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Channel: JOSÉ ROSÁRIO
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YURI KROTOV

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YURI KROTOV - Menina com sombrinha vermelha
Óleo sobre tela - 50 x 61 - 2003

YURI KROTOV - Estudantes de Paris (detalhe)
Óleo sobre tela - 61 x 71 - 2007

É sempre um prazer falar sobre a arte do nosso tempo, ver e analisar os trabalhos e todas as suas propostas, e conhecer melhor os artistas que, por méritos, se tornaram as referências dessa geração. Por uma série de fatores, já estava em falta por ainda não falar sobre esse grande artista russo da atualidade e mostrar aqui alguns de seus inspiradores trabalhos. Com referências que vão lá ao final do século XIX, quando os impressionistas nos ensinaram a ver e representar o mundo de uma outra forma, Yuri Krotov desenvolve um trabalho poético, acima de tudo, mostrando e falando sobre a nossa atualidade e também nos lembrando que arte pode e deve ser atemporal.

YURI KROTOV - Uma rua de Paris
Óleo sobre tela

YURI KROTOV- Grand Cafe (detalhe)
Óleo sobre tela

A arte acadêmica desenvolvida até o final do século XIX trouxe muitas glórias para o mundo da arte. Revelou ao mundo, artistas que são reverenciados até hoje e cujos trabalhos ocuparam um lugar de destaque na história da arte de todos os tempos. Esse tipo de arte sempre esteve ligado a um processo de execução que prezava por intermináveis etapas trabalhadas com incansáveis veladuras e cuja execução, quase sempre demorada, exigia uma espécie de doação extra por parte daqueles que a praticavam, como também uma dose generosa de paciência, por todos aqueles que esperavam pelos resultados dos trabalhos. O século XX já batia à porta, com toda sua agitação e velocidade, quando um grupo de artistas decidiu que já não havia mais espaço para uma arte que não falasse ainda a linguagem veloz daqueles novos tempos. Era preciso criar algo que conjugasse a agitação dos novos tempos e que nunca perdesse a referência com os mestres passados. O Impressionismo veio propor isso, mostrar que é possível fazer arte para um novo tempo, mas preservar o respeito a todos aqueles que vieram antes daquela data, seja mantendo fidelidade aos conceitos de desenho ou mesmo não se desfazendo de muitos recursos assimilados de escolas anteriores.

YURI KROTOV - Brisa da manhã na vila de Kuban
Óleo sobre tela - 110 x 150 - 2012

YURI KROTOV - Mãe no jardim em primavera
Óleo sobre tela - 110 x 150 - 2012

Provavelmente, o maior desafio dos artistas impressionistas iniciantes foi converter todo um aprendizado calcado na prática da execução por etapas para uma prática completamente solta, que pudesse, inclusive, ser executada ao ar livre, coisa quase impensável até então. Se antes, a pintura era feita por um esboço cromático que ia gradualmente adquirindo suas cores em sucessivas veladuras, agora a composição já necessitava que tudo fosse feito em uma única observação. A explosão colorida e luminosa proposta pelos impressionistas, exigia também um conhecimento altíssimo sobre os tons e suas muitas possibilidades sobre cada cor e cada efeito desejado com suas misturas. Definir tons e colorir ao mesmo tempo foi o grande desafio a que todos os impressionistas impuseram sobre os novos tempos. E a ideia pegou tanto, que até hoje quase já não se pratica aquela antiga tradição dos trabalhos com intermináveis camadas e veladuras. Não que essas se tornaram totalmente ausentes, muitos impressionistas ainda utilizaram da prática da veladura para enriquecer suas composições e fazem isso até hoje.

YURI KROTOV - Manhã gelada
Óleo sobre tela - 80 x 100 - 2011

YURI KROTOV - Sol de março
Óleo sobre tela - 91 x 64 - 2011

Yuri Krotov esteve nos dois lados da moeda: do artista que inicialmente praticava um trabalho refinadamente acadêmico e do artista que se tornou um impressionista contemporâneo. Se antes seus trabalhos transbordavam na justeza do desenho e no uso estudado de tons e camadas, depois deu lugar a uma prática bem mais solta, com grossas e vibrantes pinceladas, que nos remetem às melhores fases do Impressionismo. Ele se tornou mundialmente conhecido em 1992, num leilão de arte russa realizado na Casa Drouot, em Paris. Desde então, toda a Europa e os Estados Unidos se renderam aos seus trabalhos.

YURI KROTOV - Dia de prata
Óleo sobre tela - 60 x 50 - 2008

YURI KROTOV - Rapsódia solar
Óleo sobre tela - 90 x 100 - 2007


Yuri Krotov nasceu em 1964, na aldeia de Grivenskaya, em Krasnodar, junto ao Mar de Azov. Os primeiros contatos com a arte se deram em 1972, com Polugaevym, que se tornou seu professor e mentor, anos mais tarde. Foi inclusive com ele que viajou para Moscou, em 1976, para a admissão na Escola de Arte de Moscou. Desde a sua bem sucedida participação no leilão da Drouot, começou a participar em diversas outras casas de leilão e galerias, espalhadas por vários países. Krotov é hoje um dos mais respeitados artistas da arte russa e, desde 2010, é professor na Academia Russa de Pintura, Escultura e Arquitetura Ilya Glazunov.

YURI KROTOV - Terraço do Chateau Milande, Dordogne - Óleo sobre tela - 60 x 80


PARA SABER MAIS:



RICARDO BORRERO ÁLVAREZ

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RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Cabanas na mata- Óleo sobre tela

Entre uma obra e outra, nos momentos de folga, que geralmente acontecem à noite, tiro um tempo para pesquisas que invariavelmente me auxiliam. Resolvi voltar o olhar sobre a “paisagem” e a sua gênese como escola artística na América do Sul. Para minha surpresa, uma efervescente manifestação artística, voltada para essa escola, encontrou um território fértil por toda a América Latina, principalmente à partir da metade do século XIX. Um fator histórico é importante que seja destacado: as colônias existentes em todo o continente serviam como uma ponte para os vários artistas das metrópoles europeias e de suas colônias por aqui, ora recebendo expedições artísticas, ora enviando para as principais cidades europeias os mais notáveis artistas que por aqui surgiam.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Corredeiras - Óleo sobre tela

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Rio e pedras
Óleo sobre tela

A que se destacar também a grandiosidade de uma paisagem quase ainda intacta, pouco explorada e, acima de tudo, exótica para as visões dos colonizadores e artistas europeus. Por isso, diferentemente da tradição europeia em investir nas escolas figurativas e pinturas históricas, floresceu em terras sul-americanas um desejo natural por representar aquilo que elas possuíam de mais extraordinário, a paisagem.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Paisagem - Óleo sobre tela

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Vacas numa mata- Óleo sobre tela

Todos os países, ou colônias como ainda eram classificadas, receberam importantes missões artísticas e expedições de vários países europeus, até mesmo artistas de outras metrópoles. Artistas em busca de algo novo, assim como faziam outros que partiam para o Oriente Médio e norte da África. Essa presente matéria quer fixar em especial na escola paisagística da Colômbia, e mais em especial ainda, sobre as obras de um dos mais notáveis artistas do gênero naquele período, em todo o continente: Ricardo Borrero Álvarez.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Neblinas na serra - Óleo sobre tela

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Fim de tarde
Óleo sobre tela

Já era quase final do século XIX, quando nasceu na Escola de Belas Artes de Bogotá, a Cadeira de Paisagem. Tinha uns propósitos parecidos com as Escolas de Paisagens que surgiam em várias partes do mundo: tirar a pintura dos ateliês e leva-las a campo. Práticas herdadas das ideias impressionistas que germinavam em muitas correntes artísticas. Isso tinha um ar de modernidade e era o que de mais audacioso parecia para aqueles tempos. De fato, não era uma missão muito fácil, romper um tradicionalismo estabelecido por várias gerações de artistas que viam na Pintura Histórica e Religiosa, o ápice do artista-modelo. Todos tinham como hábito o trabalho com pequenos formatos, que se mostravam muito práticos para os trabalhos externos ao ateliê. Borrero teria uma importância enorme nessa instituição.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Natureza morta - Óleo sobre tela

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Cabeça de carneiro
Óleo sobre tela

Diferentemente dos artistas de outras regiões do continente sul-americano, que escolhiam Paris e Roma para referências de estudo, os artistas colombianos preferiram a influência das escolas espanholas. Acredito que a língua tenha sido um fator que pesava sobre essa escolha, afinal, partir para Paris ou Roma exigia, além de uma boa bagagem artística já adquirida, o domínio de idiomas estranhos aos das colônias sul-americanas. Mas a Espanha também não devia em nada às escolas francesas e italianas. Carlos de Haes já era o consagrado paisagista espanhol que influenciava e arrebanhava um bando enorme de seguidores. É dele, a maior influência a todos os artistas colombianos daquele período, mesmo que não tenha sido diretamente.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Ruínas
Óleo sobre tela

RICARDO BORRERO ÁVAREZ - Um canto de jardim - Óleo sobre tela

Borrero se formou nesse período, em Sevilha, e aguçou ainda mais os aprendizados numa rápida estada em Paris, frequentando principalmente a Escola de Barbizon, reforçando a inclinação paisagística que já lhe era inerente. O Impressionismo e o Naturalismo lhe atraiam como tudo que sempre planejou para sua arte. Pensava em produzir algo naqueles moldes, livre, sem as mordaças das academias, isento de toda lição histórica ou moral. A nova arte que ele abraçou, e que também era nova por todas as partes, em nada tinha a ver com as considerações históricas ou políticas impostas pelas Academias. Pintava por prazer, enamorado somente com a poesia e a emoção.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Uma vila - Óleo sobre tela

Por causa dessa sua proposta audaciosa, de romper com as instituições e pintar por conta própria, pode-se dizer que foi um modernista, no termo inovador da palavra. Mas, pintava com a alma, acima de tudo. E isso conta muito, mesmo para os dito “anarquistas”. Tanto que suas obras eram procuradas avidamente por colecionadores burgueses, os mesmos que esperavam ansiosos pelas novidades dos grandes salões. Para uma Colômbia com vocação totalmente rural e que ensaiava seus primeiros contatos capitalistas, Borrero é considerado uma peça de suma importância. Poucos artistas, como ele, conseguem fazer uma transição de um país agrícola para as mentalidades modernistas que mudariam a história da arte, no início do século XX.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Pequeno regato - Óleo sobre tela

Borrero voltou para a Colômbia em 1898 e logo recebeu dos amigos o título de “pintor da terra quente”. Sabia como ninguém, admirar e interpretar todos os cantos de seu país, do verde luxuriante e selvagem de suas matas, bem como dos desfiladeiros, rios e cachoeiras que não saíam de sua retina. Tornou-se professor e chegou mesmo a dirigir a Escola Nacional de Belas Artes, em Bogotá, por vários anos. Influenciou e motivou muitos outros artistas do país a adotarem como tema as belezas de sua terra. Não viveu muito, mas viveu intensamente.

RICARDO BORRERO ÁLVAREZ - Uma serra com correnteza- Óleo sobre tela


Ricardo Borrero Álvarez nasceu a 24 de agosto de 1874, em Gigante, departamento de Huila e faleceu em Bogotá, com 57 anos de idade. O modernismo já ganhara outras aspirações e estas certamente passavam longe das suas.


RENÊ TOMCZAK

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RENÊ TOMCZAK - Paisagem - Óleo sobre tela

Há cerca de 3 anos, cheguei até os trabalhos de Renê Tomczak pela apresentação de Vinícius Silva. De maneira virtual, somente. Junto com a indicação, Vinícius fez questão de frisar: “preste atenção na proposta e coerência desse artista, principalmente com relação à sua escolha de temas e técnicas”. Não é uma indicação qualquer! Tenho certeza de que Vinícius é consciente de sua contribuição ao paisagismo contemporâneo brasileiro e sua dica, por si só, já me despertara curiosidade. Sua indicação teve realmente uma cota de importância, mas, logo depois das primeiras olhadas, vi que ela não só se tratava do reconhecimento legítimo do olhar treinado de um artista em relação a outro, os trabalhos e propostas de Renê Tomczak conquistam logo na primeira olhada, mesmo sem indicações.

RENÊ TOMCZAK - Cena de litoral - Óleo sobre tela

RENÊ TOMCZAK - Arredores de Curitiba - Óleo sobre tela

Não poderia deixar de mencionar o que mais me chamou atenção, logo que fui me aprofundando sobre o artista: o fato de que ele não abre mão de sair do conforto de seu ateliê e ir a campo, sob quaisquer circunstâncias. Aliás, nada parece ser mais confortante para ele do que as infinitas possibilidades de um campo aberto como desafio. Há nele, a consciência convicta de que só a natureza é um mestre em toda sua completude. Todas as teorias e cálculos assimilados numa cadeira de escola só se solidificam com a observação dos mesmos, no mundo à sua volta.




O artista teve um trajeto acadêmico seguro, que culminou com a formação pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. E, embora precise do estúdio para lecionar e também trabalhar, sempre teve preferência ao trabalho em plein air, geralmente nos arredores de Curitiba, sua cidade natal. Em seu blog, ele nos mostra que gosta de fazer isso nas mais diversas técnicas: óleo, aquarela, lápis... Não desperdiça uma caminhada sequer e a empolgação que emana disso é contagiante. “Viaja horas para encontrar a colina, o pinheiro, a onda, o céu que atrai seu olhar. Uma imersão no panorama, horas registrando sob sol ou chuva sua interpretação do lugar, um longo estudo de cores, formas e texturas que devolvem para casa, no fim do dia, um pintor exausto e satisfeito”. Não poderia deixar de citar essa bela imagem do artista, concebida pela Jô Bibas, em sua página Arte Amiga.




Sua arte tem referências impressionistas e pós-impressionistas, mas há algo mais nela, não bastassem essas valiosas referências. Mesmo observando ao natural, ele pinta com o que a observação lhe desperta. O resultado, não é apenas a transposição fidedigna da imagem que está a sua frente. Há a sua interpretação, filtrando e emprestando sua dose de emoção captada naquele momento. Em cada obra, vai nos contando sua história, tentando nos despertar as mesmas sensibilidades que lhe foram despertadas. Queria classificar seu trabalho de Realismo Subjetivo. Dispense esse comentário, se achar conveniente. Ainda acho que um bom trabalho não precisa de rótulos, muito menos de infindáveis textos para explica-lo, assim como são os dele.

RENÊ TOMCZAK - Banco, Parque São Lourenço
Óleo sobre tela

RENÊ TOMCZAK - Paisagem
Aquarela sobre papel

RENÊ TOMCZAK - Parque Barigui
Óleo sobre tela

Ele começou a vender os seus trabalhos numa feira de artes, que acontece no Lago da Ordem, em Curitiba. Foi conquistando um público cativo e que soube reconhecer o verdadeiro valor de suas propostas. Esteve por lá cerca de 4 anos, até que a primeira individual, no Hotel Mabu, lhe abriu novos horizontes. Hoje, público e crítica se renderam a seus trabalhos e há quem o posicione como o sucessor de Theodoro De Bona, um grande nome do paisagismo paranaense.



Aprendi a admirar no artista, a sua vocação nata para a doação do que aprende e assimila com relação à arte. Ele gosta de mostrar como faz, suas etapas, seus resultados... Socializa tudo, sem encerrar em si os frutos do aprendizado adquirido. Desconheço se haja algo mais nobre, em qualquer profissão, do que se doar e permitir que outros trilhem seus caminhos.

RENÊ TOMCZAK - Campo preparado - Óleo sobre tela

RENÊ TOMCZAK - Nu - Óleo sobre tela

Recentemente, tive o privilégio de visualizar uma de suas obras pessoalmente, adquirida por uma admiradora de artes, em uma de suas passagens por Curitiba. Interessante como uma obra de arte nos é tão mais verdadeira quando estamos próximos a ela. Solidifiquei ainda mais os conceitos que suas obras me despertaram virtualmente.

Desejo sucessos a Renê Tomczak e o parabenizo pelos passos seguros e conscientes de sua trajetória.


PARA SABER MAIS:




STANHOPE ALEXANDER FORBES

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STANHOPE ALEXANDER FORBES - Tarde na ponte - Óleo sobre tela - 61 x 76 - 1937

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Woolpack Inn - Óleo sobre tela - 55,8 x 76,2 - 1937

Stanhope Alexander Forbes é o meu artista preferido da resposta britânica ao movimento impressionista francês. Ainda que ele não tenha sido o mais famoso artista britânico do movimento; nomes como Sargent e Lavery são sempre mais lembrados; gosto especialmente dos trabalhos de Forbes pelo conjunto com que conseguiu reunir, tanto de técnica, temas e propostas. Há algo diferenciado nele! Sua luz é brilhante e sua paleta não tem a austeridade de muitos dos seus conterrâneos. Mesmo para as cenas nubladas e noturnas, há sempre uma iluminação especial.

STANHOPE ALEXANDER FORBES - O barco seine - Óleo sobre tela - 106,7 x 157,5 - 1904

STANHOPE ALEXANDER FORBES
Dia de gala em Newlyn, Cornwall
Óleo sobre tela - 106 x 136 - 1907

Foi ele mesmo que afirmou, em seu Tratamento de Arte da Vida Moderna: “A beleza está na luz, tanto na atmosfera que rodeia as coisas, como nas suas formas”. Percebe-se que seguia isso como uma lei, ou melhor, incorporou o espírito daquilo que afirmou, com propriedade e convicção. O movimento impressionista nas Ilhas Britânicas foi tímido, se comparado à França, mas ainda assim, conseguiu arrebanhar um número considerável de artistas, e muitos deles são hoje mundialmente reconhecidos. O mais curioso é que o Impressionismo, nos seus anos iniciais, teve inspiração num pintor inglês, John Constable, numa passagem de Monet pelo país. Mas, a Grã-Bretanha sempre se fechou demais às modernidades nas artes plásticas e o Impressionismo sempre foi aceito com reservas.

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Indo à escola, Paul, Penzance
Óleo sobre tela - 51 x 61 - 1917

STANHOPE ALEXANDER FORBES - O lago
Óleo sobre tela - 49 x 61,5

O hábito de pintar ao ar livre também era um exercício que Forbes não abria mão, embora gostasse do trabalho em estúdio. Até no estúdio, admirava as cores quentes e a espontaneidade das composições. Mesmo que tenha uma leitura impressionista em muitas de suas obras, o trabalho de Forbes nos remete mais à escolas naturalistas, como a de Barbizon. Suas cenas tem um realismo que conforta e é impossível ficar imparcial diante delas. Há vários atributos para o trabalho de Forbes, mas uma definição de Norma Garstin (artista e crítica de arte de sua época) me parece a mais coerente: “Ele é um bom pintor, não sentimental, e há em seus trabalhos um senso de sinceridade que agrada a todos”.

STANHOPE ALEXANDER FORBES - À saúde da noiva
Óleo sobre tela - 152,4 x 200 - Tate Gallery, Londres

Stanhope Alexander Forbes nasceu a 18 de novembro de 1857, em Dublin, na Irlanda. Suas primeiras formações artísticas se deram na Faculdade de Dulwich, com John Sparkes. Após uma estada na Irlanda, onde realizou trabalhos locais até 1879, Forbes partiu para Paris, onde ficou entre 1880 e 1882, estudando no ateliê particular de Léon Bonnat, em Clichy. Sua técnica, bem como estilo, foram herdados de outro artista, Jules Bastien-Lepage, que usaria por toda sua vida. Em 1881, conheceu o artista Henry Herbert La Thangue e passaram uma temporada pintando ao vivo em Cancale, na Bretanha. Sua passagem por essa região mexeu tanto com ele, que no seu retorno à Inglaterra, daria novos rumos à sua carreira.

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Olhando longe - Óleo sobre tela

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Venda de peixes em uma praia de Cornish
Óleo sobre tela - 121 x 155

Em 1874, instala-se na cidade de Newlyn, exatamente por conter as características francesas da Bretanha, que tanto o seduziram na sua viagem. Apaixonou tanto pelo lugar, que acabou montando por ali uma espécie de retiro de artistas, uma colônia de amantes da arte ao ar livre e que ficaram conhecidos como a Escola de Newlyn. Falar da vida de Forbes, sem citar a Escola de Newlyn, é como não falar sobre ele. Newlyn é um pequeno porto de pesca que encontra-se cerca de uma milha e meia de Penzance, na costa sul da península Penwith de Cornwall. Como tem um acesso fácil a Londres, por uma via férrea, e na época era um local de estadia bem econômica, acabou se tornando um paraíso para um grande grupo de artistas ingleses.

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Jovens pescadores - Óleo sobre tela - 1930

STANHOPE ALEXANDER FORBES - A forja
Óleo sobre tela - 155,1 x 117,5

A região de Newlyn era especial em vários aspectos. Ainda estava quase intocada pela Revolução Industrial e possuía uma beleza natural exuberante. Penhascos de granito e mares espumantes, onde os pescadores levavam uma vida sem pressa e tanto inspiraram aos artistas que lá passavam. Walter Langley foi o primeiro artista residente no local, mas o movimento só ganhou força com a chegada de Forbes. Ao fim do ano de 1884, já estavam quase 27 artistas morando no local, além dos muitos artistas temporários, atraídos pelos ecos da Escola de Newlyn e que também se encantavam pelo lugar.

STANHOPE ALEXANDER FORBES
Sol e sombra, uma vila de comerciantes próxima a Newlyn Harbour
Óleo sobre tela - 61 x 81 - 1909

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Praça do mercado
Óleo sobre tela - 91 x 73 - 1921

Vários trabalhos colocaram Forbes e todo o grupo em evidência e, em 1892, ele se associou à Academia Real e em 1895, tornou-se o presidente-fundador e curador da Galeria de Arte Newlyn. Também fundou, em 1899, a Escola de Arte Newlyn. Foi uma iniciativa que atraiu inclusive novos investimentos para a região, que havia passado aquela década com várias crises na Indústria de Pesca. Ele produziu muitos trabalhos naquele período e sentia realizado em todos os aspectos. Mas, como todo movimento artístico, esse também foi perdendo forças, no início do século XX, quando alguns artistas buscavam novos rumos. Forbes, porém, continuou por ali.

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Na ordenha
Óleo sobre tela - 51 x 61 - 1917

STANHOPE ALEXANDER FORBES - No quintal- Óleo sobre tela - 62,2 x 77,4 - 1938

Em 1910, Forbes foi eleito um membro da Academia Real e teria sua carreira ainda mais solidificada dali em diante. A consagração chegaria em 1933, quando conquistaria a honraria de Real Acadêmico Sênior.

Ele faleceu em Newlyn, no local que escolheu para sua vida, a 2 de março de 1947.

STANHOPE ALEXANDER FORBES - Ponte Relubbus
Óleo sobre tela - 51 x 76 - Pintada entre 1928 e 1930

ALFREDO RODRIGUEZ

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ALFREDO RODRIGUEZ - Corrida do ouro no Colorado, 1859 - Óleo sobre tela - 101,6 x 152,4

ALFREDO RODRIGUEZ - A procura - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6

A pintura é uma das mais antigas artes do México, praticada há mais de 7 mil anos, em trabalhos rupestres. Arte que foi se formando e transformando ao longo dos séculos. Com a colonização espanhola, muito da arte européia acabou influenciando na produção local, principalmente com relação à técnica. Mas, é uma tradição no país, valorizar os costumes e tradições locais. Desde que o país alcançou projeção internacional com artistas do século passado como Siqueiros, Orozco, Rivera e Kahlo, muitos olhos se voltaram para o que se tem produzido no país, em todos os estilos e em todas as técnicas. Necessitaria uma matéria bem mais extensa para esmiuçar as muitas escolas artísticas que foram desenvolvidas no país e o impacto delas na formação artística de seus artistas. No presente momento, a atenção estará voltada para um artista mexicano, mas que aprendeu a voltar seu olhar para outros povos.

ALFREDO RODRIGUEZ - A água do poço - Óleo sobre tela - 45,72 x 60,96

ALFREDO RODRIGUEZ - Pequena flor vermelha
Óleo sobre tela - 40,64 x 30,48

Alfredo Rodriguez nasceu em Tepic, no México, em 1954. Filho de uma família numerosa, cujos pais criaram com dificuldades os nove filhos. O presente mais significativo da infância, que viria influenciar por toda sua vida, foi um conjunto de aquarelas, doado pela sua mãe, quando ainda tinha 6 anos de idade. Os estudos no campo da arte começaram cedo e, logo aos 14 anos de idade, já se via produzindo trabalhos para ajudar no sustento da família. Há um relato interessante do artista, sobre como foi o seu princípio: “No verão de 1967, meus pais gastaram as suas poupanças para me levar para o estudo de Santiago Rosas, um velho conhecido artista mexicano, que me ensinou os princípios básicos da arte. Tudo em seis horas de aula, que era tudo o que os meus pais podiam pagar.” 

ALFREDO RODRIGUEZ - Um presente para minha esposa - Óleo sobre tela - 60,96 x 91,44

ALFREDO RODRIGUEZ - Hora do lanche - Óleo sobre tela -  60,96 x 91,44

Diferentemente, porém, do grande número de artistas mexicanos, que sempre se preocuparam em desenvolver um trabalho local, Alfredo Rodriguez voltou seu olhar para a questão do índio americano e da cultura do sudoeste americano, motivo que o levou a morar em Corona, na Califórnia, em 1979, tão logo começou a conquistar um mercado regional. Isso não é um fato extraordinário no mundo da arte. Muitos artistas se sentem sensibilizados por questões que não sejam propriamente às de suas origens. A arte tem uma linguagem universal e cada artista procura se adaptar àquilo que melhor pode vir a ser a sua forma de expressão.

ALFREDO RODRIGUEZ - Compartilhando a luz
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2

ALFREDO RODRIGUEZ - Uma oração para o búfalo
Óleo sobre tela - 91,44 x 60,96


Produtor de um realismo respeitado e admirado por críticos e público, os trabalhos de Alfredo Rodriguez são facilmente assimilados. Suas mensagens são diretas e as composições sempre elaboradas em torno de um tema simples, mas muito bem executado. Vários prêmios já foram conquistados no concorrido mercado de arte do sudoeste americano e um grande número de exposições já foi realizado em diversos museus e galerias da região. Atualmente, Alfredo Rodriguez desfruta de uma boa aceitação de seu trabalho no mercado de arte internacional. É um dos artistas que vem confirmar que, embora tenha suas raízes em um país de tradição tão bem preservada, voltou suas influências e olhares para outros povos e regiões.

ALFREDO RODRIGUEZ - Corações gratos - Óleo sobre tela - 40,64 x 60,96

ALFREDO RODRIGUEZ - Duas bonequinhas 
Óleo sobre tela - 69,96 x 35,56

PARA SABER MAIS:


WILHELM KUHNERT

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WILHELM KUHNERT - A presa - Óleo sobre tela - 45 x 70

WILHELM KUHNERT - Tempo de descanso - Óleo sobre tela

Certos artistas se tornam antecessores em seu tempo. Wilhelm Kuhnert fazia uma arte-ecológica, num tempo em que as caçadas e os safáris eram uma espécie de diversão da burguesia europeia. Ele insistia em pendurar obras de arte com animais nas paredes, quando a moda era estender peles pelo chão e pendurar cabeças das caçadas como troféus. Já defendia a preservação das espécies, num tempo em que a extinção nem parecia ameaça. Por essas tantas iniciativas, foi aclamado como o maior artista da vida animal de seu tempo e é reconhecido hoje como o artista-referência da vida selvagem, em toda a história da arte.

WILHELM KUHNERT - Leões em observação - Óleo sobre tela - 116,2 x 217,8

WILHELM KUHNERT - Um casal de leões numa savana - Óleo sobre tela - 40,5 x 60,5

No final do século XIX, qualquer jovem artista europeu que se aventurasse a pintar animais, tinha uma grande opção nos muitos excelentes zoológicos que se formavam pelo continente. Os de Dresden e Berlim eram, de longe, os tidos como mais completos e disputados. Em torno de suas belas jaulas ambientadas com as condições naturais de cada espécie, muitos artistas passavam horas estudando, apontando todas as posições e observando alguns hábitos dos animais modelos. Um grande número desses animais era composto de exemplares já com idade avançada ou doentios, geralmente rejeitados das muitas feiras e circos que se tornavam uma febre por toda parte. Insatisfeito com esse método de aprendizagem, Wilhelm Kuhnert resolveu seguir os conselhos do artista Richard Friese, que muito admirava, e decidiu captar os animais em seu estado natural, nas planícies, campos e florestas da África e da Ásia.

WILHELM KUHNERT - Um casal de leões ataca um búfalo - Óleo sobre tela

WILHELM KUHNERT - Um tigre numa clareira - Óleo sobre tela - 63,5 x 112

Um dos primeiros artistas europeus a viajar para a África Oriental, em 1891, Kuhnert não só passou uma longa temporada por lá, como soube produzir muito, com tudo que via e anotava. Em 1901, ele viria a publicar 3 volumes da Vida Animal na Terra, tamanho era o envolvimento com o seu trabalho. A procura por essas publicações se tornou tão grande, que ele se viu motivado a produzir novas obras, sob novos ângulos e propostas. Desafio que lhe forçou a uma outra temporada em terras africanas, desta vez ficando entre 1905 e 1912. Fazia tudo com tanto gosto, que ignorava por completo os perigos do campo aberto, as muitas emboscadas fatais das quais escapou e as muitas doenças incuráveis que as terras africanas escondiam.

WILHELM KUHNERT - Família de elefantes numa savana - Óleo sobre tela - 48,2 x 84,5

WILHELM KUHNERT - Flamingos - Aquarela sobre papel

Wilhelm Kuhnert nasceu em Opole, antiga região da Silésia, na Polônia, a 18 de setembro de 1865. Após uma interrompida tentativa de estudos na área técnica e comercial, quando tinha 17 anos, decidiu que partiria para o campo das artes, que sempre foi seu fascínio. Entre os anos de 1883 e 1887, conseguiu uma bolsa na Academia Real de Belas Artes, em Berlim. Foi logo após essa temporada, que decidiu ir para o Egito, África Oriental e Índia. Representou exaustivamente várias espécies animais, mas nenhuma lhe atraía tanto quanto os leões. Chegou a ser reconhecido como o “artista dos leões”. Era fascinado pelo seu trabalho e não media esforços para executá-lo da maneira mais natural possível.

WILHELM KUHNERT - Leões em observação - Óleo sobre tela

Os inúmeros esboços desenvolvidos durante todas as viagens, mais a memória visual de tudo que havia vivido, foram a inspiração para os diversos trabalhos sobre a vida selvagem, que produziu até os seus últimos dias. Não se cansava na busca perfeita pela melhor composição, aquela que captasse expressividade e acima de tudo beleza. Com sua maneira inimitável de representar, pintou os animais e seres humanos que encontrou pelos caminhos que passava. Grande parte de sua produção, a maior dela, encontra-se em coleções privadas, espalhadas por todo mundo. Seus trabalhos são motivos de disputas acirradas nas casas de leilões, até hoje.

WILHEM KUHNERT - Em descanso
Óleo sobre tela - 39 x 66,5

WILHELM KUHNERT
Um grupo de hipopótamos descanso próximo ao rio
Aquarela sobre papel


Kuhnert casaria duas vezes. Sua segunda esposa faleceu exatamente no dia que ele completava 60 anos. O fato o abalou bastante e ele nunca recuperaria dele. No dia 11 de fevereiro de 1926, faleceu quando se restabelecia em Flims, na Suíça, pouco mais de 5 meses após o falecimento de sua esposa. Friedrich Wilhelm Kuhnert é conhecido como um dos mais importantes pintores alemães de seu tempo. Sua obra inclui uma variedade muito grande de desenhos, gravuras, aquarelas e óleos.

WILHELM KUHNERT - Búfalos ao longo de um rio - Óleo sobre tela - 130,2 x 233,1

OSMAR DALLABONA

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OSMAR DALLABONA - Palavras certas - Óleo sobre tela - 60 x 80

O Hiper-realismo é um estilo com poucos adeptos pelo Brasil. Não que não tenha admiradores e seguidores por aqui. O estilo exige uma técnica muito apurada, uma lógica na escolha do que pintar e uma paciência muito acima da média, coisa muito rara nos artistas das novas gerações. Por ser um trabalho muito demorado, impossibilitando qualquer artista de produzir um volume considerável em toda sua carreira, o estilo é admirado por muitos, mas evitado por um número ainda maior. Na fala de Osmar Dallabona, um dos insistentes praticantes do estilo no Brasil, os artistas dos tempos atuais estão mais propensos a uma arte volátil, rápida, “poemas escritos na areia e esculturas feitas em gelo”. Percebe-se a convicção de sua fala, quando concluiu uma das perguntas que lhe fiz a respeito desse estilo tão incompreendido: “A arte não é só ter uma ideia, necessitamos ter a capacidade de explora-la e executa-la com maestria.”

OSMAR DALLABONA - Gabriela - Óleo sobre tela - 60 x 80

Maestria talvez seja a palavra-chave para designar todos aqueles que persistem em avançar por esse estilo que exige tanto de seus praticantes. Por ser um estilo que se aproxima perigosamente da fotografia, é preciso ter a capacidade de diferencia-la desta e dar-lhe vida própria. Diante da fotografia que deu origem a um trabalho hiper-realista e a obra acabada há uma diferença enorme, pelo menos por aquelas obras executadas por artistas que deixaram um pouco de si nelas.

OSMAR DALLABONA - Equilíbrio- Óleo sobre tela - 30 x 30

O descaso pelo trabalho hiper-realista, principalmente no Brasil, está na formação educacional. Desde os primeiros anos escolares, a arte conceitual é imposta como uma verdade última, e tudo que se diferencie dela é visto como ultrapassado e fora de moda. Por não possuirmos uma base escolar que permita a nossas crianças e jovens uma formação acadêmica em artes plásticas, pelo menos no sentido crítico, não podemos esperar que quando adultos tenham também um olhar critico e imparcial sobre arte. E o mais interessante que todos gostam e ficam extasiados quando encontram algo hiper-realista feito com qualidade. Exemplo disso, foram as filas intermináveis de público para ver a recente exposição do escultor hiper-realista Ron Mueck em São Paulo. Há luz no fim do túnel, é preciso somente que as deixem acesas.

OSMAR DALLABONA - Sinfonia em flauta doce - Óleo sobre tela - 70 x 50

Osmar Dallabona nasceu na cidade catarinense de Rio dos Cedros, em 1949. Em 1966, ele se matriculou na Escola Panamericana de Artes, em São Paulo, onde fez desenho livre. As primeiras orientações com o óleo vieram com a artista Tânia Verner, dois anos depois. Por incrível que possa parecer, o estilo inicial de seus trabalhos era o Expressionismo, que explorou durante um bom tempo, principalmente vendendo na Praça da República, em São Paulo. 1982 lhe acena como um ano de novas pesquisas e o Impressionismo é o que passa a lhe atrair mais dali em diante. Esse novo estilo o aproxima mais do Realismo e abre portas também para uma experiência Surrealista. Somente com a entrada desse século, firmou definitivamente suas propostas artísticas no estilo hiper-realista.

OSMAR DALLABONA - Serenata da natureza - Óleo sobre tela - 70 x 50

Ao ser indagado sobre a arte hiper-realista e o mercado de arte atual, ele foi categórico: “Confesso que no Brasil não é muito fácil viver de artes plásticas. Moro na maior cidade do país e encontro muitas dificuldades para colocar meu trabalho em galerias importantes. O Mercado aqui, e quero crer que em todo o Brasil, é muito voltado para a arte conceitual, permitindo muito pouco espaço para outros tipos de trabalho. Se observarmos a trajetória dos nossos principais artistas, podemos concluir que são muito pouco valorizados fora do Brasil e que, quando morrem, ao contrário de outros mercados, desaparecem quase que por completo, sem uma manutenção e ou valorização importante da sua obra”.

OSMAR DALLABONA - Relações - Óleo sobre tela - 60 x 80

Dallabona fala sobre a atual fase de seu trabalho com a empolgação de um adolescente: “A figura humana sempre foi a base do meu trabalho, porém com o hiper-realismo estou descobrindo novas formas. O hiper-realismo tem a capacidade muitas vezes de mostrar pequenos detalhes corriqueiros, nem sempre observados nas rotinas diárias”. Percebi, pela sua fala, que há uma proposta nítida de tocar as pessoas que observam suas obras. Um exemplo, foi a explicação que fez, ao citar a obra “Relações”. Aparentemente, uma simples composição de figos numa tigela, mas que para ele, criador da obra, simboliza todas as suas relações, novas, maduras e que naturalmente se envelhecem. E ele gosta quando as pessoas se identificam com isso em seus trabalhos e conseguem abstrair deles sempre uma nova mensagem. A obra “Lei do Tempo” traz também uma mensagem impactante e comovente.

OSMAR DALLABONA - Lei do tempo - Óleo sobre tela - 30 x 30


O artista, que ainda pesquisa e se permite abrir a novas referências e influências, comentou sobre a experiência de visitar grandes museus do mundo e se deixar aprender com todas as visitas. Diz sensibilizado ao extremo, diante dos trabalhos em escultura de Michelangelo e muito surpreso com as obras do surrealista Dali, que teve a oportunidade de apreciar de bem perto. O artista terminou nossa conversa dizendo que é um otimista, que acredita ter esperanças de que a arte, em qualquer de suas manifestações, possa ser mais respeitada e mais valorizada, sem distinção e privilégio de alguns segmentos.

PARA SABER MAIS:



HOWARD TERPNING

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HOWARD TERPNING - Narrando as lendas - Óleo sobre tela - 81,3 x 132 - 1989

HOWARD TERPNING - O escudo do marido
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2 - 1981

Quando a obra Narrando as Lendas (acima), do artista norte-americano Howard Terpning, atingiu em 2013, o valor de 1 milhão e 700 mil dólares, em um dos leilões realizados pela The Coeur d’Alene Art Auction, consagrou-se a carreira de um dos artistas mais respeitados do oeste americano. Naquele mesmo leilão, um outro trabalho, O Escudo do Marido (acima), também ultrapassaria a casa de 1 milhão de dólares. Não era novidade! Em 2006, trabalhos seus também ultrapassaram a cifra de 1 milhão, na mesma casa de leilões. São valores significativos, por se tratar de um artista ainda vivo, com temática bem regionalista e trabalho com características bem realistas. Terpning é uma das figuras mais esperadas em todos os leilões realizados no oeste americano.

HOWARD TERPNING - Arquitetos da planície - Óleo sobre tela - 35,56 x 50,8 - 1982

HOWARD TERPNING - Os retardatários - Óleo sobre tela - 96,5 x 152,4 - 1993

Não é exagero afirmar que Howard Terpning se trata de um dos pintores mais elogiados da arte ocidental. Méritos adquiridos por uma carreira marcada com uma dedicação extrema a um tema, que soube, como poucos, expressar com tanto amor e respeito. A maneira como nos apresenta suas composições e a entrega com que se dedica a elas, sugere que não apenas pinta, mas, vai nos contando a história do índio americano e sua trajetória, ressuscitando o passado ou mesmo nos expondo o presente de remanescentes daqueles povos. Sua arte é mais que uma profissão, é a luta por uma causa.

HOWARD TERPNING - Batedores do Fort Bowie - Óleo sobre tela - 71,12 x 101,6 - 1985

HOWARD TERPNING - Procurando pelos renegados - Óleo sobre tela - 81,28 x 152,4 - 1981

Howard Terpning nasceu na cidade de Oak Park, Illinois, a 5 de novembro de 1927. Sua mãe era uma decoradora de interiores e o seu pai um funcionário da ferrovia. O oeste americano sempre foi sua casa. Morou em Illinois, Iowa, Missouri e Texas. Sempre teve um fascínio pelo desenho e aos 15 anos, quando passou um acampamento de verão próximo de Durango, no Colorado, e visitou nativos americanos, sabia que não conseguiria viver muito longe daquela cultura.

HOWARD TERPNING - The cache
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2 - 1982

HOWARD TERPNING - Uma mulher sioux
Óleo sobre tela - 101,6 x 81,28 - 1982

Aos 18 anos, matricula-se na Academia de Belas Artes de Chicago, onde estudou por dois anos. Pagava o curso com ilustrações que fazia para gibis e também incrementava com cursos mais rápidos na American Academy of Art, também em Chicago. Ele deve seu início principalmente a Haddon Sundbom, quem o abriu caminhos promissores como ilustrador. Durante seus 25 anos nessa profissão, imortalizou capas de revistas, ilustrações de história e arte de propaganda, para publicações como Readers Digest, Time, Newsweek, Good Housekeeping, Camp & Stream, McCall, Redbook, e Ladies 'Home Journal. Além de ilustrar para revistas, Terpning completou mais de 80 cartazes de filmes, encabeçados por sucessos como Cleopatra, Lawrence da Arábia e Doutor Jivago.

HOWARD TERPNING - Encurralando o rebanho - Óleo sobre tela - 66 x 111,8 - 1978

HOWARD TERPNING - Aventureiros do deserto- Óleo sobre tela - 81,28 x 106,7 - 2012

Foi somente em 1974, que Terpning decidiu explorar aquilo que nunca lhe saía da cabeça: o oeste americano e os índios de suas planícies. Já estava cansado do trabalho comercial e decidiu seguir o seu interesse para aquela temática que sempre visitava sua imaginação. A transição para as Belas Artes foi serena, com a introdução de suas primeiras obras em galerias do oeste. Foi tão bem recebida sua arte, que em 1977 ele mudou-se para o Arizona, a fim de se dedicar exclusivamente à pintura do oeste americano.

HOWARD TERPNING - Fonte de toda vida - Óleo sobre tela - 50,8 x 76,2 - 1992

HOWARD TERPNING - Um jogo de vítimas - Óleo sobre tela - 24 x 34 pol - 1975


Terpning nos mostra o índio americano e toda sua cultura como poucos sabem fazer. Não bastasse a habilidade técnica para trabalhos com as tintas e a refinada paleta que compõe suas obras, o que mais encanta em sua produção é a sua proposta tão bem alicerçada em pesquisas profundas e a naturalidade com que vão surgindo todas essas suas narrativas de arte. É um daqueles artistas que se tornaram imortais pela sua proposta e dedicação. A história nunca se esquecerá disso.

HOWARD TERPNING - O relatório do sentinela - Óleo sobre tela - 81,28 x 122 - 1988

HOWARD TERPNING - Oferendas ao sol- Óleo sobre tela - 72,6 x 101,6 - 1986


UM TEMPO PARA PLEIN AIR

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O outono ainda não deu as caras por aqui. As chuvas atrasadas de verão continuam espalhando um tapete verde pelos pastos e montanhas, para nossa felicidade. Estávamos todos precisando muito delas! A natureza e seus ritmos sábios... Para quem pinta em plein air, sabe como é grande o desafio de uma paisagem com coloração típica de verão. Muitos verdes e gamas de cores muito limitadas.
Mesmo assim, decidimos tirar o dia de hoje para uma sessão em plein air, ainda que a paisagem não tenha ficado com as cores da minha estação favorita. O outono sempre foi a minha estação predileta para pintar, mas vou ter que adiar o encontro com ele nesse ano. Não importa! Mais vale um dia garantido de aprendizado do que a espera incerta da oportunidade perfeita.


JOSÉ ROSÁRIO - Velhas gameleiras - Óleo sobre painel - 20 x 30 - 2015

José Ricardo veio de João Monlevade e saímos logo pela manhã. O tempo, logo no início, estava um pouco nublado, muito ocasionalmente o sol fazia presença.
Pintar em plein air não é apenas um exercício técnico de pintura. Há algo mais na prática de pintar ao ar livre. Ali, diante do cavalete, a pintura toma um outro universo. Os sons dos pássaros, a brisa com seus tantos aromas, o calor do sol... É como se você entrasse na obra! Somente praticando para sentir todos os seus benefícios.

Pintando em Brejaúba, com a supervisão de William Boaventura.


Com os amigos Wesley Carvalho, José Ricardo e William Boaventura.


Pela tarde, fomos até a localidade de Brejaúba, nas futuras instalações da Pousada do William Boaventura, que nos recebeu com pompas impagáveis. Mais uma rápida sessão com pequenos e simples apontamentos à beira de um dos lagos da propriedade. Tempo de uma boa conversa com os amigos, um cafezinho debaixo da mangueira e muitas laranjas ao final da tarde. Um dia feliz não precisa ser necessariamente raro!

Agradecimentos especiais a William Boaventura, pela cordialidade de sempre.

GIUSEPPE DE NITTIS

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GIUSEPPE DE NITTIS - Mulher numa canoa - Óleo sobre tela - 1876

Juntamente com Boldini, Zandomeneghi e Signorini, Giuseppe De Nittis formava a equipe dos artistas italianos que viriam participar da famosa exposição dos Impressionistas, realizada no ateliê do fotógrafo Nadar, em Paris. Aquela mesma exposição que se tornaria importante por começar um movimento que mudaria os rumos da arte e abriria espaço para o surgimento de tantas outras vertentes em todo o século XX. De Nittis participou apenas da primeira das oito mostras que os Impressionistas realizariam, mas sua carreira já tomava um novo impulso à partir dali. Por falta de unanimidade de todos os artistas expositores, sua participação foi vetada para as próximas edições. Provavelmente, resultado do espírito intransigente e questionador daquele promissor artista italiano.

GIUSEPPE DE NITTIS - Flerte, Hyde Park - Óleo sobre tela - 33 x 43 - 1874

Giuseppe De Nittis nasceu na cidade italiana de Barletta, filho de Raffaele e Teresa Buracchia. Os anos de sua juventude foram vividos em sua cidade natal, com seus irmãos, após a morte de ambos os pais. Fez os primeiros estudos com G.B. Calo e V. Dattoli, começando a pintar encontrando inspiração na natureza. Seus primeiros trabalhos tinham uma alegria instintiva e dedicação, raros em trabalhos de tão jovem artista. Já aos quinze anos, entrou no Instituto de Belas Artes, em Nápoles, onde estudou sob a orientação de G. Smargiassi e G. Mancinelli. Mas, desde cedo se mostrou um jovem rebelde e inconformado e, em 1863, foi expulso do instituto por indisciplina. Escreveu em um caderno de notas, que à partir dali iria se tornar senhor de si mesmo, inconformado com o estilo realista anedótico que se instalara em Nápoles.

GIUSEPPE DE NITTIS - Avenue du Bois de Boulogne - Óleo sobre tela - 31,4 x 42,5 - 1874

1864 foi um ano importante. É nessa data que lança sua carreira, numa exposição da Promotoria Napolitana, com a participação de duas pequenas telas. Os trabalhos foram amplamente elogiados por Cecconi, que os julgou serem “refinados e muito elegantes”. Os louvores de Cecconi renderam bons frutos e De Nittis foi levado ao conhecimento de um outro grupo: os Macchiaioli. De Nittis se sentia mais à vontade ali, discutindo principalmente com Signorini e Banti, os novos destinos para a pintura italiana. A pintura de “manchas”, como era conhecida a técnica dos impressionistas italianos, seria de grande importância para a arte naquele país.

GIUSEPPE DE NITTIS - No lago de Quatro Canttoni - Óleo sobre tela - 48 x 67 - 1881

Depois de uma longa peregrinação pela Itália, em 1867, ele chegou a Paris. Foi um dos períodos mais importantes de sua carreira, pois ali encontrou o apoio do comerciante M. Goupil, um marchand reconhecido por sempre lançar novos artistas no mercado. A arte mais aceita naquele momento mostrava a frivolidade da sociedade parisiense, enfatizando os trajes que a moda lançava, espelhando uma alegria mundana que não havia em nenhum outro lugar. De Nittis logo se encantou e influenciou pelos trabalhos de Fortuny, Meissonier e Gerome. Após uma breve estadia em Nápoles, em 1868, retornou à capital francesa, exibindo no Salão de 1869. Depois de um período sem muitos trabalhos inovadores, produz Passa o trem, de 1869, onde mergulha numa vastidão melancólica, da zona rural de Puglia. Em Novembro de 1870, novamente em Puglia por causa da Guerra Franco-Prussiana, pintou algumas paisagens que evocam amplidão de espaço e são acima de tudo bem líricas.

GIUSEPPE DE NITTIS - Canto de um lago no Jardim de Luxemburgo
Óleo sobre tela - 46 x 38 - 1875

Ele retornou a Paris, em 1872, e começou a fazer sucesso com a representação irônica de senhoras em ambientes livres, no qual ao habitual cliché de beleza do mundo, adicionou um toque de humor. Introduzido por Degas, em um grupo de artistas que despontavam como revolucionários, participou em 1874 na primeira exposição dos impressionistas. Mas De Nittis parecia que não tinha tempo para esperar as coisas acontecerem em Paris e decidiu viajar um pouco. Também em 1874 ele foi para Londres e, desde então, ele retornou àquela cidade a cada ano. Pintou excelentes cenas da cidade em todas as suas estadas por lá.

GIUSEPPE DE NITTIS - Corrida em Auteuil
Óleo sobre tela - 107,5 x 57 - 1883

Uma curta estadia na Itália, entre 1875 e 1880, permitiu que penetrasse na fonte original de sua inspiração. Produziu obras importantíssimas para sua carreira nesse período, inclusive uma cena de corrida, que após concluída, apareceu pela primeira vez em 1878 na Exposição Universal em Paris, e lhe rendeu a Legião de Honra. Resolveu experimentar a escultura. Em 1879, ele completou um projeto para o monumento a Vittorio Emanuele II, que, no entanto, nunca foi realizado. À partir de 1882, dedicou-se animadamente aos estudos de aquarela, desenhos em lápis e pastéis, sendo essa última, a sua técnica preferida. Muitos de seus trabalhos mais famosos, foram executados entre 1882 e 1883.

GIUSEPPE DE NITTIS - Hora tranquila - Óleo sobre tela - 57 x 92 - 1874

Rodeado e querido por toda a socialite parisiense, De Nittis se tornava conhecido também entre o meio artístico, com o qual se relacionava muito bem. Gostava dos encontros com Manet, Degas, os irmãos Goncourt, Zola e Daudet.

GIUSEPPE DE NITTIS - Westminster - Óleo sobre tela - 110 x 192 - 1878


Ele foi um artista muito prolífico. O primeiro inventário de suas obras, realizado em 1963, registrava 742 obras. Outro catálogo, realizado em 1982, adicionou mais 208 obras à sua produção. Um número muito significativo para um artista que viveu apenas 38 anos. No auge de sua carreira, faleceu a 23 de agosto de 1884, vítima de um acidente vascular cerebral. Como ele próprio afirmou, era um intérprete fiel e apaixonado pelas várias formas e mudanças da vida moderna. De Nittis é um dos artistas italianos mais valorizados de sua época.

GIUSEPPE DE NITTIS - Autorretrato
Pastel sobre tela - 114 x 88 - Entre 1883 e 1884

BRUUN RASMUSSEN AUCTIONEERS

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Jesper Bruun Rasmussen em atividade

É admirável ver a arte sendo o fio condutor de uma família, através de várias gerações. Principalmente perceber que seus membros fazem isso com propósitos bem definidos, sempre priorizando o melhor por aquilo que decidiram representar. Desde que o martelo do leiloeiro Arne Bruun Rasmussen bateu o fechamento da primeira aquisição vendida pela casa, em 6 de outubro de 1948, muita história aconteceu. Treinado pela Winkel & Magnussen, como leiloeiro oficial, tendo se formado para isso em 1939, Arne se tornou um empreendedor visionário no termo mais literal da palavra. Acreditou, como ninguém, na proposta de vender obras de arte ao mundo, principalmente obras de arte da Escandinávia. Quase setenta anos depois, a Bruun Rasmussen Auctioneers se tornou a mais respeitada casa de leilões especializada na Arte Escandinava. É uma das casas de leilões mais concorridas do mercado internacional e se especializou tanto na realização de leilões tradicionais, quanto de leilões on-line.

Arne Bruun Rasmussen em atividade

Leilão em época recente

A sede principal da Bruun Rasmussen fica na Bredgade, em Copenhague, Dinamarca. Outras filiais se abriram pelo país, além de representações internacionais na França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Os números atuais da empresa são admiráveis: cerca de 125 funcionários fazem parte do quadro efetivo atual; 4 leilões tradicionais são realizados anualmente; leilões on-line são realizados todas as segundas, terças, quartas, quintas e domingos do ano; mais de 500 milhões de coroas dinamarquesas foi o volume de negócios somente em 2012; possui cerca de 240 mil clientes cadastrados em todo o  mundo, com a adesão de pelo menos 450 novos a cada semana; o site da empresa possui cerca de 120 mil visitas semanais.




Arne Bruun Rasmussen faleceu em 1985, mas o seu trabalho continuou sendo realizado pelo seu filho Jesper Bruun Rasmussen, que conta atualmente com o apoio de seus filhos Alexa e Frederick. Jesper tornou-se acionista maioritário da empresa em 1972 e assumiu a sua gestão em 1985. A julgar pelo empenho e dedicação da família, a história da empresa ainda será longa.
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Uma das razões que me levou a conhecer a Bruun Rasmussen é por se tratar da casa de leilões que mais disponibiliza obras de Peder Mork Monsted no mercado. Admirador incondicional desse artista, visito sempre as páginas da galeria. Especialmente nesse mês de maio, a Bruun Rasmussen estará com um lote especial das obras desse artista. Veja a seguir, algumas das peças que estarão em oferta por esses dias:

PEDER MORK MONSTED - Paisagem dinamarquesa de verão com campos de milho
Óleo sobre tela - 81 x 121 - 1915

PEDER MORK MONSTED - Paisagem de inverno com estrada e fazenda
Óleo sobre tela - 74 x 50 - 1907

PEDER MORK MONSTED - Paisagem próxima a Silkeborg
Óleo sobre tela - 79 x 56 - 1908

PEDER MORK MONSTED - Faias e anêmonas ao longo de um córrego numa clareira
Óleo sobre tela - 90 x 150 - 1904

PARA SABER MAIS:



JAY MOORE

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JAY MOORE - Sons de setembro - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6

Mais um grande artista norte-americano que não abre mão do trabalho ao ar livre, Jay Moore afirma, sem hesitar: “Para criar uma pintura digna dos meus colecionadores, eu preciso experimentar o local: respirar o ar e triturar as folhas sob os pés”. Foi exatamente o convívio intenso com a natureza, desde criança, que despertou no artista, mais tarde, o desejo de representar aquilo que era para ele tão natural. Nascido em Evergreen, no Colorado, em 1964, é possível entender essa sua estreita relação com a natureza. A região possui uma bela paisagem, onde Moore passou toda sua infância pescando, nadando e acampando por todos os lugares possíveis.

JAY MOORE - A rotina de muitas manhãs
Óleo sobre tela - 45,7 x 61

JAY MOORE - Brisa da manhã
Óleo sobre tela - 61 x 76,2

Os seus estudos iniciais no campo das artes foram formados principalmente com a prática da pintura ao ar livre, durante 5 anos. Esta estreita relação com o objeto pintado desenvolveu no artista um senso de observação rigoroso e o deixou em sintonia com todos os ritmos da natureza. Quando se entra na obra que se está executando, o resultado é inevitavelmente satisfatório.

JAY MOORE - Yellowstone Falls - Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2

Após concluir seus estudos no Instituto de Artes do Colorado, trabalhou como designer gráfico e ilustrador, durante vários anos. Depois de uma temporada de pintura ao ar livre com seu grande mestre Clyde Aspevig, foi convencido por ele que à partir dali dedicaria à pintura em tempo integral. Decisão mais que acertada! Moore é hoje um requisitado artista da paisagem americana, representado por importantes galerias e com obras já inseridas em importantes coleções, inclusive museus. Grande parte de sua produção está na representação da paisagem do Colorado, embora também já tenha representado a paisagem de outros estados em suas telas.

JAY MOORE - Interior de floresta
Óleo sobre tela - 61 x 76,2

JAY MOORE - Monarca da floresta
Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2


Nas palavras de um de seus colecionadores do Colorado, podemos entender muito bem todo o significado de sua arte: “Jay Moore conhece a alma do Colorado e é capaz de traduzir fielmente a profunda beleza da natureza em poesia visual”.

JAY MOORE - Quedas, El Creek- Óleo sobre tela - 50,8 x 101,6

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PARA SABER MAIS:



CÂNDIDO CORREIA

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CÂNDIDO CORREIA - Entardecer mineiro - Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2012

CÂNDIDO CORREIA - Entardecer no campo - Óleo sobre tela - 40 x 50 - 2014

Sinto satisfação em divulgar um novo artista, principalmente quando o percebo comprometido com valores essenciais no mundo da arte, tais como disciplina e amor pelo que faz. Chegando agora ao conhecimento de um público maior, principalmente graças ao avanço das comunicações, Cândido Correia vem conquistando seu lugar, com simplicidade, dedicação e sempre apresentando bons trabalhos.


                      

Acima, à esquerda: CÂNDIDO CORREIA - Estradinha da fazenda São Francisco 
Óleo sobre tela - 40 x 30 - 2015
Acima, à direita: CÂNDIDO CORREIA - Trilha iluminada - Óleo sobre tela - 40 x 30
Abaixo: CÂNDIDO CORREIA - Sítio das paineiras - Óleo sobre tela - 20 x 30 - 2011


Nascido na cidade de Duartina, São Paulo, em 18 de abril de 1976, começou a desenhar bem cedo e a se interessar por técnicas diferenciadas do desenho. Somente em 1997, começou a praticar com o óleo quando morava na cidade de Marília, também em São Paulo. À partir daí, conheceu o artista Alexandre Reider, seu grande mestre e sua maior referência. Teve algumas aulas presenciais em seu ateliê e 3 sessões ao ar livre. Fruto desse contato, segundo o próprio Cândido, é que, sempre que possível, encontra com ele para abordar assuntos relacionados à arte ou estreitar a amizade.


CÂNDIDO CORREIA - Reflexos de queimadas - Óleo sobre tela - 18 x 24 - 2013

CÂNDIDO CORREIA - Cachoeira da Fazenda São Francisco - Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2011

Além de Reider, inspira sempre em um mestre do passado, Peder Mork Monsted, que é para ele uma das mais seguras referências. Vários artistas brasileiros são também sua fonte de inspiração e referência. Mesmo sendo um funcionário público, no setor de segurança, Cândido Correia encontra tempo para ministrar aulas em seu ateliê e socializar tudo aquilo que aprendeu até aqui. Falamo-nos com regularidade antes de escrever a matéria e percebi que existe nele uma grande generosidade no ato de ensinar e aprender. Não conheço o artista pessoalmente, mas esse ato, em si, já me faz crer que exerce a arte com grande compaixão. Com a mesma felicidade e empolgação com que recebe seu aprendizado, também gosta de dividi-lo com outros. Pesquisas virtuais e em livros, visitas a museus e galerias, sessões em plein air e visitas a ateliês diversos, completam o que considera suas especializações.


CÂNDIDO CORREIA - Pinheiros em Cunha - Óleo sobre tela - 40 x 50 - 2013

Abaixo, à esquerda: CÂNDIDO CORREIA - Galinheiro - Óleo sobre tela
Abaixo, à direita: CÂNDIDO CORREIA - Entardecer - Óleo sobre tela - 22 x 16 - 2013

                     

Exposições e salões de arte estão se tornando uma constância em sua carreira, dos quais não pretende abrir mão, seja para divulgar seus trabalhos ou para manter contato com novos artistas. Nos planos futuros estão também incluídos workshops em cidades diferentes, que são, na visão do artista, uma maneira de aperfeiçoar ainda mais o seu conhecimento e fixar tudo aquilo que aprendeu até aqui.





FONE – (11) 95993-1803

ARTHUR JOHN ELSLEY

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ARTHUR JOHN ELSLEY - Uma procissão real - Óleo sobre tela - 100,3 x 134,6 - 1894

ARTHUR JOHN ELSLEY - Uma mão amiga
Óleo sobre tela - 96,5 x 71 - 1913

Nos períodos da Era Vitoriana e final da Era Eduardiana, um estilo tornou-se especial nas terras da Inglaterra: cenas de gênero com temática da vida doméstica, principalmente que retratassem crianças. Havia uma preferência por temas bem lúdicos, em que as crianças brincavam alegremente entre si ou com seus animais de estimação. Esse tipo de representação era tão requisitado, que não se restringia apenas a desenhos e pinturas. Logo, tornaram-se amplamente divulgados e vendidos como impressões, anúncios, calendários, livros e revistas. Vários artistas se especializaram nessa temática e um deles obteve êxito e sucesso explorando-a por quase toda a vida: Arthur John Elsley.


ARTHUR JOHN ELSLEY - Colhendo maçãs
Óleo sobre tela - 96,5 x 68,5 - 1919

ARTHUR JOHN ELSLEY - Well done - Óleo sobre tela - 108 x 153,7 - 1907

Elsley nasceu a 20 de novembro de 1860, em Londres, e foi um dos seis filhos do casal John Elsley e Emily Nee Freer. O gosto pela arte deve ter herdado do pai, que, além de cocheiro, era um artista amador, que teve uma carreira artística curta e não muito evidente, interrompida por uma doença que o impossibilitou para muitas atividades. Arthur John Elsley começou bem cedo. Há desenhos dele com apenas 11 anos, já retratando animais domésticos e animais que fazia nas visitas no zoológico em Regents Park. Aos 14 anos, matriculou-se na Kensigton School of Art, que viria a se tornar mais tarde o Royal College of Art. É dessa época também uma triste ocorrência. Contraindo sarampo naquele ano, teria sua visão danificada permanentemente.


ARTHUR JOHN ELSLEY - A alegria da primavera - Óleo sobre tela - 92 x 117,4 - 1911

ARTHUR JOHN ELSLEY - Um empate
Óleo sobre tela - 97,2 x 64,8 - 1893

Arthur John Elsley tinha como hábito pegar sua bicicleta e andar pelos campos vizinhos colhendo motivos que o inspirassem em suas composições. A vida no campo o seduzia e ele sabia fazer com isso seduzisse a outros também. Um quadro de um pônei velho, produzido em 1978, foi o único trabalho que seu pai chegaria a ver, pois faleceu um mês depois dele ser exposto na Academia Real. Elsley continuou seus estudos acadêmicos até 1882 e à partir daí começaram as diversas encomendas para pinturas de crianças, cavalos e cães.


ARTHUR JOHN ELSLEY - Boa noite - Óleo sobre tela - 60 x 46

ARTHUR JOHN ELSLEY - Labaredas de dragão - Óleo sobre tela - 70,5 x 93,3 - 1894

O convívio com artistas como George Grenville Manton e Solomon Joseph Solomon abriu uma nova fase para Elsley. Com Solomon ele iria dividir um estúdio, em 1876 e ficaria ali até 1889, quando mudou-se para o estúdio de Frederick Morgan, que já era um renomado artista, com inúmeras encomendas para toda a aristocracia inglesa, principalmente de retratos. Elsley iria colaborar com a execução de pintura de animais, uma dificuldade para Morgan. Teve um período altamente produtivo e com louvores no meio acadêmico, recebendo premiações e condecorações. A boa fase lhe permitiu casar em 1893 e até a montar o seu próprio estúdio, logo a seguir. Mesmo em endereço diferente, ainda mantinha uma boa relação com Morgan.


ARTHUR JOHN ELSLEY - De bem com a vida - Óleo sobre tela - 66 x 86 - 1910

ARTHUR JOHN ELSLEY - Amigo ou inimigo - Óleo sobre tela - 88,9 x 101,6

Após a morte de Charles Burton Barber, Elsley tornou-se seu natural sucessor como o mais importante pintor de crianças e animais de estimação. Tal reputação parece não ter agradado muito bem a Morgan, que o acusou de plagiar as suas ideias. Isso fez com Elsley se tornasse mais ousado, enriquecendo suas composições com vários personagens. Extraía seus modelos de estudos que realizava em seu próprio ateliê ou de imagens que colhia de revistas e periódicos. Sua visão, cada vez mais comprometida, sofria com seu trabalho.


ARTHUR JOHN ELSLEY - Casa cheia
Óleo sobre tela

ARTHUR JOHN ELSLEY - Ele não vai feri-lo
Óleo sobre tela - 91,4 x 71,1 - 1908

Com o início da Primeira Guerra Mundial, a produção de Elsley caiu drasticamente. Ele também se viu forçado a trabalhar em uma fábrica de munições, o que veio a prejudicar ainda mais a sua visão, já tão comprometida. No início da década de 1930, ele conseguia realizar apenas serviços simples na área de jardinagem e marcenaria. Ele faleceu em sua própria casa, em Tunbridge Wells, a 19 de fevereiro de 1952.


ARTHUR JOHN ELSLEY - Uma pausa no jogo
Óleo sobre tela - 114 x 86 - 1908

ARTHUR JOHN ELSLEY
Um porquinho para vender no mercado
Óleo sobre tela - 94,6 x 69,2

Suas obras foram reproduzidas em várias publicações, usadas comercialmente por diversas empresas, desde fábricas de biscoitos a lojas de costura e edições de calendários. No auge de sua carreira, que durou entre o período de 1878 a 1927, exibiu 52 obras na Academia Real, sendo que muitas delas ainda percorreram diversas galerias de toda a Grã-Bretanha. Seu trabalho encanta até hoje.


ARTHUR JOHN ELSLEY - Na oficina - Óleo sobre tela

MUSEU NACIONAL DE ARTE DA VIDA SELVAGEM

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Museu Nacional de Arte da Vida Selvagem. Instalações atuais.

Antigas instalações, na Praça Central de Jackson.

Criar um museu destinado somente à vida selvagem parece ser o desejo de muitas pessoas por todo o mundo. Ter a felicidade de colocar esse desejo em prática é uma dádiva para poucos. Ainda mais, fazendo isso com admirável competência e proporcionando uma instituição que cada vez conquista o maior respeito, num país onde as instituições museológicas são consideradas coisa séria. Localizado na vila norte-americana de Jackson, condado de Teton, no estado de Wyoming, o Museu Nacional de Arte da Vida Selvagem tornou-se a concretização do sonho de um casal que sempre lutou para vê-lo em prática: Joffa e Bill Kerr.



Juntamente com um grupo de amigos, que abraçaram a causa, Joffa e Bill fundaram o museu em 1987, localizado inicialmente na Praça Central da Vila de Jackson. As aquisições foram crescendo e o espaço original ficando reduzido, o que levou à criação de uma nova sede, em 1994, desta vez mais integrada ao ambiente natural, o que sempre foi a proposta de seus idealizadores. A coleção do museu é o fruto de mais de 30 anos de pesquisas, arrecadações e aquisições, tornando-se atualmente uma coleção de arte de animais selvagens insuperável nos Estados Unidos.



As instalações atuais do museu constam com 14 galerias distintas, uma trilha de escultura, loja, café, Galeria para Descoberta Infantil e biblioteca. A coleção permanente do Museu inclui mais de 5.000 itens catalogados, entre pinturas, esculturas e desenhos, produzidos por mais de 100 artistas ilustres, que vão desde representantes de tribos americanas até os mestres contemporâneos. Exposições permanentes e temporárias são incrementadas com programas inovadores de educação, onde vários acadêmicos enfatizam a apreciação da arte, história da arte, ciência natural, escrita criativa, e história americana.

ALBERT BIERSTADT - Prong-horn antelope - Óleo sobre tela - 42,7 x 57,15 - 1865

ROBERT BATEMAN - Leopardo numa árvore de savana - Óleo sobre painel - 76,2 x 96,52 - 1979

TUCKER SMITH - O refúgio - Óleo sobre tela - 88,9 x 302,3 - 1994

O Museu se tornou um importante centro educacional e um lugar de reunião para a região de Jackson Hole. Em 1994, o museu recebeu o Prêmio Humanidades Wyoming pelos esforços exemplares em promover as ciências humanas naquele estado. Em 2008, o Museu recebeu a designação como o "Museu Nacional de Arte da Vida Selvagem dos Estados Unidos" por ordem do Congresso, e em 2012, uma nova trilha de esculturas foi projetada pelo premiado arquiteto paisagista, Walter J. Hood. Mais de 80.000 pessoas visitam as instalações do museu a cada ano, e mais de 10.000 crianças também visitam anualmente o museu, como parte de seus currículos escolares. Haverá algo mais importante para um museu do que despertar a verdadeira importância da arte como formadora de cultura do planeta?

AUGUSTE RODIN - Leão - Bronze - 1881

MELVIN JOHANSEN - Saída de emergência - Bronze


E pensar que tudo começou com um simples ato e uma grande ideia. Quando Bill e Kerr compraram sua primeira pintura, nem podiam imaginar o rumo que iria tomar o seu modesto sonho. Compraram um quadro de Carl Rungius por US$ 6.000. Fazem questão de frisar que pagaram US$ 500 por mês durante um ano. Os trabalhos de Rungius atingem atualmente as cifras US$ 750.000. Aquele importante trabalho foi o alicerce para a realização de tudo que idealizaram à partir dali. Foram convencendo amigos sobre a importância de preservar a memória da vida selvagem e as doações foram acontecendo naturalmente. Hoje, é impossível desvincular toda a região de Jackson Hole do museu e da importância para os habitantes dali. Como muitas instituições do mundo, o museu é uma prova de que sonho e realidade passam por um único caminho: vontade e determinação.

CARL RUNGIUS - O rei do norte - Óleo sobre tela - 106,68 x 152,4 - 1926

LEN CHMIEL - A vida imitando a arte - Óleo sobre tela - 88,9 x 129,54

NANCY GLAZIER - Rock Chuck Rock - Óleo sobre tela - 60,96 x 86,36


PARA SABER MAIS:




PEDER MORK MONSTED: Uma obra disponível no Brasil

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PEDER MORK MONSTED - Manhã de inverno em Vallensbaek
Óleo sobre tela - 88 x 130 - 1928
OBRA DISPONÍVEL PARA VENDA

Numa dessas ironias do destino, acabei sendo contatado a respeito de um trabalho do artista Peder Mork Monsted. Admirador confesso que sou desse artista dinamarquês, chegou até a mim a informação de haver disponível, aqui no Brasil, um de seus trabalhos. Trata-se da obra “Manhã de inverno em Vallensbaek”, pintada em 1928. Um óleo sobre tela, medindo 88 x 130 cm, cujas medidas com moldura chegam a 118 x 160 cm.
Tão imprevista como a maneira como tais informações chegaram até a mim, foi a maneira como tal obra veio parar aqui no Brasil. Os primeiros proprietários dessa obra eram amigos do artista Peder Mork Monsted e moravam em Taastrup, uma localidade da Dinamarca muito próxima à Vallensbaek. Frequentadores da fazenda retratada na tela, acabaram adquirindo o trabalho diretamente com o artista e tomaram por ele uma afeição que os acompanharia por toda a vida. Promotores do trabalho de Monsted, emprestavam a obra para diversas exposições em toda a Dinamarca. Quando faleceram, essa obra foi enviada ao Brasil como herança de sua única filha, que já morava por aqui. A atual proprietária, Sônia, quem me contatou a respeito da disponibilidade do trabalho, é bisneta dos primeiros proprietários do trabalho.





Um avaliação prévia da obra foi feita pela Casa de Leilões Bukowskis, da Suécia, mas quem se interessar poderá contatar diretamente a sua atual proprietária, Sônia, em São Paulo, no número que se segue: (11) 9 9223-7600.

Nunca é demais lembrar que Peder Mork Monsted foi um dos mais consagrados paisagistas dinamarqueses de seu tempo. Detentor de uma paleta de cores vigorosas e estilo que cambiava facilmente entre o Realismo e o Impressionismo, deixou uma vasta produção. Recentemente, seus trabalhos são cobiçados por colecionadores europeus e americanos. A intenção de vender o presente trabalho por aqui, é a tentativa de ainda deixar uma de suas obras em território brasileiro.

OUTROS TRABALHOS DO ARTISTA

PEDER MORK MONSTED - Crianças em um piquenique na floresta
Óleo sobre tela - 129 x 93 - 1897

PEDER MORK MONSTED - Uma estrada do interior
Óleo sobre tela - 97,5 x 70,5 - 1918

PEDER MORK MONSTED - Dia de verão com galinhas em um fundo de quintal
Óleo sobre tela - 40 x 31 - 1901

SERRA DAS LARANJEIRAS, DIONÍSIO

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JOSÉ ROSÁRIO - Outono na Serra das Laranjeiras - Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2015

JOSÉ ROSÁRIO - Serra das Laranjeiras
Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2007
Uma tela mais antiga, capturada do mesmo local.
Interessante ver como a natureza se modifica.

A Serra das Laranjeiras é um local que considero especial em Dionísio. Sempre que posso, tiro um tempo para ir lá, seja para fazer algum esboço, fotografar ou simplesmente passear pelo lugar. É a região mais montanhosa do município e isso faz de lá um local incrivelmente especial. No outono, quando a vegetação está mais rasteira e as cores mais terrosas, o local ganha uma ambientação ainda mais diferente. Gosto da variedade proporcionada pelas muitas pedras e pelas quedas infindáveis dos vários cursos d’água que nascem na cabeceira da serra. Fico horas observando as trilhas do gado esculpidas nas encostas e tudo sempre me pareceu um tema perfeito para pintar.

JOSÉ ROSÁRIO - Uma clareira - Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2009

JOSÉ ROSÁRIO - Um trecho do Mumbaça - Óleo sobre tela - 22 x 35 - 2010

JOSÉ ROSÁRIO - Corredeiras do Mumbaça - Óleo sobre tela - 60 x 120 - 2014

Nessa matéria, apresento alguns trechos do local, pintados por mim em diferentes épocas, e também pintados por outros artistas que por aqui vieram. São cenas ribeirinhas, que comprovam uma pequena parte dos infindáveis bons locais possíveis de se encontrar por lá.
Também já passaram por lá Vinícius Silva e Juliana Limeira, numa visita que fizeram aqui em 2012. Cláudio Vinícius pintou o mesmo local que fiz recentemente, num ângulo diferenciado. Em outra rápida visita, também estiveram por lá José Ricardo e Rogério Ramos, e mais recente, Isaque Alves. Abaixo, alguns trabalhos da Serra das Laranjeiras, pintados por outros artistas:

CLÁUDIO VINÍCIUS - Ribeirão na Serra das Laranjeiras, Dionísio - Óleo sobre tela - 50 x 70

VINÍCIUS SILVA - Ribeirão na Serra das Laranjeiras - Óleo sobre tela - 60 x 90 - 2012

A ÁGUA E NOSSAS NOVAS ATITUDES

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JOSÉ ROSÁRIO - Curva de rio - Óleo sobre tela - 90 x 150 - 2011

Quando eu era criança, cresci ouvindo que a terceira guerra mundial seria causada pela falta d’água. Ao mesmo tempo, na minha cabeça de criança, crescia também o temor de que, sendo o Brasil um dos grandes reservatórios do planeta, seríamos um alvo em potencial para invasão. De fato, a condição de uma das maiores reservas hídricas do planeta, lugar onde corre o rio mais volumoso do mundo, sempre nos deixou numa situação confortavelmente irresponsável. Os tempos mudaram e os temores de hoje são bem outros. Acreditava que a crise de abastecimento seria algo para um futuro bem distante, do qual eu já nem faria mais parte. Mas o futuro chegou rápido e aqui estamos nós, responsáveis por todos os nossos atos de agora em diante, como sempre fomos e nunca nos demos conta.

ALEXANDRE REIDER - Rio com pedras - Óleo sobre tela

Não há ser vivo nesse planeta que sobreviva sem ela. Os que não precisam dela diretamente necessitam de outros organismos para se hospedar, e estes certamente precisam dela. Nosso corpo é quase 70% constituído dela, o que nos faz crer que ela é bem mais íntima de todos nós do que podemos imaginar. Um ser humano completamente saudável pode sobreviver de 3 a 5 dias sem água, mas já perdendo completa sensação dos sentidos ao fim desse período. Ela está em tudo que consumimos! Qualquer alimento, mesmo aquele com o menor índice de hidratação, consumiu uma enorme quantidade de água até chegar ao seu estado de consumo.


JOÃO BOSCO CAMPOS - Nadando no lago - Óleo sobre tela

Gasta-se água para tudo! Produzir alimentos, na industrialização de todos os produtos, na limpeza, na construção... Difícil é encontrar uma atividade onde ela não esteja presente. A população mundial cresceu bastante no último século e o consumo de água cresceu desproporcionalmente muito maior a ela. Concluímos então que gasta-se água para tudo e um pouco mais. E que constatação cruel quando acontece somente ao vivenciarmos a sua falta... Estamos vivendo no Brasil uma crise hídrica sem precedentes. Por uma série de fatores, que inclui desde mudança ambiental a incompetências administrativas e uso irresponsável por todos nós, a crise de água é uma realidade que já se faz presente em grande parte do país, e pelo jeito, não vai embora tão cedo.

ALFREDO VIEIRA - Corredeira - Óleo sobre tela

Outro dia, estava lavando o carro com a água que havia colhido da máquina de lavar roupas e me perguntando porque não fiz isso há mais tempo. O que antes parecia um sinal de avareza é hoje uma questão de inteligência. Até quando vamos insistir na ideia estúpida de que é preciso valorizar algo apenas quando se perde? É uma condição nata do ser humano, dar valor somente àquilo que não tem mais. Precisamos repensar valores e atitudes, se é que queremos enfrentar as crises prometidas para o futuro sem muito sofrimento. E as atitudes são simples e começam com cada um de nós. Tente listar o que você mesmo poderia fazer em sua casa e seu trabalho para poder contribuir nesses momentos de crise. Que tal fechar a torneira enquanto escova os dentes? Ou o chuveiro enquanto se ensaboa? Lave as verduras e legumes em cima de um recipiente que colete a água, depois poderá aproveitá-la nas plantas do quintal ou do jardim... Esses são só alguns pequenos atos que podem formar grandes resultados.

ERNANDES SILVA - Beira de açude - Óleo sobre tela - 40 x 30 - 2014


Os fatores climáticos estão se alterando a passos largos, como já profetizaram muitos cientistas. Se somos responsáveis por isso já nem interessa mais, mas somos responsáveis por aquilo que faremos à partir do momento que tomamos conhecimento dessas mudanças. Não mudar as nossas atitudes e continuar com a irresponsabilidade com que agimos até aqui nos colocará num caos sem precedentes. Pequenas mudanças começam em mim, em você, em todos nós. E elas podem nos trazer um bem enorme!

VINÍCIUS SILVA - Cascata d'Anta - Óleo sobre tela - 90 x 60

JOHAN KROUTHÉN

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JOHAN KROUTHÉN - No salão, Minna e Carl-Fredrik von Malmborg
Óleo sobre tela - 45 x 60 - 1887


Além de ótimo desenhista e muito bom colorista, Johan Kouthén tinha muito bom gosto pelas suas composições e dizia que as cenas da natureza que o inspiravam sempre precisavam de alguns retoques. Mais que um artista realista, ele era um artista idealista. Dizia que as sombras precisavam de ajustes e as cores do natural sempre poderiam ser melhoradas. Graças a essas particularidades, foi um artista que rompeu com as tradições da Academia Sueca e criou uma maneira bem particular de fazer, sintonizando muito com os movimentos impressionistas, muito em voga em sua época.

JOHAN KROUTHÉN - Interior de jardim - Óleo sobre tela - 69 x 95 - Entre 1887 e 1888

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem de outono- Óleo sobre tela - 70 x 95 - 1889

Johan Krouthén nasceu a 2 de novembro de 1858, em Linköping, na Suécia. Os pais, Conrad Krouthén e Hilda Atkins, eram comerciantes. Aos 14 anos, deixou a escola e conseguiu uma vaga de estagiário com Svante Leonard Rydholm, que além de fotógrafo era artista. Foi um bom período, pois aprendeu os princípios básicos da fotografia e da pintura, que lhe deram embasamento para conquistar uma vaga na Academia Real Sueca de Artes, em 1875, com apenas 16 anos. Ali estudou desenho e pintura. Nessa última técnica, especializou-se principalmente no retrato e na paisagem. Edvard Perseus, que além de seu professor na academia era também crítico de arte, foi quem o incentivou bastante a pintar diretamente da natureza, incentivando o plein air em terras suecas.

JOHAN KROUTHÉN - Júlio e Ana Krouthén no verão
Óleo sobre tela - 1890

JOHAN KROUTHÉN - Uma praia na Suécia - Óleo sobre tela - 75 x 106 - 1906

Oscar Björck e Anders Zorn eram seus principais colegas na Academia e um fato interessante aconteceu no outono de 1881, envolvendo um desses amigos. Zorn não concordava muito com a grade curricular da Academia e nunca a seguia na íntegra. Advertido pelo presidente da Academia, Georg von Rosen, que seria punido, caso não se comprometesse a cumprir os estudos curriculares da instituição, Zorn logo se adiantou e pediu para ir embora. Solidário com o amigo, Krouthén também decidiu sair. Assim que deixou a escola, passou uma curta temporada em Paris, que era um destino muito procurado por artistas suecos daquela época.

JOHAN KROUTHÉN - Sol da noite, com marinheiros no horizonte
Óleo sobre tela - 90 x 116 - 1905

JOHAN KROUTHÉN - Negro Pettersson
Óleo sobre tela - 120 x 78 - 1870

No verão de 1883, ingressou num grupo de artistas que viria a ser conhecido como a Escola de Skagen, uma região no norte da Jutlândia. Oscar Björck faria companhia a ele nesse período. Ali se encontravam com regularidade, artistas da Dinamarca, Noruega e Suécia. Todos defendiam o naturalismo como bandeira principal do movimento. Naquele ano, Krouthén ficaria ali de maio a outubro. Diferentemente dos demais artistas, que concentravam seus temas nos pescadores e suas rotinas, Krouthén preferia explorar as paisagens planas costeiras. Ele ainda continuaria abordando a sua temática paisagística em Linpköping.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem de verão com crianças- Óleo sobre tela - 96 x 140 - 1902

JOHAN KROUTHÉN - Moças lendo numa paisagem de verão - Óleo sobre tela - 75 x 100 - 1908

Em 1884, conheceu Hulda Ottoson e viria a se casar com ela dois anos depois. Tiveram uma vida conjugal curta e trágica. Perderam um primeiro filho em 1886, logo que se casaram; e em 1891, quando deu à luz gêmeos, Hulda morreu durante o parto. Foram tempos difíceis, tendo que criar os filhos numa região onde a arte não tinha a aceitação como as grandes cidades da Europa. Para ajudar, fazia sorteios de arte com as suas obras. Assim, foi se estabelecendo principalmente na pinturas paisagística de jardins, uma temática muito popular e que também lhe agradava.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem com garotos em um barco - Óleo sobre tela - 44 x 64 - 1909

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem com vacas - Óleo sobre tela - 57,5 x 73 - 1910

Nem tudo estava perdido, uma de suas telas conseguiu uma medalha de ouro no Salão de Paris de 1889, o que não só aumentou seus ânimos, como também o projetou para o mercado além de sua região. Além, é claro, de ser um incentivo para vários artistas suecos. Pintando principalmente retratos e interiores, ele termina a década de 1880 como o período mais prolífico de sua carreira. Nessa época, principalmente por causa das premiações que lhe eram oferecidas, já começava a ser um artista requisitado pelos colecionadores. Erik Hjalmar Segersteen foi um dos mais importantes deles, tanto que Krouthén o eternizou em um de seus trabalhos.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem na costa norte de Halland - Óleo sobre tela - 72,5 x 104 - 1912

JOHAN KROUTHÉN - Pastora e ovelhas no verão - Óleo sobre tela - 1899

Em 1902, Krouthén se casaria novamente, agora com Clara Söderlund. Bem mais conhecido, atendia encomendas de retratos e grandes pinturas religiosas para altares de igrejas. Desmotivado com os rumos modernistas que a arte tomava naquele período, Krouthén insistia em pintar seus temas preferidos, principalmente paisagens. Chegou a ser criticado por fazer cenas de casas vermelhas em meio a vegetação de jardins e florestas. Muitas delas repetidas e sem muita inovação nas composições e com paleta de cores bem semelhante.

JOHAN KROUTHÉN - Cena de verão com galinhas comendo - Óleo sobre tela - 50 x 75 - 1914

JOHAN KROUTHÉN - Menina no portão - Óleo sobre tela - 72 x 104,5 - 1911

Mesmo mudando para Estocolmo, em 1909, e expondo regularmente por lá, sua clientela era basicamente formada por moradores da região de Linköping. A arte moderna o irritava ainda mais nesse período e ele afirmava não ver um futuro muito brilhante para a arte, a partir dali. Para manter a família e o nível da vida que levavam, sujeitava a encomendas que nem eram tão interessantes do ponto de vista artístico. Mas, ainda procurava fazer o que gostava e sempre visitava sua cidade natal. Em 1932, preparando-se para os festejos do 80º aniversário do Stora Hotel, em Linköping, uma semana antes do natal, Krouthén sofreu um derrame e foi encontrado morto em seu quarto de hotel.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem de verão com uma velha fazenda
Óleo sobre tela - 80 x 110 - 1917

JOHAN KROUTHÉN - Verão idílico na fazenda - Óleo sobre tela - 72 x 105 - 1912

Toda a coleção de arte pertencente a Erik Hjalmar foi comprada por Pehr Swartz, que a doou ao Museu de Arte de Norrköping. Muitas obras de Krouthén fazem parte dessa coleção. No County Museum of Östergötland, em Linköping, também se encontram diversas de suas obras. Johan Krouthén continua sendo um artista bem solicitado nas casas de leilão em toda Europa.

JOHAN KROUTHÉN - Autorretrato
Óleo sobre tela - 1904

FIM DE SEMANA DE PLEIN AIR

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Visita do Ernandes Silva a Dionísio. Haja material para plein air.

Nesse final de semana, recebi a visita do artista Ernandes Silva, da cidade paulista de Piracicaba. Aqui ficará aqui por mais uns dias e fechará a sua passagem pela região com um workshop de pintura, na cidade de Timóteo, no dia 10 de julho.
Tiramos esses dias para muitos exercícios ao ar livre. Aqui em Dionísio há uma variedade muito grande de cenários, todos muito especiais para exercitar pintura, desenho e fotografia.

PLEIN AIR NO CACHOEIRÃO

O Cachoeirão talvez seja o ponto turístico mais tradicional de Dionísio. Todos que passam por aqui deveriam conhecê-lo. Vários trechos do Ribeirão Mumbaça, próximos ao Cachoeirão, já dariam um exercício ímpar. Mas é a cachoeira em si, o ponto máximo da visita ao local. O local é uma espécie de santuário, um tanto mal conservado nos últimos tempos, mas, mesmo assim, com uma beleza que sempre encanta. Fizemos um rápido exercício por lá, na tarde de sábado, dia 4.


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ERNANDES SILVA - Cachoeirão
Óleo sobre prancha - 30 x 25 - 2015

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JOSÉ ROSÁRIO - Um remanso no Cachoeirão
Óleo sobre prancha - 20 x 30 - 2015

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PLEIN AIR NA BAIXADA DO BARREIRO


Esse é outro local do município, com uma beleza bem original. Localizada bem próximo à cidade, a Baixada do Barreiro é cortada pelo Ribeirão Mumbaça e é cercada por cadeias de montanhas variadas, seja pela serra que se inicia na localidade de Apaga-pito como na serra que faz limite com a localidade de Brejaúba, até atingir a localidade de Lage e Areias. Fizemos um pequeno estudo por lá na manhã de domingo. As condições meteorológicas não estavam muito propícias, pois variava bastante entre iluminação intensa e densas nuvens. Mas, todo aprendizado ensina!


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ERNANDES SILVA - Baixada do Barreiro- Óleo sobre prancha - 14 x 25 - 2015

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JOSÉ ROSÁRIO - Estudo de tronco - Óleo sobre prancha - 20 x 30 - 2015

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