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CARL JUTZ

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CARL JUTZ - O galinheiro - Óleo sobre madeira - 17,2 x 22,9

Somente domínio técnico e paciência podem permitir que trabalhos de pequenas dimensões venham atingir um alto nível de qualidade, em qualquer que seja a técnica e o estilo empregados para concluir a obra. As pequenas dimensões de quase todos os trabalhos realizados por Carl Jutz confirmam que ele não era apenas um exímio pintor, que manipulava muito bem pincéis de pequenas dimensões, mas que também era um exímio observador. De nada adianta ser um pintor que domina todas as técnicas e efeitos se ele não for um bom observador, se não souber tirar um tempo para estudos e para a melhor composição da obra que irá realizar.

CARL JUTZ - O galinheiro - Detalhe 1

Na obra Galinheiro, Carl Jutz confirma todos os atributos de bom técnico e excelente observador. Na aparente distribuição aleatória das figuras, há todo um cuidado para o direcionamento de nosso olhar, realçados pela distribuição precisa dos coloridos e colocação correta dos tons, semitons e luzes. Isso é um fato a se destacar, pois grande parte dos artistas do final do século XIX, que realizava obras com animais, fazia estudos isolados dos mesmos e, às vezes, as obras executadas em conjunto dessas figuras careciam de uniformidade.

CARL JUTZ - O galinheiro - Detalhe 2

Como as dimensões eram reduzidas e o nível de detalhamento muito alto, muitos artistas daquele período faziam uso de lentes de aumento para a correta posição das pinceladas. Nesse trabalho e em vários outros do mesmo período, Jutz já havia alcançado um grande domínio no que se refere à anatomia dos animais, bem como em certas posturas e movimentos. Ele consegue identificar idades diferentes em membros da mesma espécie. Resultado de várias horas de observação. Atente para o olhar protetor da galinha com seus filhotes, bem como a posição dominante e imponente do galo.
Relatos afirmam que Jutz possuía um galinheiro nos fundos de sua residência e passava horas observando o comportamento e a anatomia dos animais de lá. Quando ia para o estúdio, também usava animais de pelúcia para fazer estudos de composição e rápidas captações de volumes.

CARL JUTZ - A grande família
Óleo sobre painel - 12,7 x 16,3 - 1916

CARL JUTZ - Patos em um canal
Óleo sobre painel - 13,5 x 17 - 1899


Carl Jutz nasceu em Windschlag, perto de Offenburg, Alemanha, em 1838, e se tornou um expressivo pintor da vida animal. Ele estudou no estúdio de A. Knipp de 1853 a 1859. Com a morte de seu mestre, tentou uma entrada na Academia de Munique, mas foi recusado. À partir daí, continuou seus estudos e pesquisas de maneira autodidata e obteve grande prestígio com a temática para a qual dedicou toda a sua carreira. Nos últimos anos de sua vida, foi aceito para o clube de arte Malkasten. Jutz faleceu em Pfaffendorf, perto de Coblenz, no ano de 1916.

CARL JUTZ - Família de patos num córrego - Óleo sobre painel - 32 x 40 - 1878

CARL JUTZ - Moradores do quintal - Óleo sobre tela - 37,5 x 48 - 1882



PEDER MORK MONSTED: Preciosos detalhes

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PEDER MORK MONSTED - Folhas de outono - Óleo sobre tela - 45,5 x 32,5 - 1904

Adotei como um hábito quase disciplinar, estudar as obras do artista Peder Mork Monsted bem profundamente. Para meu deleite, passo as poucas horas de folga fazendo isso e confesso que não me canso. Destrinchar os seus trabalhos é o mesmo que aproximar instantaneamente dos muitos pequenos segredos que há em suas composições. E isso ensina muito! Já disse antes e não me canso de repetir: reverenciar os mestres do passado é o mínimo que podemos fazer por todos aqueles que construíram os caminhos para que a arte pudesse chegar onde está. Ela tomou caminhos muito estranhos nas últimas décadas, isso é verdade, mas a liberdade é algo que não se pode desprezar mais no mundo artístico. Contudo, atenho a me orientar por aquilo que me extasia, e as obras de Monsted são companhia segura para todos os momentos.

PEDER MORK MONSTED - Cena costeira no lado norte de Vejle
Óleo sobre tela - 50 x 70 - 1920

Em sua obra, fascinam a exatidão de suas pinceladas, a riqueza de sua paleta e o correto uso dos valores tonais. Além, é claro, do bom desenhista e excelente observador. As paisagens de Monsted, por exemplo, captam perfeitamente as mudanças sazonais e estão sempre cheias de detalhes e pormenores de cada época. Nas duas obras que escolhi para esmiuçar nessa matéria, atente por tudo que mencionei acima. Acrescente à sua observação, um cuidado especial para os empastos e veladuras, à fluidez das pinceladas e ao conjunto de cada obra.

UM DIA NA FLORESTA COM ANÊMONAS FLORESCENDO

PEDER MORK MONSTED - Um dia na floresta com anêmonas florescendo
Óleo sobre tela - 58 x 83 - 1898






A SERENATA

PEDER MORK MONSTED - A serenata
Óleo sobre tela - 101 x 70,5 - 1907






A ARTE E SEUS CAMINHOS

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André Catelli (esquerda) e Freddy Monteiro Ovando (entre dois moradores de Bafatá, à direita).
Personagens de duas histórias completamente diferentes, mas que tem como fio condutor a arte.

Todos temos dificuldades em escrever porque não conhecemos suficientemente o mundo e nem a nós mesmos. Quando percebemos melhor onde estamos e quem somos, escrever é como contar um caso. Para tanto, não é preciso selecionar palavras, basta não selecionar sentimentos. Deixar a emoção como o leme e que o texto se faça. Sincero, acima de tudo! Comecei assim essa matéria para falar de dois artistas, André Catelli e Freddy Monteiro, anônimos para quase todos nós, mas que aprenderam bem cedo a não selecionar sentimentos e a compor os seus primeiros quadros como quem descobre a narrativa simples de um caso: com o que sentem, o que sabem e o que veem do mundo.
Sempre recebo e-mails de várias pessoas, ora pedindo alguma opinião sobre o trabalho que executam, ora socializando comigo o universo libertador que a arte as proporciona. Algumas, estudantes e conhecedoras de uma boa bagagem acadêmica, que já descobriram suas propostas e já trilham caminhos seguros; outras, autodidatas no ramo, que se entregam à arte pelo puro prazer de produzir algo ou porque descobriram nisso a energia que liberta e gera vida.
Apresento dois desses personagens. Ainda anônimos, com histórico de vida bem diferente, mas que a arte soprou neles o anseio de novos mundos. Autodidatas, mas com aquilo que é mais essencial a todos que se propõem entrar para esse caminho: sensibilidade. Percebem o mundo à sua volta e querem que outros vejam isso, ou criam mundos paralelos e ampliam seus horizontes. Dentro de seus mundos, mostram que é possível colaborar para que a arte seja sempre a expressão que nos torna seres diferenciados no reino animal.

ANDRÉ CATELLI
Primeiramente, recebi de André Catelli uma imagem sobre um de seus trabalhos, que é inclusive a imagem principal para a narrativa de sua matéria: JÚLIA ROMANA. Esse trabalho foi realizado à partir de um estudo feito tendo como modelo a sua filha Júlia. Criou para ela um ambiente clássico, inspirado nas construções romanas. Isso é facilmente explicado pela sua profissão: arquiteto. Uma forma de aliar aquilo que é o seu sustento como profissão e a arte que encontrou como importante hobbie.

ANDRÉ CATELLI - Júlia romana
Acrílica sobre tela - 80 x 40

Catelli nasceu em Caxias do Sul/RS, em 1970 e atualmente mora em Brasília, para onde foi em 1983. O gosto pela arte foi herdado do pai, que sempre teve muitos livros de arte em sua coleção. Assim, lendo sobre vários artistas enquanto crescia, Catelli motivou-se para pintar os primeiros trabalhos aos 14 anos. Inspirava em Rubens, Turner, Constable, Corot, Daubigny, além de pré-rafaelitas e simbolistas como Böcklin e Moreau. Segue em sua lista, muitas horas de leitura em cima de outros nomes famosos como Cabanel, Bouguereau e Church. Um gosto bem eclético, como também é eclético seu repertório artístico. Nos momentos de folga, também se entrega ao estudo da música clássica, com ênfase para o piano e a composição. O curso de Arquitetura, iniciado em Brasília em 1990, o levou para o Oriente Médio, onde executou vários trabalhos de arte, em paralelo com o que aprendia para sua principal profissão. Obra como Cena de vida em Muskawir, por exemplo, foi inclusive comprada pelo Ministério do Turismo da Jordânia.

Etapas da obra Júlia Romana.

Atualmente, seu escritório é um dos mais bem sucedidos de Brasília e o  gosto pela arte continua mais intenso do que nunca. Artista de horas vagas, mas que não perde o encanto por aquilo que o permite seguir de uma forma melhor.


FREDDY MONTEIRO OVANDO
O segundo artista mencionado nessa matéria tem uma trajetória interessante e uma história comovente. Diria que uma lição, para muitos que acreditam que a arte se restringe apenas a um banco de escola e holofotes. Freddy Monteiro faz arte porque gosta, porque é assim que se expressa e é assim que quer mostrar aos outros o mundo que aprendeu a ver.


Em cima e embaixo: moradores de Bafatá.

Atualmente morando em Bafatá, um pequeno povoado no interior da Guiné-Bissau, tivemos dificuldades até para concluir as trocas de informações. Fui procurado inicialmente por ele, para me mostrar animado e orgulhoso, as cenas que pintava de seu povoado. Falou primeiramente da opção de ir para aquele distante país africano com esposa e dois filhos num trabalho missionário e humanitário. Não podíamos deixar de comentar da ameaça do Ebola, essa que é mais uma das grandes tragédias pela qual vem passando o povo africano, especialmente de países como Serra Leoa e Libéria. Felizmente, a doença ainda não havia chegado ao seu povoado, mas a ameaça é uma constância que os mantém sempre em alerta.


Trabalhadores de Bafatá.

A pintura é uma das atividades mais gratificantes em seus momentos de folga, pois é através dela que tem a oportunidade de mostrar aquilo que vê, de uma maneira singela, mas com muita expressão. Não há em seus trabalhos os rigores da técnica e acredito que seriam completamente desnecessários para isso. Sua arte tem a ver com o que foi dito no início dessa matéria, expressa sobre o mundo como quem conta um caso, com simplicidade, mas com muito orgulho. Cada ida sua à aldeia é um desafio novo. Retratar o povo simples, alegre e receptivo com que aprendeu a conviver se tornou um prazer a cada oportunidade. Fez questão de frisar da gratidão com que cada um sente quando chega o fim do dia, alimentados de esperança para o novo dia que virá.
Freddy nos manda imagens de seus filhos e do povo com o qual convive como se fossem um só. Ele próprio enviou a sua foto entre dois moradores da aldeia. Fala dos sonhos que a arte lhe sonda e da vontade de querer mostrar o que vem produzindo em uma exposição, quando regressar ao Brasil.

FREDDY MONTEIRO OVANDO - Os filhos do artista
Óleo sobre tela


Dois exemplos de que a arte é essa coisa mágica que nos abraça, pelos que se encantam por ela e nunca a deixarão morrer. Muitos sentem dificuldade em se manifestar pela escrita pela falta de conhecimentos do mundo e de si, e acredito que seja assim também para as artes plásticas. A falta de um melhor conhecimento do mundo a nossa volta e de nós mesmos talvez seja o único empecilho para muitos outros autodidatas por todo o mundo.

POR DENTRO DE UMA OBRA: Pintando na ESALQ

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JOSÉ ROSÁRIO - Pintando na ESLAQ - Óleo sobre tela - 40 x 60 - 2014

Já é de longa data a vontade de realizar essa tela. Fiz um pequeno estudo no local para familiarizar com o cenário, realizei várias fotografias como referências e esbocei alguns desenhos que finalmente chegaram na execução desse quadro.




No dia 7 de setembro de 2013, participei de uma sessão ao ar livre com o grupo Caipiras do Plein Air, na cidade de Piracicaba/SP. Foi uma manhã descontraída, com a reunião de vários artistas no campus universitário da ESALQ, uma conceituada faculdade daquela cidade. O local é realmente fantástico, algumas fotos que ilustram a matéria não me deixam mentir. Não resisti a essa cena da artista Alzira Ballestero pintando e finalmente concluí esse quadro, que se encontra hoje na coleção particular de Marcus José C. Lopes, da cidade de Natal/RN.







ADRIEN MOREAU

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ADRIEN MOREAU - O casamento - Óleo sobre tela - 61 x 81,3 - 1882 - Coleção particular

ADRIEN MOREAU - O descanso - Óleo sobre tela

Com a mesma dedicação e respeito que representava as classes superiores francesas, Adrien Moreau também executava suas composições com camponeses. Essas duas temáticas viriam compor quase que a totalidade de sua produção. Esse cuidado dispensado com igual valor a qualquer classe social é algo que nos faz pensar que Moreau comungava de um pensamento que acompanha as pessoas que querem bem: sob o mesmo sol, somos todos iguais. E fazia ambas temáticas com um virtuosismo admirável, não sonegando dignidade a nenhum de seus personagens. Um crítico do The Magazine of Art Ilustrated, afirmou em 1880, que Moreau era um artista com as pontas do dedo, tamanho o preciosismo e veracidade com representava tanto figuras quanto paisagens.

ADRIEN MOREAU - As bodas de prata - Óleo sobre tela - 94 x 132,5 - 1879

ADRIEN MOUREAU - O barco - Óleo sobre tela - 128,9 x 201,3 - 1884

Moreau nasceu na cidade francesa de Troyes, a 18 de abril de 1843 e faleceu em Paris, a 22 de fevereiro de 1906. Além de pintor de cenas de gênero e históricas, também foi um escultor e ilustrador. Teve o respeito conquistado para seus trabalhos ainda jovem, vindo a conquistar honrarias em diversas participações que fez no Salão de Paris, a referência artística para a sua época.

ADRIEN MOREAU - O pequeno concerto- Óleo sobre tela - 115 x 89

Apesar de ter se relacionado com vários artistas desde cedo, sua família tinha outras aspirações para ele. Para o pai, o filho deveria se formar em Direito. Eventualmente, o desejo de Adrien venceu e começou sua primeira formação artística como um aprendiz de vidreiro em sua cidade natal. Logo ele partiu para Paris para prosseguir sua verdadeira formação artística no tradicional atelier École des Beaux-Arts. Ele trabalhou primeiramente com Léon Cogniet, mas um ano depois começou a estudar com o grande pintor acadêmico Isidore Pils, artistas que mantiveram ateliers muito bem-estabelecidos. Um artista clássico por formação, Moreau começou a explorar os temas que o ocupariam para o resto de sua vida - gênero e pintura histórica.

ADRIEN MOREAU - Arando os campos - Óleo sobre tela - 116,8 x 167,6

ADRIEN MOREAU - Um baile de máscaras no século XVII - Óleo sobre tela - 38,5 x 52,5 pol

Moreau estreou no Salão de Paris, em 1868, com um assunto religioso que o colocou entre as fileiras dos maiores pintores de gênero contemporâneo. Ele seguiu o seu debut no próximo ano com uma pintura neo-clássica intitulada Nero na Casa dos Belluaires. Pouco tempo depois de suas exposições do Salão, a guerra franco-prussiana de 1870-71 eclodiu, o que resultou em ataques militares nas ruas de Paris. Nesse período, teve até o seu ateliê destruído por explosões. Voltou a exibir no Salão em 1873, com Concerto Amador em Atelier de um artista. Foi este tipo de pintura que oficialmente estabeleceu a sua reputação, e, especialmente, encontrou um público que estava ansioso para adquirir essas imagens nostálgicas. CH Stranahan, em A História da Pintura, classificou seu trabalho como caindo "para a classe de gênero histórico, que, no entanto, pinta com um bom humor, mas com um toque sempre hábil . "

ADRIEN MOREAU - Chamado para a procissão - Óleo sobre tela - 90,8 x 116,8

A pintura de gênero histórico de Moreau foi muitas vezes traduzida em uma demonstração de elegância e refinamento da classe alta. No final do século XIX, teve um grande interesse em cenas dos tempos passados. Artistas como Meissonier, Madou, Detti, Moreau, Hamza e Stone estavam entre seus maiores defensores e os detalhes e a precisão das suas obras foram admiradas por muitos colecionadores da época. Assim como ele, muitos artistas começaram a olhar para os século XVII e XVIII como uma era de elegância.

ADRIEN MOREAU - O barqueiro - Óleo sobre tela - 73,6 x 92,7

ADRIEN MOREAU - Soldados numa parada para descanso - Óleo sobre tela - 56 x 81 - 1906

Colecionadores de todo o mundo disputavam os trabalhos de Moreau e muitas de suas pinturas importantes foram adquiridas pelos americanos ricos da época. As pinturas de Moreau foram altamente recomendadas por críticos e muitas delas foram reproduzidas nos livros de história da arte mais importantes do período, uma vez que transmitiam uma boa ideia do período histórico que representavam.

ADRIEN MOREAU - No parque
Aquarela e guache sobre papel - 36,8 x 27,3

Embora hoje Moreau possa ser lembrado mais por essas imagens do século XVIII, ele também executou uma série de composições que mostram o campesinato e sua vida, incluindo aspectos da paisagem e do ambiente. Uma coisa é verdade sobre ele que se pode dizer de muito poucos artistas – ele pintava com igual maestria tanto a paisagem como a figura humana; e ele dá o mesmo cuidado na interpretação de cada um, não sendo desrespeitados em favor do outro.

ADRIEN MOREAU - A corte - Óleo sobre tela - 103,5 x 90,1 - Coleção particular

ADRIEN MOREAU - Os noivos
Óleo sobre linho - Óleo sobre linho - 65,5 x 52 - 1876

Por um longo período, continuou explorando como poucos as cenas históricas do passado francês. Expôs diversas vezes no Salão com esses temas. Durante sua vida, o artista recebeu, também, propostas para ilustrar várias obras, incluindo muitas obras reeditadas de mestres literários franceses, como Victor Hugo e especialmente Voltaire. Para estes, ele fez aquarelas e desenhos, e mostrou que ele tinha mais talento além da pintura a óleo. Ilustração tornou-se um meio viável de ganhar uma renda suplementar e Moreau foi claramente ligado com o mundo literário; escrevendo um livro sobre a história da família Moreau, intitulado Les Moreau .

ADRIEN MOREAU - Camponesa com vacas em uma vazante - Óleo sobre tela - 35,25 x 46 pol


Em 1892, ele tinha mostrado ser uma parte importante das tradições académicas da época e foi premiado com o Chevalier de la Legion d'Honneur . Como membro ativo do Salão, ele continuou a viver e trabalhar em Paris até sua morte. As imagens de Moreau popularizaram a atenção do público para os períodos históricos da França, onde eles começaram a olhar com reverência absoluta. Foi um artista “humano”, se é que assim pode se classificar um artista. Além de excelente profissional, foi uma pessoa que dedicou atenção em favor da construção de um mundo melhor.



POR DENTRO DE UMA OBRA: Tochas de Nero

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HENRYK SIEMIRADZKI - Tochas de Nero - Óleo sobre tela - 94 x 174,5 - 1882

Uma das obras mais famosas de Henryk Siemiradzki é também uma de suas obras mais dramáticas. Tochas de Neroé uma obra que fala sobre crueldade e de como o poder sem limites pode ser algo bastante prejudicial. Quer não nos deixar esquecer dos tempos cruéis pelos quais passaram os primeiros cristãos, num período de decadência do Império Romano. Siemiradzki inspirou-se em um texto escrito por Tácito, antigo morador de Roma, que acabou por se tornar uma espécie de repórter de seu tempo.
Por volta de 64d.C., durante o verão, um grande incêndio devastou um terço da cidade de Roma. Durante cerca de nove dias, os quarteirões mais movimentados e residenciais da cidade foram praticamente destruídos. Nero foi o causador da tragédia, pois tinha como planos construir o famoso Domus Aurea, a nova morada oficial do imperador, e para isso precisava desalojar uma área que era estratégica para os seus projetos. Para desviar o público da grave suspeita que pesou sobre ele, Nero encontrou nos cristãos que habitavam a cidade, uma espécie de bodes expiatórios para colocar a culpa. Ele foi implacável e extremamente cruel, para que sua alegação parecesse ter créditos. Depois de prender muitos deles, torturava e aplicava as mais truculentas condenações, como por exemplo, vestir muitos cristãos com peles de animais e soltá-los em um cercado para serem atacados e sacrificados por dezenas de cães. Mas, uma das penas mais duras foi transformar os cristãos, ainda vivos, em tochas humanas, para que iluminassem a cidade com o mesmo fogo pelo quais teriam provocado e eram injustamente condenados. Esse limite da arrogância e autoritarismo talvez tenha sido um dos trechos mais tristes da história da cidade.



Henryk Siemiradzki ficou profundamente solidário com o sofrimento de todos aqueles cristãos e compor uma tela que narrasse todo o sofrimento daquele povo tornou-se para ele uma questão de honra. Passou um longo período pesquisando a fundo todos os detalhes sociais, políticos e religiosos da cena e produziu um dos trabalhos mais intensos de sua carreira. A cena mostra o exato momento em que o imperador aparece nos jardins de sua residência, para dar início à grande noite de carnificina que desenrolaria à partir dali. O céu ainda não se encontrava absolutamente escuro quando uma grande multidão já aguardava para o evento. Vestidas com roupas de festa e coroadas com flores, as pessoas marchavam, todas bêbadas, cantando alegremente na expectativa do grande espetáculo de horror que estava prestes a acontecer. Por diversas avenidas da cidade, postes foram fincados próximos uns aos outros e em cada um deles, um cristão foi amarrado e envolto com uma espécie de estopa. Ao lado de cada poste, havia escravos prontos para começar o sacrifício. Assim que a noite caiu sobre a cidade, uma trombeta deu o sinal e tudo começou. Um a um, os postes foram sendo acesos e rapidamente a cidade se viu iluminada pelos corpos de centenas de cristãos, todos ainda vivos. Nero montou em uma carruagem puxada por quatro garanhões brancos e seguiu pelas avenidas, conferindo o murmúrio de cada corpo sendo queimado, acompanhado pela população em festa. Finalmente, chegou a uma fonte, no encontro de duas grandes avenidas e se misturou ao povo. Lá, foi recebido com festas, que se seguiram por toda aquela noite.


Concluído em 1882, a trabalho produzido por Siemiradzki é uma crítica por situação semelhante que passava todo o povo polonês. Bastante religiosos, estavam naquele momento sendo perseguidos por um governo que ia de desencontro ao gosto da maioria e oprimia grande parte da população, principalmente a classe religiosa. A obra foi adquirida do artista quando ainda morava em Roma, por von Botkinen e levada para Moscou. Quando von Botkinen foi transferido para Berlim, no início da Primeira Guerra Mundial, a tela foi com ele. Em 1921, Botkinen a vendeu para o colecionador dinamarquês C. C. Christensen. Uma primeira versão do trabalho foi, porém, doada pelo próprio Siemiradzki à Galeria Nacional de Cracóvia. Tochas de Nero tem todas as características clássicas e tão marcantes que sempre representaram as obras de Siemiradzki.


Henryk Siemiradzki nasceu em outubro de 1843, na aldeia de Bilhorod, perto da cidade de Kharkiv, na Polônia. Iniciou seus estudos formais na arte sob a orientação de Dmitry Bezperchei, discípulo de Karl Bryullov. Em 1864, ele foi para São Petersburgo e matriculou-se na Academia de Belas Artes. Após os anos promissores como estudante, Siemiradzki recebeu uma bolsa de estudos de seis anos para estudar no exterior. Ele então viajou de volta para a Europa Central, visitando Munique, Cracóvia e Dresden e, finalmente, chegando à península itálica. Siemiradzki hospedou em Veneza e Florença, e chegou a Roma em 1872.  Ali, ele montou um estúdio e começou a trabalhar em várias comissões. Siemiradzki rapidamente se tornou um dos moradores poloneses mais conhecidos da capital italiana. Como sua reputação cresceu, o estúdio se transformou em uma oficina, aceitando muitas comissões dos italianos, residentes compatriotas e visitantes estrangeiros. Siemiradzki continuou a manter laços com seu país de origem, bem como com a Rússia. Enquanto ele exibiu obras em Cracóvia e Varsóvia, ele foi eleito membro da Academia de Belas Artes de São Petersburgo (1873).
Um dos visitantes poloneses em Roma, mais frequentes no ateliê de Siemiradzki, foi o escritor Henryk Sienkiewicz. Os dois partilhavam um igual fascínio pela história do Império Romano e também possuíam sentimentos solidários iguais ao povo polonês. Curiosamente, assim que Simiradzki começou a produzir Tochas de Nero, Sienkiewicz também escrevia um de seus romances mais famosos: Quo Vadis. O romance foi completamente publicado em 1896 (já que teve sua publicação parcelada desde 1895) e foi muito bem sucedido, vindo a se tornar um dos clássicos do cinema do século XX. Quo Vadis pode ser interpretada como a contribuição de Sienkiewicz contra a opressão da Rússia, assim como fez Siemiradzki com a obra Tochas de Nero. Desde 1795, quando a Polônia havia sido dividida, e a maior parte de seu território estava sob domínio russo, o país viveu sob forte opressão. Vários artistas, de diversos segmentos, foram fundamentais para que o país recuperasse sua sobrevivência e autonomia, uma vez que eram muito influentes fora de seu país. O movimento romântico polonês prosperou na noção de seu povo se reconciliar com a sua terra, cultura e religião. Ao descrever os sofrimentos dos mártires cristãos, Siemiradzki traduziu em uma cena carregada de conotações emocionais, o sentimento nacional de opressão sentida por seus camponeses. A eventual queda do Império Romano e do triunfo do cristianismo sobre a sua máquina política serviu como espelho para o povo polonês avaliar a sua situação contemporânea.

Siemiradzki morreu em Strzałkowo, Polônia, em 1902 e foi enterrado originalmente em Varsóvia. Mais tarde, os seus restos mortais foram transferidos para o Panteão Nacional em Skałka, em Cracóvia. Até hoje, é lembrado como um dos nomes mais importantes para a arte de seu país.

OUTROS TRABALHOS DO ARTISTA:

HENRYK SIEMIRADZKI - O julgamento de Paris - Óleo sobre tela - 99 x 227 - 1892

HENRYK SIEMIRADZKI - Dança entre espadas - Óleo sobre tela - 77 x 155 - 1887

HENRYK SIEMIRADZKI - A sesta patrícia - Óleo sobre tela - 79,4 x 127,6 - 1881

HENRYK SIEMIRADZKI - Phrine no Poseidon, em Eleusis - Óleo sobre tela - 1889

CARL BLOCH

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CARL BLOCH - A cena da manjedoura - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Certos fatos podem mudar de vez a vida de qualquer pessoa. Essa mudança conduzirá seus passos dali em diante e mesmo na sua ausência, quando já tiver falecido, ainda será o fator transcendental de toda sua existência. Foi o que aconteceu ao pintor dinamarquês Carl Bloch, em 1865, quando foi contratado para realizar 23 pinturas para o Palácio de Frederiksborg. Todas as cenas retratando passagens da vida de Cristo. Tamanha repercussão tomou o seu trabalho, que é quase impossível que exista uma pessoa que não tenha visto sequer uma dessas pinturas, estampada em alguma folhinha, revista, catálogo ou qualquer outro tipo de divulgação religiosa. Tais trabalhos foram produzidos em 14 anos, entre os anos de 1865 e 1879. Ser lembrado na eternidade pela sua obra é o que persegue todo artista, e certamente, a obra de Carl Bloch já o eternizou no mundo da arte.

CARL BLOCH - A limpeza do templo - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

CARL BLOCH - Jesus e a samaritana - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Carl Heirinch Bloch nasceu na cidade de Copenhague, a 23 de maio de 1834, filho do comerciante Joergen Peder Bloch e Ida Emilie Ulrikke Henriette Weitzmann Bloch. Ainda bem criança, vivia desenhando por todos os lados e a ideia de se tornar um artista era algo que o consumia. Esse não era o mesmo desejo dos pais, que o queriam numa profissão mais estável e respeitável, como um oficial da Marinha, por exemplo. Mas o seu desejo foi mais forte e ele acabou estudando com Wilhelm Mastrand, na Academia Real Dinamarquesa de Arte. Sua arte veio a sofrer grandes influências de outros mestres na viagem que fez à Itália e principalmente numa passagem que fez anteriormente pela Holanda, onde se influenciou enormemente pela obra de Rembrandt, em especial à dramaticidade de suas composições e o uso austero da paleta.

CARL BLOCH - Cura no Tanque de Betesda - Óleo sobre tela - 282 x 320 - 1886

CARL BLOCK - Cristo e as crianças - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Os primeiros anos como artista logo o tornaram um respeitado pintor de cenas de gênero e posteriormente um respeitado retratista. Cenas italianas eram suas preferidas, e não demorou para que o sucesso de suas composições ultrapassassem as fronteiras de seu país. No início dos anos de 1860, já tinha encomendas reservadas por tempos prolongados e tal fato chamou a atenção de mecenas dinamarqueses que estavam à procura de um artista para decorar o Palácio de Frederiksborg, restaurado após um grave incêndio que o devastou em 1859. Liderados pelo empresário de cervejas J.C. Jacobsen, os mecenas contrataram os serviços de Bloch para essa empreitada. O que ele produziu nos quase 15 anos de trabalho, viria a mudar não só a sua vida pessoal, mas todo o seu legado artístico. Até hoje, Carl Bloch é mundialmente reconhecido como o maior artista a interpretar a trajetória de Cristo. Sua obra é atemporal e não há quem não se emocione com ela, mesmo os não crentes e não seguidores do Cristianismo.

CARL BLOCH - A ressurreição de Lázaro
Óleo sobre placa de cobre - 104,14 x 83,32

CARL BLOCH - Curando um cego - Óleo sobre placa de cobre - 96,52 x 86,36

Carl Bloch conheceu Alma Trepka, em Roma, e casou-se com ela no ano de 1868. Tinham uma vida de mútua cumplicidade, até que ela faleceu prematuramente no ano de 1886. Foi um trauma do qual nunca se refez. Não bastasse a perda de sua esposa, ele se viu sozinho criando os oito filhos que tiveram. Existem várias cartas de artistas contemporâneos e amigos dele que o consolavam constantemente com palavras de apoio e carinho. No auge de sua carreira, produzia exaustivamente, mas sem o entusiasmo que tanto o motivava anos atrás. O artista faleceu 4 anos depois da morte de sua esposa, na cidade de Copenhague, a 22 de fevereiro de 1890, vítima de um câncer de estômago, contra o qual não conseguia forças para lutar.

CARL BLOCH - A última ceia
Óleo sobre placa de cobre - 104,14 x 83,32

CARL BLOCH - O consolador- Óleo sobre tela


Num dos casos raros na história da arte, Carl Bloch teve prestígio e reconhecimento ainda em vida e a sua morte foi dada como um pesar irremediável na história da pintura dinamarquesa. Sigurd Mueller, um dos maiores críticos de arte dinamarqueses, afirmou que “Carl Bloch foi um mestre que se adiantou e mostrou o caminho para ajudar o público a entender a arte”. Ainda hoje, somos todos gratos por ver o mundo pelas suas talentosas mãos, em especial à trajetória de Cristo, que nunca ninguém soube ilustrar tão bem.

CARL BLOCH - Autorretrato - Óleo sobre tela


STUDIO OKADA: Um novo projeto

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É admirável como o verdadeiro envolvimento com a arte encontra alternativas para que essa se propague ainda mais. Douglas Okada vem, através de uma nova empreitada, compartilhar com o grande público que já o conhece e com aqueles que ainda não tiveram acesso a ele, tudo aquilo que já assimilou de aprendizagem até o presente momento.
O Projeto Pintura Alla Prima nasceu exatamente da necessidade que o artista sempre teve em transmitir os seus ensinamentos às pessoas mais distantes. Como é praticamente impossível estar nos mais distantes locais dando workshops e demonstrações, aulas demonstrativas em DVD’s se tornaram a opção encontrada pelo artista Douglas Okada. Inicialmente pensou-se na hipótese de contratar uma empresa de filmagem e edição, mas a ideia esbarrava em um fator principal: as filmagens e edições deveriam ser feitas por alguém sintonizado com o processo criativo e didático de produzir uma obra de arte. Por isso, o próprio artista foi atrás de conhecimentos que o possibilitassem filmar e editar suas próprias aulas e acabou criando o Studio Okada, que já nasce com grandes aspirações. A primeira delas é que serão preparados quatro dvd’s com o próprio artista Douglas Okada (Flores, natureza morta, retrato e paisagem) e também deixando a opção de trabalhar com outros artistas em vídeos instrucionais e documentários.
A mensagem fundamental dos vídeos é trazer a atmosfera do atelier do artista para perto de cada espectador, à partir das suas principais ideias sobre os temas que serão abordados. O método alla prima, que significa pintar na primeira etapa, acaba sendo o foco principal, mas o raciocínio lógico e o método de construção da pintura é o que acaba sendo o mais importante de tudo. Todos os exercícios serão realizados com modelos do natural.

DVD'S instrucionais:
FLORES - Aproximadamente 220 min (disco duplo)
NATUREZA MORTA - Aproximadamente 150 min
Formato de tela 16:9 e sistema NTSC

As duas primeiras partes do Projeto Alla Prima, com o artista Douglas Okada, já estão concluídas e disponíveis para a aquisição de qualquer pessoa. Flores e Natureza mortasão aulas feitas passo-a-passo, filmadas, comentadas e editadas pelo próprio artista. Muito didáticas, trazem todas as noções elementares para se fazer dois exercícios indispensáveis, tanto a iniciantes que pretendem se orientar por um método seguro e testado, como por artistas já praticantes, que pretendem se reciclar com uma nova maneira de fazer os seus trabalhos.

Há que se louvar iniciativas como essa, já que no mercado brasileiro as opções para publicações assim são muito limitadas ou quase inexistentes. Sucessos ao Douglas Okada e que o seu empreendimento dê muitos frutos. Já estamos esperando pelos próximos lançamentos.
Os DVD's podem ser adquiridos pelo sistema pag seguro ou por depósito bancário, através do link que se segue:
http://atelierdouglasokada.blogspot.com.br/2014/12/pacote-promocional-dvd-alla-prima.html

ALGUMAS ETAPAS DO DVD FLORES





ALGUMAS ETAPAS DO DVD NATUREZA MORTA






PAULO CAMARGOS

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PAULO CAMARGOS - Estrada - Óleo sobre tela - 75 x 110 - 2014

Há tempos, o ensino artístico brasileiro institucionalizado (diga-se Escolas de Belas-Artes) voltou as suas diretrizes para a formação cada vez mais constante do artista conceitual. Isso parece ser uma característica não apenas brasileira, em escala global a história se repete. Não é de se estranhar que, nesse novo método de ensino, forma-se o artista mais a nível teórico do que prático. Felizmente, toda regra gera exceções, e é sempre gratificante ver artistas da nova geração que passaram pelo sistema de ensino vigente, que continuam firmes em propostas que não sejam apenas as teóricas, mas que experimentam e estão sempre em busca daquilo que sempre foi o principal motivo para suas caminhadas: a arte. Paulo Camargos é um dos esses exemplos.

PAULO CAMARGOS - Estrada - Óleo sobre tela - 25 x 35 - 2014

Nascido em Divinópolis, MG, em 1980, tem uma trajetória interessante e vem conquistando seu espaço com segurança e respeito.
Desde cedo, já era grande o seu interesse por todo tipo de imagem. Isso o levou a trilhar os caminhos das artes visuais e, aos 16 anos, começou a se interessar ainda mais pela execução dos retratos a lápis. Começou a estudar, de maneira autodidata, história da arte, técnicas de desenho e pintura. A graduação na Escola de Belas Artes da UFMG começou quando tinha 23 anos. Pretendia se especializar em pintura, mas acabou se encantando pelo cinema de animação, mais especificamente pela produção de Yuri Norstein. A empolgação pela nova linguagem artística o levou a produzir um curta de animação: "Álvaro em Véspera" (http://vimeo.com/35015507), que foi inteiramente inspirado na vida e obra de Fernando Pessoa, mais especificamente no heterônimo de Álvaro de Campos. Neste curta é possível notar a influência de Edward Hopper e Yuri Norstein. Também chegou a participar da produção de outro curta metragem de animação: Viagens de Papel - de Maurício Gino (http://vimeo.com/43602059).
Depois de concluir o bacharelado em Artes Visuais com ênfase em Cinema de Animação, cursou a Pós-Graduação em Especialização em Ensino de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFMG e também a Formação Pedagógica em Arte do Centro Universitário Claretiano. Foi quando o artista voltou para Divinópolis e atualmente se dedica ao trabalho em ateliê, com produções autorais (desenho e pintura de retratos, arte sacra, pintura de paisagem e ilustração) e aulas de Desenho e Pintura. Também trabalha como professor de Arte do Ensino Fundamental e Ensino Médio em uma escola particular.


Os trabalhos de ateliê começaram em 2013. É interessante analisar que em tão pouco tempo já tenha assimilado uma linguagem técnica e estilística própria. Foi pela necessidade de estabelecer uma conexão mais íntima com a natureza, observar e apreciar sua exuberância e magnitude, que a pintura de paisagem aconteceu como algo natural. Queria se aprofundar mais no assunto e teve a felicidade de conhecer, nesse momento, o artista Vinícius Silva. Em palavras do próprio Paulo Camargos, “quando vi os trabalhos dele pessoalmente, ficou claro para mim que era o caminho que eu também queria trilhar. Fiquei fascinado!”
De Vinícius, veio a influência da nova escola americana de paisagens, sempre alicerçada por artistas com grande vocação para o trabalho em plein air, dos quais passou a admirar naturalmente Scott Christensen, Edgar Payne, Joe Paquet e Matt Smith. Pelo gosto que tomou rapidamente pela pintura em plein air, cresceu também a necessidade de desenvolver equipamentos para a prática dessa pintura, uma vez que era impossível encontrar no Brasil alguma produtora nessa linha. Foi quando criou um cavalete próprio para pintura em plein air e, desde o início desse ano, comercializa o mesmo sob encomendas.

PAULO CAMARGOS - Dom José Belvino
Óleo sobre tela - 200 X 140
Catedral do Divino Espírito Santo, Divinópolis

PAULO CAMARGOS - Dom Tarcísio Nascente dos Santos
Óleo sobre tela - 200 x 140
Catedral do Divino Espírito Santo Divinópolis, MG

O relato que se segue é do próprio artista: “Aprecio bastante o realismo da pintura atual, gosto muito de investigar e aprender as técnicas. Mas o que mais me desperta interesse por este gênero é a profundidade do grau de observação, apreciação e exercício do olhar pictórico. Sinto que minha motivação é a mesma que Monet teve ao pintar os montes de feno. Creio que a verdadeira sabedoria consiste na capacidade de extrair grandes experiências de coisas aparentemente simples. Fico triste por perceber que a maior parte das pessoas ainda não percebe isso. Por isso, vejo o quanto é importante o trabalho em Ensino de Arte, pois é um ótimo caminho para potencializar a sensibilidade.
Também aprecio boa parte da Arte Contemporânea. Existem trabalhos e poéticas que não me despertam interesse, mas há outras que me tiram da zona de conforto e abrem meus horizontes para observar nuances da realidade que antes passavam despercebidas. Sobre as novas mídias, aprecio muito o Cinema e o Cinema de Animação, que não são tão novos assim, mas ainda nos surpreende com obras como as de Alexander Petrov (https://www.youtube.com/watch?v=W5ih1IRIRxI), por exemplo. Vejo que a internet, por meio das redes sociais, aproximou bastante os artistas, trouxe mais visibilidade e  favoreceu a troca de experiências e o compartilhamento de conhecimentos”.

PAULO CAMARGOS - Rodolfo
Lápis sobre papel

PAULO CAMRGOS - Maria Kátia
Lápis sobre papel


Na nossa conversa, o artista deixou claro que 2015 será um ano decisivo em sua produção. Ele pretende voltar mais atenção para a produção de trabalhos relacionados à sua região. Lembrando Amílcar de Castro, que afirmava que “a originalidade está diretamente vinculada às origens”, o artista pretende continuar no exercício contínuo de reavivar e preservar suas memórias de infância, pois vê nelas a sua identidade e seu referencial. A pintura em plein air, mais do que nunca, pretende ser o foco principal para esse ano.


O kit para pintura em plein air pode ser adquirido diretamente com o artista.


CONTATOS:



artpaulocamargos@gmail.com


HERMANN HERZOG

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HERMANN HERZOG - Cachoeira de Yosemite, Nevada - Óleo sobre tela

Confesso que sou um admirador entusiasmado pelo tema paisagem e sou grato pelos muitos artistas que assim também o foram antes de mim. Grato especialmente por todos aqueles que desbravavam campos e montanhas atrás de um belo ângulo, num tempo onde não existia a praticidade de uma máquina fotográfica de boa resolução, muito menos a comodidade das pesquisas infindáveis que a internet proporciona. Conversando recentemente com o artista mineiro Judson Oliveira, ele solicitou que fizesse uma matéria sobre um grande paisagista do século XIX, tão entusiasmado com a temática quanto os muitos “herdeiros” que ele formou ao longo da história.

HERMANN HERZOG - Paisagem de montanha com chalé
Óleo sobre tela - 55,88 x 91,44

HERMANN HERZOG - Ursos num riacho
Óleo sobre tela

Hermann Ottamar Herzog (Hermann Herzog ou Herman Herzog) nasceu em Bremen, na Alemanha, a 15 de novembro de 1832. Habilidoso com o desenho desde muito novo, teve a felicidade de ingressar na Academia de Düsseldorf, quando tinha 17 anos. Escritos da época narram que ele já sustentava sua família, com sua arte, desde os 15 anos de idade, tamanha perícia e aceitação de seus trabalhos. Na Escola de Dusseldorf ficou praticamente enfeitiçado pelo que viria a ser a marca registrada daquela instituição: o realismo. Tendo como mestres principais Andreas Achenbach e Johann Wilhelm Schirmer, é bem compreensível como essa influência seria notória. A dramaticidade com influência romântica se consolidaria por definitivo em sua pintura, quando fez aulas particulares com o pintor norueguês Hans Fredrick Gude.

HERMANN HERZOG - A velha ponte - Óleo sobre tela - 127 x 190,5

HERMANN HERZOG - Um pastor e suas ovelhas
Óleo sobre tela - 41 x 51

A segunda metade da década de 1850 e praticamente toda a década de 1860 foi um período de longas viagens para Herzog. Pintou diversas paisagens em muitos lugares, principalmente Bélgica, Suíça, Itália, França e Holanda. Ao retornar de uma viagem à Noruega, em 1855, a Rainha de Hannover comprou uma de suas telas e também lhe assegurou patrocínio vitalício com apoio de vários outros monarcas europeus. O artista ganharia ainda mais reconhecimento após as premiações que recebeu no Salão de Paris, nos anos de 1863 e 1864, bem como medalhas que recebeu em exposições em Liège e Bruxelas.

HERMANN HERZOG - Crepúsculo sobre um lago
Óleo sobre tela - 35,6 x 55,9

HERMANN HERZOG - Estrada pela fazenda
Óleo sobre tela

No início dos anos de 1870, Herzog mudou-se para os Estados Unidos e estabeleceu-se definitivamente perto de Filadélfia. A exemplo de épocas passadas, viajou bastante por todo o território norte-americano e também a regiões do México. Em 1873, atingiu os estados mais ocidentais, inclusive a Califórnia. Sentiu profundamente atraído pelas paisagens do Vale de Yosemite, de onde produziu uma série de pinturas. Também fez várias viagens com o objetivo de pintar, para estados como Maine e Flórida. Nesse último, sentia atraído principalmente pelas palmeiras típicas da região, que viria a retratar em diversas composições.

HERMANN HERZOG - Paisagem próxima ao Lago Santa Fe - Óleo sobre tela

Além dos destinos certos de sua produção para a alta classe de colecionadores, que lhe garantia um bom nível de vida, Herzog também teve êxitos em investimentos financeiros que fez nas últimas décadas do século XIX. Isso fez com ele parasse de exibir e comercializar suas obras, conseguindo acumular para patrimônio da família, um acervo numeroso e valioso. Um fato curioso é que tal coleção, que pertenceu a familiares por várias décadas do século XX, foi quase que completamente desfeita e vendida na década de 1970, sendo que grande parte dela foi adquirida por museus e importantes galerias dos Estados Unidos.

HERMANN HERZOG - Moinho de água
Óleo sobre painel - 27 x 37 - 1872

HERMANN HERZOG - Rebanho de renas num lago da montanha
Óleo sobre tela - 1865


Hermann Herzog faleceu em 6 de fevereiro de 1932. Nos 100 anos de vida, produziu mais de 1000 pinturas, que influenciaram muitos paisagistas de sua geração e de gerações futuras.

HERMANN HERZOG - Cena do sudeste com figuras- Óleo sobre tela - 20,32 x 26,67

LEOPOLD SCHMUTZLER

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LEOPOLD SCHMUTZLER - Jovem com uma lira
Óleo sobre cartão - 100 x 80

LEOPOLD SCHMUTZLER - Salomé
Óleo sobre tela - 1920

Por motivos dos mais variados possíveis, artistas caem no gosto popular; e também por motivos variados, caem no esquecimento. Um dos motivos que mais popularizou o artista Leopold Schmutzler foi a representação dramática, bem teatral, de Salomé, interpretada pela atriz e dançarina da época Lili Marberg. A cena tinha todos os atributos para se tornar um dos ícones de sua época e poderia muito bem ter levado o nome de seu autor à glória do cenário artístico mundial, assim como obras anteriores já haviam eternizado outros artistas. Por envolvimento com o partido socialista alemão e pela associação de seu nome com o regime nazista, Schmutzler foi relegado ao esquecimento durante várias décadas do século passado, vindo a retomar prestígio artístico somente no final do século e no início desse.

LEOPOLD SCHMUTZLER - Carregando uma jarra
Óleo sobre tela

LEOPOLD SCHMUTZLER - A dama das margaridas
Óleo sobre cartão - 101 x 73 - 1940

Leopold Schmutzler nasceu em Mies, na Áustria, a 29 de março de 1864, vindo de uma família humilde da região. O pai, que trabalhava como seleiro em uma estalagem, foi quem lhe deu as primeiras instruções em desenho. Entre 1880 e 1882, conseguiu aulas na Academia Real de Belas Artes de Viena, e entre os anos de 1882 e 1885 concluiu seus estudos preliminares na Academia de Munique. O artista ainda viria a fazer cursos rápidos em suas passagens por Paris e Roma. Pelos meios que frequentou e pelas influências com a arte realista de sua época, acabou por se tornar um retratista de respeito e bem requisitado, recebendo comissões importantes por parte da família real da Baviera.

LEOPOLD SCHMUTZLER - A chegada do pretendente
Óleo sobre tela - 69,8 x 91,4 - 1889

LEOPOLD SCHMUTZLER - O centro das atenções
Óleo sobre tela - 77,5 x 95,9

Andava muito em voga, naqueles tempos, um estilo realista com influências de Rococó e Art Deco, que dava muita ênfase nos vestuários dos personagens retratados, criando sempre um clima de muita exuberância e elegância, o que tornava todos os trabalhos muito atraentes e decorativos. Schmutzler soube explorar muito bem essa tendência da época, retratando belas modelos em poses insinuantes e descontraídas. A figura da mulher é uma espécie de ícone em quase toda a sua produção. Muitas cenas com mulheres nuas e seminuas se tornaram uma encomenda assídua no seu ateliê. Mas, pela versatilidade com realizava suas obras, também criou várias cenas de gênero. Muitas delas, inspiradas em cortes da Baviera.

LEOPOLD SCHMUTZLER - Uma jovem com flores
Óleo sobre tela - 100 x 70 - 1940

LEOPOLD SCHMUTZLER - Mulher com cesta - Óleo sobre tela - 91,5 x 108

LEOPOLD SCHMUTZLER - Um look sedutor
Óleo sobre cartão - 95 x 68

O envolvimento com o regime nazista, mais no fim de sua vida, mudou um pouco sua produção, com obras que enfatizavam o movimento. Ele chegou inclusive a ser premiado com esses trabalhos, em 1940. Porém, naquele mesmo ano, em 20 de junho, ele faleceria na cidade de Munique.

Vários museus, em diversas partes do mundo, começaram a adquirir os seus trabalhos somente no final do século XX. Em especial, o Museu de Arte Frye, em Seatle, que abriga várias obras do artista, provenientes da coleção de Charles Frye, um grande admirador da obra de Schmutzler. Atualmente, seus trabalhos tem conseguido boas cifras em diversas casas de leilões.


CAMINHAR... SEMPRE!

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WILLIAM BOUGUEREAU - As laranjas (detalhe)
Óleo sobre tela - 117 x 90 - 1865

Já faz um bom tempo que caminhamos juntos por aqui. Através da arte, foi possível arranjar um motivo que nos unisse, nem que por pouco tempo. Às vezes, apenas por um breve período da leitura de uma matéria. E, através dela, nos comunicarmos. Dividir novidades, relembrar fatos e visualizar obras que nos fazem indagar coisas e encontrar respostas. Porque a arte faz isso, faz com que possamos compreender e conhecer melhor o mundo que nos cerca. Faz com que saibamos entender outros povos e suas culturas, seus desejos e suas expectativas, suas opiniões e suas histórias de vida. Sendo a arte a linguagem da vida, passamos a compreender melhor a humanidade. E isso nos faz caminhar melhor!

EUGÈNE-ALEXIS GIRARDET - A passagem (detalhe)
Óleo sobre tela - 102 x 82,5

Esse texto é apenas para relembrarmos o motivo que nos faz encontrar por aqui de vez em quando. Às vezes, precisamos recobrar a consciência de nossa caminhada. Não basta apenas ir, como se houvesse um lugar especial a chegar. O lugar especial é o aqui e o agora. Em cada matéria, em cada imagem, em cada nova informação que nos acrescenta algo e também em cada informação recordada em nossas lembranças. Cada vez que publico algo, estou dando um passo. E levo alguém comigo! Todos os caminhos levam mais longe quando estamos em companhia.

RODOLFO AMOEDO - A narração de Filectas (detalhe)
Óleo sobre tela - 249 x 307 - 1887 - Museu Nacional de Belas Artes

Sei que pode parecer repetitivo, mas vamos entender um pouco mais porque nos encontramos por aqui. Toda vez que uma matéria é publicada, há a possibilidade de que uma linguagem comum se organize um pouco melhor dentro de nós, permitindo que possamos ver um pouco mais do mundo, pelas obras e visões que outros produziram. Mas, também não podemos esquecer que cada um traz consigo suas histórias, por isso, algo apresentado por aqui sempre terá interpretações variadas e despertará emoções diferenciadas. A experimentação da arte em sua verdadeira essência depende da fração intelectual com que recebemos uma informação e da fração emocional com que deixamos que essa informação nos modifique. É isso que faz com que cada um, mesmo não produzindo arte, seja um difusor e propagador da mesma, despertando emoções e levando novas informações a outros.

YINGZHAO LIU - Uvas e pote (detalhe)
Óleo sobre tela - 61 x 40,6

A cada passo, novas possibilidades e indagações. Somos testados e provocados continuamente e é isso que faz com que a caminhada pareça excitante. Apenas seguir, sem vislumbrar a paisagem, é o mesmo que passar pela vida sem ter vivido. A proposta principal aqui é essa: andar por novos caminhos, conhecer novas possibilidades e se permitir acrescentar algo com elas. Respeito que, pelas experiências culturais e sensibilidade de cada um, caminhos não sigam sempre tão em paralelo. Isso é liberdade! Haverá algo mais importante que ser e deixar ser livre?

Fico torcendo para que possamos nos encontrar ainda muitas vezes por aqui, e que saibamos aproveitar todas as oportunidades que forem surgindo, vislumbrando todas as belezas do caminho, sem nunca nos preocupar com o destino.

EVANDRO SCHIAVONE - Concerto para um (detalhe)
Óleo sobre tela - 120 x 180

CARLOS ROBERTO MIRANDA

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CARLOS ROBERTO MIRANDA - Cores do pantanal - Óleo sobre tela - 80 x 120

CARLOS ROBERTO MIRANDA - Nativo
Óleo sobre tela

Dono de uma beleza natural exuberante e bem particular, o estado do Mato Grosso tem atraído a atenção de artistas que utilizam da paisagem como temática principal em sua produção. Residindo em Cuiabá, MT, desde 1990, o paulista Carlos Roberto Miranda é um desses artistas citados anteriormente e se tornou um dos grandes representantes da arte realista do centro-oeste brasileiro. Abordando praticamente todas as temáticas, podemos encontrar em seus trabalhos boas referências da arte realista atual, ora desenvolvendo trabalhos com minuciosos detalhes, ora se permitindo uma liberdade maior nas pinceladas e nas composições.


CARLOS ROBERTO MIRANDA - Ao sol- Óleo sobre tela

CARLOS ROBERTO MIRANDA - Fundo de quintal- Óleo sobre tela - 70 x 100

Nascido na cidade paulista de Tatuí, demonstrou aptidão para as artes desde bem cedo, o que o levou a frequentar, em 1979, cursos na Associação Paulista de Belas Artes. Lá, familiarizou-se com diversas técnicas em desenho e pintura e logo se tornou um artista procurado para comissionamentos de retratos. Aí também, em São Paulo, expôs seus trabalhos por diversas vezes.


CARLOS ROBERTO MIRANDA - Barcos na espera - Óleo sobre tela

CARLOS ROBERTO MIRANDA - Trazendo o gado - Óleo sobre tela

A ida para Cuiabá possibilitou também ministrar aulas de desenho e pintura no ateliê que montou na cidade, desde a sua chegada. Uma série de exposições e cursos, por todo o estado, logo o tornaram bastante difundido na região e muito procurado para diversas encomendas. Desde 1997, também viaja a Portugal todos os anos, onde possui um ateliê em Évora, e também mantém por lá temporadas de cursos e workshops.


CARLOS ROBERTO MIRANDA - Frutos do cerrado
Óleo sobre tela

CARLOS ROBERTO MIRANDA - Natureza-morta
Óleo sobre tela

Composições agradáveis e cenas bem despojadas são uma marca de sua produção, que realça também por uma paleta limpa e valorização da temática rural. As naturezas-mortas e marinhas também o tornaram bastante conhecido. Muito bom saber que a arte realista brasileira anda bem representada em diversas partes do país.



A ÁGUA E NOSSAS NOVAS ATITUDES

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JOSÉ ROSÁRIO - Curva de rio - Óleo sobre tela - 90 x 150 - 2011

Quando eu era criança, cresci ouvindo que a terceira guerra mundial seria causada pela falta d’água. Ao mesmo tempo, na minha cabeça de criança, crescia também o temor de que, sendo o Brasil um dos grandes reservatórios do planeta, seríamos um alvo em potencial para invasão. De fato, a condição de uma das maiores reservas hídricas do planeta, lugar onde corre o rio mais volumoso do mundo, sempre nos deixou numa situação confortavelmente irresponsável. Os tempos mudaram e os temores de hoje são bem outros. Acreditava que a crise de abastecimento seria algo para um futuro bem distante, do qual eu já nem faria mais parte. Mas o futuro chegou rápido e aqui estamos nós, responsáveis por todos os nossos atos de agora em diante, como sempre fomos e nunca nos demos conta.

ALEXANDRE REIDER - Rio com pedras - Óleo sobre tela

Não há ser vivo nesse planeta que sobreviva sem ela. Os que não precisam dela diretamente necessitam de outros organismos para se hospedar, e estes certamente precisam dela. Nosso corpo é quase 70% constituído dela, o que nos faz crer que ela é bem mais íntima de todos nós do que podemos imaginar. Um ser humano completamente saudável pode sobreviver de 3 a 5 dias sem água, mas já perdendo completa sensação dos sentidos ao fim desse período. Ela está em tudo que consumimos! Qualquer alimento, mesmo aquele com o menor índice de hidratação, consumiu uma enorme quantidade de água até chegar ao seu estado de consumo.


JOÃO BOSCO CAMPOS - Nadando no lago - Óleo sobre tela

Gasta-se água para tudo! Produzir alimentos, na industrialização de todos os produtos, na limpeza, na construção... Difícil é encontrar uma atividade onde ela não esteja presente. A população mundial cresceu bastante no último século e o consumo de água cresceu desproporcionalmente muito maior a ela. Concluímos então que gasta-se água para tudo e um pouco mais. E que constatação cruel quando acontece somente ao vivenciarmos a sua falta... Estamos vivendo no Brasil uma crise hídrica sem precedentes. Por uma série de fatores, que inclui desde mudança ambiental a incompetências administrativas e uso irresponsável por todos nós, a crise de água é uma realidade que já se faz presente em grande parte do país, e pelo jeito, não vai embora tão cedo.

ALFREDO VIEIRA - Corredeira - Óleo sobre tela

Outro dia, estava lavando o carro com a água que havia colhido da máquina de lavar roupas e me perguntando porque não fiz isso há mais tempo. O que antes parecia um sinal de avareza é hoje uma questão de inteligência. Até quando vamos insistir na ideia estúpida de que é preciso valorizar algo apenas quando se perde? É uma condição nata do ser humano, dar valor somente àquilo que não tem mais. Precisamos repensar valores e atitudes, se é que queremos enfrentar as crises prometidas para o futuro sem muito sofrimento. E as atitudes são simples e começam com cada um de nós. Tente listar o que você mesmo poderia fazer em sua casa e seu trabalho para poder contribuir nesses momentos de crise. Que tal fechar a torneira enquanto escova os dentes? Ou o chuveiro enquanto se ensaboa? Lave as verduras e legumes em cima de um recipiente que colete a água, depois poderá aproveitá-la nas plantas do quintal ou do jardim... Esses são só alguns pequenos atos que podem formar grandes resultados.

ERNANDES SILVA - Beira de açude - Óleo sobre tela - 40 x 30 - 2014


Os fatores climáticos estão se alterando a passos largos, como já profetizaram muitos cientistas. Se somos responsáveis por isso já nem interessa mais, mas somos responsáveis por aquilo que faremos à partir do momento que tomamos conhecimento dessas mudanças. Não mudar as nossas atitudes e continuar com a irresponsabilidade com que agimos até aqui nos colocará num caos sem precedentes. Pequenas mudanças começam em mim, em você, em todos nós. E elas podem nos trazer um bem enorme!

VINÍCIUS SILVA - Cascata d'Anta - Óleo sobre tela - 90 x 60

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH

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ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Duas garotas colhendo âmbar numa praia
Óleo sobre tela - 70 x 100

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Brincando na praia
Óleo sobre tela - 60 x 90

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Um passeio na praia
Óleo sobre tela - 60 x 90

Cenas bucólicas, de apelo quase sempre romântico, e que sempre retratam situações cotidianas prazerosas, tornaram-se bastante comuns nos finais do século XIX e início do século XX. Até hoje, vários artistas de diversas partes do mundo ainda mantém essa tradição e essa temática. Pelo fato de serem bastante comerciais, agradam em vários estilos. Atualmente, quase sempre são executadas com influências impressionistas e é possível encontrar muitos artistas com essa abordagem. Alexander Averin Nicolajevich é um dos representantes dessa modalidade, e já está nela há um bom tempo.

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - No pier
Óleo sobre tela - 80 x 60

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Duas garotas colhendo flores
Óleo sobre tela - 60 x 90

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH
Preparando uma nova jarra
Óleo sobre tela - 80 x 60

Nascido na cidade de Noginsk, próxima a Moscou, em 1952, é hoje um dos mais conhecidos pintores russos com esse tipo de abordagem.





ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH
Passeio de barco num dia de verão
Óleo sobre tela - 60 x 80

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Cena de praia com garotos brincando
Óleo sobre tela - 70 x 100

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Pescando
Óleo sobre tela - 61 x 91

Seus trabalhos são quase que completamente cenas de gênero muito bem descontraídas, retratando jovens senhoras e crianças russas, quase sempre no campo, em jardins ou em cenas lacustres e litorâneas. Há que se destacar em suas obras a leveza do colorido e a luminosidade de sua paleta, bem como o clima aprazível e a sensação de paz e calmaria que emanam de cada composição. Criticados por remeter a épocas não presentes e fazerem o que é para muitos um trabalho datado, vários desses artistas encontraram em colecionadores de todo o mundo, uma prova de que a arte é atemporal e que gostos são o primeiro quesito para se ter liberdade.

Vida longa a esse e muitos outros artistas com temática semelhante!


ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Duas damas com um cão na praia
Óleo sobre tela - 60 x 90

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH - Colhendo peixinhos
Óleo sobre tela - 70 x 100

ALEXANDER AVERIN NICOLAJEVICH
Crianças numa praia do Mar Negro
Óleo sobre tela - 70 x 100


BILL ANTON

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BILL ANTON - Trilha do Lago Dourado - Óleo sobre tela - 101.6 x 122

BILL ANTON - Mapeando a trilha - Óleo sobre tela - 61 x 91,5 - 2010

Muitas imagens me remetem ao tempo de infância, mas poucas delas são tão marcantes como as cenas de filmes de faroeste. Como muitos de minha geração, acredito que crescemos todos vendo cowboys, índios, soldados, belas paisagens, histórias inesquecíveis... Imagens de um tempo de conquistas, exterminações, romances, invasões e busca de novos horizontes. Hoje consigo entender e julgar melhor tudo aquilo que via, admito que até não reconheço mais tanto heroísmo, diante do extermínio de tantas nações indígenas que foram sacrificadas em nome da tão sonhada expansão para o oeste americano. Mas, ainda sinto falta daqueles tempos em que ficava esperando ansioso pelas tardes de sábado ou início de todas as noites, quando muitos filmes com a temática do oeste americano eram exibidos e não tinham muita concorrência.

BILL ANTON - Começo de jornada - Óleo sobre tela - 61 x 76,2

BILL ANTON - Alerta contra o predador
Óleo sobre tela - 91,5 x 61 - 2008

Muitos artistas americanos ainda continuam explorando imagens com cenas do oeste daquele país, e muitos deles até procuram fazer aos índios uma espécie de tributo por tudo aquilo que seus antepassados tiraram. Bill Anton é um dos meus preferidos dessa nova geração. Fala da vida do vaqueiro americano com tanta propriedade que parece ter nascido lá, mas não nasceu. Ele é natural de Chicago, onde nasceu em 1957, mas desde que se mudou para Prescott, no Arizona, é como se já tivesse crescido ali.

BIL ANTON - Sierra Nomads- Óleo sobre tela - 71,1 x 86,3

BILL ANTON - Ao sol - Óleo sobre tela - 101,6 x 152,4 - 2007

Foi no final da década de 1970, que o então recém-formado em Letras, pela Universidade do Norte do Arizona, se encantou com uma exposição que viu sobre um artista que explorava a vida do cowboy americano. Não pensou duas vezes em trocar textos e romances por pincéis e, graças a isso, o mundo ganhou um de seus melhores artistas sobre a temática do oeste americano. O mais interessante é que pinta cenas que nos remetem ao passado, mas com uma técnica arrojada e solta que não nos deixa fugir do presente. Ele trabalha exclusivamente com arte, desde 1982.

BILL ANTON - Cinco milhas restantes - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6 - 2009

BILL ANTON - Pássaros próximos - Óleo sobre tela - 45,72 x 61

Poderia tecer linhas e linhas sobre ele, mas prefiro que leiam a narrativa do próprio artista, numa ótima entrevista que concedeu a Dana Joseph, em junho de 2013, no link que deixo a seguir:
http://www.cowboysindians.com/Cowboys-Indians/June-2013/Rocky-Mountain-Majesty/


PARA SABER MAIS SOBRE O ARTISTA:


FRANCESCO BEDA

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FRANCESCO BEDA - A modelo - Óleo sobre tela

FRANCESCO BEDA - A modelo - Óleo sobre tela
Detalhe

FRANCESCO BEDA - A modelo - Óleo sobre tela
Detalhe

As últimas décadas do século XIX foram um período de muitas experimentações artísticas, mas um grande número de artistas ainda se inspirava no passado para fazer suas composições. Em quase toda a Europa, paralelo a todo burburinho que formava pelos muitos estilos que cresciam livremente, também havia um movimento de resgate das tradições dos séculos XVII e XVIII. Muitos desses trabalhos eram inspirados em cenas de gênero, que sugeriam um galanteio romântico, situações anedóticas, ou composições em ambientes quase sempre suntuosos de castelos, em grandes e refinadas construções. Cenas familiares, interiores de ateliês, personagens com vestimentas impecáveis que remetiam aos citados séculos acima.

FRANCESCO BEDA - O pretendente - Óleo sobre tela

FRANCESCO BEDA - O pretendente II- Óleo sobre tela

Francisco Beda foi um dos artistas italianos que mais se identificou com essa proposta. Ele nasceu ao norte da Itália, na cidade de Trieste, a 29 de novembro de 1840. Naturalmente, possivelmente pela proximidade, teve mais contatos nos países próximos. Foi inclusive na Áustria, que fez os primeiros estudos de arte com Karl von Blaas e por quem se deixou influenciar pela escolha de suas temáticas. Acabou conquistando uma clientela respeitável por toda a Áustria, Hungria e Croácia.

FRANCESCO BEDA - A espiã - Óleo sobre tela

FRANCESCO BEDA - No ateliê - Óleo sobre tela

A reputação de bom retratista, com gosto refinado e paleta muito agradável, logo lhe abriu portas para encomendas importantes, como da Imperatriz Elizabeth da Áustria, do Príncipe Rolian e de muitos líderes religiosos locais, entre eles o Bispo Strossmayer, de Zagreb. Além das cenas de gênero com inspiração nos séculos passados, também se dedicou a pintar cenas orientais, uma tendência praticada por diversos artistas de todas as últimas décadas do século XIX.

FRANCESCO BEDA - Cena musical - Óeo sobre tela

FRANCESCO BEDA - O jogo de xadrez - Óleo sobre tela

Francesco Beda teve um filho, que mais tarde também se tornaria pintor, Francesco Giulio Beda, que viria a estudar com Guglielmo Ciardi e morar em Munique, na Alemanha.
Francesco Beda faleceu em Trieste, em 30 de julho de 1900. Viu a virada do novo século, mas todas as grandes experimentações desse período não lhe atraíam muito. Manteve-se sempre fiel a sua proposta e é mais um dos artistas que nos prova que a arte pode e deve ser, acima de tudo, atemporal.


FRANCESCO BEDA - Espionagem - Óleo sobre tela

FRANCESCO BEDA - O noivado - Óleo sobre tela - 90,1 x 143,2

FRANCESCO BEDA - Lição de arte - Óleo sobre tela

VALOR TONAL

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A escolha inteligente de uma quantidade de tons (3 ou 4) para a composição
acima, feita pelo artista Vinícius Silva, resultou em uma composição de
grande impacto e que sugere imediatamente uma cena pintada sob
luz forte, típica da metade do dia. Observando a pintura em cores, percebe-se
que nem é necessária uma quantidade muito variada de matizes (cores),
para que o resultado ganhe volume e solidez.

VINÍCIUS SILVA - Estrada com araucária - Óleo sobre tela

Acredito que para a grande maioria dos leitores que estará tendo acesso a esse texto, não estarei falando nenhuma novidade. Mas, o assunto é de tamanha importância em qualquer prática artística, que falar sobre ele mais vezes e recordar sempre, nunca é excesso.
O valor tonal é algo tão importante em um desenho e pintura quanto a própria capacidade de saber desenhar e pintar. Aliás, sem a aplicação correta dos tons, linhas e pinturas correm o risco de nunca expressarem aquilo que seu criador desejou. Podemos definir o tom como a medida de claridade ou escuridão de um desenho ou pintura. Nunca confundir tom com matiz ou intensidade, esses se referem à cor. É o tom que define a quantidade de luz que realmente chega a nossos olhos. Embora cada cor pareça ter a sua tonalidade própria, essa pode ficar mais ou menos intensa dependendo da quantidade de luz que incida sobre ela. Experimente colocar o mesmo objeto sob uma iluminação intensa e depois em um ambiente escuro. Em seguida, compare como a cor desse objeto que você observa em um local, parecerá completamente diferente em outro. Um vermelho sob uma luz bem forte pode parecer laranja, assim como o mesmo vermelho em um ambiente escuro parecerá um marrom.


A escolha por um número maior de tons, em uma composição, é algo bastante
pessoal. Para essa cena, optei por uma escala tonal maior, que procurasse
realçar os vários planos que existem até o infinito.

JOSÉ ROSÁRIO - Indo pra cidade
Óleo sobre tela - 50 x 80 - 2011

Nunca devemos esquecer que quando há luz, há sombra. É a conjugação perfeita desses dois elementos que nos permite a correta sensação de volume. Uma das melhores maneiras de entender e visualizar esse conceito, é observar uma fotografia em preto e branco. Ali não há cor, apenas tom. Vários tons, aliás, que vão desde o branco ao preto, passando por uma infinidade de cinzas. E, no entanto, é possível ver e distinguir cada coisa ali contida, sem que cada objeto ou plano se misture. Por incrível que possa parecer, o melhor pintor não é aquele que sabe produzir as mais belas cores, mas aquele que sabe equilibrá-las tonalmente em sua composição, conseguindo volumes e profundidades convincentes.


Nessa pintura elaborada com valores tonais bem altos, quase não não se
observa tons escuros. Os contrastes são bem sutis, o que sugere uma
pintura leve e quase etérea.

EMIL CARLSEN - Paisagem de primavera
Óleo sobre tela - 86,5 x 96,5 - 1904

Há uma infinidade de tons, que vai do branco mais intenso ao preto mais profundo. Perceber todos eles é uma capacidade restrita apenas para máquinas. À olho nu, conseguimos observar facilmente somente até nove deles. Uma pintura já se tornaria perfeitamente legível com a correta utilização de três tons bem definidos, mas, a utilização de seis, sete ou até nove tons, permite uma riqueza bem maior no volume e uma sensação bem maior de veracidade. Há um exercício bem simples, que pode ajudar a observar melhor os tons. Quando olhar para um objeto, aperte um pouco os olhos, de modo que as cores não tenham tanta influência na sua observação. Essa espécie de filtragem, fará com os tons apareçam com bem mais facilidade. Quanto mais prático estiver na observação dos tons, verá que uma boa pintura é exatamente aquela que foi feita com o menor número e o uso correto deles.


Ao contrário da pintura anterior, essa composição criada por Thomas Moran
sugere um clima de suspense e tensão. Valores tonais bem baixos propiciaram
essa atmosfera.

THOMAS MORAN - Paisagem ao crepúsculo (Fuga para o Egito)
Óleo sobre tela - 38 x 68,5 - 1878

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CLARK HULINGS - Burro com carruagem - Nanquim sobre papel

A enorme experiência acumulada ao longo de sua carreira, fez com que Clark Hulings
dominasse perfeitamente o uso correto dos tons. Usando a mesma técnica, veja
como conseguiu resultados completamente diferentes. Acima, o nanquim é
aplicado em traços, por isso, os tons são conseguidos pela variedade de espessura
dos mesmos, bem como pela sobreposição em determinados locais. Abaixo, a
mesma técnica foi empregada em aguada com pincéis, criando uma
sensação quase fotográfica ao volume.

CLARK HULINGS - Grande esforço - Nanquim sobre papel

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Um excelente artigo, bem mais abrangente sobre esse tema, pode
ser acessado no link abaixo:



EVENTOS, OPORTUNIDADES E INDICAÇÕES

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PLEIN AIR CONVENTION & EXPO


Um dos encontros para demonstrações artísticas mais respeitados da atualidade é o Plein Air Convention & Expo, organizado pela Plein Air Magazine. Vários artistas, de várias partes do mundo, estarão reunidos na cidade de Monterey, Califórnia, para demonstrarem suas técnicas e inovações, diante da presença de muitos outros artistas e convidados.
O evento acontecerá entre os dias 13 e 17 de abril de 2015, em sua quarta edição.

RODRIGO ZANIBONI - A canção de Joana
Óleo sobre tela - 50 x 40
Acervo particular de Waiderson Liberato

RODRIGO ZANIBONI - Reflexão
Óleo sobre painel - 35 x 24 - 2015
Acervo particular de José Rosário

Rodrigo Zaniboni estará representando o Brasil, nesse ano, com a execução de um retrato ao vivo. Um dos mais expressivos e destacados artistas brasileiros da atualidade, ele explora uma linha bem contemporânea do realismo, com forte influência impressionista e de várias vertentes de artistas americanos e europeus desse tempo.
Sucessos, meu amigo Rodrigo. Parabéns por levar a arte brasileira a lugares tão distantes!



XIII TERRITÓRIO DA ARTE DE ARARAQUARA / SP


Gerar oportunidades para promoção da arte, em todos os  seus aspectos, é a principal intenção do Território da Arte de Araraquara, que chega esse ano em sua 13ª edição.
Vários trabalhos, em diversas técnicas e estilos, podem ser inscritos por todos os artistas do país, para essa que vem sendo uma das grandes oportunidades do interior paulista. As inscrições podem ser feitas até o dia 11 de abril.
O regulamento, bem como a ficha de inscrição, podem ser acessados no link abaixo:


ELISEU VISCONTI – A arte em movimento


Lançado em setembro do ano passado, não poderia deixar de mencionar sobre esse ótimo livro do mercado nacional. Já era merecida e necessária uma publicação tão bem organizada e produzida, que viesse coroar de vez a carreira desse brilhante artista brasileiro, o precursor do movimento impressionista no Brasil e um dos mais aclamados artistas do fim do século XIX  e início do século XX.

ELISEU VISCONTI - Maternidade - Óleo sobre tela - 165 x 200 - 1906
Pinacoteca do Estado de São Paulo

O livro pode ser adquirido no link abaixo:


RODOLFO AMOEDO

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RODOLFO AMOEDO - A narração de Filectas
Óleo sobre tela - 249 x 307 - 1887 - Museu Ncional de Belas Artes

Há controvérsias quanto ao local de nascimento de Rodolfo Amoedo, uma vez que o próprio artista preencheu um currículo para admissão na Academia de Artes como sendo originário do Rio de Janeiro. Mas, tudo indica que isso tenha sido apenas uma estratégia para a admissão, uma vez que muitas fontes atestam que ele tenha nascido em um vilarejo na Bahia, a 11 de dezembro de 1857. Passou a infância em Salvador e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1868. Seus pais eram artistas de teatro e as dificuldades financeiras sempre foram uma constância na família.

RODOLFO AMOEDO - Marabá - Óleo sobre tela - 151,5 x 200,5 - 1882

RODOLFO AMOEDO - O último tamoio - Óleo sobre tela - 180,3 x 261,3 - 1883

Com sacrifícios, eleé admitido no Colégio Pedro II e permanece lá por algum tempo. Mas, a falta de dinheiro impede que conclua o curso e leva o jovem artista a trabalhar como assistente do pintor-letrista Albino Gonçalves. Só viria a regressar aos estudos aos 16 anos, quando ingressa no Liceu de Artes e Ofícios e tem aulas com Costa Miranda , Victor Meirelles e Antônio de Souza Lobo.

RODOLFO AMOEDO - Más notícias
Óleo sobre tela - 100 x 74 - 1895 - Museu Nacional de Belas Artes

Foi graças ao apoio incondicional de Antônio de Souza Lobo que Amoedo torna-se aluno da Academia Imperial de Belas Artes. Naquela Academia, além de continuar a estudar com Victor Meirelles, também passa a receber aulas de Zeferino da Costa, Agostinho da Motta e Chaves Pinheiro. Zeferino da Costa e Agostinho da Motta exercem uma forte influência sobre a obra de Amoedo, tanto na composição como nos ideais estéticos. Em 1878, recebe o prêmio de viagem ao exterior da Academia Imperial de Belas Artes, por sua tela Sacrifício de Abel.

RODOLFO AMOEDO - Modelo
Óleo sobre tela colada em madeira - 38 x 58,8 - Década de 1890

RODOLFO AMOEDO - Mulher
Nanquim sobre papel - 21,5 x 15,7 - Década de 1890

É sobre o prêmio conquistado para estudar no exterior, que se desenrola um dos episódios mais polêmicos da vida de Amoedo. Os Prêmios de Viagem, como eram classificadas as bolsas de estudo concedidas a artistas, foram instituídos na Academia Imperial em 1845. Isso aconteceu com a iniciativa de Taunay, junto ao Imperador D. Pedro II. A Europa, principalmente Paris e Roma, era o destino desejado por todo artista que pretendia reciclar conhecimentos e aprender novas técnicas com mestres renomados. Uma vez de posse de tais novos aprendizados, os alunos se comprometiam a renovar o conhecimento da Academia que os levou até aquele continente.

RODOLFO AMOEDO - A partida de Jacó
Óleo sobre tela - 105,5 x 136 - 1884 - Museu Nacional de Belas Artes

RODOLFO AMOEDO - Jesus entrando em Cafarnaum - Óleo sobre tela - 63 x 88 - 1885

Além de todos os rigores que compunham o tão desejado prêmio para estudos no exterior, o daquele ano em que Amoedo foi escolhido, 1878, teve uma dose extra de emoção.  Rodolfo Amoedo e Henrique Bernadelli ficaram empatados no primeiro lugar da classificação. Os próprios professores que analisaram o concurso se viram incapazes de fazer tal desempate, ficando tal função para o diretor da Academia, que acabou decidindo por Amoedo. Tal episódio causou desafeto nas partes opositoras a Amoedo e aquilo o acompanharia para o resto da vida.

RODOLFO AMOEDO - Estudo de mulher - Óleo sobre tela - 150 x 200 - 1884

RODOLFO AMOEDO - Tronco masculino
Óleo sobre tela - 100 x 84 - 1880

Paris era a cidade-modelo naquelas últimas décadas do século XIX, como continuou sendo ainda por vários anos do século seguinte. É para lá que Rodolfo Amoedo decidiu ir, com o prêmio de viagem ao exterior que recebera. Assim que chegou na cidade, Amoedo matriculou-se na Académie Julien como aluno no ateliê de Cabanel e depois no estúdio chefiado por Boulanger e Lefebvre. Era muito importante  para os candidatos a uma vaga na École de Beaux Arts (antiga Academia de Belas-Artes de Paris) garantir uma boa preparação para os testes. A École, que admitia alunos estrangeiros, exigia exames de anatomia e perspectiva, desenho ornamental ou história geral. As respostas para essas provas tinham que ser dadas em francês, claro, o que já era um funil para alguns dos pretendentes. Se um candidato passasse da primeira etapa, a próxima era mais crítica - execução do desenho de um gesso de alguma escultura antiga ou do modelo vivo, a ser completado em duas sessões de seis horas cada uma, num cubículo privado.

RORODLFO AMOEDO - Amuada
Óleo sobre tela - 73 x 49 - 1882 - Museu Nacional de Belas Artes

RODOLFO AMOEDO - Bandeirante
Óleo sobre tela - 233 x 158 - 1929
Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora

Aceito para a École de Beaux Arts, mesmo sob rigorosos testes, Amoedo ingressou na classe do professor Cabanel. Logo se tornou um discípulo-modelo, sempre conquistando as primeiras colocações em todas as disciplinas. A importância de ficar entre os primeiros lugares não se resumia apenas ao orgulho ou ao prestígio do aluno. Sempre que conquistava uma boa colocação nas avaliações semanais ou mensais, o aluno tinha o direito de posicionar seu cavalete de estudo o mais próximo do modelo a ser retratado. Ficar longe do modelo de estudo, era um sinal de que não se havia assimilado bem os estudos daquele período.

RODOLFO AMOEDO - Natureza morta
Óleo sobre tela - 35,5 x 53 - Museu de Arte da Bahia

RODOLFO AMOEDO - Paisagem - Óleo sobre tela - 19 x 27

Mesmo com todos os rigores e controvérsias que o Salon de Paris já provocava nas últimas décadas do século XIX, ser admitido para expor e concorrer ainda era considerado o auge para qualquer artista que se encaminhara a Paris, com o objetivo de estudar artes. A tela Marabá foi a primeira obra de Amoedo a ser selecionada para aquele evento. O que aconteceria também no ano seguinte, 1883, com a tela O Último Tamoio.

RODOLFO AMOEDO
Jesus Cristo no Monte das Oliveiras
Óleo sobre tela - 130 x 90,5 - 1917

Em 1887, volta ao Rio de Janeiro, onde é nomeado professor de pintura da Academia Imperial de Belas Artes. A influência do ambiente acadêmico francês se faz notar tanto em suas concepções estéticas quanto pedagógicas. Seu trabalho se afasta do tom triunfante da pintura oficial da Academia, procurando um tratamento mais discreto, objetivo, que o distancie de temas mitificados. Suas discordâncias dos métodos de ensino da Academia Imperial de Belas Artes são expressas em 1888, quando junto com os irmãos Henrique Bernardelli e Rodolfo Bernardelli, Souza Lobo e Zeferino Costa, funda o Ateliê Livre, espaço paralelo de ensino e trabalho de arte, onde os artistas procuram chamar a atenção para a defasagem do ensino acadêmico. Propõem uma modernização curricular, tendo como modelo a Académie Julian, onde estudara em Paris.

RODOLFO AMOEDO - Homem de pé
Óleo sobre madeira - 45 x 19 - 1904

Em 1889, com a proclamação da República, o grupo é reconhecido e conquista a diretoria da Escola Nacional de Belas Artes, antiga Academia Imperial de Belas Artes. No novo regime político, Amoedo se torna vice-diretor da Escola, trabalhando com muita dedicação. Tanto na pintura quanto no ensino tem preocupação crescente com as questões técnicas, do métier deixando em segundo plano os temas. Amoedo preocupa-se com a correção do desenho e a suavidade da cor, obedecendo às normas tradicionais de composição. Como professor, ensina com a mesma rigidez. Indica onde as cores devem ser distribuídas na paleta e é rígido com questões da técnica pictórica. Boa parte dos artistas formados pela Escola Nacional de Belas Artes passa por suas mãos, como Baptista da Costa, Eliseu Visconti, Candido Portinari, Eugênio Latour, João Timótheo da Costa, Rodolfo Chambelland, Carlos Chambelland e Alfredo Galvão.

RODOLFO AMOEDO - Interior com cadeira e livro
Aquarela sobre papel - 43,5 x 33 - Coleção Fadel

Rodolfo Amoedo ocupa o cargo de vice-diretor da Escola Nacional de Belas Artes em 1893 e em 1896. Em 1906, se desentende com o diretor, Rodolfo Bernardelli, e parte para a Europa, afastando-se da Escola até 1918, ano em que reassume a cadeira de professor ocupando-a até a sua aposentadoria, em 1934. Essa dedicação total ao ensino fez dele também o professor com maior longevidade naquela instituição.Em 1909, pinta o teto da Sala de Sessão do Supremo Tribunal Federal; um ano depois, faz painéis para a seção de livros raros da Biblioteca Nacional e, em 1916, decora o Theatro Municipal. O artista falece no dia 31 de maio de 1941, com 83 anos de idade. Neste momento, é reconhecido como um dos grandes nomes da arte acadêmica brasileira. Um ano após o seu falecimento, a viúva do artista doa parte do seu acervo para o Museu Nacional de Belas Artes - MNBA. Nos limites do realismo acadêmico poucos artistas se mostraram tão sensíveis à captação da subjetividade burguesa, sobretudo em retratos e cenas de gênero.

RODOLFO AMOEDO - Autorretrato
Pastel sobre papel - 57,8 x 43,2
Museu Nacional de Belas Artes

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