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Channel: JOSÉ ROSÁRIO
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ÉMILE MUNIER

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ÉMILE MUNIER - Seu melhor amigo- Óleo sobre tela - 68,6 x 50,8 - 1882

É provável que um dos primeiros grandes embates da história da pintura tenha acontecido na segunda metade do século XIX. Havia uma grande quantidade de movimentos artísticos se manifestando de uma só vez, em diversas regiões da Europa, que era a referência para toda escola artística daquela época. O Naturalismo e o Realismo se mostravam como movimentos já bem consolidados desde o início do século e o Impressionismo já se firmava como a alternativa mais certa para a grande reviravolta modernista que começaria no fim daquele século e entraria consolidado por todo o século XX. Mas, havia ainda um grande grupo resistente, apoiado principalmente pelas monarquias que governavam vários países. Na França, em especial, era o Grande Salão de Artes, financiado pelo governo, que ditava as regras acadêmicas. O Academicismo acabou se consolidando como um estilo oficial do salão e muitos artistas se moldavam a ele, preparando suas obras e se firmando nos conceitos das academias que ensinavam obrigatoriamente esse estilo. Mesclando elementos do Neoclassicismo e Romantismo, o Academicismo tinha como princípio básico uma abordagem realista, mas com uma dose bem generosa de idealismo. Era uma corrente que visava agradar o grande público consumidor que se formava, mas que também não abria mão dos conceitos clássicos da arte. As obras acadêmicas precisavam possuir, além de um caráter estético, um fundo ético e que servisse como um princípio pedagógico, educando o público que tivesse acesso a ela e transformasse a sociedade para melhor. Isso agradava, evidentemente, os governos locais, tendo um apoio irrestrito nos diversos departamentos culturais de cada país.

ÉMILE MUNIER - Um momento especial A lição de tricô
Óleo sobre tela - 114,3 x 83,8 - 1874

Émile Munier se consagrou principalmente nesse período de embates e de reviravoltas. Grande defensor dos ideais acadêmicos e fiel seguidor de William Bouguereau (sua principal inspiração), soube tirar proveito de sua melhor fase de produção e desenvolveu uma temática sólida e um estilo que o traria bons frutos, tanto na Europa, como nos Estados Unidos.

ÉMILE MUNIER - Brincando
Óleo sobre tela

ÉMILE MUNIER - Uma família feliz
 Óleo sobre tela - 67,3 x 55,9 - 1879

Émile Munier nasceu em Paris, a 2 de junho de 1840. Era filho de operários. O pai era estofador e a mãe funcionária de uma fábrica de tecidos. Seus outros dois irmãos, François e Florimond, também se tornaram respeitáveis artistas da cena parisiense. Sob os ensinamentos de Abel Lucas, Munier aprendeu praticamente tudo que viria a formar sua carreira: desenho, pintura, anatomia, perspectiva e também química, pois tinha a intenção de se tornar um ilustrador de estamparias, na área de estofados. Foi também nessa época que conheceria Henriette Lucas, filha de Abel, com quem se casaria logo em seguida.


ÉMILE MUNIER - De castigo- Óleo sobre tela - 94 x 64 - 1879

A década de 1860 foi muito marcante em sua vida. Ao mesmo tempo que se firmava como um reconhecido artista, tendo recebido inclusive três medalhas em participações do Salão de Paris, sua vida pessoal também lhe traria fortes provações. Ele se tornaria pai em 1867, mas perderia sua esposa dez semanas depois, vítima de um reumatismo grave.


ÉMILE MUNIER - Gatinhos - Óleo sobre tela - 45 x 30

A década de 1870 traria novos ânimos para ele, pois é nela que decide viver exclusivamente da produção artística, abandonando o cargo de estofador que o mantinha até então. Também lecionava desenho e pintura e isso parece ter colaborado muito para que sua carreira lhe inspirasse novos rumos. Inspirou mesmo, tanto que em 1872 casa-se novamente, agora com outra artista, Sargines Angrand-Campeon.


ÉMILE MUNIER - Recuperando - Óleo sobre tela - 101,6 x 187,3 - 1894 - Coleção particular

O convívio com William Bouguereau, a partir de 1872, seria fundamental para sua carreira. Não eram só grandes amigos, mas dividiam também as mesmas propostas, e um certamente tenha influenciado o outro, em diversos momentos. Munier já era então um artista de respeito, requisitado por colecionadores e com os trabalhos já alcançando boas cotações. Sua consagração se deu em 1885, quando expõe Três amigos, uma cena muito bem equilibrada mostrando uma garota brincando com seus gatinhos. Ele firma-se então como um dos mais procurados artistas para pinturas de crianças e animais. Esse trabalho foi reproduzido inúmeras vezes, por toda a década, em diversas escolas e por vários artistas.

ÉMILE MUNIER - Três amigos- Óleo sobre tela - 81,3 x 99,7 - 1885


Ele continuou sua carreira produzindo aquilo que mais gostava: cenas de crianças felizes, cenas mitológicas, camponeses em suas rotinas diárias e interiores. Não chegou a ver a virada do século, falecendo em 29 de junho de 1895, aos 55 anos de idade. Também não chegou a ver as mudanças que trariam os tempos futuros, talvez isso tenha sido até um prêmio para quem dedicou sua vida em torno de ideais moldados na arte acadêmica e de toda uma proposta. As mudanças que a arte teria certamente não seria algo com o que gostaria de conviver. Alguns de seus trabalhos ainda são disputados em raras ocasiões de leilões das melhores casas do ramo.


ÈMILE MUNIER - Mensagens de amor- Óleo sobre tela - 81,2 x 60 - 1891


ROSA BONHEUR

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ROSA BONHEUR - Retorno do campo - Óleo sobre tela - 65 x 81 - 1854

ROSA BONHEUR - Arando
Óleo sobre tela - 49,5 x 80,5 - 1854

Que o universo das artes plásticas seja um território predominantemente masculino, não é nenhuma novidade. Mesmo nos tempos atuais, onde a mulher se impôs e conquistou vários postos nunca antes imaginados, a arte tende sempre a projetar o trabalho masculino mais que o feminino, talvez por uma questão de tradição. Agora, imagine uma mulher ter o seu trabalho inserido no mercado do século XIX, e ser bastante respeitada por isso. Foi o que aconteceu com a francesa Rosa Bonheur. Sem dúvida, a pintora mais famosa daquele século.


ROSA BONHEUR - La labourage nivermais, le sombrage 
Óleo sobre tela - 134 x 260 - Museu d'Orsay - 1849

Podemos dizer que o fato de Rosa ter entrado para um mundo restritamente masculino deve-se a seu pai, Oscar-Raymond Bonheur; também artista; e que era adepto de um movimento cristão-socialista, que promovia a educação de homens e mulheres com os mesmos direitos de igualdade. Uma ideia revolucionária para aqueles tempos! A morte prematura de Sophie, mãe de Rosa, também deve ter sido outro fator que colaborou para ela tivesse sido criada em meio aos meninos. Que não eram poucos! Auguste Bonheur, Juliette Bonheur e Isidore Jules Bonheur, irmãos de Rosa, também se tornaram notáveis artistas e escultores, tanto que Francis Galton, primo do famoso cientista Charles Darwin, usou a família como estudo para comprovar que haveria um “gene hereditário” cultural que “facilitava” as coisas entre membros de mesma família.


ROSA BONHEUR - Cabeça de um bezerro
Óleo sobre tela - 46,5 x 55 - 1878

ROSA BONHEUR - Tropeiros espanhóis atravessando os Pireneus
Óleo sobre tela - 116,8 x 200 - 1857

ROSA BONHEUR - Dois cavalos num estábulo
Óleo sobre tela - 63 x 98

Marie-Rosalie Bonheur (mais tarde, Rosa Bonheur), nasceu a 16 de março de 1822, na cidade de Bordeaux. Não teve uma vida muito fácil no início. Já aos seis anos de idade, quando se mudaram para Paris, Rosa se mostrou uma menina rebelde, com dificuldades para familiarizar com letras e números. Coube a sua mãe, a tarefa de despertar na criança o gosto pelo alfabeto, ilustrando cada letra com um respectivo animal, fato que deve ter contribuído para que sua carreira fosse quase que toda dedicada à produção de cenas que tivessem muitos deles.


ROSA BONHEUR - O labor
Óleo sobre tela - 73,7 x 110,5 - 1844

ROSA BONHEUR - O desmame dos bezerros - Óleo sobre tela - 65,1 x 81,3 - 1879

Aos doze anos, a menina Rosa já ajudava o pai em algumas atividades do ateliê. Mesmo que já aceitasse mulheres, a Escola de Belas Artes ainda não era permitida para a sua idade, e por isso ela praticamente aprendeu como todo artista-prodígio daquela época, copiando ilustrações de livros e gravuras e observando modelos em gesso e do natural. Passava horas entre os animais domésticos, tentando capturar seus movimentos e expressões. Muito dedicada, queria saber detalhes das partes de cada animal, tanto que visitava constantemente os matadouros da região, para melhor assimilar e apreender sua anatomia.


ROSA BONHEUR - O retorno da colheita - Óleo sobre tela - 25,2 x 69,8

Rosa tinha gostos bem excêntricos para a época. Vestia-se como homem e tinha o hábito de fumar como eles. Sempre desconversava quando lhe sondavam sobre essas suas estranhas preferências. Dizia que as roupas femininas não eram muito próprias para os currais, onde passava a maior parte de seu tempo. A convivência com Nathalie Micas, desde a infância, também sugeria um relacionamento mais íntimo entre elas. Mais tarde, ela viria a conviver com Anna Klumpke, quem faria sua biografia posteriormente.
Duas obras deixaram Rosa Bonheur com muita fama: Le labourage nivermais, Le sombrage e A Feira de cavalos. A primeira, comissionada pelo governo francês, foi exibida pela primeira vez no Salão de 1848, encontrando-se agora no Museu d’Orsay; e a segunda, exibida pela primeira vez no Salão de 1853, e que agora se encontra no Museu Metropolitano de Nova York. Como sempre, os animais dominam as cenas e atestam como esses tiveram mesmo uma grande importância em sua carreira.


ROSA BONHEUR - A feira dos cavalos
Óleo sobre tela - 244,5 x 506,7 - Entre 1852 e 1855
Museu Metroplitano de Nova York

ROSA BONHEUR - A feira dos cavalos
Aquarela sobre papel - 62,9 x 127,3 - 1867
Estudo para a versão à óleo.

ROSA BONHEUR - Estudos para A feira dos cavalos
Lápis sobre papel

ROSA BONHEUR - Estudos para A feira dos cavalos- Lápis sobre papel

Um fato curioso, já quando a artista havia conquistado fama e prestígio, se deu quando comprou um castelo na aldeia de Thomery, próxima à Barbizon. Lá, criou e conviveu com vários animais exóticos, com os quais sempre se inspirava.


ROSA BONHEUR - Pastora com animais - Óleo sobre tela - 32,4 x 45,7

Rosa Bonheur faleceu a 25 de maio de 1899, em Thomery. Foi um exemplo de enfrentamento e superação para todas as mulheres, em tempos bem mais difíceis que os de hoje.

POR DENTRO DE UMA OBRA - Jean Richard Goubie

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JEAN RICHARD GOUBIE - Jardim da Acimação - Óleo sobre tela - 67,9 x 100,3 - 1882

Localizado na região norte da cidade de Paris, o Bois de Boulogne, também conhecido como Jardim Zoológico de Aclimação, é um dos mais importantes parques da cidade francesa. Ele foi inaugurado em 1860, por Napoleão, e foi concebido com paisagens bem pitorescas pelo Barão Haussmann. Durante a Belle Époque, era um ponto badalado para passeios aos finais de semana. Cavaleiros exibiam seus animais bem cuidados, damas e senhoras com suas crianças se divertiam em muita algazarra. Uma das maiores fontes de prazer da garotada era cavalgar no dorso de elefantes e dromedários, ou serem puxados em charretes por avestruzes ou lhamas. Embora grande parte dos animais ficasse em área reservada, outra parte mantinha um contato bem próximo ao público.




Foi num desses finais de semana bem alegre, que Jean Richard Goubie se inspirou para compor a tela Jardim de Aclimação. Sob o olhar curioso e ansioso de gansos, cisnes e patos, mães e crianças alimentam animadamente os animais. É uma obra que confirma a extrema habilidade que o artista tem para representar pessoas e animais. Cenas como essa, ilustravam catálogos e panfletos que atraíam grande público para esse local. A visita a esses recantos gerava uma grande receita para os cofres da administração local.



A tela foi exibida no Salão de Paris de 1882, com boa receptividade do público visitante. Aluno do conceituado artista Jean-Léon Gérôme, Goubie consolidou sua reputação nas pinturas de cenas equestres ou que quase sempre envolviam animais. Essa composição, particularmente, é bem panorâmica e cria um senso dramático de espaço e movimento. Ele coloca o observador diante de uma trilha sinuosa, que o conduz até a linha do horizonte, permitindo quase sair do espaço. Também utiliza inteligentemente do recurso de manter os coloridos mais intensos somente nas vestimentas, na área central da composição, conduzindo ainda mais o olhar pelo quadro. Todos os elementos da composição parecem absortos e concentrados no que fazem. Somente o avestruz, puxando uma charrete vermelha, com um longo pescoço acima da multidão, parece perceber a presença do observador.

Jean Richard Goubie nasceu em 1842 e faleceu no ano de 1899.

OUTRAS OBRAS DO ARTISTA

JEAN RICHARD GOUBIE - O encontro
Óleo sobre tela

JEAN RICHARD GOUBIE - Soldados conduzindo cavalos sobre uma ponte
Óleo sobre tela - 68,6 x 99,7 - 1880

JEAN RICHARD GOUBIE - Estabelecendo
Óleo sobre tela - 38,1 x 56,5 - 1885

JEAN RICHARD GOUBIE - Olhando para o mar
Óleo sobre tela - 38,8 x 46,3

JEAN RICHARD GOUBIE - Uma parada 
Óleo sobre painel

JEAN RICHARD GOUBIE - Antes da partida
Óleo sobre tela

JEAN RICHARD GOUBIE - Cavaleiros 
Óleo sobre painel

ZDZISLAW BEKSINSKI

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Zdzisław Beksiński - 1974

Se fosse necessária uma única palavra para definir a obra de Beksinski, esta palavra seria: enigmática. Adjetivo que também cabe perfeitamente ao artista e toda sua vida. A primeira impressão que me passa toda sua obra é de algo perturbador, inquietante mesmo. Mas logo, vamos nos familiarizando com suas tormentas e concluindo que são cenas que todos já concebemos, lá no fundo de nossos medos e aflições. Certamente influenciado pelas agruras do pós-guerra, período em que começou a produzir, ele nos expõe com sinceridade, tudo aquilo que mais tememos. É um “fotógrafo de pesadelos”, como ele mesmo se definiu.

Zdzisław Beksiński - 247

 Durante todo o século XX, os holofotes do Surrealismo estiveram concentrados principalmente em Dali e De Chirico e deixaram de dividir a atenção com muitos outros artistas. Merecidamente, aqueles dois artistas trouxeram uma nova visão para o fazer artístico, imprimindo uma liberdade que foi iniciada bem atrás, lá no Renascimento, com as obras de Bosh (um artista fora de seu tempo). Beksinski veio coroar o movimento, tornando-se um dos nomes mais fortes e injustamente um dos menos badalados. Sua obra e tudo que ela representa não têm o alcance que merece.

Zdzisław Beksiński - 137

Nascido na cidade de Sanok, no sul da Polônia, a 24 de fevereiro de 1929, é fácil de compreender porque sua obra é tão aterradora. Todas as imagens do holocausto que perdurou no país durante a Segunda Guerra Mundial, visitaram invariavelmente todos os moradores do país por diversos anos. Beksinski, contemporâneo desse período, sentiu todos os reflexos dele e o imprimiu com todas as usas forças em suas composições.

Zdzisław Beksiński - 33

Ele formou-se em arquitetura, na cidade de Cracóvia, mas retornou para Sanok em 1955. Lá, trabalhava como supervisor de obras, serviço que detestava. A fotografia, a escultura, e mais tarde a pintura, colocaram-no em projeção e o permitiram seguir num novo caminho. Foi no ano de 1964, em Varsóvia, numa exposição individual, que ele teria seu trabalho consagrado. Vendeu todas as obras expostas e entrou definitivamente para o hall da mais importante figura da arte contemporânea polonesa.

Zdzisław Beksiński - 151

Zdzisław Beksiński - 255

Beksinski não teve nenhum treinamento formal para executar suas obras. Foi criando sua linguagem pictórica e seu próprio estilo quase que instintivamente. Também era averso a visitas a museus e exposições. Não aparecia nem para as aberturas de suas próprias. Dizia não se influenciar por nenhum artista de sua época e isso parece ser mesmo verdadeiro, tal é a originalidade de sua proposta. Ele usava principalmente o óleo sobre painéis de chapas de fibra, que preparava pessoalmente. Também usou a acrílica em vários trabalhos.

Zdzisław Beksiński - 1980

Ele dizia que seu trabalho era Barroco ou Gótico da sua maneira. Explorou desde um realismo fantástico ao abstracionismo, passando fortemente pelo Surrealismo, onde se firmou e ficou conhecido. Abominava o silêncio, e por isso sempre pintava ouvindo música clássica. Quando não estava pintando, ouvia rock. O final da década de 1960, que o próprio artista denominou como o início de seu “período fantástico” foi de suma importância para sua carreira. Esse período de importantes produções durou até meados de 1980. Foi nessa época que vieram à tona todas as suas cenas mais perturbadoras, criações pós-apocalípticas que retratavam a morte, figuras esqueléticas, a decadência... Um perfil de todas as fobias. Suas figuras sempre foram muito detalhadas, aumentando ainda mais a inquietação a que se propunham.

Zdzisław Beksiński - 16

Tímido, modesto, era também uma pessoa de boa prosa e agradável, apesar de todo assombro que emitia em seu trabalho. Evitava qualquer evento público e creditou a música como a sua principal fonte inspiradora. Ficava indignado quando tentavam interpretar sua obra. Nem ele mesmo se preocupava em fazer isso. Apenas produzia aquilo que lhe vinha à cabeça e sempre achou que a arte não precisa de explicações. Tanto que se recusou a dar títulos para todas as suas pinturas e desenhos. Um fato inusitado aconteceu em 1977, antes de se mudar para Varsóvia, quando queimou uma grande parte de sua produção, no quintal de sua casa, alegando que ela era muito pessoal e não desejava que outros viessem a vê-la.

Zdzisław Beksiński - 371

Zdzisław Beksiński - 370

No início dos anos de 1990, passou a produzir algo mais simplificado, focando nos fundos e deformando cada mais as suas figuras. Abstraía as formas sempre mais e mais. No final dessa mesma década, teve acesso à arte digital e à internet, concentrando nessa forma de produção até o final de sua carreira.

Zdzisław Beksiński - 1976

Os últimos anos de 1990 não foram muito fáceis para Beksinski. Sua esposa faleceu em 1998 e na véspera do natal de 1999, encontrou seu próprio filho suicidado. Fatos que aumentaram ainda mais a introspecção que já lhe era natural. Em 21 de fevereiro de 2005, Zdzislaw Beksinski foi encontrado morto em seu apartamento em Varsóvia, vitimado com 17 facadas, proferidas por Robert Kupiec, filho de um dos zeladores do prédio onde morava. Dependente de drogas, Kupiec alegou que o artista havia lhe recusado a emprestar o equivalente a cem dólares.

Zdzisław Beksiński - 142


Atualmente, a cidade de Sanok abriga um museu dedicado exclusivamente ao seu artista mais ilustre. Ele se tornou um artista respeitado e valorizado em toda a Europa e Estados Unidos, seus mais importantes mercados.


RAFFAELLO SORBI

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RAFFAELLO SORBI - O almoço dos caçadores - Óleo sobre tela - 59,6 x 99,8 - 1922

Quando a temporada de caça chegava, os dias eram de pura alegria. Saiam todos cedo, bem madrugada, para encontrar as primeiras oportunidades. Os cães na frente, indicando o caminho e apontando os possíveis animais na vizinhança.
Pelo meio do dia, era tempo para uma pausa. Ir até a casa principal e se fartar em uma boa refeição. Abastecer também os ânimos e partir para mais uma caçada. Reuniam todos naqueles dias de verão, todos os anos.








Raffaello Sorbi era um especialista em captar esses momentos efêmeros. Era um artista dono de uma paleta vibrante, de cores "alegres" e bem limpas, qualidades que casavam especialmente com a intenção que tentava captar em suas obras.


RAFFAELLO SORBI - Saltando cavalo - Óleo sobre tela - 41 x 74 - 1887

Raffaello Sorbi nasceu na cidade italiana de Florença em 24 de fevereiro de 1844, e aí faleceu em 19 de dezembro de 1931. Estudou na Academia de arte de Florença, sob a orientação de Antonio Ciseri. Ele mesmo se identificava como um historiador acadêmico, característica que criou desavenças com aqueles que ainda defendiam uma boa pintura com influência neoclássica e romântica.


RAFFAELLO SORBI - Fuga para o Egito - Óleo sobre tela - 21 x 62,5 - 1904

Com o passar dos anos, acabou se dedicando ainda mais a uma temática realista, mesmo que os cenários medievais lhe inspirassem ainda mais para compor. Também pintou paisagens e cenários que tinham uma forte identidade com os artistas do movimento dos Macchiaoli.


RAFFAELLO SORBI - A jovem esposa do fazendeiro - Óleo sobre tela - 8 x 10,75 pol - 1927


A carreira de Raffaello Sorbi ganhou um grande impulso quando fez uma parceria com o marchand Eugene Goupil, com quem assinou, em 1882, um acordo de exclusividade por um período de sete anos, ganhando o equivalente a 1000 francos por mês. Se no início não lhe parecia compensador, ao final do contrato já nem precisava mais dos serviços de Goupil. A influência de Goupil em vários ambientes aristocráticos, logo projetaram Sorbi como um solicitado e virtuoso artista para a pintura de figuras e cenas de gênero. Logo se viu com ótima aceitação nos mercados alemães e ingleses.


RAFFAELLO SORBI - O jogo de Ruzzola - Óleo sobre tela - 29,5 x 56 - 1880

RAFFAELLO SORBI - Procissão de páscoa - Óleo sobre tela - 67,5 x 111.5 - 1898

Em 1892, enriqueceu sua carreira tornando-se docente da Academia de Belas Artes de Florença.


RAFFAELLO SORBI - A partida para mais um dia de caça - Óleo sobre tela

Sempre procurou colocar em suas composições, uma exatidão no desenho das construções, bem como extrema naturalidade e fidelidade para o desenho da anatomia, recriando cenas da Roma Imperial ou ambientes medievais na Renascença de Florença. Assim também se comportou quando aderiu à temática simples da vida toscana, recriando cenas de bares, de caças e jogos.


RAFFAELLO SORBI - Caçadores com cães - Óleo sobre tela - 20 x 22 - 1885

Sua fama culminou quando foi prestigiado com o título de Commendatore del Regno, a mais alta distinção italiana para aquela época.


RAFFAELLO SORBI - Os jogadores de xadrez - Óleo sobre tela

Atualmente, é um artista cujos trabalhos; bem raros; são muito disputados por diversos colecionadores.

O ENIGMA VAZIO

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Quero salientar, de antemão, que o título dessa matéria não pertence a mim. Peguei emprestado de um ensaio literário escrito por Affonso Romano de Sant’anna, e é justamente sobre esse ensaio, o desenvolvimento do texto que se desenrolará a seguir.

 MARCEL DUCHAMP - O grande vidro

Marcel Duchamp, artista francês, afirmou no auge de sua carreira, que qualquer um pode ser artista e que qualquer coisa pode ser uma obra de arte. Para ele, o que importava não era a obra em si, mas o conceito que ela representava. Infelizmente, afirmativas como essa, que inicialmente podem parecer bastante democráticas, são mentiras que acabaram se transformando em dogmas, e foram se impondo pelo século XX como verdades inquestionáveis. Duchamp inaugurou o movimento que se intitulou de Arte Conceitual, que é o pilar de tudo que há de contemporâneo hoje em dia.
Bom, precisei de começar assim o texto, pois é aqui que entra o ensaio de Affonso Romano, que diga-se de passagem, é um dos ensaios mais lúcidos e corajosos que já vi nos últimos tempos. É preciso ter, acima de tudo, um embasamento teórico e técnico bem sedimentado para debater de frente com os teóricos e críticos promotores da arte atual. Pois bem, como diz Affonso Romano, “já que arte do século XX pretende ser uma questão conceitual, então vamos analisar tecnicamente essa questão do conceito”. É onde percebemos claramente que grande parte do que está por aí, se afirmando como os mais dignos representantes da arte do momento, não passam de pura especulação. De pessoas oportunistas, que se armaram eficientemente com o dom da retórica e do discurso, e que alienam e manipulam aqueles que infelizmente não podem ou não tem o direito de argumentação. Como diz o próprio Affonso Romano, “não se pode estudar a questão da arte, sem estudar filosofia e retórica, sobretudo à partir do século XX”.
Por essas e outras, que os amantes da verdadeira arte, sobretudo com referências da arte clássica e acadêmica, se isolam e se calam. É que, afirmar hoje, ser solidário ao que é clássico e tradicional é um grande risco, pois pode parecer algo conservador e fora de moda. Todos sabemos que isso é uma artimanha do sistema que se implantou, um artifício usado por aqueles que querem monopolizar e manipular o cenário da arte. Ficou-se a sensação de que tudo que tem referência ao antigo é ultrapassado e tudo que é moderno e contemporâneo precisa ser amado incondicionalmente. Já vi pessoas extasiadas diante de um tijolo quebrado, exposto em um desses megaeventos de bienais. Não extraem nenhuma informação concreta dali, mas por medo de parecerem fora de moda, fingem entender e se extasiar com o que não podem decifrar.

 WILLIAM BOUGUEREAU - As laranjas - Óleo sobre tela - 117 x 90 - 1865
Bouguereau foi um dos grandes defensores da arte clássica, quando essa
começou a sofrer as ameaças dos primeiros movimentos dito "modernistas".

Analisar a arte desse tempo é essencial para desenvolvermos um raciocínio lógico para onde pretendemos chegar. Também é bom frisar, que a liberdade foi e sempre será o objetivo maior, perseguido por todo artista. Mas, liberdade pode ser uma arma perigosa, com ela construímos ou destruímos algo. Antes de mais nada, é necessário que nos livremos dos conceitos errôneos que foram implantados no século XX, se é que almejamos entrar em uma nova era da arte.
Deixo, a seguir, uma palestra ministrada por Affonso Romano de Sant’anna, no período de lançamento do livro “O Enigma Vazio”. A palestra pertenceu ao programa “Sempre um papo”, e foi gravada no dia 30 de outubro de 2008, na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte. Aviso com antecedência, que é um pouco longa, cerca de 1h e 12 min. Mesmo que não consiga vê-la na íntegra, de uma única vez, esforce-se para que o faça pelos menos em 3 ou 4 partes. É uma palestra perfeita para educadores de diversas áreas, desde a Filosofia até a Literatura, e também para todos os leigos (assim como eu) que se esforçam para não seguirem apenas como massa de manobra. É muito bom saber que não se está sozinho nessa caminhada, e que o horizonte acena com uma luz em seu final.

*Agradecimento especial a Nil Roque, pela indicação da matéria.

ALFREDO VIEIRA

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 ALFREDO VIEIRA - Frescor - Óleo sobre tela

Muito bom, encontrar por esses dias, mesmo que ainda virtualmente, com o artista mineiro Alfredo Vieira. Ele é um representante contemporâneo do novo realismo mineiro, explorando a velha temática paisagística que fez escola por aqui, mas com um frescor e técnicas inusitadas. Adepto também do Hiperrealismo, uma tendência muito comum aos artistas realistas contemporâneos mais virtuosos.

 ALFREDO VIEIRA - Fazendinha - Óleo sobre tela

Nascido em Belo Horizonte, no ano de 1969, é filho de um outro artista, Afrânio, que foi um dos fundadores da antiga Feira Hippie, naqueles saudosos tempos onde funcionava ainda na Praça da Liberdade, e tinha um glamour que perdeu há tempos. Afrânio ficou conhecido por retratar casarios, uma identidade própria da temática mineira.

 ALFREDO VIEIRA - Ladeira - Óleo sobre tela

Alfredo Vieira também começou a expor na feira, bem cedo aliás, quando tinha apenas 10 anos. Expôs por lá em longos 32 anos e se firmou como um pintor de cenas mineiras, conquistando um público cativo não só no estado, mas de outras regiões do país. Após um estágio com um antigo professor da Guinard, Pedro Augusto, no ano de 2000, Alfredo monta seu próprio curso, priorizando bastante o desenho e aprimorando, juntamente com seus alunos, experimentos em novas técnicas e efeitos.

 ALFREDO VIEIRA - Gemas - Óleo sobre tela

Em 2002, a convite de uma aluna italiana, fica um período de 6 meses naquele país. Uma exposição hiperrealista bem sucedida lhe abre as portas para poder explorar ainda mais o país. Viaja pelo norte da Itália, sempre pintando ao vivo em praças e feiras. Um curso em Florença só veio realçar ainda mais a sua veia hiperrealista, tendência que nunca pretende deixar de explorar.

 ALFREDO VIEIRA - O Vendedor - Óleo sobre tela

Depois dessa temporada, retorna ao Brasil e se dedica principalmente aos cursos de desenho e pintura, suas principais atividades até hoje. Considera-se um pintor hiperrealista por excelência, gosta dos mínimos detalhes, captados com precisão e muita paciência. Não foi de frequentar escolas, muito do que aprendeu veio de leituras e muitas pesquisas, experimentadas em horas a fio, no refúgio de seu ateliê.

 ALFREDO VIEIRA - Marinha - Óleo sobre tela

Marinha, detalhe

Alfredo é metódico, tem toda uma trilha planejada para sua carreira, com planos bem audaciosos para o futuro, onde pretende explorar o hiperrealismo numa esfera que ainda não faz com tanta predominância. Ele se diz completamente apaixonado pelo que faz, não se cansa de passar no mínimo 10 horas por dia em seu ateliê, produzindo tudo aquilo que lhe fascina. Curte tudo, desde a preparação da tela, do tema, dos esboços, a primeira mancha, a pintura propriamente dita, veladuras, luzes finais... Faz tudo isso com muita entrega.

 ALFREDO VIEIRA - Solitude - Óleo sobre tela

Mestres como referência, considera muitos: Vermeer (seu preferido), Caravaggio, Bouguereau, Van Gogh, Richard Estes, Ralph Goings, Royo, Volegov e mais recentemente a artista Alissa Monks.
É por gratas surpresas como esta, que a arte realista sempre irá se reciclar e apresentar ao mundo novos nomes. Ainda que as temáticas se repitam, haverá sempre uma nova linguagem para falar do mundo de hoje.

PARA SABER MAIS:


PEDER MORK MONSTED

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PEDER MORK MONSTED - Floresta Saeby - Óleo sobre tela - 80 x 120 - 1916

PEDER MORK MONSTED - Paisagem
Óleo sobre tela - 52,5 x 38,5 - 1929
Em leilão na Bukowskis

O anúncio recente de novas obras do dinamarquês Peder Mork Monsted presentes em algumas famosas casas de leilões da Europa, trouxeram à cena mais uma vez esse que se tornou um dos mais respeitados paisagistas do final do século XIX. Dono de um colorido refinado e composições sempre inusitadas, Monsted aliou o naturalismo, realismo, romantismo e impressionismo, criando um estilo próprio e inconfundível.

PEDER MORK MONSTED - Paisagem de primavera no Saeby
Óleo sobre tela - 70 x 100 - 1912
Em leilão na Sothebys

PEDER MORK MONSTED - Estudo de paisagem
Óleo sobre tela - 32 x 26 - 1904
Em leilão na Bukowskis

PEDER MORK MONSTED - Crepúsculo
Óleo sobre tela - 57 x 88
Em leilão na Bukowskis


Apenas dois anos de estudos, na Academia de Copenhague, foram suficientes para que o artista adquirisse recursos técnicos para desenvolver a base de toda sua carreira. Teve a sorte de ter como mestres Christen Kobke, um excelente colorista que muito influenciou sua paleta, e Pieter Christian Skorgaard, outro excelente artista de temática bem nacionalista, que tinha como hábito valorizar as paisagens das florestas locais. Estava mais que formada a essência de sua carreira. Monsted sabia, como ninguém, extrair o que havia de mais virtuoso em todas as técnicas que tão bem aprendeu.

OUTROS TRABALHOS DE PEDER MORK MONSTED:

PEDER MORK MONSTED - Riacho ao norte de Copenhague
Óleo sobre tela - 69 x 117

PEDER MORK MONSTED - Piquenique na floresta
Óleo sobre tela

PEDER MORK MONSTED - Primavera idílica - Óleo sobre tela - 1916

PEDER MORK MONSTED - Torre del Grecco - Óleo sobre tela - 40 x 61 - 1925

PEDER MORK MONSTED - Paisagem de primavera com anêmonas e riacho
Óleo sobre tela - 78 x 120 - 1909

PEDER MORK MONSTED - Paisagem com rio - Óleo sobre tela - 53,3 x 84,4 - 1903

PEDER MORK MONSTED - Primavera na Floresta Saeby
Óleo sobre tela - 1213 x 80

PEDER MORK MONSTED - Floresta Charlottendun - Óleo sobre tela - 69,8 x 99,1 - 1908

PEDER MORK MONSTED - Uma estrada na aldeia - Óleo sobre tela - 40 x 61 - 1927

PEDER MORK MONSTED - Córrego e rochas - Óleo sobre tela

VEJA TAMBÉM A PRIMEIRA MATÉRIA COM ESSE ARTISTA:


SALÃO DE BELAS ARTES DE PIRACICABA

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Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, Piracicaba/SP.

Começa hoje, à partir das 20 horas, o Salão de Belas Artes de Piracicaba, na Pinacoteca Municipal Miguel Dutra. É uma promoção da SEMAC (Secretaria Municipal de Ação Cultural) e chega nesse ano à sua 61ª edição. O evento desse ano ocupará ainda mais três espaços na cidade: o Armazém 14A "Eugênio Nardin" do Engenho Central, o Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes e o Centro Cultural Martha Watts.
“Tanto no Museu Prudente de Moraes como no Centro Martha Watts e no Engenho Central, as exposições não serão paralelas e sim incorporadas ao salão, que se faz necessário devido ao objetivo de darmos mais espaço para as obras, além de, com isso, podermos atingir um público maior”, explica o diretor da Pinacoteca, Eduardo Borges de Araújo.


Criado em 1953, por Archimedes Dutra, o Salão de Belas Artes de Piracicaba é uma prova da maturidade e persistência de uma população que acredita na Arte como promoção humana, exemplo que deveria ser seguido por muitas outras cidades Brasil afora. É certo que não aconteça; em nenhum outro lugar do Brasil; um evento feito de maneira ininterrupta e durante tanto tempo. O Salão de Belas Artes de Piracicaba já é considerado um patrimônio da cidade.
A programação deste ano inclui ainda uma atividade em 27 de julho, sábado, dia seguinte à abertura oficial. Às 10h o Armazém 14A do Engenho Central receberá “Pintura ao Ar Livre”, evento que contará com a participação de grupo de artistas de Piracicaba, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.


Foram selecionadas para o 61ª SBA, 122 obras, compostas por 59 artistas, o que representa um aumento com relação aos números de 2012, que contou com 96 trabalhos compostos por 51 artistas. No total, foram inscritas 475 obras produzidas por 149 artistas. A edição de 2013 do Salão de Belas Artes terá trabalhos de artistas oriundos de 51 cidades e oito estados.
Serão premiados 26 artistas com 38 obras, sendo 21 pinturas, 08 esculturas, 06 aquarelas, 02 pastel seco e 01 desenho.


A Comissão Organizadora é formada por Tarciso de Barros Lorena (Presidente), Renata M. Ghirotto Nunes, Zelinda Jordão, Miguel Angelo Sanches e Eduardo Borges de Araujo. A Comissão de Seleção e Premiação foi composta por Ademar Costa Simões, Athayde Lopes, Carmelo Gentil Filho, José Claudio De Lascio Canato e Paulo Fernando Campinho de Carvalho.


DOUGLAS OKADA - Raquel(detalhe) - Óleo sobre tela - 70 x 50
Medalha de Ouro

 Seguem as programações do evento:

LXI Salão de Belas Artes - Piracicaba 2013

SOLENIDADE DE ABERTURA E PREMIAÇÃO
Dia: 26 de julho de 2013, sexta-feira
Horário: 20h
Local: Pinacoteca Municipal “Miguel Dutra”
Rua Moraes Barros 233 – Centro
Fone: (19) 3433-4930

PINTURA AO AR LIVRE
Dia: 27 de julho de 2013, sábado
Horário: 10h
Local: Espaço Cultural “Eugenio Nardin”
Armazém 14A – Engenho Central
Participação de grupo de artistas de Piracicaba,
Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

EXPOSIÇÕES:

PINACOTECA MUNICIPAL “MIGUEL DUTRA”
Abertura: 26 de julho de 2013, sexta-feira, às 20h
Visitação: de 27 de julho a 25 de agosto de 2013
Horário de visitação:
de segunda a sexta-feira das 8h às 17h,
sábados, domingos e feriados das 14h às 18h

MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO “PRUDENTE DE MORAES”
Rua Santo Antonio, 641 – Centro – Fone (19) 3422-3069
Visitação: de 1 de agosto a 1 de setembro de 2013
Horário de visitação:
de terça-feira à domingo, das 9h às 17h

CENTRO CULTURAL “MARTHA WATTS”
Rua Boa Morte, 1257 – Fone (19) 3124-1889
Visitação: de 2 a 30 de agosto de 2013
Horário de visitação:
de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

ESPAÇO CULTURAL “EUGÊNIO NARDIN” - ARMAZÉM 14A
Avenida Maurice Allain, 454 – Engenho Central
Fone (19) 3403-2600
Abertura: 27 de julho de 2013, sábado, às 10h
Visitação: de 28 de julho a 18 de agosto de 2013
Horário de visitação: diariamente, das 10h às 17h



VINÍCIUS SILVA - Inverno na Corredeira da Trindade - Óleo sobre tela - 80 x 120
Prêmio Aquisitivo Câmara dos Vereadores de Piracicaba

FORAM PREMIADOS OS SEGUINTES TRABALHOS:

PRÊMIO AQUISITIVO PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRACICABA
. Paulo Antônio Tosta – Lívia e a canção de ninar japonesa – Óleo sobre tela – 100 x 100
. Hélio Satio Yamasaki – Infinito – Óleo sobre tela – 40 x 50
. Clóvis Péscio – Posando para a foto – Óleo sobre tela – 50 x 70
. Willy Mário Munch – Jávolto/Guarda chuva – Escultura
. Marcos Rogério Sabadin – Descanso (Passado, presente e futuro) – Óleo sobre tela – 90 x 120

PRÊMIO AQUISITIVO CÂMARA DE VEREADORES DE PIRACICABA
. Vinícius Silva – Inverno na Corredeira da Trindade – Óleo sobre tela – 80 x 120
. Júlio Eduardo Svartman Morando – Caminho da fazenda – Óleo sobre tela – 50 x 70

PRÊMIO AQUISITIVO ACIPI
. João Pedro da Costa – Rio Piracicaba – Acrílica sobre tela – 70 x 200

CATEGORIA PINTURA

MEDALHA DE OURO
Douglas Okada
Raquel – Óleo sobre tela – 70 x 50
Breve descanso – Óleo sobre tela – 60 x 80

MEDALHA DE PRATA
Rodrigo Zaniboni
A pelada – Óleo sobre tela – 110 x 170
Taís – Óleo sobre tela – 70 x 50

MEDALHA DE BRONZE
José Augusto de Souza Rodrigues
Vista do Castelo de São Jorge, Lisboa – Óleo sobre tela – 60 x 100
Estação do Méier – Óleo sobre tela – 70 x 50

Juarez Venâncio de Melo
Montanhas de Ouro Preto – Óleo sobre tela – 65 x 150
Rio Piracicaba – Óleo sobre tela – 51 x 190
Chuva no campo – Óleo sobre tela – 120 x 175

MEDALHA EUGÊNIO LUIZ LOSSO
Rocco Caputo – Mulher com lenhas – Óleo sobre tela – 100 x 120

MENÇÃO HONROSA
Elisa Takinaga – Reflexos de outono – Óleo sobre tela – 80 x 100
José Asquith Sanchez – Jantar de amigos – Óleo sobre tela – 65 x 50
Álvaro Jará – Pedreiro – Óleo sobre tela – 70 x 90

CATEGORIA DESENHO

MEDALHA DE OURO
Bruno César Monteiro Carlos
A garota de vermelho – Pastel seco – 50 x 65
Luís – Pastel seco – 50 x 65

MEDALHA DE PRATA
Alexandre Eschenbach – Fluxo – 43 x 72

CATEGORIA ESCULTURA

MEDALHA DE OURO
Marco Aurélio Rabello Guimarães – Compressão – Mármore preto belga – 19 x 12 x 27

MEDALHA DE PRATA
José Carlos Vasconcelos
Cavalo Lusitano – Aço inox – 73 x 68 x 20
Cavalo árabe – Aço inox – 49 x 58 – 12

MEDALHA DE BRONZE
Sônia Maria de Stefano Piedade – O mestre Archimedes Dutra – Resina com pó de mármore – 11 x 28 x 17

MENÇÃO HONROSA
. Antônio Lázaro Andriolli – Fascínio da liberdade no mar – Madeira – 58 x 17 x 14
. Celuta Louro Wagner dos Santos – Sophia – Bronze – 90 x 90 x 30
. Rogério Ratão
Otávio – Bronze – 28 x 26 x 16
Eugênia – Bronze – 27,5 x 22,5 x 15,5

CATEGORIA AQUARELA

MENÇÃO HONRORA
. Elisabeth Laky Gatti
Maria fumaça – 33 x 44
Locomotiva – 32 x 36
. Márcia Aparecida Baldon de Agostini
Cavalo branco 1 – 18 x 26
Cavalo branco 2 – 16 x 26
. João Carlos Aggio
Tanquilidade – 24 x 34
Caminho – 24 x 34

RODRIGO ZANIBONI - Pelada - Óleo sobre tela - 70 x 110
Medalha de Prata

RUBENS VARGAS

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RUBENS VARGAS - Rio Pará / MG
Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Casario 
Óleo sobre tela - 70 x 90

RUBENS VARGAS - Ouro Preto
Óleo sobre tela -  72 x 60 - 1995

Minha admiração pelo paisagismo cresceu no início da década de 90, quando comecei a conhecer mais acuradamente os trabalhos de vários artistas mineiros. Evidente que Edgar Walter encabeçasse uma lista que seguia com todos os seus discípulos. Não era uma época de facilidades para obter informações como hoje, onde bastam alguns toques no teclado e é possível estar em contato com vários artistas em várias partes do mundo. Conhecer pessoalmente algum artista era uma atividade quase desumana, ainda mais em se tratando que sempre vivi longe dos grandes centros. Ter acesso a imagens de trabalhos de outros artistas só era possível através de visitas a museus e galerias, ou adquirindo raros livros, onde os de melhor qualidade quase sempre eram importados e com valores bem elevados. Os tempos mudaram e hoje felizmente é possível conhecer uma boa parte do mundo, mesmo estando no conforto de nossas casas.

RUBENS VARGAS - Burrinho - Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Beira de rio -óleo sobre tela - 60 x 90

Eu me lembro de ter conhecido os trabalhos do Rubens Vargas ainda naquela época. Via algumas pouquíssimas obras suas através de leilões virtuais e quando possível, através de algum catálogo de exposição. Sempre associei sua trajetória e suas obras ao grupo de discípulos de Edgar Walter, pois sempre o vi próximo aos seguidores daquele mestre. Apenas recentemente pude fazer contato mais direto com o artista.

RUBENS VARGAS - Galinhas - Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Paiol
Óleo sobre tela

Rubens Vargas nasceu na cidade mineira de Curvelo, no ano de 1948 e reside atualmente em Belo Horizonte. Um artista com temática voltada quase que exclusivamente para a pintura regionalista mineira, com exceção das marinhas que executa ocasionalmente. Sua pintura tem uma paleta característica, quase sempre suave e com contornos bem esmaecidos, com uma sensação constante de bruma no ar. As cores também são bem próprias e com contrastes sempre bem dosados.

RUBENS VARGAS - Córrego
Óleo sobre tela - 30 x 40

RUBENS VARGAS - Fundo de fazenda
Óleo sobre tela - 40 x 60

É um artista que presa pela simplicidade da execução e faz isso com muita propriedade, explorando temas aparentemente comuns, mas resgatando deles sempre um toque de nobreza.
O artista continua produzindo seus trabalhos voltados para a temática que sempre explorou.

RUBENS VARGAS - Litoral
Óleo sobre tela - 60 x 90

RUBENS VARGAS - Paisagem
Óleo sobre tela - 47 x 63

PARA SABER MAIS:


ARTE EM ANGOLA E AS TRILHAS PARA A ARTE MODERNA

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Quero ressaltar logo de início que essa matéria não teria sido composta sem a ajuda inestimável de Urânia Dias, uma angolana que nasceu em Lubango, mas que atualmente reside na cidade portuguesa de Sesimbra. Urânia foi me apresentando alguns artistas angolanos e me direcionando para alguns sites específicos da cultura daquele povo, bem como colaborando com o envio de algumas imagens. Foi através dela que cheguei a Adriano Mixingue, cuja publicação na página do Consulado de Angola também foi de extrema valia. Muito ajudaram também as lembranças da visita que fiz ao Museu do Homem, em Paris, no ano de 1995. Impossível ter saído indiferente de lá e acredito que os mesmos sentimentos em mim despertados naquele lugar, também foram compartilhados por todos os artistas do início do século XX, que se inspiraram nos objetos daquelas coleções, para conceberem a revolucionária mudança que nos viria permitir a Arte Moderna, ainda antes de esses objetos estarem reunidos naquele espaço. Nos tempos atuais, as peças que eu havia visto no Museu do Homem, foram agrupadas às outras vindas do Museu Nacional das Artes da África e Oceania, formando o Musée Quai-Branly, organizado e criado no mandato do presidente Jacques Chirac exatamente naquele ano, em 1995. Poderia ter escolhido várias outras manifestações culturais africanas para tema principal dessa matéria, mas Angola tem uma afinidade bem especial para mim: a língua herdada de nossos colonizadores portugueses, que acabou nos tornando, por assim dizer, meio cúmplices na caminhada de nossas histórias.

Figura masculina em madeira. Costa ocidental africana.

Se hoje falamos claramente sobre os objetos produzidos por todos os povos africanos como “obras de arte”, o mesmo não se podia dizer há cerca de 120 anos, quando esses objetos foram considerados pela primeira vez como material artístico. Evidentemente que a Arte, tanto como conceito como instituição é um produto do mundo ocidental, particularmente europeu. Eram os europeus então, quem determinavam, até o início do século XX, o que poderia ser enquadrado dentro do termo “Arte”, principalmente se fosse uma produção externa ao continente europeu. Foi em 1915, que os primeiros objetos angolanos receberam a atribuição de “Arte” dada pelos europeus, como nos conta Carl Einstein, no livro A Escultura Negra e Outros Escritos. Entre elas, estavam principalmente as peças de origem Bakongo e Cokwé. As primeiras vanguardas artísticas do século XX viram e se encantaram com a grande quantidade de objetos que chegavam de todas as colônias da África e Oceania. Na linha de frente dessa vanguarda estavam nomes como Pablo Picasso, Fernand Leger, André Derain, Charles Braque e Henri Matisse.

Máscara facial da costa ocidental africana.

Praticamente todas as coleções de arte primitiva africana foram saqueadas durante as expedições de países europeus, feitas principalmente nos séculos XVIII, XIX e até algumas décadas do século XX. Se por um lado evidenciam um ultraje ao patrimônio cultural daquelas nações, por outro trouxeram para o conhecimento do resto do mundo, uma arte que viria revolucionar e alterar definitivamente o fazer artístico dos novos tempos. A grande ruptura da arte acadêmica que se realizava em quase todo o continente europeu para uma arte dita hoje como “moderna”, só teve maior êxito com as muitas experiências expressivas realizadas pela vanguarda citada anteriormente, principalmente por Pablo Picasso. Em “As donzelas de Avignon”, por exemplo, é marcante a influência da arte estatuária africana nas fisionomias das banhistas representadas na cena. A simplicidade das linhas e a expressividade que emanavam tais peças oriundas de território africano foram um fator determinante para os experimentos que se estenderiam a muitas vertentes da Arte Moderna (com todas as suas variantes). Não é exagero afirmar, então, que a arte africana primitiva abriu os caminhos para uma nova arte que se irrompeu por todo o século XX. Todas as peças que foram levadas para a Europa, vindas de Gana, Gabão, Angola, Sudão, Zâmbia e todas as outras regiões africanas influentes naquele período, carregavam consigo um estímulo para uma nova visão artística, mais simplificada e objetiva.

Certamente, essa máscara Babangue, originária do Congo,
tenha influenciado enormemente Pablo Picasso na composição de
As Donzelas de Avignon, abaixo.

PABLO PICASSO - As donzelas de Avignon
Óleo sobre tela - 243 x 233
Museu de Arte Moderna, Nova York.


A Arte Primitiva Africana é basicamente estatuária ou composta de objetos (máscaras, potes, armas, adornos, colares...). Há nos povos africanos, de uma maneira geral, a necessidade de uma arte mais tátil, palpável no sentido mais amplo da palavra. Parece uma unanimidade de todo o continente, a necessidade intensa de volumes, que constituem massas quase agressivas. Essas obras incorporam uma intensa energia, que parece avançar para cima de quem as observa. Todos os artistas africanos, mesmo os mais remotos, já tinham uma habilidade nata no domínio da tridimensionalidade, passando da escultura propriamente dita para o entalhe, tanto em baixo quanto em alto relevo. E faziam e fazem isso com a maior facilidade. Mas é Valdomiro Santana Júnior, quem nos empresta uma bela definição para a Arte Africana: “Se desejarmos compreender a expressão artística africana, precisamos nos reputar as reflexões da alma humana em sua busca pela essência das coisas, tão "subliminarmente" contidas na simplicidade destas, seja, um pedaço de madeira, pedra, marfim, metal, etc. Objetos feitos de materiais naturais embutidos de valores arquetípicos que velam o seu simbolismo. Apenas um olhar e a audição puros, não serão suficientes para extrair-lhes os significados implícitos nas obras Africanos. São obras que estimulam a imaginação e nos remetem à leitura de outros universos, uma linguagem primordial inerente à natureza que expressa o elo de comunicação com o infinito. Elas nos introduzem a reflexão e se nos despirmos das sofisticações do nosso tempo poderemos mergulhar num instante imemoriável, pois nos impõe seu caráter postulante e empírico implícitos na excitação exterior de suas formas.

NEVES E SOUZA - Cena antiga de Angola - Hotel Turismo no Lobito

O virtual é como o corpo, um elemento intermediário entre a essência de sua significação e sua representação física na forma. O elemento virtual, a imagem, representa esse conteúdo essencial e cumpre muito mais com o que se espera abstrair, por exemplo, num trabalho artístico. A arte espontânea que brota na simplicidade desse povo, em suas várias concepções, vela o aspecto que nos intriga inconscientemente, enquanto buscamos abstrair a essência, nos restam apenas a intelecção e beleza. 
Obras cuja natureza evocam uma metafísica, suscitando atender a parte mais ínfima, orgânica e complexa da psique que lhes representam "bens de ordem moral, política e cultural". Uma clara expressão de respeito aos valores naturais e ambientais, concebidos como "bens da alma", emergem da terra - Mãe África.”

Bantu Tabasisa e Tandu, artistas primitivistas angolanos, em exposição em São Paulo.

A divisão política atual do continente africano nem sempre insere dentro de cada país apenas as manifestações culturais daquele país. São divisões que não respeitam as abrangências culturais de cada cultura, muitas delas criadas em meados do século XX. Sendo assim, as mesmas atividades culturais de um povo podem ser praticadas em territórios políticos diferentes. Em todas as culturas africanas, a arte é sempre exercida por uma influência muito forte de apelos religiosos, sociais e políticos. Os objetos tem então essa função de estabilidade, ordem e segurança. Não é diferente na arte de Angola.
Dezoito províncias formam a República de Angola. Como ocupam regiões bem distintas, cada uma delas possui suas particularidades, mesmo que não tão relevantes, mas fazendo com que cada grupo etno-linguístico do país tenha a sua própria expressão artística. A arte angolana utiliza como principais materiais a madeira, bronze, marfim, malachite e vários tipos de cerâmica.

Exposição de arte angolana na Hungria.

O texto seguinte é de Adriano Mixingue e faz compreender muito bem o significado que possui o aspecto religioso na arte africana: “Na busca pelo divino, o ser humano precisa lidar ao mesmo tempo com o mundo real. Em decorrência da conscientização, influi no comportamento no que se pressupõem existir entre o plano visível e o plano espiritual. O africano, geralmente acredita que Deus não opera sozinho, pois estaria ocupado demais para fazê-lo, e compreendem que as entidades nas quais acreditam trabalham para Deus, e que se lutarem contra essa manifestação espiritual não seriam dignos da proteção ou respeito dos espíritos que os chamam, pois estariam lidando com forças que desconhecem. Eles se deixam penetrar pelos espíritos na busca por uma segurança maior, alguma garantia de sustentação de sua saúde, de seu caminho de vida, de seus valores materiais, morais, políticos e emocionais, e reagem ao "chamado espiritual" numa mescla de respeito e medo às ameaças inerentes na vida. Ora, independente de primordialidade e contemporaneidade, tais aspirações são suscitadas pelos seres humanos de qualquer lugar do planeta. Uma postura primordial, encerrada na psique do homem em tudo que possa representar o desconhecido, observado em todas as culturas em sua história original.” Só assim é possível entender o grande apelo à produção artística de estátuas, pois elas parecem ligar ao poder de um outro mundo. O aspecto negativo de uma globalização excessiva dessa arte estatuária importante do país, é que a produção começou a ter uma “escala industrial”, pronta para atender ao turista de todas as partes do mundo, ávido por um pouco daquela produção artística do país. Muitas obras já não possuem a ligação cultural que tinham no passado. Certamente, a arte angolana mais famosa é o “Pensador de Cokwe”, uma obra com simetria perfeita e grande harmonia.

O Pensador de Cokwe, importante manifestação
da escultura angolana.

Há três períodos muito distintos da arte em Angola: O primeiro deles nos remete a pesquisas arqueológicas, revelando obras rupestres, principalmente de grutas. O segundo, de caráter mais nacionalista, se deu logo após a independência do país, ocorrida em 1975. Foi nesse período que formou um grande número de artistas plásticos. O período contemporâneo, marcado principalmente por uma era de paz no país, após longos conflitos internos, é também um período onde os artistas voltam novamente os olhos para as origens artísticas do país, reinterpretando antigos temas e trazendo todos eles para seus experimentos atuais.  Não é exagero afirmar que Angola assume hoje, um dos postos de destaque da arte contemporânea africana, com vários artistas conhecidos em diversas partes do mundo. É importante afirmar que nesses três períodos, a arte do país sempre manteve uma unidade em sua linguagem.
Veja alguns dos mais influentes artistas da atualidade:

ANTONIO OLE - Páginas ocultas, os órgãos roubados
Mista

ANTONIO OLE - Townshipwall no 611
Mista - 500 x 600

ANTÓNIO FELICIANO KIDÁ - Tambores

Antônio Tomás Ana - Etona em início de escultura

ANTONIO TOMÁS ANA ETONA - Nicodemos
Escultura

FABRÍCIO DOM - A pensadora
Acrílica sobre tela

ÁLVARO CARDOSO - Perfil
Mista

VICTOR TEIXEIRA (VITEIX) - Sem título
Mista sobre tela

ESCOLA DE DÜSSELDORF DE PINTURA

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ANDREAS ACHENBACH - Por de sol depois de uma tempestade, numa costa da Sicília
Óleo sobre tela - 83,2 x 107,3

ALEXANDRE CALAME - O Jungfrau, Suíça
Óleo sobre tela - 85,3 x 105,5

GEORGE HETZEL - Interior de mata com riacho
Óleo sobre tela

É de consenso geral que uma boa escola forma; invariavelmente; bons alunos. O contrário também é verdadeiro: bons alunos divulgam, projetam e formam excelentes escolas. No caso da Escola de Düsseldorf de Pintura ficamos sem saber quem tem predominância sobre quem, pois essa escola de arte foi uma das mais respeitadas e disciplinadas de todos os tempos, e vários de seus alunos os mais notáveis pintores de seus estilos. Entenda-se aqui, como escola, não necessariamente uma instituição física, mas um movimento de artistas que comungavam ideais estéticos semelhantes.


IVAN SHISHIKIN - Meio-dia em Bratsevo, subúrbio de Moscou - Óleo sobre tela - 1866

FRIEDRICH ZIMMERMANN - Caindo a noite
Óleo sobre tela - 96 x 136

KARL THEODOR WAGNER - Aldeia junto ao lago de Lugano
Óleo sobre tela - 74,5 x 100

A Escola de Düsseldorf de Pintura refere-se a um grupo de pintores que ensinaram ou estudaram na Academia de Düsseldorf, na Alemanha. Durante praticamente um século (entre 1819 e 1918), mais de 4 mil artistas passaram pela instituição. Essa escola surgiu a partir da re-fundação da Academia Real Prussiana de Arte de Düsseldorf, até o final do Reinado da Prússia, na Renânia. Wilhelm von Schadow, um dos mentores da escola, foi também o seu diretor entre os anos de 1826 e 1859. Foi principalmente graças a ele, que a escola se tornou uma das principais referências para pintores de sua época. A fama de uma boa instituição se espalhou e ela se tornou um dos principais destinos de artistas de várias partes do mundo.


THEODOR ROCHOLL - Cavalos no Parque Sababurg
Óleo sobre tela - 199 x 133 - 1913

ALBERT FLAMM - Caindo a noite nas montanhas italianas
Óleo sobre tela - 71 x 55,5

Inicialmente, a Escola de Düsseldorf de Pintura tinha seu foco principal em pintura histórica (mitologia, literatura e religiosos) e, posteriormente, na paisagem e na pintura de gênero. Em 1828, Johann Wilhelm Preyer pintou o primeiro trabalho ao vivo, lançando assim as bases para o gênero da pintura em plein air . Logo depois, Schirmer tornou-se chefe da classe recém-fundada para Pintura de Paisagem na Academia de Arte de Düsseldorf. A pintura de paisagem logo veio a ser o gênero mais bem sucedido da Escola de Düsseldorf de Pintura. Carl Friedrich Lessing foi um dos pioneiros da pintura de gênero dentro dessa instituição . Desde o início da década de 1830, com base em Eduard Pistorius, Lessing e Theodor Hildebrandt criaram obras que não representavam eventos de importância histórica, mas sim situações cotidianas. Apesar da grande popularidade dessas pinturas, a academia não tinha classe separada para pintura de gênero até 1874.


ARNOLD BÖCKLIN - A ilha da vida - Óleo sobre madeira - 94 x 140 - 1888

GARI MELCHERS - O sermão
Óleo sobre tela - 1886

HENRIK NORDENBERG - Tecendo
Óleo sobre tela - 50,5 x 41

Como a paisagem se tornou o cartão de visitas da escola, é de se esperar que essa temática tivesse uma particularidade entre os seus praticantes. Assim, essas cenas eram finamente detalhadas, e muitas vezes continham alegorias religiosas ou mitológicas em suas composições. A pintura em plein air era quase uma unanimidade entre todos os membros, que também tendiam a usar uma paleta de cores suaves e relativamente uniformes. A Escola de Düsseldorf de Pintura também apoiava o Movimento Romântico Alemão.


SANFORD ROBINSON GIFFORD - As ruínas do Parthenon - Óleo sobre tela - 1880

KARL KAUFMANN - Desembarque num canal italiano 
Óleo sobre tela - 51 x 77

JOHANN WILHELM SCHIRMER - Paisagem com figuras
Óleo sobre tela - 44,5 X 74,5

Embora o nome possa sugerir uma mera importância local, a Escola de Düsseldorf de Pintura não era apenas um fenômeno regional. A excelente reputação da Academia e os pintores independentes atraíram um grande número de artistas de todo o mundo para Düsseldorf. Durante os anos 1850 e 60, quando o interesse internacional estava em seu auge, prósperas colônias de artistas da Escandinávia, Estados Unidos, Rússia e dos países bálticos se formavam em Düsseldorf. Vieram artistas até mesmo da Argentina, Chile, Peru, Capadócia, Índia, Java, Irã e Nova Zelândia. Alguns apenas se hospedavam por alguns meses, enquanto outros ficaram durante toda a vida e participaram  significativamente da cena artística de Düsseldorf. Muitos dos artistas voltaram para casa e usaram o que aprenderam em Düsseldorf. Na Alemanha, também, outros membros transferiram para outras instituições, disseminando o estilo de Düsseldorf. Eles ensinaram nas academias de arte em Dresden, Karlsruhe e Berlin, bem como no Instituto de Arte em Frankfurt e nas escolas de arte de Kassel e Weimar. Fora das terras alemãs, a Escola do Rio Hudson, nos Estados Unidos, foi o movimento estrangeiro mais influenciado pela Escola de Düsseldorf de Pintura.  Por isso, a Escola de Düsseldorf de Pintura teve uma influência significativa no desenvolvimento da pintura no século 19.

ADELSTEEN NORMANN - Primavera no fiorde - Óleo sobre tela - 110 x 154

ANDERS ASKEVOLD - Fiorde
Óleo sobre painel - 1889

GEORG ANTON RASMUSSEN - Um fiorde no verão 
Óleo sobre tela - 40 x 73

A Escola de Düsseldorf de Pintura também deve a sua fama graças aos negócios e as boas redes internacionais com os artistas estabelecidos. Como não havia oportunidades públicas para todos os artistas de Düsseldorf, o professor de história da arte Ignaz Mosler, com apoio de Schadow, iniciaram a Fundação da Renânia e Westphalia Art Club em 1829. O clube promoveu a venda de obras de arte e sua divulgação através de exposições anuais e aquisições. O Clube de Arte também organizou exposições itinerantes que percorreram locais tão distantes como Estados Unidos e Austrália. O Galerieverein, criado em 1846, também comprou obras importantes para a coleção de pinturas de Düsseldorf. Os efeitos da industrialização na Renânia, com seus consumidores prosperando rapidamente, também tiveram um efeito benéfico. Artistas de Düsseldorf regularmente exibiram suas obras em exposições na Academia de Berlim, onde também realizavam importantes vendas. Desde 1849, os trabalhos de membros da Escola de Düsseldorf de Pintura também começaram a atrair muito interesse a artistas americanos, após a abertura do Consulado da Prússia, em Nova York.

OSWALD ACHENBACH - Vista de Capri - Óleo sobre tela - 44 x 60,6 - 1884

EUGEN GUSTAV DUKKER - Esperando o retorno dos pescadores
Óleo sobre tela - 79 x 116

ALFRED WAHLBERG - Paisagem de verão
Óleo sobre tela - 45,5 x 65,5

Os artistas da Escola de Düsseldorf de Pintura estiveram ativamente envolvidos na vida cultural da cidade, não apenas na área das artes plásticas, mas também na literatura, no teatro e na música. Eles mantiveram contatos com Karl Immermann, que se tornou o diretor do teatro de Düsseldorf, em 1832, bem como os diretores musicais Felix Mendelssohn Bartholdy e Robert Schumann. Muitos artistas da escola realizavam decorações de cenários e figurinos para peças teatrais, bem como ilustrações de cartazes para tais peças e a ilustração de poemas. Eles também organizavam bailes que agitavam bastante a cidade. Os artistas da Escola de Düsseldorf de Pintura também foram notoriamente sociáveis e eram membros de muitos clubes. O mais famoso deles é a Associação de Artistas Malkasten, fundada em 1848, ao qual pertencia a  maioria dos artistas de Düsseldorf. Esse clube funciona até hoje.
Os trabalhos que ilustram essa matéria são apenas uma pequena parte do grande legado que deixaram tantos importantes artistas do movimento.


HANS DAHL - Jovem carregando flores numa paisagem de fiorde - Óleo sobre tela - 66 x 99

ADOLF SCHREYER - Guerreiros árabes
Óleo sobre tela - 46,5 x 83,3

WORTHINGTON WHITTREDGE - Paisagem da Westfália
Óleo sobre tela - 1853

EXPOSIÇÕES E EVENTOS PARA DEZEMBRO

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Vá preparando um espaço em sua agenda, para os muitos acontecimentos previstos para o mês de dezembro.
Seguem algumas sugestões:

3 a 8 de dezembro


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3 de dezembro


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7 de dezembro


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13 a 15 de dezembro


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15 de dezembro


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18 de dezembro


ARTE GRANDE BH

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A exposição ARTE GRANDE BH foi idealizada e organizada pelo artista Atacir Costa, juntamente com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, em comemoração aos 116 anos da cidade. A convite dele, mais 6 artistas se juntaram para essa mostra. Várias festividades estão sendo organizadas em diversos setores culturais da cidade, ficando para a Regional do Bairro Padre Eustáquio, essa exposição reunindo alguns nomes da pintura mineira, principalmente paisagística e de gênero. Minas Gerais sempre teve uma grande tradição na história da pintura brasileira, especialmente com a vertente mais acadêmica e realista. Nada mais justo que representar o estado, com todas as suas possibilidades temáticas, numa exposição executada por artistas dessa terra.
A exposição inaugura nesse sábado, 7 de dezembro (às 10 hs) e ficará aberta para visitação até o dia 21 de dezembro de 2013, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Feira coberta), na Rua Jacutinga, 821.
As obras podem ser adquiridas no local da exposição ou através do e-mail joserosariosouza@yahoo.com

Abaixo, um pouco sobre cada artista:

ATACIR COSTA
Atacir Costa é mineiro de Belo Horizonte.
Começou nas Artes muito bem, assessorado principalmente pelo renomado pintor João Bosco Campos, de quem herdou o gosto pela temática mineira, em especial seus personagens típicos e cenas do cotidiano. Declara-se entusiasta e praticante de um novo impressionismo, tendência aliás, praticada por grandes nomes dessa geração.
Atacir tem dedicado ultimamente à execução de retratos, tanto de figuras ilustres da cena mineira, como de pessoas do simples cotidiano.
Também tem se dedicado bastante na promoção e divulgação da arte de sua região.


ATACIR COSTA - Libertadores - Óleo sobre tela - 60 x 80
R$ 1900,00

ATACIR COSTA - Berimbau
Óleo sobre tela - 30 x 40
R$ 750,00

ATACIR COSTA - Gol de placa
Óleo sobre tela - 30 x 50
R$800,00

ATACIR COSTA - Oscar Niemeyer
Óleo sobre tela - 60 x 80
R$ 1900,00

HILTON COSTA
Hilton Costa nasceu na cidade de Sabará, em 1931. É fiel às suas origens e por lá ainda reside.
Começou nas artes mais tarde, apenas em 1974, motivado pelo amigo Alfredo Machado.
A apuração da técnica que utiliza foi adquirida por esforços próprios. Tem uma característica bem marcante e seus trabalhos nos remetem a impressionistas como Pisarro e Sisley, artistas daquele movimento, mas que caminharam um pouco à parte do “burburinho” revolucionário que se instaurou na Paris daquela época. Assim também se posiciona o trabalho de Hilton Costa, mineiro na essência de sua temática, mas com um trabalho que diverge um pouco, quanto à execução, de artistas contemporâneos seus. Possui um colorido vivo, traços fortes e composição equilibrada.


HILTON COSTA - Antigo Chafariz Kaquende, Sabará- Óleo sobre tela - 60 x 80
R$ 1100,00

HILTON COSTA - Hora de agradecer
Óleo sobre tela - 30 x 40
R$ 350,00

HILTON COSTA - Solidariedade
Óleo sobre tela - 80 x 60
R$ 1100,00

JÉSUS RAMOS
Jésus Ramos nasceu em Belo Horizonte, no dia 1º de dezembro de 1956. Já é longa sua caminhada com as artes, iniciando desde pequenino, o interesse por desenho e pintura.
Certamente o convívio num ambiente onde a paisagem é naturalmente inspiradora, o levou a escolher esse tema como o seu cartão de visitas. É do círculo de artistas que estiveram ligados à tradicional escola mineira de paisagens, com influência direta de Edgar Walter.
Pratica a pintura ao ar livre como um dos exercícios essenciais para o seu constante aprendizado.


JÉSUS RAMOS - Sabará, Francisco, Das Merces e Do Carmo - Óleo sobre tela - 65 x 87
VALOR A COMBINAR

JÉSUS RAMOS - Arredores de Barão de Cocais
Óleo sobre tela - 40 x 50
R$ 1450,00

JÉSUS RAMOS - Av. Antonio Carlos obra,s 2009
Óleo sobre tela -  54 x 65
R$ 2250,00

JOSÉ ROSÁRIO
Mineiro da cidade de Dionísio, onde nasceu em 1969, José Rosário começou nas artes no ano de 1988.
Tem temática predominantemente mineira, voltada principalmente para a representação de paisagens e cenas do cotidiano. Possui um estilo voltado para o Realismo, com influência de Impressionismo, principalmente na abordagem do colorido.
Em seus trabalhos, explora bastante a sua região natal. Já participou de diversas exposições, tanto individuais como coletivas.

JOSÉ ROSÁRIO - Alambique - Óleo sobre tela - 27 x 46
ACERVO PARTICULAR

JOSÉ ROSÁRIO - Um trecho do Mumbaça
Óleo sobre tela - 22 x 35
R$ 500,00

JOSÉ ROSÁRIO - Nina
Óleo sobre tela - 30 x 25 - 2012
R$ 400,00

JUPIRA
Davi Jupira dos Santos , que assina simplesmente Jupira, nasceu na cidade de Sabará, em 1953.
Considera-se um artista autodidata.
Tem uma temática bem variada e colorido bem característico, com forte predominância dos tons terrosos. As pinceladas são soltas, lembrando uma tendência impressionista, mas ainda mantém muita fidelidade nos traços com forte influência acadêmica.
Participou de várias exposições coletivas e individuais, desde 1991 á 2005, tanto em Sabará como Belo Horizonte.
Sócio Fundador da Associação Sabarense de Artistas Plásticos - (ASAP)
Tem exposição permanente em seu atelier na Rua São Pedro , n° 03, Centro de Sabará .


JUPIRA - Conversa informal- Óleo sobre tela - 50 x 70
R$ 900,00

JUPIRA - Voltando pra casa
Óleo sobre tela - 50 x 70
R$ 900,00

JUPIRA - Pensando na vida
Óleo sobre tela - 60 x 45
R$ 800,00

MARCEL DIOGO
Marcel Martins Lacerda Diogo, natural da cidade de Belo Horizonte.
Bacharel em Pintura - Escola de Belas Artes - Universidade Federal de Minas Gerais, tem se dedicado principalmente à execução de um Realismo Contemporâneo, que vezes se deixa influenciar por composições surrealistas. Seus traços são precisos e exibe uma rica paleta.
Composições ousadas e temáticas são o forte nas exposições que participa.
Também possui Licenciatura em desenho e plástica na mesma instituição em que se tornou Bacharel.


MARCEL DIOGO - Reflexão ao meio ambiente azul - Óleo sobre tela - 40 x 50
R$ 2000,00

MARCEL DIOGO - Reflexão ao meio ambiente vermelho
Óleo sobre tela - 40 x 50
R$ 2000,00

RUBENS VARGAS
Nasceu na cidade mineira de Curvelo, no ano de 1948 e reside atualmente em Belo Horizonte.
Um artista com temática voltada quase que exclusivamente para a pintura regionalista mineira, com exceção das marinhas que executa ocasionalmente. Sua pintura tem uma paleta característica, quase sempre suave e com contornos bem esmaecidos, com uma sensação constante de bruma no ar. As cores também são bem próprias e com contrastes sempre bem dosados. É um artista que presa pela simplicidade da execução e faz isso com muita propriedade, explorando temas aparentemente comuns, mas resgatando deles sempre um toque de nobreza.
O artista continua produzindo seus trabalhos voltados para a temática que sempre explorou.


RUBENS VARGAS - Caeté, zona rural - Óleo sobre tela - 55 x 70

RUBENS VARGAS - Fazenda
Óleo sobre tela - 40 x 60

RUBENS VARGAS - Riacho
Óleo sobre tela - 40 x 60

RODRIGO ZANIBONI

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RODRIGO ZANIBONI - A Pelada- Óleo sobre tela - 110 x 170 - 2013

Há bem no fundo de todos nós, espaços guardados que jamais sofrem a ameaça do esquecimento. Espaços que contém cenas, pessoas, aromas, sabores... Que quase sempre nos ressuscitam boas lembranças do passado e nos fazem ficar por lá, por um breve intervalo de tempo, no aconchego de nossas memórias. Nessas lembranças, há sempre a presença prazerosa das pessoas que mais nos significam, que fazem confirmar que somos seres de saudades e que nos fazem gostar muito disso. Quase toda a produção artística de Rodrigo Zaniboni está repleta desses espaços revisitados, herança da infância que passou no sítio dos avós e do estreito convívio com familiares e amigos.

RODRIGO ZANIBONI - O Olhar de Elisa
Óleo sobre tela - 120 x 100 - 2012

RODRIGO ZANIBONI - O Criador e a Criação
Óleo sobre tela - 120 x 100 - 2012

Rodrigo Zaniboni nasceu em Fernando Prestes, cidade do interior de São Paulo. Até a sua adolescência, a vida no campo serviu como um estímulo nato para impulsionar seu desejo pelo desenho. Começou a potencializar o seu talento em 1998, quando toma suas primeiras aulas de desenho com Luís Dotto. A paixão pela pintura viria a se firmar logo adiante, quando recebe aulas de Celso Bayo e se confirmar ainda mais em alguns ensinamentos com Reinaldo Jeron. Foi com Washington Maguetas, em 2001, que traria a prática da pintura ao vivo como atividade, e que muda radicalmente sua paleta e sua percepção da luz. Morgilli viria logo a seguir, servindo como suporte amigo e com dicas sempre valiosas. Atualmente, a parceria com Ernandes Silva abriu um novo leque de opções em sua produção, com a prática da pintura em plein air, reafirmando ainda mais esses ensinamentos iniciados com Maguetas.

RODRIGO ZANIBONI - A Canção de Joanna
Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2013

RODRIGO ZANIBONI - Vó Zenaide e suas abóboras- Óleo sobre tela  - 84 x 90 - 2005

Há uma evolução latente nos trabalhos desse artista paulista, desde o início de sua produção. Experimentos técnicos também não faltam, e são sempre conduzidos por um mestre ou uma referência que ele não abre mão. E, no entanto, lá continuam suas memórias, visitadas e incansavelmente perseguidas, revelando o quanto o aconchego do lar e das boas lembranças fazem tão bem à sua obra. Uma dessas memórias, que se eternizou em obra é a tela “Vó Zenaide e suas abóboras” (ilustração acima), que foi premiada no Salão Brasileiro de Belas Artes de Ribeirão Preto, em 2005 e que também obteve o 1° lugar no 1° Salão de Artes Plásticas em Homenagem a Luís Dotto, em Catanduva, no ano de 2007. Essa obra também ilustrou o Calendário Internacional da Acrilex, em 2006, percorrendo cerca de 30 países.

RODRIGO ZANIBONI - Frutas e objetos- Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2013

RODRIGO ZANIBONI - A Dança
Óleo sobre tela - 100 x 60 - 2013

Já possui obras em diversos países, a citar especialmente Estados Unidos, Itália e Colômbia.
A trajetória rápida e tão bem construída vai demonstrando que raízes e boas lembranças se transformaram num forte alicerce para esse artista. Que elas persistam e venham nos brindar ainda mais com suas futuras produções.


PARA FALAR COM O ARTISTA:



NOVOS OLHARES

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Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes "Luiz de Queiroz" 
ESALQ - Piracicaba, São Paulo

O mundo caminha numa velocidade incrível, estimulado por tecnologias que facilitam e resumem tudo. No afã de acompanhar os sinais do tempo, a arte também mudou sua face. São exploradas as mais diversas técnicas, mídias e expressões. O homem é o foco principal disso tudo, seja em seu ambiente urbano ou nos afazeres de seu cotidiano, tentando se entender e se analisando dentro das neuroses que ele mesmo cria e dos desafios que ele mesmo se propõe.
Concomitante a isso tudo que acontece na arte, muitos artistas ainda buscam inspiração em mestres passados e traduzem para o hoje a linguagem de seu tempo. As referências clássicas orientam no sentido de melhor observar o que está a sua volta e reinterpretá-las para a nova realidade em que se vive. Essa é a principal proposta que também pratica esse grupo de artistas, que ora vem apresentar a exposição NOVOS OLHARES. Uma visão do que é desse tempo, falando e mostrando o que é de hoje, mas sem esquecer os caminhos de grandes mestres que orientaram todos os movimentos até aqui. É possível ver nitidamente em suas expressões, forte influência impressionista, naturalista e realista, traduzida numa linguagem bem atual e que inaugura um novo realismo.


São artistas ainda iniciantes de uma jornada, mas que já trazem certa experiência no convívio com essa nova tendência, inspirados por grandes nomes da arte americana e europeia. Também são de regiões distintas do país, de modo que suas abrangências narrativas variam e tornam possível um diálogo em escala maior. Falam do homem e de seu tempo, do ambiente em que ele vive e de todas as coisas que ele produz e o ajuda a caminhar. Exploram técnicas variadas e apontam novas propostas de como fazer e visitar velhos temas. Estão por aí, vendo as mesmas coisas, mas com novos olhares.
Douglas Okada, Eduardo Borges de Araújo, Ernandes Silva, José Rosário, Juliana Limeira, Rodrigo Zaniboni e Vinícius Silva já vem explorando e mostrando os resultados dessas suas novas experiências. Os caminhos vão estreitando o convívio do grupo e afinando o diálogo cada vez mais presente em suas propostas. Parecem estar à procura de uma sintonia que os equilibra e os ajuda a caminhar com mais força e unidade.


A proposta da exposição NOVOS OLHARES para o espaço cedido no Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes da ESALQ (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz") é apresentar os trabalhos produzidos por esses 7 artistas, dentro da tendência do novo realismo que eles vem desenvolvendo nos últimos tempos. Com temática livre e também liberdade técnica, cada artista trará as novas visões inspiradas na realidade de cada um. A exposição terá abertura no dia 6 de setembro de 2013 e poderá ser visitada até o dia 27 de setembro do mesmo mês. Para os dias 7 e 8, está programada uma seção de pintura ao ar livre com os artistas participantes, nas dependências da ESALQ.

UM PEQUENO RESUMO SOBRE CADA ARTISTA:

DOUGLAS OKADA - No sítio pela manhã - Óleo sobre tela - 40 x 50

Douglas Okada:
Paulista, da cidade de Araraquara, mas morando atualmente em Jaboticabal, Douglas Okada começou bem cedo, orientando-se pelo desejo nato de desenhar incessantemente. Foi polindo o dom com orientações muito bem conduzidas e trilhando pelos caminhos dos mestres do passado que tanto admirou. Já coleciona uma extensa lista de prêmios em várias participações em diversos salões. Buscar a “essência das coisas”, essa é sua maior meta.

EDUARDO BORGES - Beira de rio - Óleo sobre tela

Eduardo Borges de Araújo:
Aluno formado pela ESALQ, Eduardo Borges é o artista do grupo que está no ramo há mais tempo. Lembra principalmente dos ensinamentos que obteve com Archimedes Dutra, pintando exatamente nas dependências da ESALQ. Atualmente é diretor da Pinacoteca de Piracicaba e divide o tempo com experimentos que vem fazendo dentro da sua nova proposta realista, principalmente explorando um pouco mais a pintura em plein air.

ERNANDES SILVA - Estudo com animais- Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2013

Ernandes Silva:
Ernandes nasceu em Palmares/PE e por lá começou os primeiros estudos na arte. Foi em São Paulo, que poliu sua técnica e encontrou grandes referências para sua proposta. Dedicação e disciplina técnica são palavras de ordem na carreira desse jovem artista, um fã inveterado dos estudos ao ar livre. Novas parcerias artísticas tem lhe proporcionado um envolvimento ainda maior com a arte.

JOSÉ ROSÁRIO - Pegando água, Jequitinhonha - Óleo sobre tela - 40 x 60 - 2013

José Rosário:
Único mineiro do grupo, José Rosário explora principalmente em sua obra o cotidiano de sua terra natal, a cidade de Dionísio. Admirador confesso de mestres paisagistas brasileiros, vem agregando novas experiências à sua tradicional referência temática. Também desenvolve uma página virtual, onde divulga constantemente seus trabalhos e de seus amigos artistas.

JULIANA LIMEIRA - Sonho de primavera - Óleo sobre tela - 40,7 x 30,6

Juliana Limeira:
Natural de Brasília/DF, Juliana vai buscar inspiração para sua produção nos mestres do Realismo americano, onde assimilou não só a técnica, mas principalmente o gosto pelo trabalho realizado no local. Formada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, é uma das artistas brasileiras mais envolvidas com a proposta do resgate a um realismo voltado às origens clássicas.

RODRIGO ZANIBONI - A Canção de Joanna - Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2013

Rodrigo Zaniboni:
Rodrigo Zaniboni mora numa das regiões mais prolíficas da arte realista brasileira na atualidade, a cidade de Catanduva/SP. Há uma influência impressionista latente em sua obra e uma constante inspiração nos anos de infância, trazendo para sua temática muitas referências dessa fase para a sua produção. Atualmente, o exercício ao ar livre tem sido largamente explorado em seus novos trabalhos.

VINÍCIUS SILVA - No alto do Japi- Óleo sobre tela - 80 x 100

Vinícius Silva:
Natural de São Paulo, mas morando atualmente no cerrado mineiro, Vinícius considera-se praticamente em casa. A natureza intocada dos grandes espaços mineiros é a busca que mais o impulsiona. O artista tem uma atração declarada pelas paisagens selvagens de reservas e faz do exercício ao ar livre uma atividade constante. Referências do passado e técnicas arrojadas do presente são suas orientações principais.

EVENTOS RECENTES E FUTUROS

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SEGUE A PROGRAMAÇÃO DE ALGUNS EVENTOS, RECENTES E FUTUROS:




Começou no dia 30 de agosto, mas seguirá até o dia 2 de outubro, a exposição INTENSE COLORS, das artistas Du Ramos e Izabel Pariz, ambas da cidade mineira de Timóteo. 
Com grande influência da Pop Art, as duas artistas ainda passeiam por experimentos abstratos e estilizações bem contemporâneas.
A mostra ainda traz comentários e textos do escritor José Maria Honorato.
Essa exposição se encontra no museu da Fundação Aperam Acesita, na cidade de Timóteo/MG e pode ser visitada todos os dias úteis da semana, nos horários de 10 às 12 h e de 13:30 às 17 h.
Izabel Pariz, José Maria Honorato e Du Ramos, na noite
de abertura da Exposição Intense Colors.




Firmado como um dos maiores eventos de artes visuais do interior de São Paulo, o Território da Arte de Araraquara terá sua abertura realizada em uma solenidade no Teatro Municipal, na terça-feira, dia 03 de setembro, às 19h30.
Participam 75 artistas selecionados e premiados, com um total de 142 obras; além de 90 obras premiadas no Salão Internacional de Humor de Piracicaba e uma Sala Especial na Casa da Cultura que irá homenagear o grande artista araraquarense Sebastião Seabra com 20 de suas obras. Ao todo, são 332 obras expostas de 123 artistas.
São artistas de vários Estados do Brasil: São Paulo, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Também marcam presença artistas dos Estados Unidos, França, Itália e Japão.


Na abertura do Território – que conta com uma intervenção realizada pelos alunos das Oficinas Culturais Municipais – será realizada a premiação das artistas Wanda Salgado, de Araraquara, com o Prêmio Aquisição pela obra “Nós em nós”, escultura em pedra sabão; e de Paloma Cristina Vieira dos Santos, de Matão, com o Prêmio Incentivo (pelo conjunto das obras: “Paloma”, “Mercury” e “Che”). As artistas foram selecionadas pelo júri, formado por Juty Oliveira e Ruy Cesar da Silva.
As obras dos artistas premiados, selecionados e convidados estarão em exposição na Casa da Cultura Luiz Antônio Martinez Corrêa, Teatro Municipal e Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva.
A exposição de caricaturas e cartuns do Salão Internacional de Humor de Piracicaba – assim como as obras de Arte Moderna e Arte Contemporânea – estarão disponíveis no Teatro Municipal. Já a Mostra dos Cartunistas Convidados Nacionais e Internacionais ficará em exposição no Palacete das Rosas (sede da Secretaria Municipal da Cultura, ao lado da Prefeitura). A homenagem do Território da Arte ao grande artista araraquarense Sebastião Seabra, apresenta uma Sala Especial na Casa da Cultura, onde também serão apresentadas as obras de Arte Acadêmica, Perspectiva Futura e Território Aberto.

JOSÉ ROSÁRIO - Descanso - Óleo sobre tela - 50 x 60 - 2009
Estarei participando com essa obra, como artista convidado.

Com o objetivo de promover a visibilidade e produção das artes visuais, o Território estimula e fomenta a produção e o mercado nesta linguagem, além de proporcionar ações educativas e formação de público. Entre os objetivos do Território da Arte destacam-se: dar visibilidade à produção das artes visuais; estimular, promover e premiar o artista; e proporcionar ações educativas e formação de público. A mostra se encerra no dia 27 de setembro.

Abertura do XI Território da Arte de Araraquara
Local: Teatro Municipal de Araraquara (Av. Bento de Abreu, s/nº - Fonte Luminosa)
Data: terça-feira (03 de setembro)
Horário: 19h30
Entrada franca 





Mostra que acontecerá na cidade paulista de Piracicaba e que traz a participação de sete artistas: Douglas Okada, Eduardo Bordes, Ernandes Silva, José Rosário, Juliana Limeira, Rodrigo Zaniboni e Vinícius Silva.
Abertura dia 6 de setembro.
Sessões de pintura ao ar livre dias 7 e 8 de setembro.
Término: dia 30 de setembro de 2013.
Local: Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes da ESALQ, em Piracicaba/SP.












POR DENTRO DE UMA OBRA: Gilberto Geraldo

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GILBERTO GERALDO - Vida e pesca - Óleo sobre tela - 150 x 190 - 2003

“Na imensidão do mar, cabem todas as esperanças!”

Não sei exatamente onde ouvi ou tenha lido essa frase, certo é que nunca a esqueci. Para um morador do interior como eu, o mar e todos os seus mistérios podem parecer um pouco distantes, mas para quem vive no litoral, o mar é tudo. Dele se extrai a sobrevivência e a sua importância é incalculável. Sobre o mar e a sua estreita relação com o homem já se produziram obras-primas da literatura e do cinema. Todas as principais passagens da história da humanidade estão envoltas pelo contato direto do homem com o mar. Na pintura não é diferente. É um tema sempre visitado por artistas de todas as escolas e estilos.




“Vida e pesca”, a obra de Gilberto Geraldo detalhada nessa matéria, resgata um pouco disso, a relação entre o homem e o mar. Ainda que o mar não esteja diretamente representado na pintura, a composição privilegiou as cores que nos reportam imediatamente ao litoral. Estão lá todas as variantes de azuis, verdes, cinzas e areias. Estão lá também alguns de seus produtos, que o homem extraiu para a sua própria sobrevivência e também com os quais mantém o seu trabalho. Muitos pescadores vivem de forma amadora e artesanal e movimentam uma significativa parte dos negócios de pesca feita em litorais de todo o mundo.




É uma pessoa simples, em sua cabana bem rudimentar. Mas o tratamento dado à pintura tornou a cena em si de uma suntuosidade incomparável. Há uma luminosidade especial que define e valoriza todos os objetos e especialmente a figura. A figura também divide a cena em duas naturezas mortas. À sua esquerda, estão os produtos de seu trabalho e à sua direita uma mesa posta com caldo de peixe quente e vinho, propositadamente colocados para fazer uma alusão singela e direta à referências bíblicas, conforme informação do próprio Gilberto.





A composição foi montada no próprio ateliê do artista, em Santa Isabel, utilizando um modelo vivo. Essa obra foi vencedora do 54º Salão Paulista de Belas Artes (o último aliás) e foi contemplada com a Grande Medalha de Ouro. Hoje faz parte de um acervo particular.




BELO HORIZONTE

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GUSTAVO DALL'ARA - Casario em Curral del Rei- Óleo sobre madeira - 15,5 x 29 - 1893
Certamente uma das mais antigas pinturas de Belo Horizonte, do tempo em que ainda era conhecida pelo nome de Curral del Rei.

A última visita a Belo Horizonte despertou em mim dois sentimentos bem distintos: nostalgia e surpresa. Não há como não se surpreender com as muitas mudanças estruturais pelas quais está passando toda a cidade. Novas vias surgiram, antigas ruas desapareceram, praças e novas construções nascem num piscar de olhos. Sinal de que o progresso urge e pede passagem. Nostalgia por ir vendo, aos poucos, referências do passado se despedindo e ocupando um lugar apenas na memória. Gostava de almoçar em um restaurante que ficava em uma casa em estilo neoclássico, na esquina da Guajajaras com a Espírito Santo, e de lá apenas atravessar a rua e gastar horas na Livraria Van Damme, que há menos de uma década, era para mim um templo das publicações artísticas com o qual me deliciava. O antigo restaurante se transformou num estacionamento, comprovando aquela urgência que todo grande centro lateja: o espaço cada vez mais descente para se locomover. As comodidades da internet também afastaram grande parte do público que eu sempre via pela Van Damme. Como no romance O encontro marcado, do mineiro Fernando Sabino, carregamos em nós, personagens de um tempo que não existe mais, num mundo que muda muito rápido.

MAURO FERREIRA - Belo Horizonte, década de 30 - Óleo sobre tela - 46 x 75

GUIGNARD - Parque Municipal
Óleo sobre madeira - 29 x 39 - 1947


Belo Horizonte nasceu assim, com essa vontade de ter pressa. Foi criada, projetada e construída em apenas 5 anos, para substituir Ouro Preto, a antiga capital do estado, enclausurada entre muitas colinas e vales, inapta para as expansões que o século XX exigiria. A atual capital do estado de Minas Gerais; o segundo estado mais populoso do país; não teve "infância". Precisou já existir adulta e paga por isso um preço muito alto. Precisou também, desde sempre, não gostar de acostumar muito com seus cenários. Hoje, completando 116 anos, continua com sua veia “camaleão” e vai se reinventando. Não só de ponto de vista estético, mas também populacional. É certamente um dos centros que mais cresceu no país em tão pouco tempo, já ultrapassando a casa dos 2 milhões e 400 mil habitantes. Só para se ter uma ideia, nos seus primeiros 70 anos de existência, a cidade passou da casa de 1 milhão de habitantes, fato inédito na história do país.

MAURO FERREIRA - Afonso Pena, final dos anos 50 - Óleo sobre MDF - 40 x 60 - 2013

ROBERTO MELO - Parque Municipal- Óleo sobre tela

Não gosto muito de números, mas esses são dignos de serem lembrados, pois creio que sejam ignorados até por moradores da própria cidade: Belo Horizonte já foi indicada pela ONU como a metrópole de melhor qualidade de vida da América Latina e também como a 45ª melhor cidade do mundo entre as 100 melhores para se viver. Tem o quinto maior PIB de todos os municípios brasileiros, representando quase 1,4% de todas as riquezas produzidas no país. Também é a 10ª cidade do país ideal para se fazer negócios, despertando um lado novo de seu perfil, o turismo comercial. Pra ser sincero, gostaria que esses números todos atingissem melhor as baixas condições de vida encontradas nas periferias, à crescente desigualdade que não descansa e distancia cada vez mais ricos e pobres, aos muitos desabrigados alojados em cantos ermos e ao cada vez mais crescente número de usuários de drogas e pedintes que perambulam por toda a cidade.

GUIGNARD - Serra do Curral- Óleo sobre madeira - 26 x 55 - 1948

A Serra do Curral, que é sua moldura natural mais importante, também já viu muita história acontecer por lá. Como a quase extinção dos índios do grupo linguístico macro-jê, dizimados pelos bandeirantes que chegavam de São Paulo. Também viu erguer o povoado que deu origem ao nome de Curral Del Rei, onde o gado e as fazendas movidas por escravos expandiam o lugar. Ainda em 1750, foi criado o distrito de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral e aquela comunidade ficaria assim, com essa vocação agropecuária até que a história tomasse novos rumos. Foi só nas últimas décadas do século XIX, quando o ouro já havia se tornado raridade e Ouro Preto já não apresentava viabilidade de continuar como capital do estado, Belo Horizonte foi enfim colocada em cena. Sua ótima posição geográfica e excelente condição topográfica pesaram na escolha para se tornar o centro mais importante do estado, numa disputa que incluía concorrentes como Juiz de Fora, Barbacena, Paraúna e Várzea do Marçal.

JOSÉ ROSÁRIO - Domingo no Parque Municipal- Óleo sobre tela - 50 x 70

JOSÉ ROSÁRIO - Parque Municipal
Óleo sobre tela - 73 x 105

Aarão Reis foi o engenheiro que tornou realidade o projeto da cidade de Belo Horizonte. Há uma controvérsia em afirmar que seja a primeira cidade brasileira planejada, pois Teresina e Aracaju também reclamam essa condição. Inspirado nos centros europeus, Aarão concebeu uma cidade funcional, cujos elementos chaves de seu traçado incluem uma malha perpendicular de ruas cortadas por avenidas em diagonal. Também possui quarteirões de dimensões regulares e uma eficiente avenida em torno de seu perímetro central, a Avenida do Contorno. Mas, assim como em Paris, onde tudo converge para o Arco do Triunfo, também em Belo Horizonte, uma concentração maciça de ruas e avenidas se encaminham para a Praça Sete, transformando o trânsito da cidade numa das maiores dores de cabeça até para o mais experiente Engenheiro de tráfego. Belo Horizonte não conteve seu crescimento como desejado no momento de sua criação. Foi se multiplicando desordenadamente e se transformando num dos maiores problemas do início do regime republicano.

MAURO FERREIRA - Automóvel Clube- Óleo sobre tela - 40 x 60 - 2013

JOÃO BOSCO CAMPOS - Descarregando para a feira
Óleo sobre tela

Gosto de pensar na cidade sem seus muitos problemas e mais em seus louváveis atributos, como sendo o local onde já se concentrou a mais seleta leva de escritores de seu tempo, tais como Carlos Drumond de Andrade, Ciro dos Anjos, Pedro Nava, Alberto Campos, Emílio Moura, João Alphonsus, Milton Campos, Belmiro Braga e tantos outros. É também o lugar que se tornou palco para as muitas obras encomendadas por Juscelino Kubitschek, e deu vazão ao gênio criativo de Oscar Niemeyer, Portinari, Alfredo Ceschiatti e Roberto Burle Marx. Como a casa de grupos teatrais como Corpo e Galpão e o local onde viu movimentos importantes como o Clube da Esquina, os tempos de ouro da MPB e também o local de nascimento do rock mais pesado do país. É também o lar que abriga os times esportivos que inflamam com alegria os corações de seus torcedores. Que não me deixem de mencionar Guignard e toda sua escola modernista, e o saudoso Edgar Walter e toda sua legião de paisagistas que fizeram sede em Belo Horizonte.

ALVARO APOCALYPSE - Favela - Pastel - 47 x 35

LORENZATO - Subúrbios em BH
Óleo sobre tela - 50 x 40 - 1974


A cidade se renova, parece viver uma década a cada ano. Avança rumo ao futuro e vai se adaptando a ele, mais que seus próprios moradores, saudosistas demais com tudo o que lhes escapa tão rápido pelas mãos. Uma capital “matuta” que aprendeu rápido os caminhos do progresso e da civilização. Nunca é demais lembrar que com a constante mania de ser grande, crescem também os problemas e os desafios. Que o futuro incerto, escondido na euforia de seus galopes, não ameace a beleza de seus horizontes. Voltarei a ela muitas vezes, e mesmo as mais gratas surpresas nunca irão me tirar a nostalgia de belos tempos.

INIMÁ DE PAULA - Praça da Liberdade - Serigrafia - 70 x 100 - 1994

JÉSUS RAMOS - Av. Antonio Carlos. Obras em 2009 - Óleo sobre tela -  54 x 65

ARTE REALISTA E O INTERIOR DE SÃO PAULO - Parte 3

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Casa de Cultura Luiz Antônio Martinez Correa, em Araraquara/SP.

Na segunda-feira (9 de setembro) fomos até Catanduva, cidade localizada a mais de 300 km de Piracicaba, um grande reduto da arte realista no estado. Matheus Cruz (um artista de horas vagas, como ele mesmo gosta de afirmar) juntou-se a nós (Rodrigo Zaniboni, Ernandes Silva e eu) nessa caminhada. Interessante como a velocidade dos dias, naquela semana, fez com que o calendário não parecesse algo tão importante. Eu já não tinha mais a noção exata em qual dia do mês estava e isso é, às vezes, algo bem confortável.

MATHEUS CRUZ - Estrada - Óleo sobre tela - 30 x 40

Não partimos sem antes fazer uma rápida visita à Maria José Rodrigues (Masé), que nos recebeu muito carinhosamente em sua galeria, mostrando o acervo variado e apresentando seu espaço, que também abriga uma escola de cursos diversos.
O dia estava ainda mais quente que o anterior. Não era apenas uma percepção minha, era uma constatação. À medida que avançávamos para o interior do estado, o ar se tornava bem mais quente e seco. Uma parada ligeira para almoçar, em Rio Claro e seguimos novamente viagem até Araraquara.

José Rosário e a obra Descanso.

Rodrigo Zaniboni e a obra Dança.

Ernandes Silva e as obras Bifurcação e Litoral.

A visita à Araraquara tinha como endereço principal a exposição acadêmica que acontecia na Casa de Cultura Luiz Antônio Martinez Correa. Ernandes Silva, Douglas Okada, Rodrigo Zaniboni e eu estávamos com trabalhos expostos nesse espaço. Fomos muito bem recebidos por Milton Najm, que nos levou também até o Palacete das Rosas, onde acontecia a Mostra dos Cartunistas Convidados, nacionais e internacionais. Num outro espaço, no Teatro Municipal, estavam as obras de caricaturas e cartuns, cedidas pelo Salão Internacional do Humor de Piracicaba, bem como as obras modernas e contemporâneas.

OUTRAS OBRAS DA EXPOSIÇÃO:


DOUGLAS OKADA - Cozinhando no quintal
Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2013

EDUARDO BORGES - Oficina do Sr Eugênio Nardin
Óleo sobre duratex

MARCOS SABBADIN - Leitura
Óleo sobre tela

JESSER VALZACCHI - Comerciante marroquino
Óleo sobre tela

Terá um grande desafio, a Prefeitura de Araraquara, para resgatar o salão de belas artes para o próximo ano. Interrompido em algumas temporadas, a mostra desse ano, com artistas convidados, visa exatamente incentivar o público regional para edições futuras.

José Rosário, Washington Maguetas, Ernandes Silva e Matheus Cruz.

Washington Maguetas em seu ateliê.

WASHINGTON MAGUETAS - A família e o cãozinho
Óleo sobre tela - 12 x 30

WASHINGTON MAGUETAS - Gisele na ponte do meu jardim
Óleo sobre tela - 80 x 110

WASHINGTON MAGUETAS - No jardim
Óleo sobre tela

Na próxima parada, na cidade de Taguaritinga, estivemos no ateliê de Washington Maguetas, o artista mais ilustre da cidade. Conheço o trabalho de Maguetas há anos e a sua produção tem uma fatia de grande importância no cenário da pintura nacional. Sempre tive um fascínio pelo seu colorido e a proposta impressionista que é o carro-chefe de sua produção. Fomos recebidos com uma hospitalidade rara e convidados por ele a conhecer o jardim que ele mesmo concebeu, nos fundos da residência. Conversamos por um longo tempo, ele sempre solícito, nos apresentando e explicando alguns de seus novos trabalhos, garimpando nos cantos do ateliê, algumas obras começadas e outras concluídas. Trabalhos antigos e alguns experimentos atuais que vem realizando. Não saímos sem antes fazer uma tradicional foto em frente à ponte japonesa, que já proporcionou inspiração para tantos trabalhos.

Em pé: Ernandes Silva e José Rosário.
Sentados: Clodoaldo Martins e Rodrigo Zaniboni.

Agulha é um pequeno povoado, distrito pertencente ao município de Fernando Prestes. Local onde mora a família do artista Clodoaldo Martins e também onde fica seu ateliê. Tivemos a sorte de ainda encontrá-lo por lá, já que passa toda a semana na cidade de São Paulo. Depois de um dia de aula inaugural em Monte Alto, ele nos recebeu para uma ligeira visita. É um jovem artista, de fala macia e olhar seguro, já consciente do grande potencial que tem em mãos. Dono de um realismo acadêmico refinado, cada vez mais sólido em suas propostas. Saímos dali com uma vontade de ficar mais, o sol já exibindo suas últimas luzes e a noite chegando mansa.

CLODOALDO MARTINS - No sítio da vovó
Óleo sobre tela

CLODOALDO MARTINS - A refeição da pequena Mariana
Óleo sobre tela - 60 x 80

Terminamos o dia com um jantar especialmente oferecido pelo Sr José e Sra. Edna Zaniboni, pais de Rodrigo. Quero deixar a eles um agradecimento especial pelo calor da acolhida. É tão bom quando nos sentimos em casa... Ainda guardo o sabor dos pães caseiros, feitos pela Sra. Edna, e que nos acompanhou por todos aqueles dias.
Chegamos finalmente à Catanduva. Se havia cansaço já nem me lembro. O dia havia trazido muitas emoções e a noite preparava outras tantas para o próximo dia.
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