente a tarde onde descansa meu coração.

Tarde, viva ainda em minha sílica mente,
Como viçoso limo no frescor da correnteza,
Dá-me o prazer de tua constante presença,
Ó limitada, ponte, fruto na devesa.

Canção de ninar, dança do campo – não há quem pague!
Uma vontade sagrada, supremacia que me arde,
E por onde adiante eu for, este prazer não esquecerei
Daqui, minha símil matéria será tarde.


JOSÉ ROSÁRIO - Ribeirão Mumbaça, Dionísio
Óleo sobre tela - 40 x 30 - 2013

OBLÍVIO

Prefiro pensar em árvores,
no rio que corre,
na história que inventarei...
A pensar em gente.
Canções magníficas,
frutos deliciosos
e a infindável paz de gado pastando.
A vida nada mais é senão isso:
um trago, um gole, uma pescaria
e um longínquo pensar
onde reles mortais jamais alcançam.
Precisamos reviver,
enlacemos as mãos,
desarmemo-nos.


JOSÉ ROSÁRIO - Beira de lago - Óleo sobre tela - 60 x 100 - 2011 - Detalhe

AINDA CHOVE

Abro a porta,
Olho em volta,
O esquecimento é mesmo tão fugaz,
Emaranhado de seres que se juntam,
Se alimentam e crescem,
Descendem e espreitam,
Irracionalmente amam.

Meu espaço abrange,
A silhueta dos sonhos,
Os dias chuvosos,
Os pássaros, as flores, o vento...

O camarim onde os loucos chovem,
Transborda minha aura,
Alimenta-me
Consome-me,
Busca minha maior indumentária,
Para desfilar de parvo nas avenidas
E me iludir com os aplausos
Que por descuido ouço.
Não é assim mesmo?

Tenho que ir,
Esse momento não mais me merece,
Vou afundar nos reflexos, mistérios,
Esperar-me, revoltar-me, iludir-me...

Ainda chove no camarim dos loucos.

JOSÉ ROSÁRIO 
A fartura da tua mesa tem o tamanho da tua luta
Óleo sobre tela - 65 x 46 - 2005 - Detalhe

UM POEMA

Quero (d)escrever um poema
Com o que vejo diariamente,
Não um poema cotidiano.

Um poema Cometa Halley,
Vacina anti-tetânica,
Um poema com suas inutilidades.

Um poema com letras garrafais,
Mas, um poema normal; não berrante.
Um poema que para usa-lo e senti-lo,
Não seja preciso agitar nem anfetaminas,
Mas, não um poema careta.
Um poema com fast food
E gozo duplo no final.
Um poema banal,
Mas, que sirva para alguma coisa:
Relaxar,
Descontrair,
Rir,
Colorir...

Um poema que não seja bula de remédio,
Mas que também não seja papel higiênico – usado.
Um poema que não seja a bíblia,
Mas, que dê o seu recado.

Um poema apenas.

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O autor também já publicou outros trabalhos em parceria com escritores baianos. Seu livro pode ser adquirido diretamente com ele.


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