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Channel: JOSÉ ROSÁRIO
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HANS FREDRIK GUDE

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HANS FREDRIK GUDE - Procissão de noiva em Hardangerfjord
Óleo sobre tela - 93 x 130 - 1848

HANS FREDRIK GUDE - Lago com cisnes
Óleo sobre tela - 39 x 55,5

Definir uma pintura romântica não é uma tarefa muito fácil, principalmente quando se trata do tema paisagem. Embora o Romantismo tenha sido concebido como um estilo opositor ao Neoclassicismo e Academicismo, ele usou muitas características desses dois para se criar, por isso, definir uma fronteira exata entre os três estilos requer muitos cuidados. Vários artistas do século XVIII e século XIX se utilizaram do Romantismo em suas composições e muitos deles faziam algo que, por vezes, abraçava referências dos três estilos simultaneamente. Para não correr risco, seguem algumas distinções bem peculiares do Romantismo na paisagem: ênfase à cor; desenho menos exato e linear, privilegiando manchas e pinceladas mais soltas; composições mais movimentadas e com luzes mais contrastantes; e há sempre um impacto desejado na composição, realçando a sensação de grandiosidade, grandes vales e amplos horizontes.

HANS FREDRIK GUDE - Entrando no fiorde - Óleo sobre tela - 77 x 111 - 1857

HANS FREDRIK GUDE - Luar em Kroderen
Óleo sobre tela - 115 x 159 - 1851

Conhecedor de todos esses atributos do estilo, Hans Fredrik Gude tornou-se um dos mais respeitados paisagistas noruegueses, definido por muitos como um dos pilares do Romantismo Nacional da Noruega. Não é de se admirar que a sua escolha estilística tenha se direcionado para isso, a Noruega possui uma das mais belas paisagens do planeta, com belas montanhas, lagos, altas cachoeiras e cascatas, fiordes, e regiões costeiras únicas. O caráter romântico de composição já era demonstrado em seus primeiros trabalhos, onde sempre explorou paisagens do interior do país e litorâneas. Embora fosse um exímio paisagista, Hans Gude não se sentia muito à vontade no desenho da figura humana, fato que o levou a evitar as famosas cenas históricas, tão em moda na época de seus estudos.

HANS FREDRIK GUDE - Analkande oväder- Óleo sobre tela - 30 x 46 - 1871

HANS FREDRIK GUDE - Moças ao sol
Óleo sobre tela - 33 x 44 - 1883

Filho de Ove Gude e Marie Elisabeth Brandt, Gude nasceu em Christiania, em 1825. Iniciou seus estudos na própria Noruega, mas em 1841, tentou entrar na Academia de Arte de Düsseldorf, sendo rejeitado nos exames de admissão. Antes que retornasse à sua terra, um artista importante daquela escola resolveu dar uma chance ao jovem artista e resolveu lecionar aulas particulares para ele. Tratava-se de ninguém menos que Andreas Achenbach. A ajuda foi compensadora, pois no ano seguinte ele seria admitido na escola, na classe de paisagens, um segmento novo no ensino daquela época. E também de Achenbach veio a herança de uma pintura romântica.


HANS FREDRIK GUDE - Pescadores - Óleo sobre tela - 74 x 113 - 1880

HANS FREDRIK GUDE - Pedras na praia
Óleo sobre tela - 1893

Hans Gude lecionaria arte por 45 anos, iniciando pela própria Academia de Arte de Düsseldorf, numa cadeira que antes lhe havia recusado e terminando por lecionar na Academia de Arte de Berlim. Influenciou e incentivou muitos estudantes que iam da Noruega para estudar na Alemanha, muitos deles acompanhavam o mestre onde quer que ele fosse. Era tão consciente da importância da temática regionalista da Noruega para os estudantes que vinham de lá, que chegou a afirmar aos seus conterrâneos, quando alguns deles recusaram a temática norueguesa em suas composições: “E vocês, meus compatriotas na Noruega, não têm motivos para reclamar que nós esquecemos o personagem querido, familiar e específico com que Deus dotou a nossa terra e nossa nação. Isso é tão firmemente enraizada em nosso ser que encontra a sua expressão, quer gostemos ou não”.


HANS FREDRIK GUDE - Próximo ao moinho - Óleo sobre tela - 34 x 47 - 1850

HANS FREDRIK GUDE - Montanhas norueguesas
Óleo sobre tela - 1856

Inicialmente, Gude trabalhava somente em estúdio. Mas, a prática em estudos ao ar livre logo se tornaram frequentes em sua rotina. Pintar em plein air tornou tão importante, que incentivava os seus alunos a fazerem o mesmo. Assim, a aquarela e o guache se tornaram técnicas com as quais ganhou grande intimidade. Mesmo que tais trabalhos não viessem a ter uma boa receptividade do público consumidor de suas obras, essas faziam grande sucesso entre os artistas de seu convívio.

HANS FREDRIK GUDE - Nas margens do Chiemsee - Óleo sobre tela - 69 x 106 - 1871

HANS FREDRIK GUDE - O molhe perto de Moss
Óleo sobre tela - 63 x 100 - 1898

O artista recebeu várias honrarias ao longo de sua carreira, vindo a ser condecorado em diversas academias de arte. Seu filho, Nils Gude, também viria a exercer a profissão de pintor.

Em 1903, o artista faleceria na cidade de Berlim.




POR DENTRO DE UMA OBRA: Clark Hulings

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CLARK HULINGS - Grand Canyon - Óleo sobre tela - 73,66 x 106,68

O que promove o desenvolvimento em qualquer profissão são os desafios que a pessoa encontra ao longo de sua carreira, e os acolhe como algo necessário para sua natural evolução. Muitos artistas, ao longo da história da arte, enfrentaram certos desafios que posteriormente os tornaram aclamados perante a humanidade e que certamente os deixaram melhores como pessoas e como profissionais. Um dos exemplos mais conhecidos é o de Michelangelo; escultor como profissão; mas desafiado pelo papa para pintar o teto da Capela Cistina e o grande mural do Juízo Final, obras que lhe renderam tanta fama e reputação quanto as célebres esculturas que produziu ao longo de sua vida.

CLARK HULINGS - Grand Canyon - Detalhe 1

CLARK HULINGS - Grand Canyon - Detalhe 2

Clark Hulings; artista norte-americano; também recebeu uma incumbência em sua carreira, que trouxe para sua produção um grande e prazeroso desafio. Em 1967, o Departamento do Interior dos Estados Unidos, juntamente com a Society of Illustrators, criaram um projeto onde seriam feitas pinturas de todos os parques nacionais, por artistas daquela época. Coube exatamente para Clark Hulings o desafio de pintar o Grand Canyon, que segundo o próprio artista, foi um dos momentos mais importantes de sua carreira. Evidentemente que o artista já conhecia muitos trabalhos sobre o Grand Canyon, produzidos por várias gerações de artistas antecessoras a ele. Mas, ele tinha algo inédito em mente. E quando se quer inovar, os desafios crescem em dimensão.

CLARK HULINGS - Grand Canyon - Detalhe 3

CLARK HULINGS - Grand Canyon - Detalhe 4

Clark Hulings tinha em mente uma visão que até então não tivesse sido experimentada por nenhum artista, com pontos de vista extraídos de lugares inimagináveis, em tomadas aéreas inusitadas, que pegassem pessoas e animais fazendo o trajeto nas perigosas trilhas que cortam o desfiladeiro. Chegou até a conseguir permissão do governo dos Estados Unidos, para usar um helicóptero para conseguir tais vistas, coisa que é terminantemente proibida em condições normais. Isso não se mostrou muito eficiente e nem inteligente, porque todas as vezes que ele se posicionava nos ângulos aéreos que havia escolhido, os animais assustavam e o trabalho tornava arriscado tanto para eles quanto para quem os guiava. Também tinha em mente fazer composições noturnas do lugar, extraindo pormenores em plein air, mas novamente as dificuldades pareciam ser maiores que a intenção. A noite é completamente negra no fundo do desfiladeiro e as poucas ocasiões com a iluminação da lua não lhe permitiriam cobrir todas as pesquisas desejadas dentro do prazo a que se propusera.

CLARK HULINGS - Grand Canyon, emoldurado.

De volta ao começo, fez o que muitos artistas antes dele também fizeram, passou vários dias explorando os vales de ponta a ponta, fotografando e desenhando tudo aquilo que considerava importante para o seu projeto. Os resultados são as obras que não cansam de ser admiradas por qualquer pessoa que lhes empreste um momento de atenção. Fatos e histórias que fazem da arte esse maravilhoso caminho que seduz artistas ou simples admiradores, e que confirmam que os desafios promovem definitivamente toda a humanidade.

MAIS ALGUNS TRABALHOS SOBRE O GRAND CANYON,
PRODUZIDOS NA OCASIÃO:

CLARK HULINGS - Uma trilha em pleno inverno - Óleo sobre tela

CLARK HULINGS - Grand Canyon - Óleo sobre tela - 55,88 x 111,76 - 1970

CLARK HULINGS - Grand Canyon - Óleo sobre tela - 78,74 x 119,88 - 1968

CLARK HULINGS - Trilha Kaibab no inverno - Óleo sobre tela

CLARK HULINGS - Trilha Kaibab, detalhe

VEJA TAMBÉM:




A MORTE E SUA INEVITÁVEL INTIMIDADE CONOSCO

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MARCELINO RIBEIRO
(1968-2014)

A morte do artista Marcelino Ribeiro, nessa semana, trouxe a necessidade de falar algo sobre o tema. A partida em definitivo de alguém, mesmo que não seja do nosso círculo diário de contato, choca principalmente porque nos expõe a fragilidade do estarmos vivos e sempre nos ressuscita valores perdidos e momentos de reflexão. Tem sido uma temporada onde presenciei ou tomei conhecimento do partir de várias pessoas, de minha cidade ou mesmo distantes. Quando a proximidade da morte é percebida com mais intensidade e de algum modo isso mexe conosco, é porque algo em nosso interior ganhou novas proporções e falar sobre isso precisa ser natural, como são naturais todas as outras coisas da vida. E se consigo sensibilizar outras pessoas com aquilo que se tornou sensível em mim, é sinal que socializo experiências e que tais oportunidades podem nos conduzir por caminhos comuns.
Conheci o artista Marcelino há cerca de 3 anos, por ocasião da primeira exposição Olhares Diversos. Já ouvira sobre ele anteriormente e sobre seu envolvimento com a arte, principalmente sobre o grande número de alunos que tinha na região (desde muito tempo) e da facilidade com que tinha em arrebanhar esses alunos para experimentos mais contemporâneos na pintura, criando uma marca registrada em seus trabalhos: transparências e efeitos tridimensionais, mesclando arte figurativa e abstrata. Tinha mesmo o espírito inquieto do artista dos novos tempos, parecia que a vida ia lhe escapar a qualquer momento e tudo que fazia era sempre muito rápido, como se a pressa fosse uma companhia insuportavelmente necessária. Ele riu muito quando comentei isso com ele uma vez, e chegou mesmo a afirmar que tinha planos para mudar, que gostaria de se dedicar a uma arte mais tranquila e que lhe trouxesse novos desafios e conquistas. Não o via desde o final do ano passado e sinto que não tenha conseguido realizar esses seus novos desejos.
Temos o péssimo hábito de achar que a morte só pode ser compreendida e tolerada quando o falecido está de avançada idade ou acometido de uma doença aparentemente intolerável e que esta venha lhe trazer sofrimentos aos dias de vida. Como disse Rubem Alves, só “há uma morte feliz, é aquela que acontece no tempo certo”. E não nos parece certo, por exemplo, ver uma criança que mal chegou ao mundo ser retirada deste, por um acidente ou alguma tragédia parecida. Assim como não parece certo ver um jovem cheio de planos, partir sem poder realiza-los. Mas, há realmente um momento certo para morrer? Nem preciso ter espírito religioso para responder tal questão. Prefiro acreditar que há um momento certo para viver e que a incompreensão da morte só se dá pelo fato de que ainda não soubemos aproveitar cada um desses momentos. Gosto muito da maneira simples que Abrão Lacerda escreveu em um de seus textos: “...o Buda ensina que o tempo hábil é este, aqui e agora, onde você está. Porque o passado, assim como o futuro, reúne-se no tempo presente se você despertar para a grandeza que reside em seu interior, tal qual uma joia costurada em um manto, que pode passar a vida inteira sem ser percebida.” Se compreendemos realmente a grandiosidade disso citado anteriormente, a morte, em qualquer momento que ela ocorra, não será vista como algo penoso ou como uma fatalidade insuportável. E, me perdoem, mas preciso novamente citar Rubem Alves que mais uma vez resumiu tudo isso: “Valeu a pena eu ter vivido toda a minha vida só para ter vivido esse momento”. Não tenho a menor dúvida que quando tomo conhecimento dessa verdade e ela faz parte de minha essência, tudo ganha um novo sentido.

JACQUES-LOUIS DAVID - A morte de Sócrates - Óleo sobre tela - 129,5 x 196,2
Museu Metropolitano de Na York
Sócrates foi condenado e sentenciado à morte pela acusação de corromper a juventude com as suas ideias filosóficas e libertárias. Ele podia até recorrer de sua sentença, mas preferiu acatar a decisão da corte de jurados, pois tinha princípios e era fiel ao estado. Mas, a sua maior convicção é que encerrava ali apenas a sua vida física, tudo aquilo que despertara nas mentes de todos aqueles que o ouviram encontraria uma vida muito mais duradoura. Tudo que ele pregou e mencionou é lembrado até hoje.

Alguns antigos povos do interior do México já aprenderam há muito tempo essa lição. Quando um parente morre, fazem 3 dias de festas até que o corpo seja sepultado. Não estão fazendo com isso uma apologia à morte, mas principalmente agradecendo por todos os minutos que tiveram na companhia daquele ente que se vai. Se há confraternização em vida e todos os momentos alegres foram compartilhados com intensidade, não há porque se entristecer com a partida. Despedir de alguém com festa é a melhor saudação que podemos lhe dar. Nada é eterno, tudo acaba um dia. E, citando pela última vez Rubem Alves: “Eternidade não é o tempo sem fim, é o tempo completo. Esse tempo do qual a gente diz: valeu a pena!”

Saudações ao amigo Marcelino e obrigado pelos breves convívios que pude partilhar de sua presença. Você tinha o que para mim é o mais nobre de todos os sentimentos: “alegrar-se com a felicidade dos outros”.

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SERGE MARSHENNIKOV

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SERGE MARSHENNIKOV - O sol através de uma fina cortina - Óleo sobre tela - 55 x 91 - 2010

“Lá fora os carros fazem
noturna sinfonia
pela veneziana
a luz invade a cama
em listas no teu corpo...”

Os versos são um trecho da música Traços de Amor, de Guilherme Arantes, lançada nos distantes anos de 1986. São de um período onde música e poesia andavam de mãos dadas e hoje nos fazem pensar para que mundo caminhamos com as gravações atuais... Ao ver os trabalhos de Marshennikov não tive como não lembrar deles. Sua obra é assim: o casamento perfeito da poesia com a pintura!
Tais como as músicas que já não são feitas mais, mas que ainda perduram na lembrança, os trabalhos de Marshennikov ainda representam um universo da arte que parecia perdido, mas que sobrevivem para nos provar que bom gosto e poesia nunca sairão de moda.

SERGE MARSHENNIKOV - Tentativa de despertar
Óleo sobre tela - 91,44 x 60,96 - 2009

O nu feminino e todas as suas curvas já foram explorados até a exaustão ao longo de toda a história da arte, mas em raros momentos encontrou tão bem com a poesia, como nas obras desse artista russo, nascido em 1971, na cidade de Ufa. E é tão bom quando um artista encontra um tema certo que possa explorar com domínio e satisfação... O resultado é que sempre irá nos soar como algo natural, bom de se ver e do qual a crítica nunca encontrará reservas.


SERGE MARSHENNIKOV - Primavera
Óleo sobre tela - 65 x 50 - 2013

SERGE MARSHENNIKOV - Repouso - Óleo sobre tela - 48 x 45,7 - 2013

O pequeno Serge foi criado em família tradicionalmente comum, com pai engenheiro eletricista e mãe professora de uma pré-escola. A arte sempre foi uma aliada sua em todas as circunstâncias. Desenhava e pintava em todos os momentos que podia e também esculpia com tudo aquilo que lhe viesse à mão. Os dotes foram bem aproveitados pela mãe, que logo o incentivou pelo caminho da arte, permitindo seu acesso a professores particulares e estúdios de arte. Vários prêmios em aquarelas e pastéis, já conquistados logo no início desses períodos de estudo levaram-no a se embrenhar naturalmente pelo caminho profissional da arte.


SERGE MARSHENNIKOV - Rosas azuis - Óleo sobre tela - 65 x 120 - 2012

Soube aproveitar muito bem todas as novas oportunidades que lhe batiam à porta. Logo que concluiu os estudos nas escolas de sua cidade, conseguiu uma graduação numa das mais talentosas academias de arte do mundo, a Academia de Belas Artes Repin, em São Petersburgo. Sua pós-graduação se deu exatamente com um dos mais respeitados nomes daquela instituição, o Professor Milnikov. Com o sucesso da primeira individual de 1995, os caminhos se abriram para outras oportunidades e lá estava novamente ele, aproveitando mais esse bom momento que lhe era oferecido. A Universidade Brownwood, no Texas e a Hardin-Simmons University, em Abilene, lhe abriram as portas para que mostrasse seus trabalhos nos verões que se seguiram. O artista, que sempre disse influenciado por Andrew Wyeth e Lucian Freud, também se diz bastante atraído pelos trabalhos contemporâneos de Jeremy Lipking.


SERGE MARSHENNIKOV - Sonho - Óleo sobre tela - 50 x 70

Os prêmios vieram como consequência natural de tudo isso e não tardou para que colecionadores de todo o mundo disputassem seus trabalhos logo em seguida. A Christie's e a Bonhams, grandes e conceituadas casas de leilões, logo começaram a comercializar os seus trabalhos. Há uma grande procura atual por suas obras, que continuam seguindo fiéis à sua proposta realista e poética, explorando a temática feminina como poucos fizeram até hoje.

Tal como uma boa música, que ressuscita boas lembranças de outras épocas, suas obras deixarão a certeza de que os nossos dias também nunca serão esquecidos por bons motivos.



PARA SABER MAIS:



UM ENCONTRO EM BAIXA VERDE

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JOSÉ ROSÁRIO - Pracinha em Baixa Verde - Óleo sobre tela - 60 x 130 - 2006

Baixa Verde é um distrito do município de Dionísio, localizado a cerca de 18 km da sede. Um povoado pequeno, com não mais de 3 mil habitantes, que tem, como todas as localidades do Brasil, jovens e crianças em plena formação. A convite do Prof. Onier, morador daquela localidade, estive por lá nessa quarta-feira, dia 24 de setembro, para levar até eles um pouco daquilo que venho somando pelo caminho. Os alunos tiveram também a oportunidade de exibir alguns objetos de artesanato que já realizam nas aulas de Educação Artística e fizeram também a apresentação de números musicais. Oxalá se inicie uma parceria com a Escola Estadual Jacy Francisca Garcia, para formar um grupo de iniciantes em desenho e pintura por lá.


É um processo lento, mas que já se impulsiona com o que há de melhor nessa fase de qualquer iniciativa: a curiosidade. Esse primeiro contato visava exatamente isso, despertar neles o interesse pelas artes, num local onde raramente terão acesso a isso. Quantos dons e habilidades não são reprimidos nesses distantes locais de todo esse país?!

Fico na torcida para que a ideia dê bons frutos!






HISTÓRIA DA MOLDURA

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WILLIAM BOUGUEREAU - As laranjas - Óleo sobre tela - 117 x 90 - 1865

Há quem diga que a moldura está para uma obra de arte assim como os cabelos estão para uma cabeça. Um complemento! Até já tentaram criar modas carecas, assim como a arte contemporânea introduziu a pintura em painel, sem moldura. Usadas em desenhos, fotografias e pinturas, as molduras tem a função inicial de protegê-los, mas são também um excelente complemento visual. Um trabalho bem emoldurado terá uma longa vida se o material utilizado na confecção da moldura for condizente para tal. Feita tradicionalmente em madeira, cada vez mais tem-se inovado em sua produção, vindo a serem utilizados materiais como aço, alumínio, prata, bronze, gesso e até mesmo o plástico. O paspatur (passe-partout) é um acessório que também trouxe um ótimo incremento às molduras, formando uma espécie de isolamento entre a obra de arte e a moldura propriamente dita.


Galerias nos Museus de São Petersburgo (acima) e Louvre (abaixo).
Assim como as famosas obras encontradas nessas instituições, as
molduras são uma atração à parte.

Há relatos de que as primeiras molduras, ou pelo menos algo que tivesse essa função, tenham sido usadas no Antigo Egito, encontradas ornando múmias, que eram penduradas nas casas de seus proprietários, antes mesmo de serem utilizadas como equipamento funerário. Mas, somente nos séculos XII e XIII as molduras começaram a ser produzidas com o aspecto e a função que conhecemos atualmente. Curiosamente, o processo de elaboração de uma obra de arte acontecia no sentido inverso de hoje. Primeiramente era construída a moldura, em peça única e finamente acabada, e só então, numa área reservada em seu centro era reservado um espaço para se confeccionar a pintura. Era um processo caro, que inibia a confecção de obras em grandes proporções, pois era quase impossível encontrar tábuas com grandes dimensões que pudessem ser esculpidas. Quando finalmente tiveram a ideia de produzir tiras de madeira cortadas em esquadrias e que passaram a ser colocadas nas laterais dos painéis pintados, que eram geralmente feitos em madeira.

LUCA SIGNORELLI (1445 a 1523) - Madona e criança - Óleo sobre madeira

Até os séculos XIV e XV, a maioria dos trabalhos em pinturas eram encomendas feitas pela Igreja, sem dúvida o grande mecenas da arte naqueles tempos. Os retábulos eram essas principais encomendas e quase sempre eram peças fixas, que não abandonariam seus locais de instalação inicial. Seus adornos, ou molduras, compunham assim um conjunto com a arquitetura do templo onde eram instalados. Com o Renascimento houve uma significativa mudança nesse cenário. Nobres ricos começaram a dividir o mecenato com a igreja e cada vez mais colecionavam pinturas e esculturas em suas propriedades. Precisavam, porém, transportar essas obras quando bem entendessem e para onde quisessem. Com a necessidade de uma armação portátil e móvel, as pinturas passaram a ter molduras cada vez mais elaboradas, tanto no sentido funcional de proteção quanto no sentido estético.


ANTOINE BOUVARD - Tarde em Veneza
Óleo sobre tela - 51 x 66

EDMOND LOUIS DUPAIN - Um passeio romântico - Óleo sobre tela - 60,96 x 45,72

JEAN-ETIENNE LIOTARD - Prince Charles Edward Stuart
Óleo - Oval de 5 cm

Foi com Francisco I, monarca renascentista francês, que aconteceu o ápice de uma produção organizada de molduras. Nesse período, as molduras já não eram mais produzidas pelo artista, como acontecia anteriormente. Havia agora um moldureiro, exclusivamente treinado para isso e que passou a ter uma importante função nas etapas finais de qualquer decoração. A coisa se organizava a tal ponto que, mesmo naquele período, já eram lançados livros com dicas de decoração de interiores, ricamente ilustrados a mão. Praticamente um século depois, já no reinado de Luís XIII, o requinte tornou-se o centro da atenção em qualquer decoração palaciana. Novos perfis de moldura foram criados e também foram introduzidos neles arabescos dos mais diversos possíveis, fato que levou ao processo natural da concepção barroca de molduras. Praticamente toda a Europa se viu influenciada por essa nova corrente de produção. No reinado de Luís XIV, isso tomaria proporções inimagináveis anteriormente. Madeira e gesso eram usados indiscriminadamente na confecção de perfis cada vez mais rebuscados. O Barroco estava em seu apogeu e abria terreno para os excessos do Rococó.


LOUIS MECLENBURG - Ponte de Rialto a noite
Óleo sobre tela - 49 x 67 - 1864

CHILDE HASSAM - Uma estrada no campo
Pastel sobre papel - 44,8 x 54 - 1891

JAN TOOROP - Duas mulheres
Lápis, crayons coloridos e aquarela sobre papel em moldura
desenhada pelo próprio artista - 24,5 x 37,5 - 1893

Como que se revoltando contra o excesso de toda essa decoração opulenta, o final do século XVIII via a criação de perfis de molduras mais leves e finos, com influências orientais, que incluíam até mesmo o uso de bambu. Os estilos edwardianos e vitorianos trariam novas influências ao design de molduras, até que mais tarde, já nos anos impressionistas do século XIX, a moldura passou a ser uma continuação da pintura. Peças mais planas, chanfradas simplesmente, cuja característica principal era o uso puro da madeira, sem muitos acabamentos, passaram a ser o que mais dominava o design das molduras naqueles tempos.


CLAUDIO DA FIRENZE - Marina di Campo
Óleo sobre madeira

VINÍCIUS SILVA - Tarde no cerrado- Óleo sobre tela - 30 x 50 - 2010

O século XX iria presenciar o nascimento maciço de um grande número de estilos de trabalhos, que não incluíam apenas pinturas, mas também gravuras, desenhos e até mesmo a fotografia. Uma infinidade de coisas precisava ser enquadrada e para tanta novidade visual novos perfis de molduras e novas formas de montá-los foram sendo criados. A criação da moldura e da obra voltou inclusive a ser feita novamente pelo artista. Já no final do século XX, a arte contemporânea traria liberdade irrestrita para isso. Um número cada vez mais crescente de materiais reciclados e alternativos foi sendo manipulado e desenvolvido. Até que a exclusão completa das molduras chegou com a nova onda de produzir trabalhos somente em painéis, cujas laterais também recebem pintura, seja com a continuação da temática do plano principal ou apenas com uma pintura uniforme de acabamento.


Um oficina de molduras em 1900. Anônimo.

Produção artesanal de molduras, feita pelo artista João Carvalho.

E aqui estamos nós, num tempo onde convivemos com tudo isso. Materiais antigos e atuais disputando espaços semelhantes. Temos diante de nós o tradicionalismo dos antigos estilos e a inovação das modas recentes. Cabe-nos conviver com todos eles e respeitar seus locais ideais de utilidade. Uma coisa é certa, as molduras sempre farão parte da história da arte.


Recentemente, o artista mineiro e moldureiro Francelino Rodrigues criou uma linha de
molduras homenageando artistas dessa geração. Fui homenageado com um dos
modelos ilustrados acima.
Encomendas a ele podem ser feitas pelo contato (19) 9243-0544 ou pela página

OPORTUNIDADES E EVENTOS

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Algumas oportunidades (salão de arte e emprego) e eventos (exposições) para esse início de mês:



SALÃO DE ARTE INTERNACIONAL - Art Renewal Center


Abertas as inscrições para o mais tradicional salão de belas artes da atualidade, o Internacional ARC Salon, do site Art Renewal Center.
Para a edição do ano de 2015 são oferecidas muitas oportunidades além das premiações, como por exemplo, participação de uma exposição no Museu Europeu de Arte Moderna, localizado na cidade de Barcelona.
Acesse o link abaixo para saber como participar:


VAGA DE ARTE-FINALISTA - Ipatinga/MG
A Café com Design é uma conceituada empresa de publicidade de Ipatinga e Vale do Aço e está à procura de mais um integrante para sua concorrida equipe.



SALÃO DE ARTES DE NOVO HAMBURGO / RS
Apesar de já iniciado o Salão de Artes de Novo Hamburgo/RS, no dia 2 de outubro, o evento ainda pode ser visitado por todo esse mês.
Até o dia 12 ele estará em exposição na Feira de Calçados, um tradicional encontro anual com expositores de várias regiões. E na segunda etapa, as obras selecionadas para o o salão desse ano poderão ser vistas no Espaço Cultural Albano Hartz.
Fui selecionado com uma obra: BAIXADA DO MUMBAÇA (imagem abaixo). É um privilégio e uma honra poder mostrar o trabalho em uma região tão distinta.




EXPOSIÇÃO - MUSEU DO HOLOCAUSTO - Curitiba/PR




EXPOSIÇÃO - CLÓVIS PÉSCIO - Mogi Mirim/SP



SALÃO DE ARTES ADESG / 2014 - Rio de Janeiro



PEDRO WEINGÄRTNER

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PEDRO WEINGÄRTNER - Ceifa, Anticoli
Óleo sobre tela - 50 x 100 - Pinacoteca do Estado de São Paulo

A produção pictórica brasileira do século XIX e início do século XX é vasta, rica e ainda bastante desconhecida do grande público. Em parte, porque sempre foi relegada a segundo plano pelos promotores das ondas modernistas que a sucedeu, em outra porque se trata de um período onde só agora começam a ser coletados dados mais completos e agrupados os trabalhos que melhor identificam os artistas daquele período. Injustamente, essa lista não é pequena. Felizmente, sob a promoção de entidades importantes, Pedro Weingärtner já não é mais uma figura obscura e a bela exposição UM ARTISTA ENTRE O VELHO E NOVO MUNDO, que originou um excelente livro sobre sua biografia e obras, trouxe à tona um dos grandes representantes da nossa produção artística daquele período.

PEDRO WEINGÄRTNER - A visita dos avós - Óleo sobre tela - 50 x 100 - 1905

Nascido a 26 de julho de 1853, na cidade de Porto Alegre, Weingärtner era filho de casal alemão, Ignácio Weingärtner e Angélica Schäfer. Ele teve mais seis irmãos. Todos os sete filhos herdaram do pai o gosto pelas artes, mesmo tendo sido ele apenas um desenhista amador. Esse gosto pelas artes foi despertado bem cedo, pois em 1867 seu pai falece. Weingärtner teve que buscar emprego para auxiliar a família numerosa, mas conseguiu uma colocação na ferragem Rech, e por sua dedicação ganhou a confiança do patrão e passou a receber um ótimo salário. A jornada era longa e não lhe permitia praticar suas habilidades artísticas senão à noite, em poucas horas que roubava ao sono. Angelo Guido, seu primeiro e até hoje seu principal biógrafo, afirmou que ele detestava o trabalho e por isso, em 1877, chegou a adoecer gravemente. Mudando-se para o campo, sob os cuidados de uma família alarmada com sua condição, em poucos meses estava restabelecido, tendo passado todo este tempo entregue a desenhar e a pintar. Mais tarde ele reconheceria que a doença fora providencial, permitindo-lhe reconhecer inequivocamente sua verdadeira vocação.

PEDRO WEINGÄRTNER - Banho em Pompéia - Óleo sobre tela - 35 x 59 - 1897

Os horizontes de sua cidade já não pareciam mais conseguir abrigar o desejo de aprendizagem que despertara no artista, assim, em 12 de fevereiro de 1878, reunindo suas economias e enfrentando forte resistência familiar, Weingärtner partiu para a Europa, a fim de obter formação acadêmica no Liceu de Artes e Ofícios de Hamburgo. Mas não permaneceu ali, dirigindo-se em outubro do mesmo ano para Karlsruhe, a fim de ingressar na Academia Grão-ducal de Arte de Baden, na época dirigida por Ferdinand Keller. Nesta conceituada escola estudou com Theodor Poeckh e também possivelmente com Ernest Hildebrand, e deve ter recebido influência do próprio Keller. Com a transferência de Hildebrand para Berlim em 1880, Weingärtner abandonou a escola e o seguiu, matriculando-se em 12 de outubro na Real Academia de Artes da Prússia, onde iniciou seu treinamento na pintura a óleo. Mesmo não tendo estudado em nenhuma instituição artística brasileira, a produção de Weingärtner se assemelha muito a tudo que era produzido no Brasil naquela época. Grande parte dos artistas, ou estudava na Europa ou adotava o modelo de ensino das escolas europeias.

PEDRO WEINGÄRTNER - Ateliê de Pedro Weingärtner em Roma
Óleo sobre tela - 35 x 54 - 1890

Foi nessa época que começou a pintar suas primeiras paisagens, e seus avanços já eram significativos o bastante para poder enviar alguns trabalhos para a Exposição Brasileira-Alemã de Porto Alegre. De todos os mestres alemães daquele período, viria se influenciar pelo gosto pelos detalhes, pela obra diminuta e pela dedicação à pintura de gênero então em voga, com um estilo realista e suas temáticas poéticas e sentimentais do cotidiano popular. Outros pintores que podem ter deixado uma marca em sua produção foram os românticos alemães do início do século, como Ludwig Richter e Ferdinand Waldmüller, e contemporâneos seus como Hans Thoma, Karl von Piloty, Franz von Defregger, Max Liebermann e Emil Schindler.

PEDRO WEINGÄRTNER - Tecelãs - Óleo sobre tela - 27,5 x 37,5 - 1909

Em 1882 se dirigiu a Paris, onde estudou na Academia Julian com Tony Robert-Fleury e William Adolphe Bouguereau, artistas de enorme fama que permaneciam fiéis à tradição acadêmica em plena efervescência do surgimento das vanguardas pré-modernistas, como o impressionismo. Em Paris, disciplinou-se no estudo do nu, um motivo muito prezado pelo público francês e considerado obrigatório para que um artista demonstrasse sua competência, e entrou em contato mais profundo com a tradição clássica, o que se refletiu em obras de caráter historicista inspiradas em temas da Antiguidade. Também ali deve ter sido introduzido na técnica da gravura em metal. Em 1883, novamente na penúria que já lhe fizera companhia em anos anteriores, foi obrigado a abandonar a Academia Julian. Para poder completar sua formação, em 13 de abril solicitou uma pensão ao imperador Dom Pedro II, a qual, por intervenção do Barão de Itajubá, embaixador brasileiro em Paris, reforçada com um atestado de proficiência que Bouguereau forneceu, lhe foi concedida em janeiro do ano seguinte, ao valor de trezentos francos.

PEDRO WEINGÄRTNER - Fundo de quintal com menina - Óleo sobre tela - 16 x 25 - 1913

Pedro weingärtner sempre se esforçou em ter um bom relacionamento no meio artístico, fato comprovado pela vida itinerante e de grandes contatos. Em 1884 participou de seu primeiro salão da Academia Imperial de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro, para onde enviou dois retratos, bem como cinco estudos de cabeças realizados ainda em Berlim. No ano seguinte excursionou pelo Tirol, fixando-se em Mayrhofen, onde a título de experiência executou obras inspiradas no impressionismo com tipos e paisagens locais, mas por fim optou deliberadamente por seguir sua índole acadêmica, acentuando-se o caráter realista de suas composições. Depois visitou Munique, na época o mais dinâmico centro da cultura alemã, onde teve aulas com Karl von Piloty. A viagem não foi longa, devido a exigências nos termos de seu contrato de pensão, e em 1886 seguiu para Roma, onde abriu em 1887 um ateliê na Villa Strohl-fern, um palacete com cem ateliês de aluguel que foram frequentados por muitos artistas que se tornariam famosos, como Ilya Repin, Emil Fuchs e Mikhail Vrubel.

PEDRO WEINGÄRTNER - Cena de guerra
Óleo sobre tela - 45 x 30 - 1894

Com autorização do imperador, que era quem o financiava nos estudos em Roma, veio ao Brasil para uma visita de seis meses, chegando a Porto Alegre em agosto de 1887. Embora em férias, pintou vários retratos que causaram impressão muito positiva e mostrou obras trazidas da Europa, tornando-se logo uma unanimidade de crítica e de público, objeto de várias notas e artigos na imprensa. Por força dos compromissos assumidos, deixou Porto Alegre em novembro, seguindo para o Rio de Janeiro, onde realizou sua primeira exposição individual, em fevereiro de 1888. Apresentando dez trabalhos, o evento foi um êxito. Aproveitou a estadia na cidade para visitar o imperador, a fim de expressar sua gratidão pelo auxílio recebido.

PEDRO WEINGARTNER - Figuras - Óleo sobre tela - 40 x 110

Terminadas suas férias, voltou a Roma, onde iniciou um período especialmente fértil de sua carreira, trabalhando incansavelmente e visitando locais de interesse histórico e artístico, como ruínas, museus e monumentos, sendo especialmente atraído pela aura fascinante de Pompeia e Herculano, que alimentaram seu amor pela Antiguidade e lhe abriram um novo repertório de motivos e modelos formais. Roma, embora já não sendo mais o foco da vanguarda artística europeia como fora durante séculos antes, ainda era um grande polo cultural, escolhida como domicílio de outros importantes artistas brasileiros em formação, como Zeferino da Costa e Henrique Bernardelli, com quem manteve contato, e ali pode ter recebido influência dos acadêmicos realistas Giacomo Favretto, Nino Costa, do grupo In Arte Libertas e sobretudo de Domenico Morelli, na época o mais destacado representante italiano desta escola.

PEDRO WEINGÄRTNER - Barra do Ribeiro - Óleo sobre tela - 37,2 x 64,4 - 1916

 Passava os verões no vilarejo de Anticoli Corrado, em companhia de seu amigo e pintor espanhol Mariano Barbasan, desfrutando da paisagem luminosa e colorida da região, que surge em vários trabalhos de fatura mais livre e cores mais vibrantes, onde parece apreciar mais a pura materialidade da pintura. Até 1920 ficaria dividido entre Itália e Brasil, realizando muitas viagens e diversas exposições individuais e coletivas, em geral vendendo bem, às vezes os lotes inteiros de suas individuais. Em 1891, já no Brasil, foi contratado como professor de Desenho Figurado na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, mas passava suas férias no sul, onde aprofundou seu interesse pelos aspectos típicos das regiões de colonização alemã e italiana, que já havia começado a abordar ainda na Europa há alguns anos. Em 1893, ano em que demitiu-se do cargo na Escola Nacional, foi incluído na representação brasileira para a Exposição Universal de Chicago, suscitando elogios, e fez um giro pelo interior do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, documentando a Revolução Federalista e fazendo apontamentos para uma série de obras dedicadas a temas gauchescos, que assumiriam um lugar de relevo em sua produção posterior.

PEDRO WEINGÄRTNER - La faiseuse danger
Óleo sobre tela - 150 x 375 - Pinacoteca do Estado de São Paulo

Em 1896 estava novamente na Itália, mudando seu atelier para a Associazione Artistica Internazionale, na Via Margutta, uma academia que concentrou os brasileiros que estudavam na cidade e que atraiu muitos estrangeiros notáveis como Fortuny, Böcklin e Lenbach, e era também uma espécie de clube social onde se organizavam saraus e festas. Todos os citados artistas tiveram ligeira influência nas obras futuras de Weingärtner. Lá recebeu um honroso e especial convite para expor no salão da Escola Nacional, feito pelo Conselho Superior de Belas Artes da República do Brasil.

PEDRO WEINGÄRTNER - Ninfas surpreendidas
Óleo sobre tela - 34 x 64 - 1908 - Acervo da Pinacoteca APLUB, Porto Alegre, RS

O ano de 1897 foi marcado pela notícia da morte de sua mãe. Entre esta data e 1898 realizou duas de suas mais aplaudidas exposições em Porto Alegre, numa delas vendendo o Tempora mutantur para o governo estadual, que o instalou no salão nobre do Palácio Piratini, mas aparentemente não estava no país, enviando as obras de Roma. Participou da Exposição Universal de Paris em 1900, e no mesmo ano voltou para o Brasil, pintado retratos em Porto Alegre e fazendo sua primeira exposição em São Paulo. Voltou a Porto Alegre em 1905, a fim de recuperar-se de um esgotamento por excesso de atividades, e retornou à Itália em 1906.

PEDRO WEINGÄRTNER - Peões laçando o gado - Óleo sobre tela - 50 x 100 - 1908

Em 1909, enfrentou uma inesperada onda de fortes críticas ao apresentar sua tela Rodeio, que foi vista pelo público portoalegrense como uma falsificação das verdadeiras características dos gaúchos, um caso isolado em sua carreira, mas que o deixou bastante abalado. Neste momento, a conselho de Joaquim Nabuco, de quem se tornara amigo, viajou para Portugal, onde em meio a cenários e tipos pitorescos esperava esquecer o infeliz incidente, ao que parece com bom resultado, pois suas obras portuguesas têm cores vibrantes e uma atmosfera bucólica. Em 1910 já estava novamente a caminho do sul, mas de passagem por São Paulo realizou outra exposição importante, com cerca de cinquenta telas, muitas com temas portugueses, recebidas efusivamente pela crítica e pelos colecionadores, que compraram todas. Chegou a Porto Alegre no fim do ano e em 1911 casou-se com Elisabeth Schmitt, que conhecera em 1892. Disse o artista que somente agora, estando em uma situação econômica estável e confortável, sentiu-se seguro para assumir esta grande responsabilidade. No ano seguinte voltou a São Paulo para expor 46 pinturas. Em 1912 estava outra vez em seu ateliê em Roma, mas ali não se demorou. Não foi um de seus períodos muito férteis, já sentindo um pouco cansado da temática italiana e com o desejo de melhor representar os motivos de sua terra natal.

PEDRO WEINGARTNER - Paisagem - Aquarela - 30 x 45

Em 1913 voltou ao Brasil. Passando pelo Rio mostrou vários trabalhos, com excelente repercussão, e em Porto Alegre participou da fundação do Centro Artístico, uma associação que objetivava desenvolver o gosto pelas artes no estado. Após seis meses de sua chegada apresentou, numa exposição organizada pelo Centro, 33 novas pinturas que retratavam os hábitos e personagens típicos do estado, mas já não tanto os imigrantes e os caixeiros-viajantes, concentrando-se em vez nos gaudérios do pampa, um tema inédito na pintura brasileira, vendendo quinze telas. Mesmo assim, não abandonaria outros temas que lhe foram caros anteriormente. Em 1920 deixou para sempre a Europa e se fixou definitivamente na capital gaúcha. Instalou um atelier em sua casa e a despeito da idade avançar ainda sentia-se vigoroso, continuando sua produção artística em ritmo intenso. Trabalhou em diversas temáticas, mas deu especial atenção, nesta fase, às paisagens, retratando os cenários de diversas localidades do estado. Continuava a expor com regularidade em Porto Alegre e no centro do país, e, como sempre, era recebido favoravelmente e ainda vendia muito. Mas pouco a pouco o peso dos anos se fazia sentir. Passou a experimentar algumas dificuldades motoras e a visão enfraquecia, já pouco viajava.

PEDRO WEINGÄRTNER - Crianças brincando em Nova Veneza
Óleo sobre tela - 13,3 x 23,5 - 1893

Em 1925, sempre fiel à sua estética acadêmica, fez sua última exposição em Porto Alegre, que teve fraca receptividade. Os tempos mudavam, fermentava um novo modelo de civilização e de cultura, e seu estilo já soava como um anacronismo. Depois disso o mestre não foi mais visto em público. Em 1927, sofreu um derrame que o deixou hemiplégico e prejudicou seriamente sua lucidez e sua memória. Faleceu um dia após o Natal de 1929. Vários jornais noticiaram seu desaparecimento, mas notava-se que não falavam dele com o entusiasmo de antes.

PEDRO WEINGÄRTNER - Vida nova, Nova Veneza- Óleo sobre tela - 120 x 160 - 1893

Trabalhador incansável e perfeitamente disciplinado, Pedro Weingärtner deixou uma obra pictórica vasta, cosmopolita e eclética, em que abordou temas mitológicos e classicistas, folclóricos, retratos, paisagens, paisagens urbanas, cenas de gênero, fantasias românticas e exóticas, mas são mais importantes, como foi reconhecido ainda em sua vida, as cenas de gênero e as obras regionalistas sobre o sul do Brasil, onde deixou um notável documento humano e social de seu tempo. Permaneceu fiel às suas origens, mas foi adaptável o bastante para sintonizar com o espírito do seu tempo e dos lugares por onde passou. Apesar de pintar muito para as elites que dispunham de recursos, sua obra não é limitada pelos ideais desta classe, pois inúmeras vezes retratou o povo de maneira sensível e honesta, ainda que não deixasse de dar a seus sujeitos mais humildes um tratamento dignificante. A acusação que os modernistas lhe fizeram, às vezes repetida em tempos recentes, de ser um acadêmico conservador e convencional, se é em parte justa se analisamos sua produção contra um contexto em que o modernismo já se tornava uma força influente, em parte se esvazia diante da evidência de que o conjunto de sua obra representa uma síntese pessoal e vivaz de referências e demandas diversificadas e não raro contraditórias. Seu desbravamento da temática do gaúcho também fala de um espírito que, se bem satisfeito com o estilo que escolhera e avesso a experimentalismos formais, não obstante se abriu para novos horizontes, deixando uma produção inédita no Brasil. Um tanto surpreendentemente, considerando a popularidade que os gêneros da pintura religiosa, das cenas orientais e as naturezas-mortas desfrutavam em sua época, não deixou nada nestes campos.

PEDRO WEINGÄRTNER - Maricás- Óleo sobre tela - 34 x 59 - 1911

Weingärtner é um daqueles raros encontros entre a arte, na mais pura essência da palavra, e do artista, no mais devotado de seus representantes. Soube como poucos, lutar por aquilo que mais gostava e fazer disso uma alavanca para toda sua vida.

FAMÍLIA CARUSO

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A história da arte tem nos mostrado que a produção artística é uma característica muito comum a membros de uma mesma família. Irmãos, pais e filhos, tios e avôs... Seja qual for o parentesco, sempre houve uma grande tradição que o fazer artístico fosse um gosto e uma característica peculiar de muitas famílias.
Em recente visita a um site brasileiro, encontrei o histórico de uma família que teve seu momento de apogeu nas décadas do século passado: a Família Caruso. É muito importante que saibamos valorizar nossas histórias para podermos formar uma consciência plena de nossa situação.
O relato que se segue é o texto de abertura do site criado por um dos descendentes da família e que traz um resumo de como os Caruso chegaram até esse país.


UMA FAMÍLIA DE ARTISTAS
Durante décadas e décadas, a partir de 1910 e até os anos finais do século 20, uma família de artistas paulistas encantou seus contemporâneos brasileiros, e muitos estrangeiros, com a beleza da sua pintura, as cores e a espontaneidade dos desenhos dos seus quadros e a sensibilidade que tão bem souberam expressar no manejo das tintas e dos pincéis.
Artistas, na mais plena acepção da palavra, voltados exclusivamente para o seu trabalho estético, despreocupados em cortejar a crítica, incensar a mídia ou buscar guarida nos partidos e agremiações de esquerda, têm sido sistematicamente ignorados, o que certamente explica por que, neste início do século 21, sejam praticamente desconhecidos das novas gerações. Chegou a hora de corrigir essa injustiça e recolocar os CARUSO no lugar que merecem. É esse o objetivo deste trabalho.
A história artística da família CARUSO começa efetivamente na segunda metade do século XIX, numa pequena cidade do Sul da Itália.
Paola, na Calábria, no ano de 1847, foi o berço de Vincenzo Caruso, um homem simples, pobre, analfabeto, mas dotado de grande sensibilidade, como teremos oportunidade de verificar.
Em companhia da mulher Ana Maria Provenzano, calabresa e residente em Paola como ele, Vincenzo resolveu emigrar para o Brasil, em 1879 ou 1880, atraído pelos relatos otimistas de outros calabreses, que tinham cruzado o Atlântico em busca de uma vida mais digna e menos sofrida. Sem recursos, os dois se sujeitaram a uma sofrida viagem em navios de imigrantes. Quando chegaram ao Brasil, foram morar na cidade paulista de Campinas, onde Vincenzo foi trabalhar como operário braçal na Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Seu trabalho consistia em bater com uma marreta nas rodas dos trens para verificar se estavam em condições de trafegar.
Em Campinas, a família começou a se formar com o nascimento de diversos filhos.

Um relato detalhado de cada membro da família você poderá encontrar no link que se seque:


Abaixo, algumas imagens de trabalhos produzidos por membros da família Caruso.

SALVADOR CARUSO - Natureza-morta - Óleo sobre tela

TEREZA ANDREOLI CARUSO - Marinha - Óleo sobre madeira

FLORÊNCIO CARUSO - Natureza-morta - Óleo sobre tela - 1939

JOSÉ CARUSO - Pátio - Aquarela sobre papel

 
Esquerda: VICENTE CARUSO - Nu - Óleo sobre tela - 1950
Direita: VICENTE CARUSO - Nu azul - Ilustração para a GOODYEAR
Abaixo: VICENTE CARUSO - Moça com café - Ilustração para folhinha


ROBERTO MELO

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ROBERTO MELO - Brincadeira - Óleo sobre tela - 55 x 85

ROBERTO MELO - Parque Municipal, Belo Horizonte - Óleo sobre tela

Gosto de pensar que a vida é como uma teia (já cheguei a comentar sobre isso), uma grande teia que vai tendo seus fios e “nós” atados ao longo do caminho. Alguns desses “nós” se afrouxam ou arrebentam ao longo dos anos, e outros se apertam e se fortalecem ainda mais com o passar do tempo. Desse modo, pessoas entram e saem de nossas vidas, passam rapidamente ou por lá ficam sem nunca saírem de lá, e a teia continua a se formar. Quando encontro um novo artista e contato com ele, é como se mais um desses “nós” começasse a se formar e a grande teia, aquela que é a soma de quem somos e vamos somando, vai crescendo e se formando. É sempre uma honra pra mim, mostrar e divulgar os trabalhos desses tantos inúmeros e anônimos “nós”, dessa imensa teia artística que venho tecendo ao longo do meu caminho. E com imensa satisfação, trago mais um artista mineiro para compor mais um “nó” nessa extensa teia, que faço questão que não cesse nunca de se estender.

ROBERTO MELO - Cheiro de cebolas, tempero mineiro - Óleo sobre tela

ROBERTO MELO - Objetos de trabalho - Óleo sobre tela

ROBERTO MELO - Natureza-morta - Óleo sobre tela


Roberto Melo é mineiro de Belo Horizonte, onde nasceu no ano de 1970. A vocação artística nata logo o encaminhou para as artes e a dedicação e disciplina lhe deram dois cursos de Belas Artes na UFMG, um bacharelado e uma licenciatura feitos em períodos diferentes de sua carreira. Um bem no início, outro já com a carreira bem estabelecida. É praticamente desnecessário falar da trajetória de um artista cujos trabalhos falam por si. Os trabalhos de Roberto Melo são assim, agradam críticos e público leigo com a mesma intensidade e admiração. Um realismo com forte influência impressionista ou um impressionismo com grande apelo realista, escolha como classificar.

ROBERTO MELO - Carruagem em Paris - Óleo sobre tela

ROBERTO MELO - Ouro Preto - Óleo sobre tela

A narrativa que se segue foi feita por Luiz Pinto, outro artista mineiro que fez escola por aqui e que deixou sua marca registrada na história da arte figurativa brasileira:
“Há algum tempo estávamos, eu e João Bosco Campos, na molduraria do Carlinhos, em Belo Horizonte, quando um quadro me chamou a atenção dentre mais ou menos uns cem. Lembro que cheguei a comentar com ele a qualidade da obra que se destacava das demais. O quadro em questão era de Roberto Melo. Passado algum tempo, recebi um convite do autor do mesmo, para escrever sobre seu trabalho. Fiquei muito honrado! O que posso dizer é que, com sua arte, ele chega a traçar um paralelo com a pintura dos grandes mestres, sempre provocando com sua técnica, composição, harmonia e principalmente a luz. Mostra que está numa fase de grande inspiração. Através da beleza de seus quadros, consegue emocionar a todas as pessoas que tem o privilégio de admira-los”.

ROBERTO MELO - A banda - Óleo sobre tela

ROBERTO MELO - Lavadeira - Óleo sobre tela

ROBERTO MELO - Arando - Óleo sobre tela

Participamos de um mesmo catálogo de artes, o Art Gallery in Brazil em 2010, e foi nessa época que já pude constatar a grandeza de sua obra. Os trabalhos de Roberto Melo são produtos da cobiça de galerias e colecionadores. Oxalá seja ele um em mais uma infinidade de “nós” que possamos somar em nossa teia. Vida longa e muita inspiração em sua carreira, artista!

ROBERTO MELO - A travessia - Óleo sobre tela
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CONTATOS:

(31) 3459-6636 ou robertoomelo@hotmail.com


EVENTOS E OPORTUNIDADES

MICHAEL JAMES SMITH

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MICHAEL JAMES SMITH - Paisagem - Óleo sobre tela - 46 x 61

MICHAEL JAMES SMITH - Campo - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6

A paisagem já foi tema de muitas importantes obras da história da pintura e teve seu período de apogeu no Romantismo do século XVIII. O surgimento de diversos novos estilos que culminaram no final do século XIX trouxe para a temática da paisagem um novo frescor, sendo experimentada e reinventada através de diversas formas e técnicas, por muitos artistas. O século XX ainda traria experimentos mais audaciosos, possibilitando novas formas de visualização e expressão. Recentemente, a paisagem vem sendo revisitada por novos grupos de artistas, que a retratam sob diversos aspectos, técnicas e estilos. Alguns se inspiram no passado e revisitam o auge da paisagem romântica, outros a expressam da maneira mais realista possível, como se reproduzissem com fidelidade absoluta aquilo que tem diante de seus olhos. Cada um escolhe sua forma de expressão! Uma coisa é certa, a paisagem sempre será uma fonte inspiradora sem limites.

MICHAEL JAMES SMITH - Paisagem - Óleo sobre tela - 55,88 x 76,2

MICHAEL JAMES SMITH - Beira de rio - Óleo sobre tela - 50,8 x 35,56

Foi com o olhar extasiado de tanta beleza que via diante de si, quando saía para viagens de campo com o pai, David Smith, que o inglês Michael James Smith decidiu se dedicar a esse tema na carreira artística que desenvolveria desde cedo. Nascido em Southend-on-Sea, Essex, Inglaterra, no ano de 1976, teve motivos de sobra para fazer essa escolha. Mora em uma região com beleza natural ilimitada e que sempre inspirou muitos artistas de sua terra. Seu primeiro trabalho ele realizou aos dezenove anos, quando começou pintando no ateliê que dividia com o próprio pai.

MICHAEL JAMES SMITH - Margem do Tâmisa - Óleo sobre tela - 76,2 x 55,88

MICHAEL JAMES SMITH - Paisagem urbana - Óleo sobre tela - 76 x 101,5

Soma-se à qualidade técnica o bom gosto pela escolha dos motivos. Michael James Smith tem um grande domínio pelos detalhes. Muitos podem julgar os seus trabalhos excessivamente realistas na primeira olhada, mas é essa mesma a intenção do artista, captar com o máximo de veracidade cada cena que se propõe. O início da carreira foi caracterizado pela imensa produção de paisagens rurais, todas elas bem calmas e quase sempre sem a presença de figuras. Numa produção mais recente, o artista começou a explorar a paisagem urbana de uma forma hiper-realista. Vem consolidando, a cada ano, a reputação de um dos mais respeitados paisagistas ingleses da atualidade.


PARA SABER MAIS:



LAÇOS DE FAMÍLIA

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EDUARDO BORGES DE ARAÚJO - Paisagem com o Piracicaba - Óleo sobre tela

MARCELO ROMANI BORGES - Paisagem com queda dágua - Acrílica sobre tela

Poderia começar essa matéria pelo caminho mais lógico, que é o envolvimento dos dois artistas aqui representados com o movimento da pintura ao ar livre em Piracicaba, no estado de São Paulo. Mas, o movimento plein air daquela cidade é tão rico que decidi deixa-lo para a próxima matéria, que virá logo na sequência dessa. Retornemos então aos nossos personagens dessa narrativa, que já se tornaram um trecho da história da pintura na cidade de Piracicaba. Conheci Eduardo Borges de Araújo e Marcelo Romani Borges nas passagens que fiz por Piracicaba e se mostraram figuras únicas. Impossível não lembrar do lado aguerrido de Eduardo Borges e sua dedicação e envolvimento com a pinacoteca, bem como a disposição insaciável por produzir, do filho Marcelo Romani.

Eduardo Borges de Araújo

Marcelo Romani Borges

Aqui, pelos lados de Minas, há um ditado que diz que “filho de peixe nasce nadando”, e outro ainda que “tal pai, tal filho”. A trajetória artística de Eduardo Borges de Araújo e Marcelo Romani Borges ilustra muito bem a força e coerência desses ditos populares. Eduardo Borges (o pai) foi certamente a primeira referência para Marcelo Romani (o filho). Desde cedo, o pequeno Marcelo já acompanhava o pai nas andanças para pintura ao ar livre, que foi uma atividade sempre constante na produção artística da cidade paulista de Piracicaba. O que era só uma diversão nos finais de semana tomou força, mais tarde, para que desenvolvesse na família uma tradição que sempre aconteceu em vários momentos da história da arte: o filho seguir as trilhas do pai, mesmo que em algum momento cada um decida pelo seu próprio estilo e caminho.

EDUARDO BORGES DE ARAÚJO - Paisagem
Óleo sobre tela

MARCELO ROMANI BORGES - Florada do Famboyant
Acrílica sobre tela - 50 x 70

Eduardo Borges de Araújo nasceu em São Paulo, no ano de 1953. Muito cedo, ganhou gosto pelo desenho e logo aos 9 anos, incentivado pela sua mãe, ganhou tintas, telas e cavalete. Aos 11 anos, participou do 1º Salão Piracicabano de Arte Infantil, do qual já saiu com uma premiação. À partir de 1975, já cursando Agronomia pela ESALQ, frequentou aulas de composição e pintura com Archimedes Dutra, atividade que desenvolveria pelos próximos 3 anos, sempre aos sábados. A profissão de Engenheiro Agrônomo o levaria para o Paraná, em 1978, para Goiás, em 1985 e para Minas Gerais, em 1988. Pintava com regularidade nesse período, nunca perdendo principalmente o contato com a pintura ao ar livre.

EDUARDO BORGES DE ARAÚJO - Casarão - Óleo sobre tela

Foi em Varginha, em Minas Gerais, que Eduardo Borges realizou sua primeira exposição individual, no ano de 1991. Retornando para Piracicaba, no ano de 1992, passa a frequentar desenho no atelier de Álvaro de Bautista, na cidade de Campinas e nos anos de 1995 e 1996, estuda também no Instituto de Artes da UNICAMP. É coerente dizer que a influência para a sua pintura tenha vindo inicialmente de todos os seus mestres de início e que, mais tarde, através de muitas pesquisas, essa influência tenha ganhado outras proporções.

EDUARDO BORGES DE ARAÚJO - Velho galpão
Óleo sobre tela

MARCELO ROMANI BORGES - Cachoeira
Acrílica sobre tela

Marcelo Romani Borges nasceu no ano de 1972, na cidade de Piracicaba. É inevitável que sua carreira artística se funda naturalmente com a de seu pai, até porque ele nunca cursou nenhuma escola específica de artes, ficando a aprendizagem artística a cargo da sua curiosidade nata e dos bons convívios com nomes como Renato Wagner, Pacheco Ferraz, Manoel Martho, Arquimedes Dutra e o próprio pai, Eduardo Borges. A saída para seções ao ar livre, praticada por esses seus inspiradores, foi certamente o fator de maior motivação para a sua iniciação no meio artístico.

MARCELO ROMANI BORGES - Estrada - Acrílica sobre tela - 110 x 160

Proprietário de uma empresa na cidade de Piracicaba, Marcelo Romani também vive de sua produção artística, vendendo trabalhos e repassando seus aprendizados em cursos ocasionais. É um pesquisador dedicado, que se esforça para melhoramentos principalmente dentro da temática impressionista, assumidamente o seu estilo predileto. O óleo e a acrílica são usados como meios principais para a pintura que realiza, quase sempre com pincéis e espátulas. O artista é um defensor confesso da prática de pintura ao ar livre, método que assegura uma melhor atmosfera desejada para os seus trabalhos.

EDUARDO BORGES DE ARAÚJO - Ancoradouro
Óleo sobre tela

MARCELO ROMANI BORGES - Ouro Preto
Óleo sobre tela - 2011

Eu não poderia deixar de citar sobre os salões de arte em nossa conversa, uma vez que os dois artistas tem estreita relação com o Salão de Belas Artes de Piracicaba, notadamente um dos mais tradicionais e respeitados do cenário brasileiro. Essa é a fala de Eduardo Borges, presidente da Pinacoteca Miguel Dutra, que promove o Salão de Belas Artes de Piracicaba: “A maioria dos artistas ditos consagrados no cenário brasileiro não mais participa dos Salões de Arte, ora porque tais eventos invariavelmente são de ordem onde há competição (ver regulamento de diversos salões), bem como também são eventos realizados “politicamente” pelas instituições oficiais municipais, que na maioria das vezes englobam linguagens diversas e descaracterizam os objetivos dos Salões de outrora".

EDUARDO BORGES DE ARAÚJO - Terreiro de fazenda
Óleo sobre tela

MARCELO ROMANI BORGES - Estrada na primavera
Acrílica sobre tela

Continua Eduardo: "Um salão deverá ter uma IDENTIDADE PRÓPRIA, com linguagem bem definida, seja ela qual for (NAIF, CONTEMPORÂNEA, MODERNA, VISUAL, FIGURATIVA ACADÊMICA, ETC). Portanto, um Salão deverá ser individual e assim poder contemplar obras de bons artistas naquela modalidade. É o que tentamos fazer aqui em Piracicaba. Embora tenhamos nesses salões artistas em diferentes estágios nesse processo de evolução, serão suas obras as inscritas e não o nome do autor. As obras serão candidatas à serem selecionadas ou não, e sendo elas de bom a ótimo nível, poderão concorrer à uma eventual premiação. Portanto, deverá ser importante também a Comissão de Seleção e Premiação, o que dará ao evento credibilidade no meio artístico. Não é fácil! Muita responsabilidade!
Vejo um Salão de Artes como a oportunidade de Artistas mostrarem suas obras, seu trabalho, seu percurso nas artes, divulgando-as pelo país afora, e também o de poder conhecer os demais participantes e a ARTE que realizam.
O fato de salões terem ou não premiação é importante para talvez atrair os artistas, mas não totalmente relevante para a realização do Salão. Seria muito bom que a produção artística fosse totalmente independente da participação em Salões, e sim para a satisfação própria do artista.  ARTE pela Arte, e o restante será consequência do trabalho executado. Assim será o mérito da obra, por consequência também para seu autor. No entanto, deverá ter consciência de que ao participar de um Salão, estará aceitando seguir o regulamento do mesmo”. Marcelo Romani conclui essas observações sobre os salões, afirmando que: “o nível dos salões tende sempre a melhorar, principalmente se forem atraídos para eles mais artistas envolvidos com a pintura ao ar livre”.

EDUARDO BORGES DE ARAÚJO - Beira do Piracicaba
Óleo sobre tela

MARCELO ROMANI BORGES - Natureza-morta
Acrílica sobre tela

Gostaria de terminar essa matéria, ainda citando palavras do Eduardo, quando o indaguei a respeito do atual cenário artístico nacional e sobre suas expectativas em relação a ele: “Vejo a arte como um processo que está sempre em evolução, em suas múltiplas linguagens. Particularmente, a arte figurativa em que denominamos Acadêmica (mas que não concordo com este nome), e incluindo todos os ISMOS, pois a poética é de cada artista individualmente, e depende exclusivamente de muitos estudos para seu aprimoramento. O artista deve buscar conforme seus objetivos dentro desse contexto, a maior especialização possível. Só depende dele para encontrar-se e do que busca para si e suas obras, dentro do cenário artístico (regional ou nacional).
Encontramos pois, um cenário amplo onde artistas estão constantemente em processo de aprendizagem. Muitos estão no início, outros já conseguem galgar nível melhor, e outros mais conseguem prestígio e reconhecimento pelo trabalho que executam. Tivemos gerações geniais de grandes artistas com expressão internacional e ainda os temos espalhados por todo o Brasil. No entanto, vejo-os por vezes até isolados regionalmente, ou bem pouco dispostos à participarem em eventos coletivos”.

MARCELO ROMANI BORGES - Ruínas - Acrílica sobre tela

Creio que sejam mais coletivas essas expectativas do Eduardo. Felizmente, há uma corrente crescente da arte realista figurativa (de plein air ou não).

Espero que a arte possa sempre ter exemplos como o da família Borges e que esses inspirem muitas gerações.

PARA SABER MAIS:





A PINTURA AO AR LIVRE EM PIRACICABA / SP

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DOIS MOMENTOS DA PINTURA AO AR LIVRE EM PIRACICABA:
Acima, no passado: ARCHIMEDES DUTRA - Interior de bosque- Óleo sobre tela
Abaixo, no presente: MARCOS SABADIN - Paisagem em Piracicaba/SP - Óleo sobre tela



Não poderia começar essa matéria, sem antes mencionar a gentileza do artista João Benatti, que prontamente enviou um resumo precioso sobre a Pintura Ao Ar Livre na Cidade de Piracicaba. A exemplo de como aconteceu em quase todo o mundo; em meados do século XIX; a prática da pintura ao ar livre também encontraria adeptos aqui no Brasil. Na cidade paulista de Piracicaba, esse movimento teria uma força muito grande, numa época onde o ensino artístico institucional nem havia sido iniciado no país. Falar da pintura em plein air (termo francês para pintura ao ar livre) sem falar de Miguel Dutra é como não tocar no assunto. Deve-se a ele, especialmente para a cidade de Piracicaba, a grande contribuição que formaria um grupo coeso e com propostas inspiradoras para o futuro.

Miguel Dutra, num desenho à lápis, feito por um de
seus bisnetos.

Miguel Archanjo Benício de Assunpção Dutra (Itu, 15 de Agosto de 1812 — Piracicaba, 1875) era o seu nome completo. Apesar de registrado como branco, era afrodescendente. Mais conhecido por Miguelzinho Dutra, foi um aquarelista brasileiro que se firmou pelo seu estilo que conjuga um carácter naif de gosto popular com um realismo espontâneo e original, entrelaçado com soluções formais tradicionalmente barrocas. Foi um artista multifacetado, com interesses que foram da escultura à música, à ornamentação festiva, à escultura religiosa em madeira, à engenharia de edificações, à poesia, ao desenho e à pintura. É realmente admirável o feito desse artista, uma vez que, como descendente de escravos, vivia numa sociedade conservadora e burguesa, cujas leis de libertação ainda nem haviam sido promulgadas até então. Alguém que possuía ideais e acreditava neles.
Da vasta obra, restou pequena parte, com destaque para numerosas aquarelas retratando paisagens, cidades, igrejas, fazendas, tipos humanos de todas as classes sociais e cenas de rua comuns na vida rural brasileira da primeira metade do século XIX, hoje de grande importância iconográfica. Considerado por muitos como o precursor da pintura ao ar livre com cavalete no Brasil, por volta de 1830 já pintava ao ar livre em Piracicaba. Era pai de Joaquim Dutra, avô de Arquimedes Dutra, Alípio Dutra, João Dutra e Antônio de Pádua Dutra, todos artistas.

ALÍPIO DUTRA - Touceiras de bambu- Óleo sobre tela

EUGÊNIO LUÍS LOSSO - Caminho do mirante, Piracicaba - Óleo sobre tela - 1933

ÁLVARO PAULO SÊGA - Margem do Rio Piracicaba
Óleo sobre tela - 1941

Assim, Piracicaba com seus artistas, família Dutra (Miguel, Arquimedes, Antonio de Pádua, Alípio e João ), Alberto Thomazi, Renato Wagner, Antonio Pacheco Ferraz, Álvaro Paulo Sega, Joaquim Mattos, Manuel Rodrigues Lourenço, Hugo José Benedetti, João Egidio Adâmoli (Joca), Angelino Stella, Gumercindo de Lourdes Duarte, Manuel Martho, mais os artistas de fora da cidade, Aldo Cardarelli, Alfredo Rocco, Salvador Rodrigues Júnior e outros como Frei Paulo Maria de Sorocaba e seus alunos; formaram a primeira grande turma de pintores ao ar livre e deram continuidade a esse movimento por um bom tempo.

ALFREDO ROCCO - Paisagem - Óleo sobre tela - 32 x 40

RENATO WAGNER - Rio Piracicaba - Óleo sobre tela

Muitas décadas depois, o movimento tomaria força novamente com uma nova leva de artistas piracicabanos. No final de 2012, mais precisamente dia 08-12-2012, às margens do rio Piracicaba, próximo à casa do Povoador, dois amigos, Marcelo Romani Borges e João Benatti, reiniciaram uma sequência de pinturas ao ar livre na história de Piracicaba. Estava também presente o artista João Caravita. Com ideia de pintar no sábado seguinte, mais artistas foram completando o grupo: Além de João Benatti e Marcelo Borges de Araujo, somavam agora Marcos Sabadin e Eduardo Borges de Araújo. A ideia de batizar o neo-movimento de pintura ao ar livre como Caipiras do Plein Air foi quase lógica. Interioranos e orgulhosos disso, o nome veio mais do que a calhar. A inspiração dessa nova turma sempre continuará sendo aquele saudoso grupo, que com coragem e empreendedorismo, começaram o movimento nos distantes anos de 1830.

Acima e embaixo: Caipiras do Plein Air numa manhã de encontro na ESALQ, Piracicaba/SP.


Com mais assiduidade, participam do movimento os seguintes artistas (em ordem alfabética):
Amélia Gil, Carlos Alberto Valério, Celito Bonette, Eduardo Borges de Araujo, Elisabeth Laky Gatti, Ernandes Silva, Gracia Nepomuceno, Guida Aversa, João Benatti, João Caravita, José Diniz, Laura Pezzoto, Leda Senatori, Marcelo Romani Borges de Araujo, Marcos Nozela Gil, Marcos Sabadin, Maria Gobet, Rafaella Spinelli Benatti, Samuel Bortoloti Sabadin, Silvia Dionísio, Stela Bit, Tarciso Lorena e Vera Gutierrez. Ocasionalmente, vários outros artistas, de diversas partes do país, tem engrossado essa lista.


ALGUNS ARTISTAS DO MOVIMENTO CAIPIRAS DO PLEIN AIR
Acima: João Benatti
Abaixo: Ernandes Silva


Fica aqui, uma expressa gratidão aos Caipiras do Plein Air, para que possam continuar inspirando e defendendo essa importante ideia no cenário artístico nacional.


PARA SABER MAIS:


POR DENTRO DE UMA OBRA: Jean Discart

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JEAN DISCART - O ateliê do poteiro - Óleo sobre painel - 35 x 45,5

Cenas retratando interiores de ambientes foram apelidadas de Cenas de Gênero. Representam pessoas em seus afazeres, descansando ou até mesmo se divertindo. Podem ser com apenas uma figura ou conter um grande grupo. Curiosamente, essas cenas eram consideradas desprovidas de dignidade artística, até o início do século XVII. Serviam para ilustrar iluminuras e manuscritos, mas nunca eram consideradas temas para uma pintura séria. Os holandeses tornaram-se os primeiros colecionadores a valorizar e difundir esse gênero, isso no século XVII. Muitos pintores daquele país se tornaram célebres artistas nessa espécie de temática. Naquela época, o ambiente doméstico era muito propício para cenas assim. Famílias se reuniam em torno dos fogões, as rodas de papo não tinham a concorrência da internet e viver em sociedade parecia uma espécie de necessidade que o tempo ensinou a perder. Os serviços eram mais manuais, artesanais mesmo, não a automação industrial dos tempos de hoje.



Executado pelo italiano Jean Discart, O Ateliê do Poteiroé uma cena de gênero com uma abordagem intrigante, uma espécie de homenagem que um pintor fez, a outro pintor em atividade. Na decisão de abordar uma temática tão especial, Discart tomou todo o cuidado para que a representação resultasse o mais natural possível. Atente principalmente para o detalhe da testa franzida do pintor, totalmente absorto em sua atividade. A concentração e a tensão estão presentes em todos os membros de seu corpo, desde a firmeza da mão segurando o pote, ao pé, posicionado de forma a dar mais equilíbrio ao corpo.




Por todo o ambiente, há diversos objetos pintados com o máximo possível de detalhes. São todos típicos do norte da África. O grande prato em cerâmica, por exemplo, é uma obra típica dos artesãos da cidade de Fez, no Marrocos. No século XV, os melhores fabricantes de cerâmica mouros fugiram da Espanha para o Marrocos, estabelecendo nas cercanias das cidades de Fez, Meknes, Marrakech e Safi. Os fornos construídos por esses artesãos, assim que chegaram, eram especiais em relação a todos os outros da região. Durante cerca de 400 anos, foram tidos como os ceramistas de maior qualidade no mundo islâmico. Mas, também há outros objetos de origem diversa, como o cesto de palha tagine, na prateleira à direita; um grande prato redondo berbere, na prateleira à esquerda, além de pequenos itens da Província de Cabília, na Argélia. É uma obra de pequenas dimensões, mas que carrega todos os adjetivos de um grande trabalho.

JEAN DISCART - Barbearia, Tanger - Óleo sobre tela - 115,7 x 84,4

Embora tenha nascido em Modena, Itália, em 1856, Jean Discart não ficou na Itália por muito tempo. Com apenas 16 anos, ele se matriculou em um curso de pintura histórica, na Academia de Viena, onde fez aulas principalmente com o artista alemão Anselm Feuerbach. Assim que Feuerbach se aposentou da Academia, Discart e seus colegas Ludwig Deutsch e Carl Merode se inscreveram para estudar com Leopold Carl Müller. Recusados na prova de admissão, os artistas Discart e Deutsch viajaram para Paris, para fazerem outros cursos. No ano seguinte, porém, Discart foi chamado para ocupar uma vaga no ateliê de Müller.

JEAN DISCART - Um mercante mourisco - Óleo sobre painel - 33 x 20,3

A carreira de Discart acabou se transformando nessa rica combinação: as influências clássicas de Viena com as experiências contemporâneas e um ambiente cosmopolita como Paris. Isso lhe fez muito bem! Conseguia imprimir efeitos inovadores para temáticas bem clássicas. Ele conseguiu uma participação no Salão de Paris, em 1884, mas depois disso, pouco se sabe sobre sua vida artística e pessoal. Muitas de suas obras, chegaram ao conhecimento do grande público bem depois de sua morte. Ele pintou temas orientalistas até 1920, e a julgar pela inscrição “Tanger”, que assina em muitas de suas obras, é bem provável que visitou a cidade marroquina e se encantou por ela.

JEAN DISCART - Tanger - Óleo sobre painel - 20,8 x 28

Percebe-se uma grande afeição do artista para com a produção artesanal dos lugares por onde andava. Ele não economiza nos detalhes, sempre requintados e meticulosos. Muitos de seus trabalhos continuariam com o mesmo capricho e zelo na composição e execução. A beleza de suas composições e a habilidade artística neles proferida, o posicionam como um dos mais respeitados artistas desse gênero.

O artista faleceu na França, em 1944.

JEAN DISCART - Um curioso comprador - Óleo sobre tela


MARCOS SABADIN

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MARCOS SABADIN - Águas de Furnas
Óleo sobre tela - 2013

De tempos em tempos a arte brasileira se revigora e é sempre muito bom ver novo fôlego sendo acrescentado ao nosso cenário artístico. Artistas que estão galgando uma carreira segura e acima de tudo consciente, pautados por optar pelo que deveria ser quase uma obrigação para todos aqueles que se propõe a trabalhar com arte: ter disciplina e nunca se cansar de experimentar e pesquisar. A facilidade dos novos meios de comunicação tem nos proporcionado ir de encontro a esses muitos artistas, até então anônimos, muitos deles com expressões apenas regionais, mas que já se despontam nacionalmente como a promessa feliz de uma renovação necessária para o cenário brasileiro das artes plásticas.

MARCOS SABADIN - Descanso. Passado, presente e futuro
Óleo sobre tela - 2012

MARCOS SABADIN - Leitura
Óleo sobre tela - 2013

Marcos Rogério Sabadin nasceu em Piracicaba, São Paulo, no ano de 1978 e não é nenhum exagero afirmar que já se trata de uma das mais gratas promessas do cenário artístico daquela cidade. Um dos pontos a seu favor está no fato de nunca cansar de experimentar. Adepto do estilo realista de desenho e pintura, o próprio artista afirma que prefere não se prender muito a isso. Com o intuito de absorver novas maneiras de expressão, seus trabalhos vem adquirindo cada vez mais uma espontaneidade e gestualidade, típicas do artista realista dos novos tempos. Sabadin é do tipo de artista que acredita na caminhada constante em busca a uma excelência profissional e não mede esforços para conseguir essa excelência.

MARCOS SABADIN - Mirante - Óleo sobre tela - 2012

MARCOS SABADIN - Entrada do Engenho Central
Óleo sobre tela

Iniciou pelo desenho em 1989, por influência dos trabalhos que via de uma tia. Ela mesma aconselhou seus pais a iniciarem seus aprendizados de uma maneira mais direcionada. Assim, Sabadin começou seus estudos com Miguel Sanches, na cidade de Piracicaba. Foram praticamente 9 anos frequentando o ateliê desse artista. Nos últimos tempos, vem ministrando aulas particulares para crianças e adultos. Dividir o que aprendeu é, para o artista, uma maneira de fixar seus conhecimentos adquiridos.

MARCOS SABADIN - Menino na janela- Óleo sobre tela - 2013

MARCOS SABADIN - Helena - Óleo sobre tela - 2014

O envolvimento mais estreito com o cenário artístico é uma atividade mais recente na vida profissional de Sabadin. Até bem pouco tempo atrás seguia profissionalmente de forma mais isolada. A pesquisa através da leitura e principalmente as visitas constantes a museus, exposições e galerias foram durante muito tempo aliados poderosos para sua aprendizagem. A internet é, para ele, a ferramenta mais eficaz para quem deseja adquirir conhecimento irrestrito e com comodidade. Aconselha para isso a aprendizagem de uma nova língua, especificamente o inglês, pelo grande acesso a vídeos, palestras, documentários e matérias de arte disponíveis nesse idioma. Nos últimos anos, começou a participar de salões, exposições e seções de pintura ao ar livre. É um dos membros atuais do grupo piracicabano chamado Caipiras do Plein Air.

MARCOS SABADIN - Samuel - Óleo sobre tela - 2013

Por uma herança quase cultural de sua cidade, grande parte da produção de Sabadin está focada na temática paisagística. É o tema ideal para as saídas em plein air e isso já faz parte do hábito de vários artistas de lá. Porém, a fascinação que sempre teve pelo trabalho com a figura humana vem despertando no artista a necessidade cada vez mais crescente de explorar e abordar esse tema. É essa, inclusive, a grande parte de sua produção com a qual concorre nos salões dos quais participa.

       
Esquerda: MARCOS SABADIN - Brincando de artista - Carvão sobre papel - 2014
Direita: MARCOS SABADIN - Silêncio - Carvão sobre papel -  2014


Uma vez abordado sobre o que achava do momento atual da arte brasileira, o artista afirmou ser consciente de um cenário promissor e com bons artistas, mas que tal cenário não reflete a realidade do atual mercado de arte, ainda muito voltado para a promoção da arte moderna/contemporânea e com poucas oportunidades para a arte realista.
O artista segue firme em suas propostas. Bons momentos futuros ainda serão reservados aos artistas realistas de sua geração.


PARA SABER MAIS:



GIOVANNI BOLDINI

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GIOVANNI BOLDINI - O cochilo - Óleo sobre painel - 14 x 18,4

GIOVANNI BOLDINI - No terraço
Óleo sobre painel - 29,8 x 17,4

GIOVANNI BOLDINI - Madame Rejane - Óleo sobre painel - Coleção particular - 1885

Resgatar os passos mais importantes da trajetória de um artista que sempre teve uma produção excelente não é uma tarefa muito fácil. Em se tratando de Giovanni Boldini, essa missão fica praticamente impossível. Impecável é o adjetivo mais suave com o qual podemos abrir o seu repertório de elogios, porque tudo nele é superlativo mesmo. É, sem exageros, uma das estrelas indiscutíveis da arte italiana do século XIX. O Centro de Estudos de Arte Moderna e Contemporânea em Milão, a GAMManzoni, está exibindo desde o dia 24 de outubro, uma retrospectiva com 40 obras desse artista, algumas delas nunca apresentadas ao público até então, provenientes de coleções particulares e guardadas a sete chaves pelos seus proprietários. Para deleite do público, a exposição seguirá até o dia 18 de janeiro de 2015.

GIOVANNI BOLDINI - A grande estrada para Combes-la-Ville
Óleo sobre tela - 69,2 x 101,4 - 1873

GIOVANNI BOLDINI - Lavadeiras - Óleo sobre madeira - 32,3 x 51,6 - 1874

GIOVANNI BOLDINI - Ônibus na Place Pigalle - Óleo sobre tela - 1882

Desde a histórica exposição sobre Boldini na Sociedade de Artes e Exposição Permanente, ocorrida há 25 anos em Milão, não se via tantas obras desse artista com tamanha qualidade de conjunto, apresentadas em um mesmo espaço. Intitulada “Parisien d’Italie”, a exposição tem como principal objetivo mostrar uma seleta parte da produção de Boldini feita em Paris entre os anos de 1871 e 1920, uma vez que ele viveu quase que exclusivamente por lá durante esse período. Merecem destaque algumas das várias obras comissionadas por Adolphe Goupil, todas muito ricas em cores e retratando muito bem a exótica e excêntrica moda da época. Destaque também são os vários retratos, principalmente de madames e celebridades daquele período. Boldini as retratava como ninguém e em seu ateliê faziam filas para conseguir uma encomenda. Ele era o artista preferido das aristocratas com mentalidades renovadoras.

GIOVANNI BOLDINI - A serenata - Óleo sobre tela - 41,3 x 34,4 - 1873

GIOVANNI BOLDINI - Mulher escrevendo (A carta)
Óleo sobre tela - 65 x 55 - 1873

GIOVANNI BOLDINI - Signora al pianoforte - Óleo sobre painel - 15 x 13 - Coleção particular

Giovanni Boldini nasceu em Ferrara, a 31 de dezembro de 1842 e era filho de um pintor de temas religiosos. Foi justamente sob as orientações de seu pai que desenvolveu o interesse pela pintura, em especial aos grandes mestres renascentistas e maneiristas. Já aos 20 anos de idade, Boldini era um consagrado pintor de retratos, quando resolve ir para Florença e se inscreve na Academia, cursando com E. Pollastrini e S. Ussi. Ele chegou a conhecer alguns pintores do movimento Macchiaioli, apesar de nunca estreitar muita amizade com eles, mantendo até certa distância. Bom ressaltar que os macchiaioli se assemelhavam muito aos impressionistas franceses e há até quem os equipare em termos de movimento. Enquanto os macchiaioli se restringiam somente à temática rural, os impressionistas não se limitavam a isso, muito pelo contrário, parecem ter sido bem mais citadinos do que campestres. Talvez por isso, por frequentar um ambiente mais burguês e urbano, Boldini se afeiçoou muito mais ao movimento impressionista, embora ele mesmo se julgasse um pintor realista.

GIOVANNI BOLDINI - A visita
Óleo sobre painel - 79 x 38 - 1874

GIOVANNI BOLDINI - No parque - Aquarela sobre papel - 38,7 x 30,7 - 1872

GIOVANNI BOLDINI - O despachante- Óleo sobre madeira - 42,5 x 34,3 - 1879

A visita à Exposição Universal de 1867, em Paris, leva Boldini a conhecer ícones do movimento impressionista francês como Degas, Sisley e Caillebotte, além de Manet e Corot, por quem tem grande admiração. Três anos depois vai também a Londres, onde faz cursos e se especializa nos retratos e caricaturas, com Gainsborough e Hogarth. Somente em 1871, chega a Paris decidido a se estabelecer por lá. Viveu e usufruiu da cidade no seu período mais glorioso, o da Belle Époque, e soube tirar proveito dele. Sendo representado pelo marchand Goupil, seus trabalhos logo caíram no gosto dos grandes colecionadores da cidade. Suas cenas de gênero tinham um tom anedótico, lembrando em muito as características composições estilísticas de Meissonnier e Fortuny.

GIOVANNI BOLDINI - Nu reclinado- Óleo sobre tela - 74 x 65 - Coleção particular

GIOVANNI BOLDINI - Senhora de casaco vermelho
Pastel sobre papel - 100 x 73 - 1878

GIOVANNI BOLDINI
Retrato de James Abbot McNeil Whistler
Óleo sobre tela - 170,5 x 94,4 - Brooklyn Museum

Boldini era o pintor de retratos mais elegante de Paris, um título cobiçado para o final do século XIX. A sua pintura nesse período era bastante impressionista e contemporâneos seus como John Singer Sargent e Paul Helleu, disputavam as encomendas mais nobres da cidade. Um episódio importante no final daquele século foi a sua nomeação como o comissário da seção italiana da Exposição de Paris, em 1889, atividade que lhe rendeu a Légion d’honneur como reconhecimento.

GIOVANNI BOLDINI - O retorno dos barcos de pesca, Etretat - Óleo sobre tela - 14 x 23,7 - 1879

GIOVANNI BOLDINI - Consuelo, Duquesa de Marlborough, com seu filho
Óleo sobre tela - 218,44 x 170,18 - 1906
Museu Metropolitano de Nova York

GIOVANNI BOLDINI - Conde Robert de Montesquiou
Óleo sobre tela - 1897

O artista continuaria com as mesmas atividades por todo o início do século XX, atendendo às suas encomendas de nobres colecionadores e vivendo em Paris, que já adotara há tempos. Chegou a ir para os Estados Unidos, atendendo encomendas de ricos colecionadores de lá.
Problemas com a saúde, principalmente um progressivo enfraquecimento da vista, reduziram cada vez as suas atividades e o tornaram mais recluso. O artista viria a falecer em Paris, a 11 de julho de 1931.

GIOVANNI BOLDINI - Autorretrato - Óleo sobre tela - 1892

PETER BARKER

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PETER BARKER - Próximo a Lyndon - Pastel sobre papel - 38,1 x 58,42

PETER BARKER - Por de sol - Óleo sobre tela - 45,72 x 66,04

Quase todas as terapias para relaxamento nos propõe transportar mentalmente para um lugar tranquilo, caminhar em relvas úmidas, sob uma luz morna e com brisa fresca batendo no rosto. Se possível, ainda dentro da mesma sessão, sentar tranquilamente nas margens de um riacho e mergulhar os pés num leito de água fria e pura. Ali ficar por um tempo e sentir a magia do lugar habitando tudo o que somos, revigorando cada centímetro de nosso corpo. E por lá ficar e não querer sair... Foi essa a sensação que experimentei quando encontrei pela primeira vez o site desse artista. A grande quantidade de ótimos trabalhos postados são, sem dúvida, uma verdadeira terapia para todos os sentidos.

PETER BARKER - Campos de feno - Óleo sobre painel - 35,56 x 50,8

PETER BARKER - Riacho - Óleo sobre painel - 30,48 x 43,18

Peter Barker nasceu em Banbury, uma pequena cidade de Oxfordshire, na Inglaterra, em 1954. Se pudéssemos definir resumidamente seu perfil artístico poderíamos dizer que é um pintor da natureza. Ele utiliza de várias técnicas (óleo, pastel, aquarela e acrílica) para explorar essa temática, que já se tornou uma marca registrada de sua carreira. Mike Lambert, da Marine House Gallery dá uma enxuta definição de Barker: “A versatilidade é a principal característica das pinturas de Peter Barker. Seu entusiasmo e pura habilidade em retratar paisagens em óleo e pastel são regularmente aumentados por paisagens marinhas. Estudos virtuosos de animais de fazenda, naturezas mortas, trabalho figurativo e, em particular, sua captação de cenas ribeirinhas, em todas as estações. Captura a qualidade atemporal da paisagem inglesa e os trabalhos são precisos, grandes e pequenos, tornando tudo visualmente muito atraente”.

PETER BARKER - Campo em neve - Óleo sobre painel

PETER BARKER - Uma curva de rio - Pastel sobre papel - 33,02 x 48,26

Podemos dizer que há uma herança genética nesse seu dom, uma vez que é filho de músicos e que esses sempre incentivaram o convívio do pequeno Peter com a natureza nas vizinhanças de sua cidade. Foi pela estreita relação com pássaros, peixes, borboletas e o convívio direto com a paisagem de sua região que nasceu esse gosto pela temática naturalista que desenvolveria em sua carreira adulta. O desenho e a pintura surgiram de forma natural em sua vida nesse período. Já bem jovem, aos 14 anos, tentou a carreira de golfe, caminho que percorreria pelos próximos 12 anos. Para o bem da arte, essa sua carreira esportiva se adormeceu e as grandes lembranças da infância retornaram como força motriz para o novo caminho que surgia. Embora tenha aprendido muita coisa de maneira autodidata, contatos iniciais com o artista Cesar Smith, foram de grande incentivo nessa fase. Em 1985, seus trabalhos foram aceitos pela Stamford Artists Gallery e daí em diante não pararam mais.

PETER BARKER - Fadas na floresta - Óleo sobre tela - 45,72 x 66,04

PETER BARKER - Reflexos em um barco amarelo - Óleo sobre painel - 30,48 x 43,18

Peter Barker não esconde a admiração que sempre teve por mestres do presente e que hoje são companheiros de exposições e representados até pelas mesmas galerias. Artistas como David Curtis, Peter Brown, Trevor Chamberlain, Harley Brown, John Lines e Richard Schmid são as suas maiores referências. A sua paixão pela paisagem britânica parece crescer a cada ano. Por vezes, volta ao mesmo local e o retrata exaustivamente, em horários e situações diferentes, numa atividade que nos pareceu tão comum a artistas como Monet e Sisley. A versatilidade de temas e técnicas tem sido uma de suas metas.

PETER BARKER - Entrega da tarde - Óleo sobre painel - 30,48 x 43,18

Muitos prêmios e condecorações foram dados a ele não somente na Inglaterra, mas também nos Estados e Unidos e Austrália. Suas muitas cenas de paz e tranquilidade ainda serão nossas inspirações por muitos anos!


PARA SABER MAIS:




CARMELO GENTIL

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CARMELO GENTIL - Na Feira- Óleo sobre tela - 30 x 50

CARMELO GENTIL - Velas ao sol - Óleo sobre tela - 60 x 50

Por mais que a internet tenha evoluído para nos possibilitar sentir cada vez mais próximos do que está distante, muitas atividades ainda não correm o risco de serem substituídas pelo prazer conseguido ao vivo, no próprio local, sentindo e admirando algo. Admirar um quadro pelo monitor tem as suas praticidades e até algumas vantagens, mas admirá-lo ao vivo é insubstituível. Nas obras de Carmelo Gentil, isso é enormemente perceptível. Seus trabalhos tem texturas, cores e tridimensionalidades que um monitor jamais vai poder oferecer. Tive a oportunidade e felicidade de ver alguns de seus trabalhos no último Salão de Piracicaba e confesso que senti uma emoção única.

CARMELO GENTIL - Colheita - Óleo sobre tela - 24 x 41

CARMELO GENTIL - Metal com Flores
Óleo sobre tela - 60 x 40

Oscar D’Ambrosio encontrou a palavra exata para definir a obra de Carmelo Gentil: criador de atmosfera. Independente da temática e da técnica que venha a utilizar para realizar seus trabalhos, todos eles tem sempre aquela aura de mistério, como se nos escondessem algo que será revelado logo a seguir. E é isso que acontece! Ao viajar em seus trabalhos, logo ele nos revela um mundo de magia e que nos faz sentir bem. Admirar seus trabalhos (principalmente ao vivo) é uma aventura da qual não se consegue esquecer. Por um fator intrigante, sentimos bem diante deles. E mesmo muito tempo depois, continuam a transmitir isso em nossa memória.

CARMELO GENTIL - Veneza - Aquarela sobre papel - 18 x 24

CARMELO GENTIL - Riacho na mata- Óleo sobre tela - 30 x 40

Carmelo Gentil Filho nasceu em São Caetano do Sul, SP, em 1955. Pelas características expressivas e típicas do uso da luz em seus trabalhos, poderíamos classifica-lo com um pintor impressionista, se esse título não fosse restrito a um período histórico. Suas obras, todas elas, tem todos os elementos que remetem aos melhores artistas daquele movimento. Os primeiros passos na aprendizagem da arte foram dados na própria cidade de São Caetano do Sul, na Fundação de Artes da cidade, especialmente com cursos de esfumados em degradê com Marcos Galli Fiorilo e também cursos de desenho, pintura e composição, com Antônio Euclides Rios. Soma-se ao respeito adquirido pelo público técnico e especializado, um grande números de premiações (12 medalhas de ouro, 7 de prata e 7 de bronze) e condecorações diversas.

CARMELO GENTIL - Agora Um Café - Óleo sobre tela - 120 x 140

CARMELO GENTIL - Baixada Santista (vista da serra)
Óleo sobre tela - 120 x 140


Nos trabalhos de Carmelo Gentil pode-se perceber uma preocupação cuidadosa na elaboração da composição, sempre privilegiando a luz como um elemento decisivo em tudo. Massas escuras nos encaminham para pontos estrategicamente escolhidos e estudados. Na liberdade de seus traços, há um rigor quase geométrico de composição. Os tons austeros, típicos das melhores influências europeias, encarregam de fazer o resto. O resultado é realmente cativante, indescritível, tanto em palavras quanto nas imagens que ilustram essa matéria.


PARA SABER MAIS:





MICHAEL KLEIN

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MICHAEL KLEIN - No ateliê - Óleo sobre tela

MICHAEL KLEIN - Mesa do jardim - Óleo sobre tela

Se fosse necessária uma definição rápida para as obras de Michael Klein, diria que elas são um convite ao silêncio. Há tempos não via um trabalho que inspirasse tanta contemplação! São diretos, incisivos, tecnicamente corretos e de um bom gosto ímpar. Há quem os julguem melancólicos, mas prefiro classifica-los como introspectivos. Para ilustrar essa matéria, escolhi apenas as naturezas-mortas, embora o artista tenha extrema facilidade de passear por temas variados. Para mim, esses trabalhos resumem com muita eficiência toda a sua capacidade técnica e habilidade de composição.

MICHAEL KLEIN - Amarelo, vermelho e branco - Óleo sobre linho

MICHAEL KLEIN - Peônias amarelas - Óleo sobre tela

Nascido na cidade americana de Minot, na Dakota do Norte, em 1980, o artista vive recentemente em Nova York. Foi o contato direto com a natureza do centro-oeste americano que lhe desenvolveu a observação apurada e o refinamento técnico proveniente dessa observação. Iniciou seus estudos artísticos aos 19 anos, com o artista Richard Whitney. Além de uma passagem por Minneapolis, teve a felicidade de concluir sua formação básica com ninguém menos que Jacob Colins.

MICHAEL KLEIN - Laranjas - Óleo sobre tela

MICHAEL KLEIN - A preparação - Óleo sobre tela

É agradável observar como suas pinturas refinadas surgem de fundos ásperos e densos, aparentemente mal pintados, mas que são perfeitos para uma base texturizada e de onde emergem todas as formas com muita sutileza. Para cada composição, percebe-se uma paleta intencionalmente reduzida, que valoriza os contrastes e esses criam um clima de muita introspecção. Muitas de suas obras ficam assim, com um ar de não terminadas, sugerindo ao observador completar mentalmente alguns de seus trechos ou simplesmente deixando que o mesmo perceba como foram surgindo, de fundos bem rudimentares.

MICHAEL KLEIN - Os últimos gravetos - Óleo sobre tela

MICHAEL KLEIN - Natureza-morta do jardim
Óleo sobre tela

MICHAEL KLEIN - Peixes - Óleo sobre tela

Além de Nova York, o artista possui também um ateliê na cidade de Buenos Aires, Argentina, terra natal de sua esposa. É dela também a parceria para a produção de uma revista americana voltada para o meio acadêmico artístico, a Video Magazine, criada em 2009. Seus trabalhos podem ser visualizados em seu próprio site (http://www.michaelkleinpaintings.com/), ou através da página que mantém no Facebook: https://www.facebook.com/kleinpaintings?fref=ts

MICHAEL KLEIN - Autorretrato
Óleo sobre linho

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